terça-feira, 18 de setembro de 2007

De Trinitate

A Trindade.
Faz confusão.
Deus uno. Mas três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
1 = 3 ?
Esta é a pergunta.
A resposta ateísta é: não! Rapidamente, concluem que os crentes não sabem fazer contas. Que nunca ensinaram Matemática aos teólogos que escreveram sobre a Trindade.

Por estas e por outras, nada como a refrescante leitura de uma das obras fundamentais do pensar filosófico ocidental, o De Trinitate, de Boécio (c. 480-525), numa generosa tradução on-line para português da autoria de Luiz Jean Lauand.

Como explica Lauand na sua introdução (de leitura obrigatória), uma das características mais notáveis desta obra de Boécio é a de que o autor escreve sobre um complexo tema metafísico como é o da Trindade sem se referir às Sagradas Escrituras. É certo, relembra Lauand, que já Santo Agostinho alternava os dois métodos de proceder teologicamente, per auctoritates (recurso à autoridade, a Tradição escrita e oral), ou per rationes (recurso exclusivo à razão, ao intelecto).

Mas Boécio tem a particularidade de que escreve este curto, mas profundo, tratado sobre a Trindade usando apenas argumentação filosófica. Não se deve adiar a leitura deste texto fundamental. Hoje em dia já não se encontra com tanta frequência esta forma límpida de pensar.

Para os mais curiosos e impacientes, deixo aqui a conclusão de Boécio: «A substância é responsável pela unidade; a relação faz a Trindade».
É claro que, para esta conclusão ser totalmente perceptível, há que ler tudo.

Dedico este texto ao meu caro Ludwig Krippahl, do Que Treta!.

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