Projecto Emergência Vida
«A Emergência-Vida é um projecto da Associação Emergência Social, uma Instituição Particular de Solidariedade Social que tem como finalidade activar uma rede solidária de apoio, acessoria e ajuda à mulher para superar qualquer conflito surgido diante de uma gravidez imprevista.
-Atendimento directo e acompanhamento, com voluntários formados, a qualquer mulher que se sinta só ou abandonada diante uma gravidez imprevista.
-Encaminhamento dos voluntários formados para o atendimento directo a mulheres grávidas em situação de exclusão social que requisitem a nossa ajuda.»
"Mas, no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça" - Primeira Carta de São Pedro, cap. 3, vs. 15.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Notas sobre a "New Age"
Na secção "Artigos em PDF", mesmo ali do lado direito, foi acrescentado um ficheiro PDF intitulado "Notas sobre a «New Age»". Não se trata de um estudo completo, mas sim de uma recolha de informação sobre a corrente "New Age", separada por tópicos. Como sucede com todos os artigos nessa secção, também este será melhorado ao longo do tempo, e novas actualizações serão disponibilizadas no mesmo local.
Bento XVI sobre a felicidade
«Feliz o homem que dá; feliz o homem que não utiliza a vida em proveito próprio, mas que a dá; feliz o homem misericordioso, bom e justo; feliz o homem que vive no amor de Deus e do próximo. É assim que se vive bem e, vivendo assim, não precisamos de ter medo da morte, porque estamos na felicidade que vem de Deus e nunca acaba»
- Catequese da Audiência Geral de 2 de Novembro de 2005, em "Bento XVI, Pensamentos espirituais", n.º 65, Lucerna, 2006, recebido via lista de distribuição É o Carteiro
Esta é uma excelente definição de felicidade, e ligada de forma muito simples e clara à verdade da vida eterna.
- Catequese da Audiência Geral de 2 de Novembro de 2005, em "Bento XVI, Pensamentos espirituais", n.º 65, Lucerna, 2006, recebido via lista de distribuição É o Carteiro
Esta é uma excelente definição de felicidade, e ligada de forma muito simples e clara à verdade da vida eterna.
domingo, 25 de abril de 2010
O teólogo mentiroso falou de novo...
O mentiroso, tão sensível aos microfones, às câmaras e aos holofotes, falou de novo:
Carta aberta de Hans Kung aos Bispos católicos
Porcarias deste calibre foram, mais uma vez, privilegiadas pelos "media": por cá, o Público transcreveu a cartinha toda. E muitos dos que lêem o Público acreditarão, desgraçados, nas mentiras do Küng.
Trata-se talvez do maior chorrilho de mentiras e difamações contra Bento XVI, desta feita pelo seu velho "amigo" alemão, Hans Küng. Com amigos destes, Bento XVI não precisa de inimigos. Também é verdade que o insulto não é novidade em Küng: basta recordar que nas suas memórias, o teólogo alemão insultou as capacidades intelectuais de João Paulo II. Mas esta carta aberta está demais...
Talvez a frase mais horrorosa e mais mentirosa seja a que está logo no topo:
«There is no denying the fact that the worldwide system of covering up cases of sexual crimes committed by clerics was engineered by the Roman Congregation for the Doctrine of the Faith under Cardinal Ratzinger (1981-2005)» (negrito meu)
Que Küng faça uma destas ao seu velho colega, a alguém que mais do que uma vez lhe deu a mão, a alguém que tem tido para com ele uma paciência inesgotável, é algo que me parece incompreensível. Que ultrapassa até a fronteira da boa educação e da cortesia, entrando no insulto rasca e rasteiro. Dawkins não conseguiria ser mais desagradável com Bento XVI.
Penso que a única explicação estará no desespero do próprio Küng: está só. Nunca teve razão. Está cada vez mais próximo do fim, e vê a sua causa a ruir. A Igreja Católica recuperou da crise dissidente dos anos 60, 70 e 80. Hoje em dia, novas gerações de católicos fiéis ao Magistério já nem sabem quem é Küng. Esta carta é uma medida de desespero. Esta carta aberta já não tem o vigor das antigas operações mediáticas que ele montava, criando um estilo próprio, o do dissidente mediático. Quando Küng entra no golpe baixo, na mentira reles, e no ataque pessoal descarado, é porque está perto do fim.
Bem dizia o Cardeal Ratzinger, quando estava à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, que a sua função era a de proteger a fé cristã simples do poder dos intelectuais. Küng é o protótipo do intelectual poderoso e perigoso: todo ele é uma mentira: um teólogo que mente é uma contradição nos termos, e se for popular (ou popularizado) arrasta inevitavelmente muitos crentes com ele para o caminho da mentira. Em vez de ser teólogo no serviço à verdade, na explicação do Deus-Verdade aos homens e mulheres do seu tempo, Küng é um dissidente "superstar", amado pelos "media", mas progressivamente alheado da tradição cristã. Enquanto a teologia dissidente encabeçada por ele, e pelos Currans e Boffs desta vida, tinha força e vigor, ele brilhou. Mas a mentira tem sempre um prazo de validade curto.
Os seminários, nos anos 70 e 80, começaram a ficar vazios. As vocações não surgiam. Os escândalos (que vêm hoje ao de cima) começaram a tornar-se frequentes. As imoralidades e a heresia contaminaram o espaço católico. Católicos a favor do aborto e da homossexualidade. Famílias destruídas pela infidelidade e pelo divórcio. Tudo isto é, evidentemente, efeito da teologia dissidente dos adeptos da "hermenêutica da ruptura" que afirma que o Vaticano II decidiu romper com o passado (uma mentira, é claro).
Hoje, Küng já não beneficia da influência que teve em tempos sobre muitos católicos. O seu movimento "progressista" morreu. Küng é um teólogo falhado, um teólogo que se perdeu, um teólogo que poderia ter sido. É um triste. Será recordado como um herege. As coisas boas e ortodoxas que deu à teologia cristã vão-se perder, arrastadas pela lama das coisas más e heréticas que ele gerou.
Deus tenha pena da sua alma.
PS: George Weigel, com uma educação e cortesia que Küng não tem nem merece, massacra-o neste artigo: An open letter to Hans Kung.
Carta aberta de Hans Kung aos Bispos católicos
Porcarias deste calibre foram, mais uma vez, privilegiadas pelos "media": por cá, o Público transcreveu a cartinha toda. E muitos dos que lêem o Público acreditarão, desgraçados, nas mentiras do Küng.
Trata-se talvez do maior chorrilho de mentiras e difamações contra Bento XVI, desta feita pelo seu velho "amigo" alemão, Hans Küng. Com amigos destes, Bento XVI não precisa de inimigos. Também é verdade que o insulto não é novidade em Küng: basta recordar que nas suas memórias, o teólogo alemão insultou as capacidades intelectuais de João Paulo II. Mas esta carta aberta está demais...
Talvez a frase mais horrorosa e mais mentirosa seja a que está logo no topo:
«There is no denying the fact that the worldwide system of covering up cases of sexual crimes committed by clerics was engineered by the Roman Congregation for the Doctrine of the Faith under Cardinal Ratzinger (1981-2005)» (negrito meu)
Que Küng faça uma destas ao seu velho colega, a alguém que mais do que uma vez lhe deu a mão, a alguém que tem tido para com ele uma paciência inesgotável, é algo que me parece incompreensível. Que ultrapassa até a fronteira da boa educação e da cortesia, entrando no insulto rasca e rasteiro. Dawkins não conseguiria ser mais desagradável com Bento XVI.
Penso que a única explicação estará no desespero do próprio Küng: está só. Nunca teve razão. Está cada vez mais próximo do fim, e vê a sua causa a ruir. A Igreja Católica recuperou da crise dissidente dos anos 60, 70 e 80. Hoje em dia, novas gerações de católicos fiéis ao Magistério já nem sabem quem é Küng. Esta carta é uma medida de desespero. Esta carta aberta já não tem o vigor das antigas operações mediáticas que ele montava, criando um estilo próprio, o do dissidente mediático. Quando Küng entra no golpe baixo, na mentira reles, e no ataque pessoal descarado, é porque está perto do fim.
Bem dizia o Cardeal Ratzinger, quando estava à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, que a sua função era a de proteger a fé cristã simples do poder dos intelectuais. Küng é o protótipo do intelectual poderoso e perigoso: todo ele é uma mentira: um teólogo que mente é uma contradição nos termos, e se for popular (ou popularizado) arrasta inevitavelmente muitos crentes com ele para o caminho da mentira. Em vez de ser teólogo no serviço à verdade, na explicação do Deus-Verdade aos homens e mulheres do seu tempo, Küng é um dissidente "superstar", amado pelos "media", mas progressivamente alheado da tradição cristã. Enquanto a teologia dissidente encabeçada por ele, e pelos Currans e Boffs desta vida, tinha força e vigor, ele brilhou. Mas a mentira tem sempre um prazo de validade curto.
