sexta-feira, 13 de maio de 2011

13 de Maio de 1917 - Cova da Iria

Na fotografia: Os pastorinhos Jacinta Marto, Lúcia de Jesus e Francisco Marto (Fonte

Testemunho da Irmã Lúcia do Coração Imaculado, nascida Lúcia de Jesus dos Santos (Fátima, 28 de Março de 1907 - Coimbra, 13 de Fevereiro de 2005), acerca dos acontecimentos de 13 de Maio de 1917, na Cova da Iria, por ela vividos, juntamente com os seus primos Jacinta e Francisco Marto:

Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria a fazer uma paredezita em volta de uma moita, vimos de repente como que um relâmpago.
– É melhor irmos embora para casa. Disse a meus primos:
– Estão a fazer relâmpagos e pode vir trovoada.
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direcção à estrada. Ao chegar mais ou menos a meio da encosta quase junto de uma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e dados alguns passos mais adiante vimos sobre uma carrasqueira uma Senhora vestida toda de branco mais brilhante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio de água cristalina atravessado pelos raios do sol mais ardente. 
Parámos surpreendidos pela aparição. Estávamos tão perto que ficávamos dentro da luz que a cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos.
Então Nossa Senhora disse-nos:
– Não tenhais medo, Eu não vos faço mal.
– De onde é Vossemecê? - lhe perguntei.
– Sou do Céu!
– E que é que Vossemecê me quer?
– Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi Quem sou e o que quero. Depois voltarei aqui ainda uma sétima vez.
– E eu também vou para o Céu?
– Sim, vais!
– E a Jacinta?
– Também.
– E o Francisco?
– Também, mas tem que rezar muitos terços...
Lembrei-me então de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com a minha irmã mais velha.
- A Maria das Neves já está no Céu?
- Sim está. (Parece-me que devia ter uns 16 anos).
- E a Amélia?
- Estará no Purgatório até ao fim do mundo. (Parece-me que devia ter 18 a 20 anos). 
Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos.
– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Foi ao pronunciar estas últimas palavras «a graça de Deus, etc.» que abriu, pela primeira vez, as mãos comunicando-nos uma luz tão íntima, como que reflexo que delas expedia que, penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus. Que era essa luz; mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos.
Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetimos intimamente: «Ó Santíssima Trindade eu Vos adoro; meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento». Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
- Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
Em seguida, começou-se a elevar, serenamente subindo em direcção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu.»,
in Fátima - Altar do Mundo, 2.º volume, Ocidental Editora, Porto, 1954, pp. 63-64.

Este é o testemunho verdadeiro dos acontecimentos daquele dia. Digo verdadeiro, pois dado o que se sabe acerca dos pastorinhos, não é plausível supor que eles mentiram ou alucinaram. Dado o inferno ao qual foram sujeitos, da parte de quase toda a gente, pois queriam à viva força que eles confessassem terem inventado tudo, e dada a sua tenacidade e coragem em manterem o relato fiel do sucedido, o seu testemunho torna-se muito credível. E depois há, claro, a comprovação de que falaram verdade: o milagre de 13 de Outubro de 1917.
Também há quem ache que os pastorinhos mentiram ou alucinaram. Quase sempre, esses cépticos sabem pouco do sucedido na Cova da Iria, não estudaram a personalidade das testemunhas, nem as diatribes às quais foram sujeitos. Dizem esses cépticos que a Igreja é que montou estas fantasias, quando alguns dos primeiros cépticos faziam parte do clero, e tentaram à viva força levar as crianças a negar o sucedido. No entanto, faltam coisas essenciais à tese da aldrabice: motivo (relatar as aparições só trouxe o inferno à vida dos videntes), hábito (na vida dos pastorinhos, deveríamos encontrar outras mentiras ou uma propensão para a fantasia) e cultura (três pastores analfabetos não poderiam ter inventado certos detalhes das aparições, nomeadamente os de teor político).
Os pastorinhos, claramente, falaram a verdade. Nossa Senhora apareceu-lhes repetidas vezes na Cova da Iria. Foram aparições pessoais, apenas vividas por eles, experiências acerca das quais se poderia especular em termos do seu carácter mais ou menos sensorial, mais ou menos interior, mas não menos reais por causa disso. No entanto, para os cépticos, isso não chega. Eles dão mais credibilidade à sua crença céptica (por eles ironicamente considerada como "racional") do que ao testemunho convicto de pessoas mentalmente sãs e sem razões para mentir. Pessoas essas, pelo contrário, com inúmeras razões para não inventar algo semelhante. Em nome desta suposta "mentira", que não lhes trazia qualquer vantagem, correram real risco de vida e foram maltratados várias vezes. Mas testemunhos como este não chegam para certas pessoas convictas da racionalidade do seu cepticismo irracional. Não chega nem o fenómeno de 13 de Outubro de 1917, esse sim público, sensorial, testemunhado por milhares de pessoas de todos os estratos sociais, e previsto pelos pastorinhos para aquela data, hora e local. O fenómeno milagroso desse dia, como cumprimento por parte de Nossa Senhora de uma promessa por Ela feita aos pastorinhos, atesta de forma clara a realidade e a verdade das aparições marianas na Cova da Iria, assim como a verdade dos testemunhos dos pastorinhos.

