quarta-feira, 12 de maio de 2010

Terreiro do Paço - Nascente



Tentei chegar cedo ao Terreiro do Paço. Mas por volta das 15 horas, já só consegui ter esta vista. No sector Poente, mesmo de frente para o altar, havia uma área enorme que esteve vazia até perto das 17 horas. Por várias vezes pensei, e comigo pensaram os que estavam ao meu lado, que alguém teria que preencher aquele espaço fantástico. Vieram aos magotes, milhares de jovens vestidos de "t-shirt" azul, e encheram depressa uma área que parecia enorme.
O discurso de muitos inimigos do catolicismo está repleto de alusões depreciativas à terceira idade: que os crentes são quase sempre idosos (pretendendo-se com isso desprestigiar o catolicismo, sabe-se lá porquê: a presença da terceira idade, com a sua sabedoria de vida, tende pelo contrário a prestigiar). Perante uma imagem destas, que ilustra a dimensão da adesão da juventude ao Papa e à Igreja Católica, uma adesão espontânea e entusiasta, as críticas mudam de tom: a desculpa passa a ser a de que a juventude que lá esteve terá que ser ignorante, inculta e acrítica. Para algumas pessoas, tudo vale...
Mas, mais uma vez, uma imagem vale mais do que mil palavras mentirosas.

11 comentários:

mj disse...

...e os jovens não eram só os de azul: os meus filhos não serão muito significativos para a estatística, mas 2 estavam com os azuis e 2 estavam com outras cores - o nº 5 vai estar em Fátima...
Rezemos para que todos olhem para Aquele para Quem aponta a mão de Pedro!

Anónimo disse...

Bernardo seja realista.

Factos: Os jovens europeus correspondem a apenas 1% dos frequentadores da missa de Domingo. Há 4 vezes menos padres do que há 60 anos atrás e há pouquissimos seminaristas. Veja o programa "Toda a Verdade alusivo ao tema". A Igreja não deve adoptar o lema "poucos mas bons" e sim tentar incluir as pessoas, não deve ser nem exclusiva nem excluidora, deve sim difundir a mensagem de Cristo. O Papa Bento XVI tem uma oportunidade única de salvar a Igreja de como ele mesmo disse e leia para que não diga que fui eu... "salvar a Igreja dos inimigos que estão dentro da própria Igreja". Não aludia aos "dissidentes" como voc~e lhe chama, mas sim aos lobos vestidos de cordeiros que são os próprios sacerdotes que prevaricam e deitam na lama o nome da Instituição. Temd e ir mais longe doq ue isso e perdeber que se como ele também disse e bem "Os católicos têm de se incluir mais na vida real, na economia, na política, nos problemas reais do mundo e não tanto nas hierarquias e especificidades da Igreja" então há que efectuar reformas. Está claro que a estratégia inicial "2005-2009" não deu frutos. O Papa tem agora uma mensagem muito mais libertadora, muito mais positiva e saúdo-o por isso. A visita a Portugal surpreendeu-me. Este é o momento mais crítico da Igreja nas últimas décadas. Só o futuro dirá se a estratégia de reconquista iniciada por este Papa vai resultar. Eu procuro valores seguros, penso que você também, por isso apelo à flexibilidade de raciocinio de cada um e d etodos no conjunto para que esse svalores vinguem.

Duarte

Anónimo disse...

Lamento os erros de "tiping" no post anterior mas os teclados estão cada vez mais pequenos.

Duarte

Espectadores disse...

Duarte,

«Factos: Os jovens europeus correspondem a apenas 1% dos frequentadores da missa de Domingo.»

Isso é um reflexo da miséria em que caiu a educação religiosa (sobretudo em casa) no nosso país, e por toda a Europa, que está em estado de decadência espiritual.

«Há 4 vezes menos padres do que há 60 anos atrás e há pouquissimos seminaristas.»

É o efeito da "nova teologia", que procurou fazer do Vaticano II um evento de ruptura, em vez de fazer do Concílio o que ele deveria ter sido: um momento fulcral de renovação espiritual.

«A Igreja não deve adoptar o lema "poucos mas bons" e sim tentar incluir as pessoas, não deve ser nem exclusiva nem excluidora, deve sim difundir a mensagem de Cristo.»

A sua frase é vaga. Claro que a Igreja deve incluir as pessoas. A que é que se refere? Quando é que a Igreja não inclui as pessoas?