Os seminários, nos anos 70 e 80, começaram a ficar vazios. As vocações não surgiam. Os escândalos (que vêm hoje ao de cima) começaram a tornar-se frequentes. As imoralidades e a heresia contaminaram o espaço católico. Católicos a favor do aborto e da homossexualidade. Famílias destruídas pela infidelidade e pelo divórcio. Tudo isto é, evidentemente, efeito da teologia dissidente dos adeptos da "hermenêutica da ruptura" que afirma que o Vaticano II decidiu romper com o passado (uma mentira, é claro).
Hoje, Küng já não beneficia da influência que teve em tempos sobre muitos católicos. O seu movimento "progressista" morreu. Küng é um teólogo falhado, um teólogo que se perdeu, um teólogo que poderia ter sido. É um triste. Será recordado como um herege. As coisas boas e ortodoxas que deu à teologia cristã vão-se perder, arrastadas pela lama das coisas más e heréticas que ele gerou.
Deus tenha pena da sua alma.
PS: George Weigel, com uma educação e cortesia que Küng não tem nem merece, massacra-o neste artigo: An open letter to Hans Kung.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Abuso sexual por parte do clero católico
Quem escreveu isto?
«Há casos de abuso sexual que vêm à luz a cada dia contra um grande número de membros do clero Católico. Infelizmente, não se trata apenas de casos individuais, mas de uma crise moral colectiva, que talvez nunca antes na história cultural da humanidade tenha sido vista com uma dimensão tão desconcertante e assustadora. Numerosos padres e religiosos confessaram. Não há dúvida de que milhares de casos que vieram à atenção do sistema judicial representam apenas uma pequena fracção do verdadeiro total, dado que muitos abusadores foram cobertos e escondidos pela hierarquia»
Aceitam-se palpites...
Trata-se de um discurso pronunciado pelo Ministro da Propaganda do Terceiro Reich, o infame Joseph Goebbels, a 28 de Maio de 1937. O contexto era este: o Ministério da Propaganda montou esta campanha infame para "castigar" o clero alemão em retaliação pela encíclica do Papa Pio XI contra o nazismo, a Mit Brennender Sorge ("Com ardente preocupação").
Mais detalhes aqui: Goebbels andethe pedophile priests operation
«Há casos de abuso sexual que vêm à luz a cada dia contra um grande número de membros do clero Católico. Infelizmente, não se trata apenas de casos individuais, mas de uma crise moral colectiva, que talvez nunca antes na história cultural da humanidade tenha sido vista com uma dimensão tão desconcertante e assustadora. Numerosos padres e religiosos confessaram. Não há dúvida de que milhares de casos que vieram à atenção do sistema judicial representam apenas uma pequena fracção do verdadeiro total, dado que muitos abusadores foram cobertos e escondidos pela hierarquia»
Aceitam-se palpites...
Trata-se de um discurso pronunciado pelo Ministro da Propaganda do Terceiro Reich, o infame Joseph Goebbels, a 28 de Maio de 1937. O contexto era este: o Ministério da Propaganda montou esta campanha infame para "castigar" o clero alemão em retaliação pela encíclica do Papa Pio XI contra o nazismo, a Mit Brennender Sorge ("Com ardente preocupação").
Mais detalhes aqui: Goebbels andethe pedophile priests operation
quarta-feira, 14 de abril de 2010
A incoerência de Frei Bento Domingues
Sem tempo nem estômago para mais, queria tão somente destacar dois pontos de vista acerca da crónica de Frei Bento Dominges, A Ressurreição da Igreja, editada no Jornal Público a 4 de Abril passado.
O primeiro ponto de vista é um desabafo como católico.
Foram muitas as frases da dita crónica de Frei Bento que me incomodaram. Talvez a que mais me tenha chocado tenha sido esta:
«Depressa surgiu, neste clima, um documento fatal – a Humanae Vitae (1968) – acerca da concepção ética da vida sexual de solteiros e casados.»
É duro, muito duro, ver um "filho" de São Domingos (Frei Bento é Dominicano, ou seja, pertence à Ordem dos Pregadores) usar a expressão "documento fatal" acerca de um texto do Magistério petrino, acerca de um texto doutrinal emanado de um Santo Padre. Porém, na crítica de Frei Bento, é igualmente triste constatar que a crítica não se consubstancia em qualquer refutação, ou tentativa de refutação, do conteúdo da Humanae Vitae. Se até nas críticas aos nossos inimigos temos a obrigação de usar do rigor, e de criticar as ideias adversárias usando argumentação objectiva, e partindo das palavras dos nossos adversários, quanto mais um dominicano que critica o conteúdo de uma encíclica papal se deve referir ao seu conteúdo! Pois de Frei Bento, sobre o conteúdo concreto da Humanae Vitae, nem uma palavra. Erros apontados ao texto de Paulo VI? Nem um. Erros de raciocínio, falácias? Nem uma apontada.
Fica apenas a expressão, fatal: "documento fatal".
São Domingos deve estar a dar voltas na sepultura.
O segundo ponto de vista que queria destacar acerca desta crónica tem a ver com coerência. A certa altura diz Frei Bento:
«Volto, porém, ao primeiro ponto deste texto, à maior redescoberta da eclesiologia do Vaticano II: a hierarquia não é a Igreja. A hierarquia é um serviço indispensável à Igreja, na Igreja de todos.»
Realmente, a frase está escrita com cuidado. Mas está incompleta. Que serviço é esse, prestado à Igreja pela hierarquia? Ora é fácil saber: esse serviço está explicado na Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, documento certamente admirado e respeitado por Frei Bento. Citamos um trecho que tem a ver com uma parte importante desse serviço, o ministério episcopal de ensinar:
«25. Entre os principais encargos dos Bispos ocupa lugar preeminente a pregação do Evangelho (75). Os Bispos são os arautos da fé que para Deus conduzem novos discípulos. Dotados da autoridade de Cristo, são doutores autênticos, que pregam ao povo a eles confiado a fé que se deve crer e aplicar na vida prática; ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e tirando do tesoiro da revelação coisas novas e antigas (cfr. Mt. 13,52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam os erros que ameaçam o seu rebanho (cfr. 2 Tim. 4, 1-4). Ensinando em comunhão com o Romano Pontífice, devem por todos ser venerados como testemunhas da verdade divina e católica. E os fiéis devem conformar-se ao parecer que o seu Bispo emite em nome de Cristo sobre matéria de fé ou costumes, aderindo a ele com religioso acatamento. Esta religiosa submissão da vontade e do entendimento é por especial razão devida ao magistério autêntico do Romano Pontífice, mesmo quando não fala ex cathedra; de maneira que o seu supremo magistério seja reverentemente reconhecido, se preste sincera adesão aos ensinamentos que dele emanam, segundo o seu sentir e vontade; estes manifestam-se sobretudo quer pela índole dos documentos, quer pelas frequentes repetições da mesma doutrina, quer pelo modo de falar.
Embora os Bispos, individualmente, não gozem da prerrogativa da infalibilidade, anunciam, porém, infalivelmente a doutrina de Cristo sempre que, embora dispersos pelo mundo mas unidos entre si e com o sucessor de Pedro, ensinam autenticamente matéria de fé ou costumes concordando em que uma doutrina deve ser tida por definida (76).»
(negrito meu)
Diga-se, relativamente a este último parágrafo que citei, que Bispo algum se recusou a aceitar e a ensinar a Humanae Vitae de Paulo VI. Os Bispos tinham a lição do Vaticano II bem sabida. Os protestos e a contestação à Humanae Vitae nasceram de uma facção de teólogos dissidentes norte-americanos, entre eles o inevitável Charles Curran.
Ora, a incoerência de Frei Bento fica agora à vista. De que forma é que, apelidando a encíclica Humanae Vitae de "documento fatal" é que Frei Bento está em coerência com as palavras da Lumen Gentium? Onde é que está a "sincera adesão" de Frei Bento aos ensinamentos do magistério de Paulo VI, nomeadamente da Humanae Vitae?
O primeiro ponto de vista é um desabafo como católico.
Foram muitas as frases da dita crónica de Frei Bento que me incomodaram. Talvez a que mais me tenha chocado tenha sido esta:
«Depressa surgiu, neste clima, um documento fatal – a Humanae Vitae (1968) – acerca da concepção ética da vida sexual de solteiros e casados.»
É duro, muito duro, ver um "filho" de São Domingos (Frei Bento é Dominicano, ou seja, pertence à Ordem dos Pregadores) usar a expressão "documento fatal" acerca de um texto do Magistério petrino, acerca de um texto doutrinal emanado de um Santo Padre. Porém, na crítica de Frei Bento, é igualmente triste constatar que a crítica não se consubstancia em qualquer refutação, ou tentativa de refutação, do conteúdo da Humanae Vitae. Se até nas críticas aos nossos inimigos temos a obrigação de usar do rigor, e de criticar as ideias adversárias usando argumentação objectiva, e partindo das palavras dos nossos adversários, quanto mais um dominicano que critica o conteúdo de uma encíclica papal se deve referir ao seu conteúdo! Pois de Frei Bento, sobre o conteúdo concreto da Humanae Vitae, nem uma palavra. Erros apontados ao texto de Paulo VI? Nem um. Erros de raciocínio, falácias? Nem uma apontada.
