sábado, 30 de outubro de 2004

Alquimia

(publicado em simultâneo no Afixe)



Tenho andado nos últimos tempos a redescobrir o site de Adam McLean, "The Alchemy Website". Mas que coisa espectacular! Recomendo vivamente. A Alquimia é um tema muito complexo, com uma iconografia profundíssima e muito rica, e que vale a pena conhecer melhor.

Para isso, nada como este impressionante trabalho de Adam McLean. O site está repleto de gravuras, documentação original, e estudos. O próprio autor do site é um dotado encadernador, e edita reproduções fac-simile de obras alquímicas há muito fora de circulação, ou apenas disponíveis em leilões da especialidade a preços proibitivos.

Se calhar, todos nós levámos, nos nossos tempos do (des-)ensino secundário, com aquela explicação redutora, ou melhor dizendo, profundamente errada, de que a Alquimia era uma "Química primitiva". Infelizmente, assistimos outra vez a mais um efeito do estereótipo "progressista", com o qual nos lambuzam desde a Primeira Classe até que saímos da Universidade, e que neste caso insiste em transformar os antigos alquimistas em energúmenos, bruxos, charlatães, ou na melhor das hipóteses, em "analfabetos científicos".

Para os leitores mais interessados por estes temas, há que dedicar umas boas horas a descobrir este surpreendente trabalho, e a conhecer, a pouco e pouco, o complexo mas fascinante mundo da Alquimia!

Bernardo

sábado, 23 de outubro de 2004

"a última pessoa interessada em prejudicar o PS"

(publicado em simultâneo no Afixe)



«Quanto ao alegado envolvimento de figuras do Partido Socialista no processo, entre as quais o ex-líder Ferro Rodrigues, Souto de Moura salienta ter sido escolhido para PGR por este partido, pelo que seria "a última pessoa interessada em prejudicar o PS", embora "acima de simpatias pessoais estejam as obrigações inerentes ao cargo".» - in Público.

Não. Não gostei nada desta frase do Procurador-Geral. Entende-se a intenção, perfeitamente inocente, mas é uma frase esquisita. Infelizmente, apesar de ser uma pessoa extremamente honesta e determinada, o actual Procurador, na minha opinião, nem sempre se sai bem com a imprensa. E a imprensa aproveita.

Mas a questão na base deste artigo que retirei do Público era outra. E era estúpida: deveria o Procurador-Geral abandonar o cargo se o Ministério Público fosse derrotado no processo "Casa Pia"? Faz algum sentido colocar esta questão? Para os media, neste caso o Expresso, fez.

Claro que os media querem polémica, e procuram grandes tiragens e elevadas vendas. Mas o que está por detrás desta pergunta? No fundo, qual é a ideia? Porque haveria Souto de Moura de sair do cargo? Afinal, o processo "Casa Pia" é um de muitos processos nos quais o Ministério Público está a trabalhar. Tudo isto faz parte do trabalho do dia-a-dia de um Procurador-Geral. Perder casos e ganhar casos.

Haverá uma intenção mais grave por detrás das interrogações dos media? Nestes tempos em que informar já não é a intenção do "circo" mediático (sem desprestígio para a nobre profissão circense), poderíamos apenas pensar que estamos perante mais uma polémica que os media querem lançar. Afinal, já se tornou banal, entre os media (e consequentemente na maleável opinião pública) a ideia imbecil de que as pessoas envolvidas em cargos políticos devem ser sempre despedidas quando surgem revezes nas suas actividades diárias.

Mas será só isto? A intenção do Expresso com aquela pergunta provocatória seria apenas a polémica?

Isto faz-me pensar que deve haver gente com saudades dos tempos de Cunha Rodrigues. Fala-se muito na fraqueza do Procurador-Geral Souto de Moura. Nas suas declarações, que por vezes são pouco cautelosas. Mas, decididamente vivem-se melhores dias na Procuradoria, no que toca a despachar processos! Quem quer regressar aos tempos de Cunha Rodrigues? Infelizmente, muita gente que gosta de gavetas com chaves...

Bernardo

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

Editora de Dan Brown processada!

(publicado em simultâneo no Afixe)



É verdade, meus amigos! Demorou, mas aconteceu! Finalmente, alguns dos autores plagiados por Dan Brown decidiram-se a processar a obra do romancista americano.

Recordam-se do "Holy Blood, Holy Grail", aquele livro pseudo-histórico da autoria de Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh?
E que em Portugal já está a vender forte e feio com o título de "O Sangue de Cristo e o Santo Graal"?


Pois estes dois últimos amigos acabaram de lançar um processo contra o livro de Dan Brown, por plágio. Será processada a Random House, proprietária da editora Doubleday. Diz Michael Baigent, comentando o plágio, que "se a nossa hipótese está ou não correcta é irrelevante, o facto é que se trata de trabalho que nós montámos e no qual gastámos anos e anos a montar".

Leia-se o restante da notícia no London Sunday Telegraph (3 de Outubro de 2004).

O trio britânico até não tinha razões financeiras para se queixar de Dan Brown, porque este último, com o seu romance, relançou de novo as vendas das obras pseudo-históricas do trio. Qual é o problema deles? O problema é que eles querem receber mais algum. Querem tomar parte do filão de Dan Brown. Eles devem estar roidinhos de inveja: "Caramba, este gajo farta-se de vender às nossas custas, e a gente quase não vê cheta"?

Pois sim. Cá está a reacção que não surpreende. É bem vinda, para quem detesta e critica o "Código Da Vinci"? Claro que é.
Vejamos:

1. O processo de plágio, se for para a frente e os seus promotores vencerem, demonstrará que Dan Brown é, de facto, um plagiador descarado;

2. A reacção de cupidez de Baigent e Leigh (Lincoln fica de fora do processo alegando razões de saúde) demonstra que esta gente toda, de Lincoln a Brown, passando por Leigh, Baigent, Clive Prince, Lynn Picknett, e tantos tantos outros, quando chega a hora da verdade, não querem abdicar da maçaroca. Do pilim.

E os leitores?
São jogados para trás e para a frente.
Pagam, com a sua credulidade, as casas e as viagens de Lincoln, Baigent e Leigh, e as actividades maçónicas destes dois últimos.

Bernardo