quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Adão e Eva

Num "post" do Ludwig, intitulado Treta da semana: o que a ciência não responde, vai um debate aceso acerca de um tema sem sentido: lá, a certa altura, discute-se se a Igreja Católica defende ou não defende a existência histórica de Adão e Eva.

Surpreende-me que, nesta era da Internet, se ande a discutir o sexo dos anjos horas e dias a fio, e ninguém se dê ao trabalho de uma simples pesquisa. É muito fácil encontrar a afirmação categórica do Magistério da Igreja acerca da existência histórica de Adão e Eva. O papa Pio XII, juntando-se a 2.000 anos de Magistério, voltou a reforçar esse ponto CENTRAL da doutrina cristã na sua encíclica Humanis Generis:

«37. Mas, tratando-se de outra hipótese, isto é, a do poligenismo, os filhos da Igreja não gozam da mesma liberdade, pois os fiéis cristãos não podem abraçar a teoria de que depois de Adão tenha havido na terra verdadeiros homens não procedentes do mesmo protoparente por geração natural, ou, ainda, que Adão signifique o conjunto dos primeiros pais; já que não se vê claro de que modo tal afirmação pode harmonizar-se com o que as fontes da verdade revelada e os documentos do magistério da Igreja ensinam acerca do pecado original, que procede do pecado verdadeiramente cometido por um só Adão e que, transmitindo-se a todos os homens pela geração, é próprio de cada um deles.(11)»

Ver: Encíclica Humanis Generis, de Pio XII (12 de Agosto de 1950).

Por isso, é inútil e infértil estar a discutir se os católicos acham ou não que Adão existiu. É por demais evidente que o catolicismo afirma isso categoricamente.

Querer negar isto é querer negar um facto. E não é preciso que concordem com a Igreja. Já seria um progresso no debate público se as pessoas que discordam da Igreja começassem por se dar conta do que é que a Igreja realmente diz.

É ainda totalmente inútil discutir se há ou não cristãos que não acreditam na existência histórica de Adão. É evidente que há cristãos que não acreditam nessa existência. E daí? O cristianismo não é a soma das fés pessoais dos cristãos. O cristianismo é hierárquico, como o próprio Cristo quis que fosse. O Magistério ensina doutrina. Não doutrina que inventou, mas sim doutrina que recebeu de Cristo. Logo, o cristianismo não é uma "democracia doutrinária", no qual a doutrina de todos seria um meio termo (uma média) da soma das ideias de todos os cristãos.

Nestas coisas, o que interessa não é se padre A ou católico B negaram Adão. Haverá sempre gente assim, como há comunistas fervorosos, filiados no Partido e tudo, e que vivem toda a vida com propriedade privada. A incoerência não traz informação nova.

O que interessa é:

1) A Igreja é hierárquica, ou seja, propõe doutrina de forma hierárquica? A resposta é SIM, e o proponente da doutrina é o Papa, e os Bispos unidos a ele

2) A Igreja, como mestra de doutrina, encabeçada pelo Papa e pelos seus Bispos, ensina que Adão e Eva têm existência histórica real? A resposta é SIM

O resto é conversa inútil. Só poderemos começar a debater a sério, católicos com não católicos, se todos soubermos de que é que estamos a falar.

Uma última nota, de teor racional... Visto que Cristo veio resgatar a Humanidade do pecado, pecado esse que a Igreja defende como sendo herdado de Adão e Eva, os primeiros seres humanos a pecar, é estranha a lógica que pretende que, sem Adão e Eva para pecar, ou seja, sem primeiro pecado, e portanto, sem pecado herdado (Pecado Original), que pecado viria Cristo resgatar?

É inconsistente ser cristão e negar o Pecado Original. Se sem Adão e Eva não há Pecado Original, então o cristão não pode negar Adão e Eva. Trocado por miúdos, é o que Pio XII diz no trecho que citei.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Contra o branqueamento do 5 de Outubro

Contra o branqueamento do 5 de Outubro, entrevista do jornal Destak (Isabel Stilwell) ao historiador Rui Ramos, por ocasião dos festejos do Centenário da República.
É sempre refrescante ler Rui Ramos, sobretudo nestes dias em que somos sufocados pela omnipresença televisiva do Fernando Rosas, e do resto dos corifeus do revisionismo.

sábado, 2 de outubro de 2010

Textos novos

Numa nova secção intitulada "O que ler?" há uma lista de livros recomendados, mesmo a tempo de pensar em livros para oferecer no Natal! A lista é um trabalho conjunto de várias pessoas.

Na secção "Artigos em PDF" há ainda um texto muito valioso e importante do Juiz Pedro Vaz Patto, intitulado A Lei de Identidade de Género e os Limites da Omnipotência do Legislador.