Fica apenas a expressão, fatal: "documento fatal".
São Domingos deve estar a dar voltas na sepultura.
O segundo ponto de vista que queria destacar acerca desta crónica tem a ver com coerência. A certa altura diz Frei Bento:
«Volto, porém, ao primeiro ponto deste texto, à maior redescoberta da eclesiologia do Vaticano II: a hierarquia não é a Igreja. A hierarquia é um serviço indispensável à Igreja, na Igreja de todos.»
Realmente, a frase está escrita com cuidado. Mas está incompleta. Que serviço é esse, prestado à Igreja pela hierarquia? Ora é fácil saber: esse serviço está explicado na Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, documento certamente admirado e respeitado por Frei Bento. Citamos um trecho que tem a ver com uma parte importante desse serviço, o ministério episcopal de ensinar:
«25. Entre os principais encargos dos Bispos ocupa lugar preeminente a pregação do Evangelho (75). Os Bispos são os arautos da fé que para Deus conduzem novos discípulos. Dotados da autoridade de Cristo, são doutores autênticos, que pregam ao povo a eles confiado a fé que se deve crer e aplicar na vida prática; ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e tirando do tesoiro da revelação coisas novas e antigas (cfr. Mt. 13,52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam os erros que ameaçam o seu rebanho (cfr. 2 Tim. 4, 1-4). Ensinando em comunhão com o Romano Pontífice, devem por todos ser venerados como testemunhas da verdade divina e católica. E os fiéis devem conformar-se ao parecer que o seu Bispo emite em nome de Cristo sobre matéria de fé ou costumes, aderindo a ele com religioso acatamento. Esta religiosa submissão da vontade e do entendimento é por especial razão devida ao magistério autêntico do Romano Pontífice, mesmo quando não fala ex cathedra; de maneira que o seu supremo magistério seja reverentemente reconhecido, se preste sincera adesão aos ensinamentos que dele emanam, segundo o seu sentir e vontade; estes manifestam-se sobretudo quer pela índole dos documentos, quer pelas frequentes repetições da mesma doutrina, quer pelo modo de falar.
Embora os Bispos, individualmente, não gozem da prerrogativa da infalibilidade, anunciam, porém, infalivelmente a doutrina de Cristo sempre que, embora dispersos pelo mundo mas unidos entre si e com o sucessor de Pedro, ensinam autenticamente matéria de fé ou costumes concordando em que uma doutrina deve ser tida por definida (76).»
(negrito meu)
Diga-se, relativamente a este último parágrafo que citei, que Bispo algum se recusou a aceitar e a ensinar a Humanae Vitae de Paulo VI. Os Bispos tinham a lição do Vaticano II bem sabida. Os protestos e a contestação à Humanae Vitae nasceram de uma facção de teólogos dissidentes norte-americanos, entre eles o inevitável Charles Curran.
Ora, a incoerência de Frei Bento fica agora à vista. De que forma é que, apelidando a encíclica Humanae Vitae de "documento fatal" é que Frei Bento está em coerência com as palavras da Lumen Gentium? Onde é que está a "sincera adesão" de Frei Bento aos ensinamentos do magistério de Paulo VI, nomeadamente da Humanae Vitae?
Até que enfim!
Nos E.U.A., depois de décadas de influência da propaganda LGBT, finalmente começa-se a ouvir a voz da verdadeira ciência, e não de psicólogos de pacotilha.
O Colégio de Pediatras norte-americanos pronunciou-se acerca da fomentação da ideologia de género das escolas do país:
College Cautions Educators About Sexual Orientation in Youth
Um excerto bem claro:
"There is no scientific evidence that anyone is born gay or transgendered. Therefore, the College further advises that schools should not teach or imply to students that homosexual attraction is innate, always life-long and unchangeable. Research has shown that therapy to restore heterosexual attraction can be effective for many people."
Muita gente por esse mundo fora tem gritado que a homossexualidade é inata e incurável, e que defender a cura da homossexualidade é uma estupidez. Aqui em Portugal, é fácil demonstrar que não poucos "bloggers" da moda têm aderido ao discurso da ideologia de género e têm argumentado por esta via pseudo-científica.
Agora que dirão eles?
A verdade vem sempre ao de cima. Pode tardar, mas vem.
O Colégio de Pediatras norte-americanos pronunciou-se acerca da fomentação da ideologia de género das escolas do país:
College Cautions Educators About Sexual Orientation in Youth
Um excerto bem claro:
"There is no scientific evidence that anyone is born gay or transgendered. Therefore, the College further advises that schools should not teach or imply to students that homosexual attraction is innate, always life-long and unchangeable. Research has shown that therapy to restore heterosexual attraction can be effective for many people."
Muita gente por esse mundo fora tem gritado que a homossexualidade é inata e incurável, e que defender a cura da homossexualidade é uma estupidez. Aqui em Portugal, é fácil demonstrar que não poucos "bloggers" da moda têm aderido ao discurso da ideologia de género e têm argumentado por esta via pseudo-científica.
Agora que dirão eles?
A verdade vem sempre ao de cima. Pode tardar, mas vem.
domingo, 11 de abril de 2010
Vida aberta à vocação
O modo de vida actual, as prioridades que tantas vezes nos são impostas para que possamos alcançar uma vida que se enquadre naquilo que é considerado uma vida de sucesso, leva-nos a crer que tudo depende apenas de nós, das nossas capacidades técnicas. Esta ideia que tantos homens carregam, limita a interpretação do mundo, levando parte da humanidade a acreditar que todo o desenvolvimento depende apenas da técnica. É esta forma de pensar que está na base da corrente filosófica, muito em voga desde o Sec. XIX, denominada por cientismo, filosofia materialista que pretende que apenas o conhecimento científico seja racional ou verdadeiro. Esta corrente de pensamento que nega a dimensão transcendente do desenvolvimento, considerando-o à sua inteira disposição, revela-nos uma visão de um mundo vazio, desconexo e absurdo, reduzindo o homem à categoria de meio para o desenvolvimento.
Em sentido inverso a esta forma limitada e limitadora de interpretar o mundo o Papa Bento XVI analisa na sua última carta encíclica Caritas In Veritate a mensagem que Paulo VI nos deixou sobre o verdadeiro desenvolvimento, na carta encíclica Populorum progressio: “Na Populorum progressio, Paulo VI quis dizer-nos, antes de mais nada, que o progresso é, na sua origem e na sua essência, uma vocação: «Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação»” (…) “Dizer que o desenvolvimento é vocação equivale a reconhecer, por um lado, que o mesmo nasce de um apelo transcendente e, por outro, que é incapaz por si mesmo de atribuir-se o próprio significado último. Não é sem motivo que a palavra «vocação» volta a aparecer noutra passagem da encíclica, onde se afirma: «Não há, portanto, verdadeiro humanismo senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a ideia exacta do que é a vida humana». Esta visão do desenvolvimento é o coração da Populorum progressio e motiva todas as reflexões de Paulo VI sobre a liberdade, a verdade e a caridade no desenvolvimento. É também a razão principal por que tal encíclica continua actual nos nossos dias.”
A verdade é que todas as formas de interpretar o mundo que estejam fechadas à vocação se revelam incompletas e, sobretudo, falsas. Voltando a pegar no exemplo do cientismo, e como afirmou Bernardo Motta na conferência A ciência conduz ao ateísmo: “o grande problema do cientismo está em que ele mesmo não se auto-demonstra, pois sendo uma tese filosófica, não pode ser demonstrado pelo método científico.” Contudo, apesar de falsas, estas correntes de pensamento lançam sobre a humanidade uma ideia errada acerca da interpretação da vida, tornando o homem escravo das coisas materiais e facilmente mensuráveis, fazendo-o acreditar que tudo para além disso é falso ou irrelevante para a conquista da tal vida de sucesso.
Isto torna o homem cada vez mais individualista e solitário, uma vez que se enraíza nele a percepção de que tudo está nas suas mãos, que a melhoria das suas capacidades técnicas é a finalidade última da vida, uma vez que tudo depende delas. É progressivamente mais especializado nas suas funções técnicas, mas menos conhecedor do mundo e da vida porque vive parcialmente alheado de tudo aquilo que transcende a sua especialidade. Está de tal forma centrado em si, nos seus sucessos e fracassos, que já não perscruta o sentido esotérico da vida e das coisas, limitando-se a encontrar o que é meramente observável. E aqui chegamos ao grande paradoxo da vida actual. Se por um lado o único conhecimento que é considerado válido é aquele que é observável e comprovado cientificamente, por outro lado somos levados a observar cada vez menos. Vivemos na era do conhecimento abstracto, na ideia que temos das coisas porque estamos cada vez mais limitados na observação que fazemos do mundo. A nossa capacidade de nos espantarmos com o mundo e de nos enamorarmos pelo próximo é mais e mais limitada, na medida em que a nossa vida estiver fechada à vocação e estiver apenas centrada naquilo que é técnico.