«Não aludia aos "dissidentes" como voc~e lhe chama, mas sim aos lobos vestidos de cordeiros que são os próprios sacerdotes que prevaricam e deitam na lama o nome da Instituição.»

Também aludiu aos dissidentes, de forma claríssima, na homilia da Santa Missa no Terreiro do Paço:

«Sabemos que não lhe faltam filhos insubmissos e até rebeldes, mas é nos Santos que a Igreja reconhece os seus traços característicos e, precisamente neles, saboreia a sua alegria mais profunda.»

«então há que efectuar reformas.»

De que reformas fala?
As mesmas que fizeram as igrejas protestantes? E porquê? Elas ganharam com isso? Qual é a vantagem de fazer as reformas (já adivinho quais sejam, é sempre a mesma lenga-lenga radical) que os protestantes já fizeram, e dessa forma descaracterizar o catolicismo, e ainda por cima sem isso trazer qualquer sucesso?

«Está claro que a estratégia inicial "2005-2009" não deu frutos.»

Está claro?
De que fala? O que é que não deu frutos? Em que é que se baseia para fazer tal afirmação grave e categórica?

«O Papa tem agora uma mensagem muito mais libertadora, muito mais positiva e saúdo-o por isso.»

O Papa sempre teve a mesma mensagem. Você é que se calhar andava distraído e não a lia.

«A visita a Portugal surpreendeu-me.»

Sinceramente, fico muito satisfeito. Acho que esta visita destruiu muitos dos preconceitos que existiam contra Bento XVI. O mais triste é que vários católicos eram também vítimas desses preconceitos.

«Este é o momento mais crítico da Igreja nas últimas décadas. Só o futuro dirá se a estratégia de reconquista iniciada por este Papa vai resultar.»

Você parece preocupar-se muito com uma espécie de "reconquista" de fiéis aos magotes, em número. Ao invés, eu preocupo-me sobretudo com uma reconquista de qualidade, de consistência, de profundidade.

Um abraço,

Bernardo

PS: Bento XVI veio a Portugal com uma mensagem tradicionalmente católica: arrependimento dos pecados, conversão, construção de uma civilização de valores humanos não negociáveis. A própria liturgia trazida por Bento XVI recordou-nos da nossa identidade católica, e foi muito apreciada pelas multidões, ao contrário das opiniões dos "doutos dissidentes", que acham sempre que as massas são burras e não sabem apreciar a liturgia tradicional. Enganaram-se, e o resultado está à vista. As pessoas adoraram o gregoriano, e a música de Palestrina, e o som do latim, que lhes evocava memórias esquecidas da infância, e os ajudava a sentir a reverência e a sacralidade da divina liturgia. Está na altura de respeitarmos os fiéis. Eles gostam, e sempre gostaram, de doutrina sólida e de liturgia digna. Uma coisa vai com a outra. Bento XVI trouxe-nos as duas coisas.

Anónimo disse...

A este propósito quero dizer que gostei muito da Missa no Terreiro do Paço e das restantes intervenções do Papa Bento XVI, está claramente a enveredar por uma estratégia diferente, mais conciliadora do que até 2009. Sei que o Bernardo não gosta mas impõe-se dizer que o Movimento NSI (que não integro mas compreendo a posição) luta por uma visão conciliadora e integradora de todos os que abraçam a Fé e o bem comum. Relembro a propósito:

4. Uma Igreja que valorize a sexualidade, elemento constitutivo do ser humano, criado por Deus
Esperamos:
o respeito pela consciência dos/das católicos/as na tomada de decisões morais (por exemplo, em relação à saúde reprodutiva e à maternidade e paternidade responsáveis)
a tolerância em vez de condenações redutoras (por exemplo, em matéria de relações pré-matrimoniais ou de homossexualidade)
a reconciliação com todos os que estão em situação de exclusão (por exemplo, divorciados e recasados, sacerdotes casados, teólogos dissidentes)

Duarte

Espectadores disse...

Caro Duarte,

Eu não sei se terá analisado ao detalhe todos os discursos do Santo Padre, mas eu temo que a expressão "conciliadora" não esteja bem aplicada. O Papa não quer conciliar a verdade com o erro, ou fazer concessões ao erro.

