segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cinismo e atrevimento: Barack Obama em Notre Dame

O discurso integral de Barack Obama, na Universidade Católica de Notre Dame, proferido ontem, encontra-se aqui.

Algumas observações soltas em torno de certos trechos cínicos e atrevidos...
(para uma excelente crítica ao discurso, ver o texto de Keith Fournier)

«We must decide how to save God's creation from a changing climate that threatens to destroy it.»


Realmente, temos que decidir como salvar parte da Criação de Deus, nomeadamente os seres humanos que crescem nos ventres de suas mães, de um Presidente que já permite que estes sejam destruídos e considera essa destruição um direito das respectivas mães.

«In short, we must find a way to live together as one human family.»


Uma família humana unida, excepto uns quantos milhões de fetos e embriões que ficam fora dela...

It is this last challenge that I'd like to talk about today. For the major threats we face in the 21st century - whether it's global recession or violent extremism; the spread of nuclear weapons or pandemic disease - do not discriminate. They do not recognize borders. They do not see color. They do not target specific ethnic groups.


Quase que se ouve a sair da boca de Barack: "But I do target specific age groups...".

«all the cruelties large and small that those of us in the Christian tradition understand to be rooted in original sin»


Cá está a referência ao Pecado Original. Só que, ao invés de ser uma "afagadela" aos católicos, é uma cuspidela na cara da decência moral. Haverá alguma dúvida de que matar fetos e embriões humanos é uma "crueldade" cujas raízes estão no pecado original? Dêem um espelho a este homem...

«We too often seek advantage over others.»


Como, por exemplo, para evitar uma gravidez indesejada, quando se permite um aborto a pedido...

«The strong too often dominate the weak»


Como no caso do aborto...

«That's when we begin to say, "Maybe we won't agree on abortion, but we can still agree that this is a heart-wrenching decision for any woman to make, with both moral and spiritual dimensions.

So let's work together to reduce the number of women seeking abortions by reducing unintended pregnancies, and making adoption more available, and providing care and support for women who do carry their child to term. Let's honor the conscience of those who disagree with abortion, and draft a sensible conscience clause, and make sure that all of our health care policies are grounded in clear ethics and sound science, as well as respect for the equality of women."»


Todo este lindo sofisma cai por terra, quando se vê que não é possível ter políticas de saúde baseadas em "ética clara" e "sólida ciência" quando se nega o direito à vida a certas categorias de seres humanos. Exigir que se deixe viver um feto ou um embrião humano não é desrespeitar "a igualdade das mulheres", é dizer apenas "não matarás!".

E é curioso que se fale em "sólida ciência" quando é bem sabido que muitos "pró-escolha" dizem que a Ciência não sabe quando começa a vida humana...

E o atrevimento deste próximo trecho?

It is, of course, the Golden Rule - the call to treat one another as we wish to be treated.


E que tal aplicar esta regra ao feto ou ao embrião?
Por acaso, pergunta o senhor Obama a esses seres humanos não nascidos se querem ser mortos?
Por acaso, faz o senhor Obama alguma coisa para garantir que esses seres humanos são tratados como ele mesmo gostaria de ser tratado?

Obama gostaria de ter sido abortado a pedido da sua mãe?
Oh, miséria de incoerência. Que atrevimento, que palavras traiçoeiras. Tenho pena sincera dos católicos que apoiaram este evento e presenciaram esta pouca-vergonha. É só ler as palavras de Obama e ver aonde elas levam... Como é que alguém que defende o direito ao aborto tem a lata de se afirmar como cristão e ainda por cima invocar a "regra de ouro"?

To do what we can to make a difference in the lives of those with whom we share the same brief moment on this Earth.


Para alguns, abortados antes do seu nascimento, os momentos na Terra são realmente breves...

«After all, I stand here today, as President and as an African-American, on the 55th anniversary of the day that the Supreme Court handed down the decision in Brown v. the Board of Education.»


Quando se poderia achar que o atrevimento terminara, eis senão quando o talentoso orador saca da cartola a referência ao caso Brown vs. "Board of Education".

Por fim, esta pérola sofista:

«Remember that each of us, endowed with the dignity possessed by all children of God, has the grace to recognize ourselves in one another; to understand that we all seek the same love of family and the same fulfillment of a life well-lived.»


Os seres humanos não nascidos não têm a "dignidade possuída por todas as crianças de Deus"? Quem defende o direito a abortar consegue realmente "reconhecer-se a si mesmo no outro"?

Este caso "Obama/Notre Dame" marca, certamente, um ponto de viragem.
Abrirá os olhos a alguns católicos que ainda viam Obama com bons olhos, mas sobretudo permite algo de muito grave: muitos e muitos católicos, ao ver condecorada uma pessoa que desrespeita o mais básico dos direitos, o direito à vida, vão ficar confusos.
Vão, em consequência desta condecoração de um político "pró-escolha" pela universidade católica mais importante dos EUA, achar que se pode ser católico e não ligar ao direito à vida dos não nascidos. A vitória cabe, sem grande margem para dúvidas, a Obama, e à claque de políticos "soi disant" católicos, como Joe Biden, Nancy Pelosi, e muitos outros que tal.

E o Pe. Jenkins, tal qual Judas, vendeu Cristo em troca de protagonismo e um ar "moderno" junto da Comunicação Social e dos políticos com poder no momento.

Nossa Senhora nos ajude a todos, sobretudo aos que são destruídos no ventre materno e aos que colaboram com, e autorizam, essas mortes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já uma vez tinha ficado com algum desconforto ao ver a forma “inexplicável” como Obama tem tido apoio popular em todo o Mundo…
Fico mais uma vez muito desconcertado com este tipo de discurso enganador; e o apoio da Igreja (!)
Deus nos ajude!