Na Parábola do Bom Samaritano Jesus fala-nos de quatro personagens; o homem que caiu nas mãos dos ladrões que o roubaram e o abandonaram meio morto à beira da estrada, de um levita e de um sacerdote, conhecedores da Lei, peritos quanto às grandes questões da Salvação, mas que não se compadeceram do homem que jazia à beira da estrada e seguiram o seu caminho, e, finalmente, de um samaritano. Este último, encheu-se de compaixão pelo sofrimento daquele homem, tratou dele e levou-o a uma estalagem. Aos olhos da moral e dos costumes dos judeus da altura, daqueles três homens, o samaritano seria o que teria menos obrigações perante aquela pessoa, uma vez que os samaritanos eram um povo proscrito pelos judeus e que não era considerado “próximo” deles, por ser visto como impuro. A verdade é que o samaritano não foi capaz de ficar indiferente ao sofrimento do outro, fê-lo seu próximo porque observou toda aquela cena com uma alma virgem, com um coração cheio de Deus.
Enquanto os outros dois personagens de que Jesus fala se limitaram a percorrer um caminho de terra e, provavelmente, rapidamente se esqueceram da cena que tinham presenciado pouco tempo antes, o samaritano transformou aquele caminho de terra e pedras num caminho interior, num caminho de carne que o uniu ao homem que jazia na beira da estrada no amor infinito de Deus. Este caminho de carne que o samaritano e o homem moribundo percorreram é algo que só uma vida aberta à vocação e ao amor de Deus pode alcançar, porque transcende tudo aquilo que a técnica consegue explicar.
O Papa Bento XVI dizia-nos na Homilia que proferiu na missa de Natal de 2009: “A respeito dos pastores, diz-se em primeiro lugar que eram pessoas vigilantes e que a mensagem pôde chegar até eles precisamente porque estavam acordados. Nós temos de despertar, para que a mensagem chegue até nós. Devemos tornar-nos pessoas verdadeiramente vigilantes. Que significa isto? A diferença entre um que sonha e outro que está acordado consiste, antes de mais nada, no facto de aquele que sonha se encontrar num mundo particular. Ele está, com o seu eu, fechado neste mundo do sonho que é apenas dele e não o relaciona com os outros. Acordar significa sair desse mundo particular do eu e entrar na realidade comum, na única verdade que a todos une” (…) “Acordai: diz-nos o Evangelho. Vinde para fora, a fim de entrar na grande verdade comum, na comunhão do único Deus. Acordar significa, portanto, desenvolver a sensibilidade para com Deus, para com os sinais silenciosos pelos quais Ele quer guiar-nos, para com os múltiplos indícios da sua presença.”
Duarte Macieira Fragoso
Em sentido inverso a esta forma limitada e limitadora de interpretar o mundo o Papa Bento XVI analisa na sua última carta encíclica Caritas In Veritate a mensagem que Paulo VI nos deixou sobre o verdadeiro desenvolvimento, na carta encíclica Populorum progressio: “Na Populorum progressio, Paulo VI quis dizer-nos, antes de mais nada, que o progresso é, na sua origem e na sua essência, uma vocação: «Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação»” (…) “Dizer que o desenvolvimento é vocação equivale a reconhecer, por um lado, que o mesmo nasce de um apelo transcendente e, por outro, que é incapaz por si mesmo de atribuir-se o próprio significado último. Não é sem motivo que a palavra «vocação» volta a aparecer noutra passagem da encíclica, onde se afirma: «Não há, portanto, verdadeiro humanismo senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a ideia exacta do que é a vida humana». Esta visão do desenvolvimento é o coração da Populorum progressio e motiva todas as reflexões de Paulo VI sobre a liberdade, a verdade e a caridade no desenvolvimento. É também a razão principal por que tal encíclica continua actual nos nossos dias.”
A verdade é que todas as formas de interpretar o mundo que estejam fechadas à vocação se revelam incompletas e, sobretudo, falsas. Voltando a pegar no exemplo do cientismo, e como afirmou Bernardo Motta na conferência A ciência conduz ao ateísmo: “o grande problema do cientismo está em que ele mesmo não se auto-demonstra, pois sendo uma tese filosófica, não pode ser demonstrado pelo método científico.” Contudo, apesar de falsas, estas correntes de pensamento lançam sobre a humanidade uma ideia errada acerca da interpretação da vida, tornando o homem escravo das coisas materiais e facilmente mensuráveis, fazendo-o acreditar que tudo para além disso é falso ou irrelevante para a conquista da tal vida de sucesso.
Isto torna o homem cada vez mais individualista e solitário, uma vez que se enraíza nele a percepção de que tudo está nas suas mãos, que a melhoria das suas capacidades técnicas é a finalidade última da vida, uma vez que tudo depende delas. É progressivamente mais especializado nas suas funções técnicas, mas menos conhecedor do mundo e da vida porque vive parcialmente alheado de tudo aquilo que transcende a sua especialidade. Está de tal forma centrado em si, nos seus sucessos e fracassos, que já não perscruta o sentido esotérico da vida e das coisas, limitando-se a encontrar o que é meramente observável. E aqui chegamos ao grande paradoxo da vida actual. Se por um lado o único conhecimento que é considerado válido é aquele que é observável e comprovado cientificamente, por outro lado somos levados a observar cada vez menos. Vivemos na era do conhecimento abstracto, na ideia que temos das coisas porque estamos cada vez mais limitados na observação que fazemos do mundo. A nossa capacidade de nos espantarmos com o mundo e de nos enamorarmos pelo próximo é mais e mais limitada, na medida em que a nossa vida estiver fechada à vocação e estiver apenas centrada naquilo que é técnico.
Na Parábola do Bom Samaritano Jesus fala-nos de quatro personagens; o homem que caiu nas mãos dos ladrões que o roubaram e o abandonaram meio morto à beira da estrada, de um levita e de um sacerdote, conhecedores da Lei, peritos quanto às grandes questões da Salvação, mas que não se compadeceram do homem que jazia à beira da estrada e seguiram o seu caminho, e, finalmente, de um samaritano. Este último, encheu-se de compaixão pelo sofrimento daquele homem, tratou dele e levou-o a uma estalagem. Aos olhos da moral e dos costumes dos judeus da altura, daqueles três homens, o samaritano seria o que teria menos obrigações perante aquela pessoa, uma vez que os samaritanos eram um povo proscrito pelos judeus e que não era considerado “próximo” deles, por ser visto como impuro. A verdade é que o samaritano não foi capaz de ficar indiferente ao sofrimento do outro, fê-lo seu próximo porque observou toda aquela cena com uma alma virgem, com um coração cheio de Deus.
Enquanto os outros dois personagens de que Jesus fala se limitaram a percorrer um caminho de terra e, provavelmente, rapidamente se esqueceram da cena que tinham presenciado pouco tempo antes, o samaritano transformou aquele caminho de terra e pedras num caminho interior, num caminho de carne que o uniu ao homem que jazia na beira da estrada no amor infinito de Deus. Este caminho de carne que o samaritano e o homem moribundo percorreram é algo que só uma vida aberta à vocação e ao amor de Deus pode alcançar, porque transcende tudo aquilo que a técnica consegue explicar.
O Papa Bento XVI dizia-nos na Homilia que proferiu na missa de Natal de 2009: “A respeito dos pastores, diz-se em primeiro lugar que eram pessoas vigilantes e que a mensagem pôde chegar até eles precisamente porque estavam acordados. Nós temos de despertar, para que a mensagem chegue até nós. Devemos tornar-nos pessoas verdadeiramente vigilantes. Que significa isto? A diferença entre um que sonha e outro que está acordado consiste, antes de mais nada, no facto de aquele que sonha se encontrar num mundo particular. Ele está, com o seu eu, fechado neste mundo do sonho que é apenas dele e não o relaciona com os outros. Acordar significa sair desse mundo particular do eu e entrar na realidade comum, na única verdade que a todos une” (…) “Acordai: diz-nos o Evangelho. Vinde para fora, a fim de entrar na grande verdade comum, na comunhão do único Deus. Acordar significa, portanto, desenvolver a sensibilidade para com Deus, para com os sinais silenciosos pelos quais Ele quer guiar-nos, para com os múltiplos indícios da sua presença.”
Duarte Macieira Fragoso
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Histeria!
E não querem eles que os católicos falem em histeria...
UN Judge Says Pope Should be Prosecuted at International Criminal Court
Ou seja, tratar o Papa Bento XVI como um criminoso de guerra como o Milosevic...
O autor desta ideia peregrina dá pelo nome de Geoffrey Robertson e é um pelintra bem conhecido de quem tem andado a par das movimentações anticatólicas no seio das Nações Unidas. Em 1999, este Robertson fez parte da campanha que pretendia retirar à Santa Sé o seu estatuto na ONU. A iniciativa saiu furada, porque a maioria dos estados membros não foi na cantiga, e em 2004, o estatuto da Santa Sé na ONU saiu reforçado.
Que mais será preciso para que os cegos não vejam as movimentações de bastidores por detrás destes escândalos mediáticos?
UN Judge Says Pope Should be Prosecuted at International Criminal Court
Ou seja, tratar o Papa Bento XVI como um criminoso de guerra como o Milosevic...
