terça-feira, 24 de maio de 2011

IST - 100 anos


Foi ontem! Gostei especialmente dos discursos do Presidente do IST, Prof. António Cruz Serra (por ter dito coisas politicamente incorrectas mas muito verdadeiras), e do discurso do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Mariano Gago (pela eficácia de um discurso sintético mas cheio de conteúdo cultural). Os restantes discursos tiveram pouco brilho...
Fez-se também a justa homenagem ao fundador do IST, o Prof. Alfredo Bensaude (1856-1941).

11 comentários:

Amilcar Fernandes disse...

100 anos.Isso significa que é uma obra da república.

Espectadores disse...

Sem dúvida, Anónimo. De facto, é uma obra que nasce já no período da República. É só fazer as contas. O IST é fundado a 24 de Maio de 1911, e a República é implantada a 5 de Outubro de 1910. É só fazer as contas.

Cumprimentos!

Amilcar Fernandes disse...

Claro que é, eu já tinha essas contas feitas há muito tempo. Isso ja eu sabia, se uma das vertentes da republica era um reformismo do ensino em portugal.

Espectadores disse...

Caro Anónimo,

«Uma das vertentes da republica era um reformismo do ensino em portugal.»

Bom, nisso já não estamos de acordo. É verdade que, em 1911, a educação estava num caco, aliás, a educação nunca foi grande coisa, desde que o Marquês de Pombal destruiu a rede de ensino dos Jesuítas, quando os expulsou do país. As taxas de analfabetismo em Portugal durante o século XIX são, em grande medida, um legado de Pombal.

Quanto à Primeira República, essa corja de bandidos nunca se preocupou grande coisa com o ensino.

Eu diria que o IST é mérito do Fontes Pereira de Melo, do Alfredo Bensaude, e de pouco mais.

O Afonso Costa era um bruto, e os seus amigos maçons, quando muito, queriam manipular a educação a seu gosto, o que se compreende. Pombal fez o mesmo...

Cumprimentos

Amilcar Fernandes disse...

Oh oh

Pois é, criaram o ensino infantil para crianças dos 4 aos 7 anos;tornaram o ensino primário obrigatório e gratuito para as crianças entre os 7 e os 10 anos;
criaram novas escolas do ensino primário e técnico escolas agrícolas, comerciais e industriais;fundaram escolas normais destinadas a formar professores primários;criaram as Universidades de Lisboa e Porto ficando o país com três universidades: Lisboa, Porto e Coimbra; Ah e ja agora que falou,ja se esqueceu não se esqueça porque ate celebrou o centenario, o IST:
concederam maior número de bolsas de estudo a alunos necessitados e passaram a existir escolas móveis para o ensino de adultos.
A preocupação dos governos republicanos era alfabetizar, isto é, dar instrução primária ao maior número possível de portugueses. Mas, na prática, muitas das medidas tomadas não tiveram o resultado que se esperava, por falta de meios financeiros. Acontece que na piolheira monarquica é que era bom com um ensino a moda monastica, um pais sem educação e totalmente analfabeto.

Espectadores disse...

Caro Anónimo,

A sua visão simplista e dualista ("bons" versus "maus") não se cola facilmente na minha visão, algo mais complexa.

Parece colar os Jesuítas (e por arrasto a Igreja) à Monarquia, enquanto que eu não faço essa colagem.

O Marquês de Pombal governou em Monarquia absolutista, e tenho poucas coisas simpáticas a dizer a favor da sua obra (a recuperação do terramoto, talvez?).

Em relação à Monarquia liberal e constitucional, sou o primeiro a dizer que esses regimes fizeram um imenso mal ao catolicismo em Portugal, mas talvez não tanto quanto o mal feito pelo bandido do Costa, e a sua pandilha de malfeitores.

Amilcar Fernandes disse...

oh oh

Eu só apresentei factos.Um dos quais celebrado por si

Ah e o marques, essa dorzinha de cotovelo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Jos%C3%A9_de_
Carvalho_e_Melo,_marqu%C3%AAs_de_Pombal#Reformas_na_educa.
C3.A7.C3.A3o

“Pombal introduziu importantes mudanças no sistema de ensino (superior) do reino e das colónias - que até essa época estava sob a responsabilidade da Igreja -, passando-o ao controle do Estado. A Universidade de Évora, por exemplo, pertencente aos jesuítas, foi extinta, e a Universidade de Coimbra sofreu profunda reforma, sendo modernizada.
Foi criada ainda a Aula do Comércio, implementada em Lisboa em 1759, primeiro estabelecimento de ensino oficial no mundo a ensinar a Contabilidade de uma forma técnico-profissional”

Espectadores disse...

