quarta-feira, 1 de junho de 2011

Barrios - Un Sueño en la floresta

O paraguaio Agustín Pío Barrios (1885-1944), que se auto-intitulava "Agustín Barrios Mangoré" (em honra da cultura Guarani), é um dos mais geniais compositores para guitarra. Há quem o chame o Bach das Américas, mas o estilo de Barrios é suficientemente único e brilhante para não precisar de comparações. Barrios não era apenas um grande guitarrista, era também um grande homem, com uma grande alma. "Un sueño en la floresta", aqui executada pela sua conterrânea Berta Rojas, é uma das suas obras mais notáveis, sobretudo pela beleza das frases em trémolo.

6 comentários:

Amilcar Fernandes disse...

"Un sueño en la floresta."

E foi assim que isto me lembrou que dando-lhes música, os jesuitas conquistaram o coração dos guaranis, convertendo-os. Ah a musica, a sensibilidade a música é universal.

Bernardo Motta disse...

Ah, as reduções dos Jesuítas. Belos tempos, e bela lição histórica se retira dessas iniciativas!

Um abraço

Amilcar Fernandes disse...

Pois é mas não ha bela sem senão.

Com essas reducoes também foram acusados pelos europeus de criarem situações de facto no terreno que dificultou a divisão politico admnistrativa dos territorios e a implementação de tratados como o de madrid, porque as reduçoes e a sua concretização técnico-administrativo para ser boa segundo modelo reducionista evangelizador jesuítico que não negava o poder colonial nem a relação colonial, propunha que esta deveria ser reduzida ao mínimo, estabelecendo uma certa autonomia mesmo ligada ao Estado. O modelo jesuítico nunca contestou o sistema colonial, foi obediente ao sistema colonial, mas acabou por abandonar quase todas as reduções, quando o poder central espanhol assim determinou pelo tratado de madrid. Os jesuítas salvaram os índios da conquista dos colonizadores, mas levou-os para outra conquista, reduzindo-os a uma conquista religiosa, onde a cultura do indio não era valorizada mas sendo apenas consderada na medida em que servia como um meio para a evangelização, os jesuitas acreditavam poder catequiza-los e organiza-los em comunidades de trabalho colectivo, sob o seu direito, poder e pleno controle uma vez que as praticas de evangelização e preceitos biblicos esbarravam com as manifestaçoes de invocação dos espiritos das florestas ou festas e cerimonias magicos religiosas dos indigenas. As reduções eram digamos paternalistas, controladas por sujeitos históricos estranhos à cultura dos indigenas, para além disso tinham servido militarmente ao sistema colonial, tendo os indigenas que dar a sua vida por um sistema de vassalagem sem ter a possibilidade de aceitar ou não. A noção utópica de liberdade presente nas reduções dizia que o índio estava livre dos ataques dos bandeirantes, mas só na medida em que estivesse dentro do grande sistema colonial de vassalagem, sendo que esse sistema que ao mesmo tempo produz uma redução para preservar a liberdade do índio também produz o bandeirante para escravizar o indio.

Bernardo Motta disse...

Caro Anónimo,

A sua interpretação, como não podia deixar de ser, é depreciativa para os Jesuítas. Partilho consigo algumas das leituras que faz: que as reduções eram colonialistas, que visavam catequisar e converter os índios, que visavam erradicar as espiritualidades índias não compatíveis com o cristianismo.

Não faz muito sentido criticar o colonialismo com os olhos de hoje: claro que as reduções eram colonialistas, visto que essa era a realidade do tempo. No entanto, dentro da mentalidade colonialista, as reduções jesuítas eram oásis de vida para os índios, eram espaços onde os direitos humanos eram respeitados, onde os índios podiam manter uma boa parte da sua vida e cultura, e onde se podiam refugiar da escravatura.

Só porque as reduções eram colonialistas, e eram-no, não devemos classificá-las de esclavagistas. Elas, na época colonial, foram precisamente anti-esclavagistas.

E não nos iludamos: os poderes centrais de Lisboa e Madrid acabaram com as reduções por causa da pressão dos caciques locais, que queriam escravos e concubinas. O jesuíta era o inimigo, o alvo a abater, para o cacique desejoso de explorar o índio.

Quanto à conversão ao cristianismo, isso é, para um cristão, o bem supremo e uma dádiva incalculável que as reduções jesuítas deram aos índios que foram baptizados, passando a ter acesso aos sacramentos e a uma vida cristã. E, graças a tal, para muitos deles, o acesso à vida eterna, à salvação.

Como cristão, encho-me de orgulho pelo trabalho feito pelos jesuítas nas reduções.

Um abraço

Amilcar Fernandes disse...

“A sua interpretação, como não podia deixar de ser, é depreciativa para os Jesuítas. Não faz muito sentido criticar o colonialismo com os olhos de hoje: claro que as reduções eram colonialistas”

Ora, ora, eu diria o mesmo da sua que parte deste principio filosofico e apenas filosofico.

“Quanto à conversão ao cristianismo, isso é, para um cristão, o bem supremo e uma dádiva incalculável que as reduções jesuítas deram aos índios que foram baptizados, passando a ter acesso aos sacramentos e a uma vida cristã. E, graças a tal, para muitos deles, o acesso à vida eterna, à salvação.”

Os factos são factos nunca podem ser depreciativos.limitei-me a apontar factos históricos, faz sentido, faz faz todo o sentido, com os olhos de hoje e do passado, cristo criticava isso muito antes do colonialismo existir. Agora se quer a minha opinião positiva além da negativa, pois bem considero o papel dos jesuitas muito bom mesmo, fundaram povoaçoes a partir de missoes que deram origens a autênticas metroples actuais, por exemplo S. Paulo, e nomes como anchieta, nobrega, e vieira, protegeram os indios da escravatura é certo, mas também é certo que os indios eram fracos como escravos, por isso tiveram a missão facilitada, e os colonialistas preferiam os negros e nunca desistiram de os levar para a américa. È verdade que os jesuitas se opunham a captura dos indios para a escravidão porque os jesuitas no fundo tinham uma utopia, criar na américa uma civilização cristã semelhante a europeia mas isenta dos vicios da europeia a partir dos indios, considerando que podiam fazer esse trabalho de raiz com nativos que viviam praticamente na idade pre-histórica, isto levou a serem acusados de quererem lá fundar um imperio, ou a não serem muito bem vistos pelo clero secular que queria que o tratamento evangelizador fosse por igual e que os indios não mereciam o tempo que se perdia com eles.Vieira por exemplo safou-se por pouco de chatices com a inquisição. Mas apesar disso considero que fizeram uma boa protecção aos indios livrando-os da escravatura, e um bom papel missionario mas ja não fizeram o mesmo em relação aos pretos, por exemplo e é só um exemplo.

Amilcar Fernandes disse...

"E, graças a tal, para muitos deles, o acesso à vida eterna, à salvação."

E antes deles o que havia? a condenação eterna não?