O autor desta ideia peregrina dá pelo nome de Geoffrey Robertson e é um pelintra bem conhecido de quem tem andado a par das movimentações anticatólicas no seio das Nações Unidas. Em 1999, este Robertson fez parte da campanha que pretendia retirar à Santa Sé o seu estatuto na ONU. A iniciativa saiu furada, porque a maioria dos estados membros não foi na cantiga, e em 2004, o estatuto da Santa Sé na ONU saiu reforçado.
Que mais será preciso para que os cegos não vejam as movimentações de bastidores por detrás destes escândalos mediáticos?
Quando a esmola é grande...
... o pobre desconfia!
Não há dúvidas de que tem sido uma excelente Páscoa para os inimigos da Igreja. Têm voado pedras e cuspidelas, e anda tudo maluco, com a cabeça a andar à roda, a disparar em todas as direcções. A blogosfera anti-católica anda feliz da vida. Parecem crianças à procura de ovos de Páscoa no jardim.
Mas o mais enraivecido anti-católico, desde que dotado de meio cérebro, começará a desconfiar desta situação.
Veja-se a nova enxurrada de notícias, desta feita provenientes da Noruega. Neste país de tão fortes tradições católicas (desculpem-me a ironia, mas não resisto), estalou mais um mega-escândalo de padres pedófilos. Um caso de abuso por parte de um bispo norueguês, Mueller, ocorrido nos anos 90 em que ele ainda era padre, e revelado pelo Bispo Eidsvig a pedido da Santa Sé, disparou mais este escândalo mediático. Mas a notícia não pode ser a desse caso já antigo. A notícia agora é que a Igreja Católica na Noruega dá conta de que está a receber desde os últimos dias uma avalanche de denúncias de supostos "novos casos".
Veja-se o desgraçado do Bispo Brent Eidsvig, no aeroporto de Oslo, rodeado de uma "trupe" de jornalistas sedentos por mais escândalos:
(Foto: AP Photo/Scanpix, Lise Aserud)
O Bispo Eidsvig terá dito aos jornalistas: "I received so many email tip-offs about possible aggressions and other sexual abuse that the computer server crashed". Ou seja, na sequência da revelação, por parte de Eidsvig, do crime do seu predecessor, começaram a chover "e-mails" de denúncia na caixa de correio de Eidsvig. Será que os acusadores que enviaram estes "e-mails" só se lembraram agora dos abusos?
Eidsvig diz que o seu computador ficou entupido com "e-mails".
Ai, se os jornalistas soubessem de quantos "e-mails" se trata... Se fossem mil "e-mails" recebidos, seria logo noticiado: "Mil casos de abuso por parte de padres pedófilos relevados na Noruega". Não. Melhor ainda: "Há mil padres pedófilos na Noruega".
O que se passa é que, no meio da euforia, ninguém se dá conta (ou não se quer dar conta) de que uma coisa são suspeitas, denúncias (algumas anónimas) ou insinuações. Outra coisa são condenações. Esta confusão está a baralhar muita gente.
Nos EUA, segundo o estudo do John Jay College of Criminal Justice, entre 1950 e 2002 foram suspeitos de abuso sexual de menores 4.392 padres e diáconos católicos americanos (num total de 109.694)[1]. Falamos então de uma percentagem de 4% de sacerdotes e diáconos, do total de sacerdotes e diáconos norte-americanos, sob suspeição durante o período em causa. Mas apenas cerca de uma centena foram realmente condenados pelos tribunais civis. Ora, se presumimos que o suspeito é culpado à partida, temos 4.392 abusadores de menores. Mas se respeitamos o princípio de presunção da inocência, e se respeitamos os tribunais, teremos apenas cerca de 100 abusadores de menores (nem todos pedófilos). Outro dado curioso do estudo norte-americano é que dessa centena de condenações, só 54 diziam respeito a condenações por pedofilia (sexo com menores não adolescentes). Mesmo que admitamos que muitas das suspeitas não chegaram aos tribunais, ou que algumas das que chegaram não terminaram em condenação e deveriam ter terminado em condenação, podemos ser pessimistas, e ficar-nos pelo "tecto" de 4% de sacerdotes e diáconos, do total norte-americano, que viram os seus nomes envolvidos em suspeitas de abusos.
Convenhamos: 4% de sacerdotes e diáconos, pegando no caso norte-americano porque este apresentou o maior impacto social, não é um fenómeno "massificado" ou "generalizado" como afirma tanta comunicação social e tantos comentadores de pacotilha.
E há outro dado "incómodo". O relatório do John Jay College of Criminal Justice faz uma análise temporal aos dados estatísticos. O "pico" dos casos de abuso coincide com o "pico" do número de acusações, e calha no ano de 1980. A curva que se pode ver na página 28 do dito estudo é ilustrativa: é uma curva em forma de montanha, com uma curva acentuada de crescimento que se nota a partir de 1960. Depois do "pico" de 1980, a curva desce acentuadamente, até 1995, ano em que atinge os valores de 1950. Interessante, o comportamento desta curva, que sustenta todos aqueles que têm relacionado este fenómeno com a revolução sexual dos anos 60 e 70, bem como todos os que têm dito, em defesa da Igreja, que desde o final do século passado, a Santa Sé tomou as rédeas deste problema. Olhando para esta curva, característica dos EUA, se os números não mentem, algo aconteceu para esta queda acentuada no número de casos entre 1980 e 1995 (ver ainda o gráfico da página 35).
Ainda outro dado "incómodo". Segundo o mesmo relatório, 80,9% dos casos reportados nos EUA são abusos a rapazes[2]. Para aqueles que juram a pés juntos que este escândalo não tem nada a ver com homosexualidade, estes números frios merecem segunda reflexão...
Os números da Alemanha, outro país alvo da especulação em torno dos padres pedófilos, reportam 210.000 casos de abusos de menores desde 1995. Os casos relacionados com padres ou religiosos da Igreja foram apenas 94 desse total. Falamos de 0,04%!
Os números da Irlanda são graves pelo fenómeno social em si, que envolve muita gente, não apenas padres, e não apenas membros da hierarquia da Igreja Católica. Primeiro, há que ver que o Relatório Ryan contém dados desde 1914. É importante saber o intervalo temporal dos dados recolhidos, para fazermos comparações justas em termos de números absolutos de sacerdotes e de casos de abusos!
No Relatório Ryan temos 1.090 casos de violência contra menores (sexual, física e psicológica). O total de elementos do clero envolvidos nestes casos é de 23 (0,02%). Muitos dos casos de abuso dizem respeito a pessoal auxiliar educativo (professores, contínuos, etc.).
Eu devo confessar que, no início de Março, quando começou esta palhaçada mediática, eu senti-me sinceramente chocado, porque os "media" faziam passar a imagem de um escândalo em larga escala, quer nos crimes sexuais, quer na ocultação. Passado um mês, penso que os "media" e os agentes anti-católicos forçaram demasiado a barra, e caem no descrédito. Foram várias as notícias desmentidas, e toda a campanha mediática tem pés de barro.
Os crimes, apesar de serem todos graves e horríveis, têm uma dimensão bem diferente da que nos querem vender. A montanha pariu um rato. Notícias como esta da Noruega, ainda por cima um país pouco religioso, e da parte que é religiosa, pouco católico, não ajudam a causa anti-católica. Antes pelo contrário: ajudam ao descrédito.
Esta campanha mediática começa a ser vista por aquilo que é: uma palhaçada imoral. Uma difamação em grande escala. Mas o mais grave não está na campanha em si, pois grande parte dela, como todas as campanhas, é movida pelo dinheiro. O que me parece particularmente grave, em tudo isto, é a sanha com que as notícias são lidas e difundidas. Há muita gente que reage indignada (mesmo que secretamente feliz) a estes escândalos, porque é uma oportunidade imperdível para manifestar um ódio profundo à Igreja Católica.
Os críticos da praxe dirão que estou a exagerar, e a fazer dos católicos as vítimas. Sejamos claros: há aqui dois tipos de vítimas: as dos abusos sexuais e as de difamação. Certamente que é um crime muitíssimo mais grave o de abuso sexual, quando comparado com o de difamação. Mas esta justa comparação não nos deve impedir a nós, católicos, de dizermos "basta!" a esta campanha infame.
É que o ódio anti-católico existe e é bem real. Basta ler, por exemplo, os recentes "posts" de um conhecido blogue nacional, onde pululam corifeus da tribo anti-católica, tribo essa que não tem dado descanso ao teclado nos últimos dias, certamente com um sorriso na cara (sorriso esse que a Internet, felizmente para eles, esconde com eficácia).
Toda esta gente sempre odiou a Igreja Católica. Não a odeiam por causa dos seus rituais, por causa da (treta) da suposta incompatibilidade da religião com a Ciência, não a odeiam por causa de certos erros históricos do passado da Igreja, não a odeiam por causa da sua dimensão à escala global, e não a odeiam por causa do seu imenso trabalho planetário de assistência social.
