segunda-feira, 14 de março de 2011

Debate Craig vs. Hitchens



Este debate entre o filósofo evangélico norte-americano William Lane Craig e o jornalista ateu britânico Christopher Hitchens, que versou sobre o tema "Does God Exist?", encheu a 4 de Abril de 2009 um enorme auditório na Universidade de Biola, em Los Angeles, nos Estados Unidos, e foi seguido por milhares de pessoas. É um debate imperdível. Apesar do evidente charme e retórica de Hitchens, que periodicamente arrancava mais umas gargalhadas da plateia, fica patente a incapacidade deste ateu em conseguir debater argumentos filosóficos.

Craig avança com os seguintes argumentos filosóficos, sem recorrer a qualquer fundamentação religiosa ou teológica: Argumento Cosmológico, Argumento Teleológico, Argumento pela Moral e Argumento pelas evidências da ressurreição de Cristo. Logo na abertura do debate, Craig baliza a sua intervenção: argumentos filosóficos para defender que a tese da existência de Deus é mais forte e mais provável que a tese da inexistência de Deus. Mas Hitchens não só não mantém o debate em torno deste tópico central, que afinal correspondia na íntegra ao tema do debate, como não parece conseguir lidar com os argumentos de Craig.

Veja-se a leitura deste debate, feita pelo ateu Luke Muehlhauser, do blogue Common-sense Atheism:

«The debate went exactly as I expected. Craig was flawless and unstoppable. Hitchens was rambling and incoherent, with the occasional rhetorical jab. Frankly, Craig spanked Hitchens like a foolish child. Perhaps Hitchens realized how bad things were for him after Craig’s opening speech, as even Hitchens’ rhetorical flourishes were not as confident as usual. Hitchens wasted his cross-examination time with questions like, “If a baby was born in Palestine, would you rather it be a Muslim baby or an atheist baby?” He did not even bother to give his concluding remarks, ceding the time instead to Q&A.»

Num daqueles raros momentos em que Hitchens contestava, realmente, alguma das premissas dos argumentos avançados por Craig, o resultado era desanimador. Acerca do argumento cosmológico, Hitchens lançou a velha falácia de Dawkins: "Who designed the designer". Assim, o debate foi canja para Craig, que já confidenciou várias vezes que não gosta de debater argumentos filosóficos com pessoas sem trabalho académico na área. Do ponto de vista filosófico, o debate não chegou a existir, pois Hitchens não conseguia interagir nesse registo. Do ponto de vista mediático, o evento demonstrou a superficialidade deste representante do "novo ateísmo", e mostrou de forma cabal que autores como Dawkins, Harris, Hitchens e Dennett, apesar de venderem muitos milhares de livros, baseiam a sua argumentação em chistes e falácias superficiais, sem consistência, argumentação essa que não resiste ao embate com um filósofo profissional como Craig.

Fica então a questão: porque razão obras tão fracas e superficiais se tornam "best-sellers"? A questão é semelhante há que tantos fizeram aquando do romance mediático "The Da Vinci Code", do iletrado Dan Brown. E a resposta dada então parece-me permanecer válida. Juntem-se os seguintes ingredientes: vontade de fazer mega-dólares por parte dos editores e distribuidores, mega-investimentos na promoção destes produtos, tema apelativo (religião), escrita incendiária e falta de cultura e formação por parte dos consumidores deste tipo de produto.

PS: Por ser um marco em matéria de apologética, este vídeo fica disponível na nova secção "Debates", na barra lateral direita do blogue.

15 comentários:

Anónimo disse...

Bernardo, neste video,

http://www.youtube.com/watch?v=6iVq_KtAT3w&feature=related

a partir dos 06.20, Lane Craig conta pormenores interessante desse debate de Biola, e de um anterior que decorreu semanas antes, também com Hitchens.

E ainda há esta:

Segundo Lane Craig,

"Hitchens disse que estava “surpreso” com a existência de justificações para o teísmo e que “eu achava que era tudo pela fé!” (October 27, 2009, Christopher Hitchens Debate, Reasonable Faith Podcast Archive"

http://teismo.net/?p=268

Cumprimentos.

Amilcar Fernandes disse...

"Does God Exist?",

Sim, mas de qual deus se fala, do deus das pequenas coisas, do deus dos homens.