5 comentários:

Amilcar Fernandes disse...

“Os pastorinhos, claramente, falaram a verdade”

É claro que falaram verdade. Uma pessoa que alucine fala verdade, para ela aquilo que ve é real, é verdade e mesmo que a ameaçem de morte nunca podera negar, porque de facto viu. A diferença é convencer os outros que é mesmo verdade aquilo que para eles assim é.

Um caso real que valeu um premio nobel, John Forbes Nash, sofria de esquizofrenia e, mesmo com a doença, acabou ganhando o Prêmio Nobel de Economia, em 1994, pelo seu trabalho revolucionário com a teoria dos jogos, que influenciou as negociações no comércio mundial. Nos seus surtos psicóticos, Nash, como a maioria dos esquizofrênicos, tinha grande dificuldade de distinguir o real do irreal, sofria de alucinações e via pessoas e coisas que simplesmente não existiam, mas para ele existiam e criou um mundo de fantasias que só ele via e que o levou a um internamento compulsivo, de onde acabou por sair por auto controle e vontade própria para a realidade sem nunca ter abandonado essas visoes, simplesmente aprendeu a distinguir o real do irreal. A historia esta contada em filme “uma mente brilhante”.

José Damião disse...

E o milagre de ontem em Fátima, um halo solar.Estava a espera do relato de um milagre aqui, mas não aconteceu nada. Em pleno século XXI sempre pensei que as pessoas fossem mais instruídas e não entrassem em histerias com associações hilariantes e histerismo. Em Fátima tudo é possível. Engraçado que as máquinas fotográficas captaram o fenómeno, esta nos jornais de hoje bem visivel, mas quem queira ver mais é so copiar e ir a este link e ver fenomenais halos solares

http://www.google.com/search?q=halo+solar&hl=en&prmd=ivns&tbm=isch&tbo
=u&source=univ&sa=X&ei
=QVfOTfvSEcGKhQe5lfD2DA&ved=0CE0QsAQ&biw=
779&bih=352

Católico disse...

Sobre o "Milagre do Sol" de ontem em Fátima, remeto para este interessante artigo onde é sintetizada a questão entre os dados teológicos e o fenómeno natural, e tenta-se responder à questão: Foi, ou não, milagre?

Amilcar Fernandes disse...

O Católico, qual artigo? foi milagre foi. As pessoas que eu vi chorar e dizer milagre na tv e agarradas a telemoveis relatando o milagre para familiares, para elas foi milagre, estavam la para tudo e isso também, é uma questão de fé pois não dissociam isso, a sua fé, do resto do mundo seja natural ou não, de ciencia ou fenomeno natural, ainda por cima coincidente com uma celebração religiosa. Em Lisboa em tempos idos houve um progrom de catolicos contra judeus por causas parecidas porque vindas de quem não acreditava em milagre mas num fenomeno natural. Ainda bem que voce colocou a frase entre aspas., e ja agora não são dados teologicos comparados com o fenomeno natural que dão a explicação e que desmentem o milagre, mas sim cientificos. Como diz o comentador damião tratou-se de um halo solar por acaso vinha no jornal de noticias de ontem a foto do ceu, do sol, e halo solar, mas em fatima isso é um milagre. Quem é que ja viu um halo solar em fatima, em fatima não acontecem fenomenos naturais, isso é um grande milagre, é melhor falar em aureóla tira a carga cientifica coloca a religiosa e lembra santos. Valha-lhes deus.

Daniele Berttoni disse...

Milagre ? Uma luz forte e brilhante no céu e o sol a bailar, este é o milagre ? desculpem-me pela ignorância, mas não consigo compreender milagre nisso. Talves acabaram-se as guerras ? crianças não tiveram mais fome ? doenças terriveis sumiram ? AH sim, talves os pastorinhos não rezaram terços o suficiente para deus realizar os trabalhos necessários.