Note bem o que ele disse no encontro com os bispos:

«Na verdade, os tempos que vivemos exigem um novo vigor missionário dos cristãos chamados a formar um laicado maduro, identificado com a Igreja, solidário com a complexa transformação do mundo. Há necessidade de verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo: políticos, intelectuais, profissionais da comunicação que professam e promovem uma proposta mono-cultural com menosprezo pela dimensão religiosa e contemplativa da vida. Em tais âmbitos, não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo, construtor de barreiras à inspiração cristã. Entretanto, amados Irmãos, aqueles que lá defendem com coragem um pensamento católico vigoroso e fiel ao Magistério continuem a receber o vosso estímulo e palavra esclarecedora para, como leigos, viverem a liberdade cristã.»

Notou?
Pensamento católico vigoroso e fiel ao Magistério. Mais claro que isto, não hã.

«Sei que o Bernardo não gosta mas impõe-se dizer que o Movimento NSI (que não integro mas compreendo a posição) luta por uma visão conciliadora e integradora de todos os que abraçam a Fé e o bem comum.»

Não é verdade. O NSI luta por uma visão desintegradora (literalmente) do catolicismo. Não visa de forma alguma integrar todos os que abraçam a fé católica, porque eles mesmos rejeitam partes fundamentais da fé católica. Irrita-me profundamente que eles falem em nome do "povo de Deus". Quem lhes deu esse poder? Em meu nome, não falam. Da sua boca, saem frequentemente mentiras e distorções. Eles recorrem ao Vaticano II para promoverem falsa doutrina, quando o Concílio nunca promoveu falsa doutrina.

«Uma Igreja que valorize a sexualidade, elemento constitutivo do ser humano, criado por Deus»

A Igreja valoriza a sexualidade. Ela está plenamente valorizada no magistério recente da Igreja:

a) Humanae Vitae de Paulo VI

b) catequeses de Teologia do Corpo, de João Paulo II

c) nas várias cartas e encíclicas de João Paulo II e Bento XVI a esse respeito

Compreenderá que eu prefiro seguir a doutrina do Magistério a esse respeito do que seguir uns auto-intitulados porta-vozes do "povo de Deus", que só promovem o relativismo moral. Veja-se este ponto da "Petição do Povo de Deus":

«o respeito pela consciência dos/das católicos/as na tomada de decisões morais»

De que forma é que a Igreja não respeita a consciência dos católicos? Só posso imaginar que nesta queixinha estejam a pedir que a Igreja deixe de condenar o que é imoral. Concorda com isso? Isso é relativismo.

Mais...
«a tolerância em vez de condenações redutoras (por exemplo, em matéria de relações pré-matrimoniais ou de homossexualidade)»

Mais relativismo: se as relações pré-matrimoniais (vulgo "fornicação") são imorais, e se os actos homossexuais são imorais, que quer esta gente? Que a Igreja se cale?

«a reconciliação com todos os que estão em situação de exclusão (por exemplo, divorciados e recasados, sacerdotes casados, teólogos dissidentes)»

Mas quem deve reconciliar-se? O pecador com a Igreja, ou a Igreja com o pecador? Se o pecador não se arrepende, deve a Igreja pedir desculpa por alguma coisa? Deve ela pedir desculpa pelo pecado do pecador? Deve ela pedir desculpa por apontar o pecado onde ele existe? Deve ela pedir desculpa por defender a verdade?

(continua)

Espectadores disse...

(continuação)

Note:
1) os "recasados" que vivem maritalmente com outra pessoa que não o seu cônjugue estão em situação de adultério "de facto"

2) o teólogo dissidente, pelo facto de que saiu da comunhão doutrinal da Igreja, tem que se emendar antes de poder voltar a entrar em comunhão

Explique-me, exactamente, de que forma é que a Igreja está a proceder mal nestes casos. Porque razão é que não se coloca responsabilidade alguma na pessoa que procedeu mal? Porque é que a "Petição do Povo de Deus" não pede a conversão dos divorciados e dos recasados, dos sacerdotes casados ou dos teólogos dissidentes?

É uma visão facciosa e distorcida, a desta "Petição", que ainda por cima é feita de forma atrevida, como se a petição representasse alguma petição real, feita pela recolha de votos dos crentes. Eu não votei nessa treta, e não conheço quase nenhum católico a sério que votasse em tal pacote de asneiras.

Um abraço,

Bernardo

PS: Se escrevo em tom irritado, é porque estou irritado. Não aceito que uns auto-intitulados iluminados venham fingir que são porta-vozes dos sentimentos e convicções dos católicos em geral. Como leigo católico afirmo e voz alta: não conheço essa gente e não falam por mim.