Odeiam-na por causa da sua mensagem moral. Sejamos claros: a moral da Igreja não é seguida por esta gente. É verdade que também muitos católicos não seguem a moral da Igreja (pelo menos em todos os pontos), mas ao menos estes sabem (ou deviam saber) que estão em erro quando não a seguem. Ora estes inimigos da Igreja defendem em voz alta uma vida plena de imoralidade (aborto, contracepção, homossexualidade, pornografia, eutanásia, entre outras aberrações). E a única voz, em todo o Mundo, que surge para os refutar é a da Igreja Católica. Ora isso deve ser muito irritante. O último baluarte contra a vitória final da imoralidade é a moral católica. É, então, o inimigo a abater.
O alvo é a moral da Igreja, a moral de Jesus Cristo.
A estratégia é simples e clara: atacar o coração moral da Igreja. Acusá-la das piores imoralidades. E, nos dias de hoje, há duas imoralidades especialmente chocantes (e ainda bem) para a opinião pública: o anti-semitismo e o abuso de crianças. Por isso é que os casos contra Pio XII e contra Bento XVI têm tantos paralelos. Do mesmo modo que se procurou "assassinar moralmente" Pio XII, acusando-o de anti-semita e pró-nazi, para que atancando-o, se desfira um golpe forte à moral da Igreja, procura-se agora "assassinar moralmente" Bento XVI, acusando-o de cúmplice na ocultação de crimes, para que atacando-o, se desfira novo golpe forte à moral da Igreja.
Isto não tem nada de novo.
Podemos encontrar coisas muito parecidas nas campanhas anti-católicas dos terroristas da Convenção durante a Revolução Francesa, nas do "risorgimento" italiano na segunda metade do século XIX, na humilhação do clero francês durante a Terceira República, na guerrilha do regime Costa durante a Primeira República, entre tantos outros casos.
A história não se repete, mas há coisas que nunca passam de moda. Cuspir no padre é uma delas. Só que o problema é que estas estratégias, sendo sempre as mesmas, também produzem sempre os mesmos efeitos. O que têm em comum estas estratégias de "assassinato moral" dos representantes da Igreja é sempre o mesmo: a sua relativa eficácia local, e a sua completa ineficácia "à la longue". Se a propaganda anti-católica sempre conseguiu enganar os desgraçados dos ignorantes que, no seu tempo, foram por ela levados, a verdade é que a Igreja deu sempre a volta por cima. Os da Convenção já morreram todos (mataram-se uns aos outros), os Garibaldis desta vida foram à vida, os que profetizavam o final da Igreja nas primeiras décadas do século XX estão hoje a fazer tijolo (apesar de terem, hoje em dia, uns "descendentes" muito espigadotes que ainda julgam que vivem nos tempos do Costa).
Desde os anos 60 que não falta gente (alguns que se dizem católicos) a aproveitar os escândalos mediáticos para tentar pressionar uma mega-reforma (melhor seria dizer, uma implosão) da Igreja. Nesta matéria, os "reformistas" aliam-se aos inimigos não católicos da Igreja, pois na prática, querem todos o mesmo: que a força moral da Igreja desapareça de vez. Quando a Igreja deixar de ser o contraditório da imoralidade, então ela deixa de ser Igreja.
Mas enquanto os cães ladram, a caravana passa...
Bento XVI sabe isso melhor do que ninguém. Ele não governa a Igreja com os olhos postos nos "media", nos abaixo-assinados, nas petições de supostos "povos de Deus", nas sondagens, ou na "vox populi". Ele governa com os olhos postos em Cristo. Deus o ajude, ampare e proteja.
[1] "The nature and the scope of the problem of sexual abuse of minors by catholic priests and deacons in the United States 1950-2002", John Jay College of Criminal Justice, págs. 26 e 28.
[2] Ibidem, p. 69.
Não há dúvidas de que tem sido uma excelente Páscoa para os inimigos da Igreja. Têm voado pedras e cuspidelas, e anda tudo maluco, com a cabeça a andar à roda, a disparar em todas as direcções. A blogosfera anti-católica anda feliz da vida. Parecem crianças à procura de ovos de Páscoa no jardim.
Mas o mais enraivecido anti-católico, desde que dotado de meio cérebro, começará a desconfiar desta situação.
Veja-se a nova enxurrada de notícias, desta feita provenientes da Noruega. Neste país de tão fortes tradições católicas (desculpem-me a ironia, mas não resisto), estalou mais um mega-escândalo de padres pedófilos. Um caso de abuso por parte de um bispo norueguês, Mueller, ocorrido nos anos 90 em que ele ainda era padre, e revelado pelo Bispo Eidsvig a pedido da Santa Sé, disparou mais este escândalo mediático. Mas a notícia não pode ser a desse caso já antigo. A notícia agora é que a Igreja Católica na Noruega dá conta de que está a receber desde os últimos dias uma avalanche de denúncias de supostos "novos casos".
Veja-se o desgraçado do Bispo Brent Eidsvig, no aeroporto de Oslo, rodeado de uma "trupe" de jornalistas sedentos por mais escândalos:
(Foto: AP Photo/Scanpix, Lise Aserud)
O Bispo Eidsvig terá dito aos jornalistas: "I received so many email tip-offs about possible aggressions and other sexual abuse that the computer server crashed". Ou seja, na sequência da revelação, por parte de Eidsvig, do crime do seu predecessor, começaram a chover "e-mails" de denúncia na caixa de correio de Eidsvig. Será que os acusadores que enviaram estes "e-mails" só se lembraram agora dos abusos?
Eidsvig diz que o seu computador ficou entupido com "e-mails".
Ai, se os jornalistas soubessem de quantos "e-mails" se trata... Se fossem mil "e-mails" recebidos, seria logo noticiado: "Mil casos de abuso por parte de padres pedófilos relevados na Noruega". Não. Melhor ainda: "Há mil padres pedófilos na Noruega".
O que se passa é que, no meio da euforia, ninguém se dá conta (ou não se quer dar conta) de que uma coisa são suspeitas, denúncias (algumas anónimas) ou insinuações. Outra coisa são condenações. Esta confusão está a baralhar muita gente.
Nos EUA, segundo o estudo do John Jay College of Criminal Justice, entre 1950 e 2002 foram suspeitos de abuso sexual de menores 4.392 padres e diáconos católicos americanos (num total de 109.694)[1]. Falamos então de uma percentagem de 4% de sacerdotes e diáconos, do total de sacerdotes e diáconos norte-americanos, sob suspeição durante o período em causa. Mas apenas cerca de uma centena foram realmente condenados pelos tribunais civis. Ora, se presumimos que o suspeito é culpado à partida, temos 4.392 abusadores de menores. Mas se respeitamos o princípio de presunção da inocência, e se respeitamos os tribunais, teremos apenas cerca de 100 abusadores de menores (nem todos pedófilos). Outro dado curioso do estudo norte-americano é que dessa centena de condenações, só 54 diziam respeito a condenações por pedofilia (sexo com menores não adolescentes). Mesmo que admitamos que muitas das suspeitas não chegaram aos tribunais, ou que algumas das que chegaram não terminaram em condenação e deveriam ter terminado em condenação, podemos ser pessimistas, e ficar-nos pelo "tecto" de 4% de sacerdotes e diáconos, do total norte-americano, que viram os seus nomes envolvidos em suspeitas de abusos.
Convenhamos: 4% de sacerdotes e diáconos, pegando no caso norte-americano porque este apresentou o maior impacto social, não é um fenómeno "massificado" ou "generalizado" como afirma tanta comunicação social e tantos comentadores de pacotilha.
E há outro dado "incómodo". O relatório do John Jay College of Criminal Justice faz uma análise temporal aos dados estatísticos. O "pico" dos casos de abuso coincide com o "pico" do número de acusações, e calha no ano de 1980. A curva que se pode ver na página 28 do dito estudo é ilustrativa: é uma curva em forma de montanha, com uma curva acentuada de crescimento que se nota a partir de 1960. Depois do "pico" de 1980, a curva desce acentuadamente, até 1995, ano em que atinge os valores de 1950. Interessante, o comportamento desta curva, que sustenta todos aqueles que têm relacionado este fenómeno com a revolução sexual dos anos 60 e 70, bem como todos os que têm dito, em defesa da Igreja, que desde o final do século passado, a Santa Sé tomou as rédeas deste problema. Olhando para esta curva, característica dos EUA, se os números não mentem, algo aconteceu para esta queda acentuada no número de casos entre 1980 e 1995 (ver ainda o gráfico da página 35).
Ainda outro dado "incómodo". Segundo o mesmo relatório, 80,9% dos casos reportados nos EUA são abusos a rapazes[2]. Para aqueles que juram a pés juntos que este escândalo não tem nada a ver com homosexualidade, estes números frios merecem segunda reflexão...
Os números da Alemanha, outro país alvo da especulação em torno dos padres pedófilos, reportam 210.000 casos de abusos de menores desde 1995. Os casos relacionados com padres ou religiosos da Igreja foram apenas 94 desse total. Falamos de 0,04%!