A crença num deus cósmico, tem toda a razão de ser o bernardo,ja agora ha a filosofia deista, o deísmo é uma crença racional em alguma coisa superior, chame-se a tradição, seja deus , sem aceitar os credos dogmas ou libros sagrados de qualquer religião em particular. Uma consciência da firmeza e regularidade das leis naturais que obrigaram a rever a ideia de um deus intervencionista, numa natureza escrita com caracteres matemáticos e leis fisicas e universais iguais e válidas em todo o universo e não só na terra, onde não resta lugar para a profusão de milagres ocasionais devidos aos rogos dos homens. Uma concepção de uma outra forma para ver a relação deus-mundo, O universo como o “animal infinito” teorizado por giordano bruno, exteriorização da infinita (omni) potência divina, o espaço de newton como a sensação de deus, e sobretudo, o deus de Spinoza, foram as grandes versões desta nova sensibilidade o mesmo que dizer “deus ou natureza ou universo” e não é o deus dos sentimentos que as pessoas procuram, nem o deus que em tempos quase pre-historicos, um nomada pastor diz que ouviu falar-lhe, e desde então criou-se um edificio filosofico teologico que os filosofos / teologos ao longo do tempo tem que manter. Há tres factores, para e existencia deste deus e que se podem apoiar na ciência.

Não há efeitos sem causa.

Tudo provèm de alguma coisa, nada provém do nada.

Numa viagem regressiva vamos ter que encontrar um elemento essencial e fundamental que deu origem a tudo, o elemento primordial

Amilcar Fernandes disse...

Toda causa é anterior ao seu efeito. Para uma coisa ser causa de si mesma teria de ser anterior a si mesma, não há coisa alguma que seja causa de si mesma. há no universo uma ordem determinada de causas eficientes. Por isso podemos ter series definidas de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, esta é causada pela evaporação, esta é causada pelo calor, este é causado pelo Sol, estas causas eficientes encadeiam-se umas às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras. A primeira, causa as intermediárias, e estas causam a última. Deste modo, se for suprimida uma causa, fica suprimido o seu efeito. Suprimida a primeira, não haverá as intermediárias e também não haverá então a última.Se a série de causas encadeadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria, isto não é verdade pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada. Essa causa pode ter um nome deve ter um nome para uns é deus, deus é a causa das causas não causada, dizia o Sócrates


Ha seres que começam a existir ou deixam de existir, os entes contingentes, estes entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, em algum tempo não existiam, é impossível que tenham sempre existido.Se os entes têm a possibilidade de não ser, não ter existido em algum tempo nenhum desses entes existia. se nada existia, nada existiria hoje, aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente, nada existindo, nada existiria. O que não é verdade, visto que as coisas os seres contingentes agora existem.Por isso não é verdade que nada existisse. Alguma coisa teria necessariamente que existir para dar, depois, existência aos entes contingentes, este ser necessário ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro. Se a sua necessidade de existir dependesse de outro, formar-se-ia uma série indefinida de necessidades, este ser tem a razão de sua necessidade existencial em si mesmo.


Há coisas que mudam, uma pessoa ve isso a nossa volta,mas é impossível que uma coisa seja motor e móvel ao mesmo tempo e para a mesma perfeição. É impossível, pois, que uma coisa se mude a si mesma, tudo o que muda é mudado por outro, tudo o que se move é movido por outro. O movimento tem que partir de um ser ou ente que seja apenas acto,que tenha apenas potencia, mas a sequência de movimentos em tempo e espaço finitos tem que ser finita, o universo é finito no tempo pela teoria do Big Bang e a lei da entropia. O universo principiou e terá fim, não é infinito no tempo, esse primeiro ente não podia ter potência passiva nenhuma, porque se tivesse alguma ele seria movido por um anterior. Logo, o primeiro ente só tem acto. Ele é apenas acto,

Num axioma, não há efeitos sem causas, procurando a causa de tudo o que não é obra do homem a nossa razão terá que responder, portanto, o conhecimento não pode encontrar outra conclusão, senão a de que “deus” ou a força motriz criadora do universo existe

Amilcar Fernandes disse...