Espectadores disse...

Duarte,

Num tom verdadeiramente evangélico, queria recomendar este belo texto do Joaquim, que vai ao encontro do que eu pretendia dizer:

http://queeaverdade.blogspot.com/2010/05/bento-xvi-2.html

Na verdade, os dissidentes, com a sua infidelidade ao Magistério, prejudicam a missão de Cristo. Eles podem ser bem intencionados, mas sem se darem conta, fazem mal. Mesmo muito mal. Quando mais não seja porque lançam os irmãos por caminhos errados. Porque convidam à desobediência e à falta de unidade entre católicos. Qual é o símbolo da unidade? É o Santo Padre. Ele encarna a doutrina que nos une. Ele comanda a Barca pelo meio da tempestade. Por isso, é à doutrina do Santo Padre que importa aderir, e não à doutrina inventada por "petições" de pessoas que querem passar a constituir um novo "magistério" à revelia de Pedro.

Um abraço

Anónimo disse...

Bernardo,

Li o texto do Joaquim do qual gostei e o seu comentário ao mesmo. Quando diz "Pedro é o sinal do que nos une. Devemos ouvir o Santo Padre" recordo que o Papa disse que era apenas um empregado da Igreja como quem diz "senhores tenham calma não esperem que eu vá alterar muita coisa, porque trata-se de uma Instituição secular, complexa" mas exortou-nos a ligar menos à hierarquia e assuntos internos da Igreja e mais à vida real, aos problemas reais da sociedade, à economia, à política. Corrija-me se estou enganado em sua opinião.

Não vou responder ponto por ponto, é um debate demasiado complexo com temas muito díspares, agora o que o Bernardo disse sobre o casamento atinge-me directamente e não posso deixar de manifestar uma profunda discordância.

É incoerente com o texto que comentou, senão veja: "A uns é preciso acolhê-los e amá-los, tentando dar-lhes o que lhes tiraram. Aos outros é preciso fazê-los sentir que erraram, mas que ainda há tempo de corrigir a rota, e encontrar a navegação certa." A sua interpretação é diferente da minha, eu ponho o foco no acolhê-los e amá-los, tentando dar-lhes o que tiraram.

Não se preocupe com o tom irritado. A mim preocupa-me mais a firmeza das convicções, a inexistência da dúvida, porque esta segunda é talvez oq ue nos faz mais ricos, senão nasciamos formatados e estava tudo resolvido.

Abraço

Espectadores disse...

Duarte,

«mas exortou-nos a ligar menos à hierarquia e assuntos internos da Igreja e mais à vida real, aos problemas reais da sociedade, à economia, à política. Corrija-me se estou enganado em sua opinião.»

Obviamente, o Santo Padre, ao dizer isto, não estava a dizer "não liguem ao que eu digo". Isso seria tonto. O sentido das palavras de Bento XVI parece-me ser este: deixem de apontar o dedo à hierarquia, achando que ela é a culpada de todos os males, ou achando que ela sozinha resolve todos os males.

Nesse sentido, é um duplo convite: evitarmos o erro de acharmos que mudanças profundas na estrutura da Igreja é que vão fazer o mundo cor-de-rosa; evitarmos o erro de acharmos que a hierarquia da Igreja vai resolver os problemas do mundo por nós, sem nós mexermos palha.

«agora o que o Bernardo disse sobre o casamento atinge-me directamente e não posso deixar de manifestar uma profunda discordância.»

Duarte: como imagina, eu tenho não poucos familiares na mesma circunstância que você. Eu mesmo não me atrevo a afirmar que estou a salvo da possibilidade de o meu casamento fracassar. Essa possibilidade existe, e só não correm o risco de fracassar aqueles que não arriscam.

