quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Jovens (e professores) obscurantistas



Por convite do Reitor da Universidade de Roma, La Sapienza (fundada pelo Papa Bonifácio VIII), o Papa Bento XVI iria fazer uma visita e proferir um discurso no próximo dia 17 na dita universidade. No entanto, um punhado de jovens obscurantistas (e alguns professores) lançaram um programa inteiro de actividades de protesto, que culminaram na ocupação da Reitoria. Na sequência deste barbarismo, a Santa Sé cancelou a visita papal. No entanto, e felizmente, o discurso papal será enviado à Reitoria, pelo que será certamente difundido por todo o Mundo (se calhar até com mais ímpeto do que se estes protestos não tivessem tido lugar). Fotografias do acontecimento.

Estes jovens alinham com uma tendência bastante comum de juntar a ignorância à intolerância, e normalmente, perante a ameaça anti-obscurantista de um eminente discurso proferido pelo homem menos obscurantista dos nossos tempos, decidiram tomar uma decisão muito intelectual (aliás, a mais intelectual que conseguem tomar): ocupar.

Outras cabeças, essas sim pensantes, aproveitariam a visita do papa para lançar um debate público e para suscitar perguntas inteligentes que dariam lugar a respostas inteligentes. Isso poderia ter acontecido, caso uma maioria de jovens pensantes se sobrepusesse a uma minoria de jovens não pensantes.

Infelizmente, quando alguns jovens activistas não pensam, e não têm ninguém pensante para os contrariar, eles ocupam. É o melhor que sabem fazer.
Dizem eles que os protestos são em nome da laicidade, e contra o obscurantismo. E que por isso, ocuparam a Reitoria. Mas o que estes protestos representam é algo bem claro: intolerância face ao Papa, um claro bloqueio à liberdade de expressão, um triste incidente diplomático, uma enorme falta de educação e civismo, e uma triste prova de pensamento obscurantista e não dialogante.

Daqui à queima pública de livros do Papa e de fotografias suas, vai um passo curto demais, que poderá, curiosamente, ligar as atitudes destes jovens estudantes romanos às atitudes que se observam diariamente no Iraque ou na Faixa de Gaza. Podem estar separados por quilómetros e ideologias, mas em termos de mioleira, estes contestatários não são muito diferentes dos que vemos nos noticiários sobre o Médio Oriente a queimar bandeiras, fotografias, e a vandalizar propriedade alheia.

Quanto aos professores que apoiam este barbarismo, normalmente a sua mediocridade intelectual impele-os ao uso de alunos imaturos como "testas de ferro" nestes acontecimentos fortemente emotivos e nada racionais. Relativamente aos eventuais professores desta Universidade que deram mesmo a própria cara por este tipo de protesto, só há a dizer que a imaturidade não está, necessariamente, salvaguardada pela idade ou pelo currículo académico. E que não basta ter um canudo na mão, nem a autorização oficial para ensinar, para se ser tolerante e civilizado...

Também não é de descartar a possibilidade de certos professores da La Sapienza estarem verdadeiramente receosos de que as palavras razoáveis de Bento XVI, ecoadas num potente discurso papal, pudessem prejudicar uma certa ideologia laico-fanático-ateísta que eles querem impor aos seus alunos. Nas suas cabeças fanatizadas, deve ser de assustar ver um senhor imponente e inteligente como Bento XVI a dizer verdades e a meter luz nas cabeças dos jovenzinhos. Se a ignorância anda de mãos dadas com a intolerância, o medo também lá deve estar no meio! Será esta uma atitude irracional e desesperada de medo?

(os obscurantistas protestam contra Bento XVI porque ele teria, presumidamente, atacado Galileu num seu texto de 1992: eis aqui o texto, para que se comprove a falsidade do que estes obscurantistas afirmam)

(e aqui está a "bofetada de luva branca", o texto integral do discurso que o Papa iria fazer amanhã)

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