Os números da Irlanda são graves pelo fenómeno social em si, que envolve muita gente, não apenas padres, e não apenas membros da hierarquia da Igreja Católica. Primeiro, há que ver que o Relatório Ryan contém dados desde 1914. É importante saber o intervalo temporal dos dados recolhidos, para fazermos comparações justas em termos de números absolutos de sacerdotes e de casos de abusos!
No Relatório Ryan temos 1.090 casos de violência contra menores (sexual, física e psicológica). O total de elementos do clero envolvidos nestes casos é de 23 (0,02%). Muitos dos casos de abuso dizem respeito a pessoal auxiliar educativo (professores, contínuos, etc.).
Eu devo confessar que, no início de Março, quando começou esta palhaçada mediática, eu senti-me sinceramente chocado, porque os "media" faziam passar a imagem de um escândalo em larga escala, quer nos crimes sexuais, quer na ocultação. Passado um mês, penso que os "media" e os agentes anti-católicos forçaram demasiado a barra, e caem no descrédito. Foram várias as notícias desmentidas, e toda a campanha mediática tem pés de barro.
Os crimes, apesar de serem todos graves e horríveis, têm uma dimensão bem diferente da que nos querem vender. A montanha pariu um rato. Notícias como esta da Noruega, ainda por cima um país pouco religioso, e da parte que é religiosa, pouco católico, não ajudam a causa anti-católica. Antes pelo contrário: ajudam ao descrédito.
Esta campanha mediática começa a ser vista por aquilo que é: uma palhaçada imoral. Uma difamação em grande escala. Mas o mais grave não está na campanha em si, pois grande parte dela, como todas as campanhas, é movida pelo dinheiro. O que me parece particularmente grave, em tudo isto, é a sanha com que as notícias são lidas e difundidas. Há muita gente que reage indignada (mesmo que secretamente feliz) a estes escândalos, porque é uma oportunidade imperdível para manifestar um ódio profundo à Igreja Católica.
Os críticos da praxe dirão que estou a exagerar, e a fazer dos católicos as vítimas. Sejamos claros: há aqui dois tipos de vítimas: as dos abusos sexuais e as de difamação. Certamente que é um crime muitíssimo mais grave o de abuso sexual, quando comparado com o de difamação. Mas esta justa comparação não nos deve impedir a nós, católicos, de dizermos "basta!" a esta campanha infame.
É que o ódio anti-católico existe e é bem real. Basta ler, por exemplo, os recentes "posts" de um conhecido blogue nacional, onde pululam corifeus da tribo anti-católica, tribo essa que não tem dado descanso ao teclado nos últimos dias, certamente com um sorriso na cara (sorriso esse que a Internet, felizmente para eles, esconde com eficácia).
Toda esta gente sempre odiou a Igreja Católica. Não a odeiam por causa dos seus rituais, por causa da (treta) da suposta incompatibilidade da religião com a Ciência, não a odeiam por causa de certos erros históricos do passado da Igreja, não a odeiam por causa da sua dimensão à escala global, e não a odeiam por causa do seu imenso trabalho planetário de assistência social.
Odeiam-na por causa da sua mensagem moral. Sejamos claros: a moral da Igreja não é seguida por esta gente. É verdade que também muitos católicos não seguem a moral da Igreja (pelo menos em todos os pontos), mas ao menos estes sabem (ou deviam saber) que estão em erro quando não a seguem. Ora estes inimigos da Igreja defendem em voz alta uma vida plena de imoralidade (aborto, contracepção, homossexualidade, pornografia, eutanásia, entre outras aberrações). E a única voz, em todo o Mundo, que surge para os refutar é a da Igreja Católica. Ora isso deve ser muito irritante. O último baluarte contra a vitória final da imoralidade é a moral católica. É, então, o inimigo a abater.
O alvo é a moral da Igreja, a moral de Jesus Cristo.
A estratégia é simples e clara: atacar o coração moral da Igreja. Acusá-la das piores imoralidades. E, nos dias de hoje, há duas imoralidades especialmente chocantes (e ainda bem) para a opinião pública: o anti-semitismo e o abuso de crianças. Por isso é que os casos contra Pio XII e contra Bento XVI têm tantos paralelos. Do mesmo modo que se procurou "assassinar moralmente" Pio XII, acusando-o de anti-semita e pró-nazi, para que atancando-o, se desfira um golpe forte à moral da Igreja, procura-se agora "assassinar moralmente" Bento XVI, acusando-o de cúmplice na ocultação de crimes, para que atacando-o, se desfira novo golpe forte à moral da Igreja.
Isto não tem nada de novo.
Podemos encontrar coisas muito parecidas nas campanhas anti-católicas dos terroristas da Convenção durante a Revolução Francesa, nas do "risorgimento" italiano na segunda metade do século XIX, na humilhação do clero francês durante a Terceira República, na guerrilha do regime Costa durante a Primeira República, entre tantos outros casos.
A história não se repete, mas há coisas que nunca passam de moda. Cuspir no padre é uma delas. Só que o problema é que estas estratégias, sendo sempre as mesmas, também produzem sempre os mesmos efeitos. O que têm em comum estas estratégias de "assassinato moral" dos representantes da Igreja é sempre o mesmo: a sua relativa eficácia local, e a sua completa ineficácia "à la longue". Se a propaganda anti-católica sempre conseguiu enganar os desgraçados dos ignorantes que, no seu tempo, foram por ela levados, a verdade é que a Igreja deu sempre a volta por cima. Os da Convenção já morreram todos (mataram-se uns aos outros), os Garibaldis desta vida foram à vida, os que profetizavam o final da Igreja nas primeiras décadas do século XX estão hoje a fazer tijolo (apesar de terem, hoje em dia, uns "descendentes" muito espigadotes que ainda julgam que vivem nos tempos do Costa).
Desde os anos 60 que não falta gente (alguns que se dizem católicos) a aproveitar os escândalos mediáticos para tentar pressionar uma mega-reforma (melhor seria dizer, uma implosão) da Igreja. Nesta matéria, os "reformistas" aliam-se aos inimigos não católicos da Igreja, pois na prática, querem todos o mesmo: que a força moral da Igreja desapareça de vez. Quando a Igreja deixar de ser o contraditório da imoralidade, então ela deixa de ser Igreja.
Mas enquanto os cães ladram, a caravana passa...
Bento XVI sabe isso melhor do que ninguém. Ele não governa a Igreja com os olhos postos nos "media", nos abaixo-assinados, nas petições de supostos "povos de Deus", nas sondagens, ou na "vox populi". Ele governa com os olhos postos em Cristo. Deus o ajude, ampare e proteja.
[1] "The nature and the scope of the problem of sexual abuse of minors by catholic priests and deacons in the United States 1950-2002", John Jay College of Criminal Justice, págs. 26 e 28.
[2] Ibidem, p. 69.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Anselmo Borges fala sobre pedofilia na Igreja Católica
A pedofilia na Igreja Católica
Já é uma situação muito estranha para um católico ter que criticar outros católicos para defender a Igreja Católica de ataques vis. É ainda mais estranha a situação de se ter que criticar um padre para defender a Igreja.
Consciente dessa situação estranha, queria destacar e criticar algumas afirmações do Padre Anselmo Borges, no artigo acima referido:
«Na semana passada, fui abordado por vários jornalistas sobre a calamidade dos padres pedófilos. Que achava?»
O artigo começa com esta frase...
Surge na minha cabeça uma pergunta imediata: porque abordam os jornalistas o Padre Anselmo Borges para lhe pedir a sua opinião? Acaso é ele dignitário da Igreja? Acaso representa ele a Igreja Católica em Portugal? Então porque razão há este fascínio do jornalista pelo Padre Anselmo Borges?
O próprio deveria fazer a si mesmo essa pergunta, e interrogar-se acerca do que fará dele uma pessoa interessante para ser entrevistada por um jornalista acerca de temas polémicos relacionados com a Igreja...
Regra geral, devo admitir que este artigo do Padre Anselmo Borges não tem tanta matéria criticável como outros textos seus. Mas mesmo assim...
«Mas, aqui, há quem pergunte se não foram ignoradas as responsabilidades do Vaticano nestes erros e silêncios.»
Pelos vistos, o próprio Padre Anselmo Borges também pergunta! Mas não dá a resposta. É pena: deixa a insinuação no ar, sem a defender ou refutar, e passa ao ponto seguinte. E a certa altura, rebenta a bomba:
«Até há pouco tempo, a Igreja pensou que era a guardiã da moral e queria impor os seus preceitos a todos, servindo-se inclusivamente do braço secular, ao mesmo tempo que se julgava imune à crítica.»
Esta frase poderia ter sido escrita pelo Afonso Costa, a figura-chave do anticlericalismo do início do século XX. Mas não: é uma frase escrita por um padre, por um sacerdote de Jesus Cristo.
A frase merece ser desmontada, para melhor a entendermos: o que me choca, realmente, é o Padre Anselmo Borges duvidar de que a Igreja Católica seja a guardiã da moral, da moral de Deus, incarnado em Jesus Cristo. Isso é que me choca, e chocará qualquer católico. Evidentemente, o que logo se segue é pacífico: toda a gente hoje em dia acha mal que a Igreja tivesse imposto, por vezes, a sua vontade pela força. Isso não se contesta. O que já é um erro histórico do Padre Anselmo Borges é, logo a seguir, ele achar que a Igreja se serviu "do braço secular", fazendo disso uma regra, quando na realidade, a História prova quantas inúmeras vezes o dito braço secular se serviu da Igreja para o que bem lhe apeteceu.
