sexta-feira, 10 de outubro de 2003

A Idade Escura

"A doutrina hindu ensina que a duração de um ciclo humano, ao qual ela dá o nome de Manvantara, se divide em quatro Idades, que marcam um número idêntico de fases de um obscurecimento gradual da espiritualidade primordial; são estes mesmos períodos que as tradições da antiguidade ocidental, por sua vez, designavam como as idades do ouro, da prata, do bronze e do ferro. Nós estamos presentemente na quarta idade, o Kali Yuga, ou «idade escura», e nela nos encontramos, diz-se, desde há mais de seis mil anos, ou seja, desde uma época bem anterior a todas as que são conhecidas da história «clássica»." - René Guénon, "L'Age Sombre" em "La crise du monde moderne", pág. 14, Éd. Gallimard

Este texto de René Guénon vem muito a propósito do que escrevemos sobre o conceito moderno de Progresso.

O Kali Yuga hindu, ou seja, a «idade escura» em que nos encontramos presentemente, e que equivale à Idade do Ferro, apresenta características que estão em perfeita concordância com os textos proféticos das religiões do Livro.
Trata-se de uma idade profundamente materialista, quantitativa, individualista, anti-tradicional, antropocêntrica, anti-metafísica, enfim, uma idade de profunda e inconsciente atrofia intelectual.

Estas são palavras duras, mas que correspondem à realidade!
Contudo, mesmo nesta Idade de fim de ciclo, existem ainda, e felizmente, algumas pessoas que se destacam da tendência geral, e que escapam àqueles adjectivos.

O que se seguirá no curso deste ciclo humano?
Não se segue nada! Este ciclo vai terminar para dar lugar a outro.

Não nos aproximamos do "Fim do Mundo", como tantos julgam e temem, mas sim do "Fim de um mundo", o que é bem diferente!

Como se pode constatar, a linguagem tradicional dos ciclos nada tem em comum com o conceito fantasioso e ilusório de "Progresso", que tanto entusiasma a nossa moderna civilização ocidental...

Bernardo

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