Exacto, viva o modernismo de Pombal, no ensino!

Extinção da Universidade de Évora - é o progresso, pá!

Queima maciça de livros em Coimbra - é o progresso, pá!

Expulsão dos Jesuítas (quem fazia, em Portugal, o trabalho científico e pedagógico) - é o progresso, pá!

Modernidade!
Queima de livros.
Progresso!
Expulsão de cientistas e professores.
Modernidade!

Amilcar Fernandes disse...

Oh oh

A dor de cotovelo manifesta-se porque é a reforma pombalina de 1772, que gera uma profunda remodelação curricular trazida pela reforma e revela o notável esforço de atualização do ensino universitário diante do movimento das luzes e em direcção à modernidade científica. A dor de cotovelo é manifesta porque nunca antes o estado se havia imiscuido de forma direta e incisiva na gestão da universidade, mas o próprio Pombal encarregou-se de dirigir os trabalhos de elaboração dos estatutos que refundavam a universidade de raiz,visando neutralizar a influência ancestral dos jesuítas na academia, e tornando a universidade uma instituição pública e secular.

Et voilá

“Tradicionalmente a Universidade oferecia os cursos de Teologia, Leis e Medicina. Com a Reforma, foram criadas as Faculdades de Filosofia e de Matemática que, juntamente com a de Medicina, compunham a Congregação Geral das Ciências e suas disciplinas de História Natural, Física, Química e Geometria passaram a ser pré-requisitos obrigatórios para todos os alunos dos demais cursos. Para além de instutuir o aprendizado das ciências da natureza como indispensável na formação de todos que passassem pela Universidade, a instalação das novas faculdades significou, também, a obrigatoriedade da formação de nível superior para os matemáticos e determinou o surgimento de um novo profissional: o naturalista. Duas vertentes orientaram a mudança pedagógica e curricular instituída pelos Estatutos da Reforma: a introdução do ensino das modernas ciências matemáticas e da natureza e a adoção do método experimental como processo de aprendizado.

Para o ensino das novas disciplinas foi criada uma série de estabelecimentos que visavam, sobretudo, instituir a prática do método experimental. Os futuros médicos passaram a contar um Hospital Escolar, com o Teatro Anatômico, com um Dispensário Farmaceutico, e também com o Jardim Botânico, ligado ao curso de Filosofia, onde aprendiam a conhecer as plantas medicinais. Para a Faculdade de Matemática foi criado o Observatório Astronômico. A Faculdade de Filosofia, além do Jardim Botânico, contava com o Gabinete de História Natural, o Gabinete de Física Experimental e o Laboratório Químico.

Para ocupar a cátedra das recém criadas disciplinas, foram convidados professores estrangeiros. O naturalista italiano Domingos Vandelli, chamado para lecionar no Colégio dos Nobres, encontrava-se em Lisboa desde finais de 1760, onde, por atribuição régia, veio a criar o Jardim Botânico e Museu da Ajuda. Com a Reforma, Vandelli deslocou-se para Coimbra onde passou a lecionar História Natural e Química. Vandelli foi o idealizador das viagens filosóficas em terras do reino e no ultramar, e também um dos impulsionadores da criação da Academia Real de Ciências de Lisboa. O matemático Miguel Antonio Ciera, chamado para participar da organização das Expedições de Demarcação de Limites entre Portugal e Espanha na América Portuguesa, foi convidado para lecionar Astronomia. Giovanni Antonio Dalla Bella, também chamado para lecionar no Colégio dos Nobres, veio a ocupar a cadeira de Física Experimental em Coimbra, onde colaborou com Vandelli na elaboração do projeto do Jardim Botânico. Dalla Bella figura como um dos membros fundadores da Academia Real das Ciências de Lisboa.

A Universidade de Coimbra como centro de formação profissional, a Academia Real de Ciências de Lisboa e a Casa Literária do Arco do Cego, como indutoras da produção e divulgação de saberes técnicos e científicos, compõem a tríade de instituições basilares do pensamento cultural e econômico do Portugal setecentista.”