Queria, sobre este ponto, dizer o seguinte:

1) A verdade moral de um acto não pode depender das circunstâncias subjectivas: por muito que um determinado divórcio seja duro e dramático para os envolvidos, essa subjectividade não deve interferir com a avaliação moral em si mesma; ou o divórcio é algo moral (algo que se pode fazer) ou é algo imoral (algo que não se pode fazer)

2) A Igreja não poderá, nunca, considerar o divórcio como algo lícito ou até como algo "de facto", e se o fizesse traía o mandamento de Cristo: "não separe o Homem o que Deus uniu"

3) Eu não queria ser mal interpretado: quando eu digo que um "recasado" comete adultério "de facto", usei essa expressão "de facto" para sublinhar que, na realidade, uma pessoa "recasada" está a viver maritalmente com uma pessoa que não é a sua mulher e, aos olhos de Cristo, nunca poderá ser a sua mulher, pois a primeira mulher é a única, desde que se trate de matrimónio válido, sacramentado em Deus; porque é que escrevi adultério "de facto"? para o distinguir, obviamente, do adultério que envolve traição e segredo: evidentemente, no caso dos "recasados" não haverá traição nem segredo, uma vez que tal acto é do conhecimento de ambos os divorciados; é, evidentemente, muito mais grave o adultério de traição do que o tal adultério "de facto" de que eu falava; no entanto, este último não deixa de ser uma quebra dos votos matrimoniais por parte das pessoas que se "recasam"

4) a única solução moral para o casal separado está no celibato, ou no reatar do casamento original; por exemplo, se uma mulher é abandonada pelo seu marido (algo possível ao abrigo da nova lei), ela não tem culpa objectiva por tal acto, e portanto pode comungar se não tiver outros pecados não confessados; mas mesmo assim, ela não pode contrair novo laço matrimonial

5) todo o divorciado que vive maritalmente com outra pessoa não pode, objectivamente, comungar uma vez que está em situação de pecado grave;

6) isto é algo objectivo e que não depende das circunstâncias de maior ou menor culpa do divorciado; no entanto, a Igreja não está a colocar estas pessoas de fora: o acto em si é que as coloca de fora;

7) todo o baptizado pode comungar espiritualmente, ou seja, sem ser fisicamente, em qualquer eucaristia, e é apenas por falta de exame de consciência que tanta gente comunga erradamente (sem confissão prévia); os "recasados" não estariam, certamente, sozinhos na eucaristia se tanta gente em pecado tivesse o pudor de abdicar da comunhão física

(continua)

Espectadores disse...

(continuação)

Não é a Igreja que impede o acesso físico do pecador à Eucaristia. É o próprio pecador que, pelo seu pecado, vê o seu acesso impedido. Comungar em pecado é um sacrilégio, enquanto que comungar espiritualmente, quando se está em pecado, é a coisa mais normal e natural do mundo.

A comunhão não é um direito universal. Implica deveres. E um cristão não é menos cristão por não comungar fisicamente. Aliás, será mais cristão, mais sério e consciente, todo aquele que, sabendo que vive em pecado, não se abeira da comunhão.

Isto que eu estou a dizer não é a opinião do Bernardo Motta, opinião aliás irrelevante e desprovida de experiência na primeira pessoa (nunca me divorciei). Esta é a doutrina da Santa Igreja, cujo único propósito é a salvação de todos nós, pecadores.

O caminho da salvação não está vedado, obviamente, para os "recasados". Mas é fundamental que todos os fiéis, a começar por mim mesmo, se dêem conta dos pecados que cometem, e saibam pedir perdão a Deus por eles.

O maior perigo, o maior risco, não está em pecar. Todos pecamos, e não somos exemplares. O maior perigo, o maior risco, está em deixarmos de considerar pecado o que é pecado.

Desse modo, a sugestão do "Nós Somos Igreja" é enganadora. Se a Igreja passasse a dizer que o pecador, ainda em pecado, poderia comungar, isso seria ir contra o ensinamento de São Paulo, que diz que todo aquele que comunga indevidamente é "réu do corpo e sangue do senhor" (Primeira Carta aos Coríntios).

Eu não sou exemplo para ninguém, e ao longo do ano, contam-se pelos dedos das mãos os dias em que me considero digno de comungar fisicamente.

Demorei anos a ganhar alguma consciência do pecado, e assim, a ganhar algum pudor em comungar indevidamente. Apenas faço a minha obrigação ao partilhar consigo esta preocupação fundamental.

Se o digo é porque me preocupo consigo. E se me preocupo consigo é reflexo de me preocupar comigo mesmo, e de ter a obrigação de não guardar apenas para mim as verdades de doutrina que são de todos nós, e aquelas verdades que me têm ajudado a crescer na fé.

De toda a vez que, ao Domingo, o Duarte não se abeirar da comunhão física, e ao invés, comungar espiritualmente, lembre-se de mim: quase de certeza, também eu não estarei a comungar fisicamente, por falta de confissão regular.

Um abraço,

Bernardo