Depois, vem isto:
«A Igreja tem dificuldade em lidar com a nova situação, mas, de qualquer modo, tendo sido tão moralista no domínio sexual, tem agora de confrontar-se com este tsunami, que exige uma verdadeira conversão e até refundação, no sentido de voltar ao fundamento, que é o Evangelho.»
É espantoso ver um Padre católico a dizer que alguém é demasiado "moralista", como se defender a Moral fosse algo que tivesse um limite superior que implicasse perda de dignidade: como se alguém que defendesse a Moral para lá daquilo que a "vox populi" considera razoável, esse alguém tivesse que ser um maldito de um "moralista".
Francamente...
E o parágrafo termina com uma afirmação inacreditável: o Padre Anselmo Borges sugere à sua Igreja que volte "ao fundamento, que é o Evangelho". É caso para perguntar: de que Igreja fala Anselmo Borges?
Finalmente, Anselmo Borges termina com aquela que, pelos vistos, parece ter sido a sua motivação para escrever o artigo:
«Em todo o caso, será necessário pensar na rápida revogação da lei do celibato. Aliás, a Igreja não pode impor como lei o que Jesus entregou à liberdade. Enquanto se mantiver o celibato como lei, a Igreja continuará debaixo do fogo da suspeita.»
Neste parágrafo, está uma ofensa, talvez involuntária, a todos os sacerdotes: Anselmo Borges, na prática, está a sugerir que os homens que escolhem o sacerdócio não fazem uma escolha livre. Por outro lado, também entristece ver um padre tão preocupado com o "fogo da suspeita", tão amedrontado das vozes do Mundo...
Mas por detrás deste artigo, esconde-se algo de mais profundo.
É que os teólogos dissidentes padecem de uma tentação à qual cedem facilmente: orientam tudo em função da dissidência. Eles querem a revolução doutrinal, querem o "direito" a abortar, o "direito" ao divórcio, o "direito" à homossexualidade, o "direito" à contracepção artificial, o "direito" à ordenação das mulheres, o "direito" ao sexo antes (e fora) do casamento, o "direito" ao casamento dos sacerdotes. Defendem estes "direitos" todos, e não se cansam de os defenderem, mesmo quando para tal é preciso explorar, consciente ou inconscientemente, as misérias da humanidade.
Gary Wills, John Corwnell, e outros ex-seminaristas exploraram e alinharam nas "lendas negras" contra Pio XII só para poderem promover a sua agenda dissidente. Anselmo Borges aparece aqui na triste figura de quem está, na prática, a explorar mediaticamente estes casos de crimes de abuso sexual contra menores para promover a sua agenda dissidente.
É que é uma dupla tragédia: por um lado, ele não se dá conta de que a campanha mediática é contra o Papa e contra tudo o que a Igreja representa. E em vez de defender a sua Igreja (naquilo que se pode defender, entenda-se), alinha em muita da injustiça das críticas anticatólicas. Mas por outro lado, aproveita-se do caso mediático para usar os microfones, os jornais e os "sites" na Internet para promover o seu "catolicismo" dissidente.
Deveria ter vergonha!
Já é uma situação muito estranha para um católico ter que criticar outros católicos para defender a Igreja Católica de ataques vis. É ainda mais estranha a situação de se ter que criticar um padre para defender a Igreja.
Consciente dessa situação estranha, queria destacar e criticar algumas afirmações do Padre Anselmo Borges, no artigo acima referido:
«Na semana passada, fui abordado por vários jornalistas sobre a calamidade dos padres pedófilos. Que achava?»
O artigo começa com esta frase...
Surge na minha cabeça uma pergunta imediata: porque abordam os jornalistas o Padre Anselmo Borges para lhe pedir a sua opinião? Acaso é ele dignitário da Igreja? Acaso representa ele a Igreja Católica em Portugal? Então porque razão há este fascínio do jornalista pelo Padre Anselmo Borges?
O próprio deveria fazer a si mesmo essa pergunta, e interrogar-se acerca do que fará dele uma pessoa interessante para ser entrevistada por um jornalista acerca de temas polémicos relacionados com a Igreja...
Regra geral, devo admitir que este artigo do Padre Anselmo Borges não tem tanta matéria criticável como outros textos seus. Mas mesmo assim...
«Mas, aqui, há quem pergunte se não foram ignoradas as responsabilidades do Vaticano nestes erros e silêncios.»
Pelos vistos, o próprio Padre Anselmo Borges também pergunta! Mas não dá a resposta. É pena: deixa a insinuação no ar, sem a defender ou refutar, e passa ao ponto seguinte. E a certa altura, rebenta a bomba:
«Até há pouco tempo, a Igreja pensou que era a guardiã da moral e queria impor os seus preceitos a todos, servindo-se inclusivamente do braço secular, ao mesmo tempo que se julgava imune à crítica.»
Esta frase poderia ter sido escrita pelo Afonso Costa, a figura-chave do anticlericalismo do início do século XX. Mas não: é uma frase escrita por um padre, por um sacerdote de Jesus Cristo.
A frase merece ser desmontada, para melhor a entendermos: o que me choca, realmente, é o Padre Anselmo Borges duvidar de que a Igreja Católica seja a guardiã da moral, da moral de Deus, incarnado em Jesus Cristo. Isso é que me choca, e chocará qualquer católico. Evidentemente, o que logo se segue é pacífico: toda a gente hoje em dia acha mal que a Igreja tivesse imposto, por vezes, a sua vontade pela força. Isso não se contesta. O que já é um erro histórico do Padre Anselmo Borges é, logo a seguir, ele achar que a Igreja se serviu "do braço secular", fazendo disso uma regra, quando na realidade, a História prova quantas inúmeras vezes o dito braço secular se serviu da Igreja para o que bem lhe apeteceu.
Depois, vem isto:
«A Igreja tem dificuldade em lidar com a nova situação, mas, de qualquer modo, tendo sido tão moralista no domínio sexual, tem agora de confrontar-se com este tsunami, que exige uma verdadeira conversão e até refundação, no sentido de voltar ao fundamento, que é o Evangelho.»
É espantoso ver um Padre católico a dizer que alguém é demasiado "moralista", como se defender a Moral fosse algo que tivesse um limite superior que implicasse perda de dignidade: como se alguém que defendesse a Moral para lá daquilo que a "vox populi" considera razoável, esse alguém tivesse que ser um maldito de um "moralista".
Francamente...
E o parágrafo termina com uma afirmação inacreditável: o Padre Anselmo Borges sugere à sua Igreja que volte "ao fundamento, que é o Evangelho". É caso para perguntar: de que Igreja fala Anselmo Borges?
Finalmente, Anselmo Borges termina com aquela que, pelos vistos, parece ter sido a sua motivação para escrever o artigo:
«Em todo o caso, será necessário pensar na rápida revogação da lei do celibato. Aliás, a Igreja não pode impor como lei o que Jesus entregou à liberdade. Enquanto se mantiver o celibato como lei, a Igreja continuará debaixo do fogo da suspeita.»
Neste parágrafo, está uma ofensa, talvez involuntária, a todos os sacerdotes: Anselmo Borges, na prática, está a sugerir que os homens que escolhem o sacerdócio não fazem uma escolha livre. Por outro lado, também entristece ver um padre tão preocupado com o "fogo da suspeita", tão amedrontado das vozes do Mundo...
Mas por detrás deste artigo, esconde-se algo de mais profundo.
É que os teólogos dissidentes padecem de uma tentação à qual cedem facilmente: orientam tudo em função da dissidência. Eles querem a revolução doutrinal, querem o "direito" a abortar, o "direito" ao divórcio, o "direito" à homossexualidade, o "direito" à contracepção artificial, o "direito" à ordenação das mulheres, o "direito" ao sexo antes (e fora) do casamento, o "direito" ao casamento dos sacerdotes. Defendem estes "direitos" todos, e não se cansam de os defenderem, mesmo quando para tal é preciso explorar, consciente ou inconscientemente, as misérias da humanidade.
Gary Wills, John Corwnell, e outros ex-seminaristas exploraram e alinharam nas "lendas negras" contra Pio XII só para poderem promover a sua agenda dissidente. Anselmo Borges aparece aqui na triste figura de quem está, na prática, a explorar mediaticamente estes casos de crimes de abuso sexual contra menores para promover a sua agenda dissidente.
É que é uma dupla tragédia: por um lado, ele não se dá conta de que a campanha mediática é contra o Papa e contra tudo o que a Igreja representa. E em vez de defender a sua Igreja (naquilo que se pode defender, entenda-se), alinha em muita da injustiça das críticas anticatólicas. Mas por outro lado, aproveita-se do caso mediático para usar os microfones, os jornais e os "sites" na Internet para promover o seu "catolicismo" dissidente.
Deveria ter vergonha!
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