Ou tudo o que existe no universo veio do nada, o que é racionalmente e cientificamente absurdo e indefensavel e indefensavel do ponto de vista cientifico, do nada vem nada, o nada não cria nada, ou temos a outra opção tudo o que existe no universo veio de algo, e então temos que admitir alguma coisa criadora alguma coisa que deu origem e é causa necessaria e essencial de tudo. São estas as duas saidas

Tudo o que existe, ou provém de algo ou deriva do nada, ora bem, não pode provir do nada, pois , o nada não pode gerar nada, por isso tudo que existe só pode existir por criação de algo e ou derivado de algo chamemos-lhe deus ou outro nome mas como ja é usado este nome mantenha-se, as coisas são geradas por uma causa única ou por muitas, por isso, tudo o que existe é gerado, ou por uma causa só ou por muitas, se for por muitas, ou estas convergem num único princípio, ou existem por si mesmas, ou ainda criaram-se mutuamente. Mas reduzem-se a um único princípio, a sua origem também não é múltipla, mas una, única, Mas se muitas coisas procedem do mesmo princípio já não têm origem múltipla, e sim, única força em comum, em virtude da qual existam por si mesmas, e por conseguinte, existirão por uma causa única,. Por isso não poderão as causas criar-se mutuamente, visto que seria irracional supor que algo possa ser gerado por aquilo a que deu o ser. Retirando todas estas hipóteses, a conclusão é de que todas as coisas provêm de um princípio único, sem o qual não poderiam subsistir, por isso existem todas por um princípio e não por vários, pois, sem ele, não poderiam existir. esta causa única, da qual todas as coisas são geradas, é a única que existe por si mesma e factor das outras todas, isto é, todas as outras existem em virtude dela, se tudo o que existe procede de uma causa única, é necessário que ela exista por si e o resto derive a sua origem de outra, por isso tudo o que existe em virtude de uma causa, é inferior à causa que o produziu, tudo o que se origina de outro é menor do que a causa que produz todos os seres e que só existe por si. Logo, a causa que produziu todas as coisas, é superior a todas as coisas por ela produzidas. Assim o que existe por si mesmo é superior a todas as coisas, como esta causa que existe por si é única, única causa que existe por si, e que é superior a todas as outras coisas, esta é a causa primordial. Pode ser deus, seja.

Espectadores disse...

Jairo,

Obrigado pela dica. Não tinha ainda visto esse vídeo.

Depois de ver o Hitchens num debate, até fiquei com mais simpatia pelo homem. Ele é mais empático num debate do que na escrita. Teve um comportamento civilizado e simpático, apesar de ter falhado completamente na razão da sua presença: debater.

A falta de preparação do Hitchens é colossal, o que torna estes debates em ferramentas de apologética particularmente eficazes.

Hoje em dia toda a gente escreve um livro. E ter um livrinho na mão, a cheirar a novo, quase que confere uma aura de credibilidade ao autor, mesmo que ele só diga bosta.

Outra coisa diferente é ver como se comporta um neo-ateísta como Hitchens em debate com um filósofo profissional como Craig. Até faz pena. Eu acho que quando o Craig fala em argumentos, premissas, etc., o Hitchens nem percebe bem do que é que Craig está a falar.

Um abraço!

Ilídio Barros disse...

http://williamcraignobrasil.blogspot.com/2012/03/congresso-vida-nova-ao-vivo-na-internet.html

Bernardo Motta disse...

Obrigado, Ilídio!
Por azar, acho que não vou estar em São Paulo nessa altura. Senão, faria tudo para não perder esses eventos!

Um abraço

Ilídio Barros disse...

Olá Bernardo,

Quem quiser, pode ver ao vivo pela internet este congresso no seguinte link: http://www.portalaguaviva.com.br/.

Nota: A primeira palestra de William L. Craig tem início hoje, às 23h30, hora portuguesa.

Um abraço.

Ilídio Barros disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ilídio Barros disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ilídio Barros disse...

"Deus não está morto" – Dr. William Lane Craig na Faculdade de São Bento, São Paulo:

http://www.apologia.com.br/?p=752

Ilídio Barros disse...

"Verdade e Pluralidade" - Dr William Lane Craig na Universidade Mackenzie, São Paulo:

http://www.apologia.com.br/?p=772

Ilídio Barros disse...

"Defenda a fé Cristã: como a apologética pode ser útil para igreja" - Dr. William Lane Craig na Igreja Batista de Itacuruçá, Rio de Janeiro:

http://www.apologia.com.br/?p=774

Ilídio Barros disse...

"Oração: o que fazer quando nossas orações não são respondidas" - Dr. William Lane Craig na Igreja Batista de Itacuruçá, Rio de Janeiro:

http://www.apologia.com.br/?p=778

Mau disse...

Quanta bobagem. Causa e efeito, tire o universo e coloque deus no lugar, continua com o mesmo problema. As evidências que temos é que o mundo e o universo não funciona com magia pois nunca se viu ou comprovou nenhuma atividade sobrenatural. Qualquer coisa diferente é apenas questão de fe