Amilcar Fernandes disse...

“Modernidade!
Queima de livros.
Progresso!
Expulsão de cientistas e professores.
Modernidade!”

Oh oh,
jesuitas.

Que filmes anda a ver? Vem falar em expulsão de cientistas, professores, modernidade??????? Então o senhor não sabe que foi o catolicismo transformado pelo concílio de trento, com a contra-reforma e a inquisição, que fez fugir por exemplo inteligencias, inteligencias futuras e riquezas,os judeus e cristãos novos que contribuiram com a sua riqueza e sabedoria para transformar a holanda, a minuscula holanda numa potencia economica e maritima, e que tiveram que fugir de portugal perseguidos pela religião, e que contribuiu para o atraso economico e cultural portugues, alias não só portugues, há estudos que demonstram que nos paises mais submissos a religião como onde o catolicismo impera, são mais atrasados que os outros, e que desvirtua a essência do cristianismo, conduzindo a uma atrofia da consciência individual. De seguida,a politica, o absolutismo, a monarquia absoluta que constituía a ruína das liberdades sociais, o centralismo imperialista viera coarctar as liberdades nacionais.

O senhor devia saber que que ja foram feitas análises histórico-filosóficas, procurando a origem do atraso que caracteriza os países ibéricos, para que se possa evitar os mesmos erros e ultrapassá-los. Todos esses factores tiveram malefícios em termos económicos. Este é um problema engraçado e que entronca na moral religiosa. A bíblia não censura a riqueza e a prosperidade directamente mas , ela adverte contra a busca dessas coisas como um fim em si mesmo, ou o uso da opressão e da crueldade como uma maneira para obtê-las, a obtenção de riqueza por meios ilicitos o que éticamente e moralmente será sempre condenável, mas s. paulo alertou para o amor ao dinheiro como a raiz de todos os males, jesus afirmou que o homem rico que tinha produzido com abundância, e que pensava somente nos depósito de bens materiais, comer, beber e folgar, no final de sua vida deus lhe perguntaria : “louco! esta noite pedirão-te a tua alma, e o que tens”. Também mandava abandonar tudo e segui-lo.

Amilcar Fernandes disse...

Mas isto são visões religiosas, o caso é que foram levadas a prática pela teologia moral como princípios morais, que procurava afirmar a esterilidade do dinheiro e até bem tarde depois da idade média a igreja católica apesar da riqueza que possuía e ambicionava, condenava os lucros e juros e o liberalismo económico, os próprios doutores da igreja medievais consideravam o comércio como uma actividade pouco digna por visar o lucro e especulação, só mais tarde passando a reconsiderar por esta suprir necessidades essências de uma sociedade organizada, considerava-se que o aviltamento material comprometia o progresso espiritual. Aliás ha filosofias em que a renuncia ao material é um caminho para a felicidade.

A nossa herança cultural é latina e católica e o catolicismo, após a contra-reforma, era contra a iniciativa privada e a liberdade económica, Leão XIII defendia o corparativismo na rerum novarum em 1891, só a partir da enciclica Centesimus Annus, de João Paulo II, é que houve uma compreensão equilibrada do papel do mercado e da criação de riqueza. "Para remediar este mal (a injusta distribuição das riquezas e a miséria dos proletários), os socialistas excitam, nos pobres, o ódio contra os ricos, e defendem que a propriedade privada deve ser abolida, e os bens de cada um tornarem-se comuns a todos ), mas esta teoria, além de não resolver a questão, acaba por prejudicar os próprios operários, e é até injusta por muitos motivos, já que vai contra os direitos dos legítimos proprietários, falseia as funções do Estado, e subverte toda a ordem social".

Portugal e Espanha possuíram colónias ricas em ouro e outros metais preciosos, territórios vastíssimos, apesar disso ou mesmo assim ficaram para trás, foram ultrapassados por países como a holanda e a inglaterra, paises com uma moral diferente, ética diferente, derivada da reforma e contra reforma, porque na verdade, o mais importante, é a ética, e a etica tembém na economia, as virtudes do trabalho e por isso da produtividade, da poupança e também da honestidade são o segredo do desenvolvimento e a chave da prosperidade.

É o progresso pá, se é.