terça-feira, 16 de agosto de 2005

Sou criacionista...

... e com muito orgulho, porque é uma posição tomada com ponderação com sensatez e com muita hora dedicada a pensar no assunto.
Outros há que, dotados de uma inteligência acima da média, porque não sujeita à obscurantista religião, pensam melhor que uma criatura como eu, que só pode ser criacionista por ignorância ou casmurrice.

Diz a Palmira que costuma tratar em vários posts os "mitos cristãos sobre a origem do Universo", ou seja, traduzido para linguagem não distorcida, ela pretende falar sobre cosmogonia cristã. Um tema que ela ignora profundamente, ou se não ignora, apresenta-a de uma forma totalmente distorcida.
Oxalá que seja por ignorância que escreve o que escreve, Palmira, porque senão será por razões mais graves, que se prendem com a típica desonestidade intelectual que encontramos um pouco por toda a parte no local onde costuma escrever.
Que quer ela dizer? Que a cosmogonia cristã é "mitológica", ou seja, que nada tem a ver com a realidade.
Sim, e a teoria que esta senhora defende, ou seja, a teoria de que tudo o que existe e vive neste Universo surgiu devido a milhões de acasos, cada um deles de probabilidade quase zero, que ficaram a marinar durante biliões de anos?
Quando se pergunta a um evolucionista como é que ele explica os "missing links", a resposta é quase sempre esta: "passou muito tempo".
Ou seja, é como jogar na lotaria.
A evolução, como teoria, é semelhante a jogar no Euromilhões. Ganhar é fácil! Bastaria jogar 1.000.000.000.000.000.000 de vezes e tudo correria bem, quase de certeza!

Que dizer desta teoria, senão que se nos afigura como eminentemente mitológica? Como acreditar nisto? Como não ver nisto a marca da pseudo-ciência?
Darwin: que dizem em teu nome estes novos pseudo-cientistas?

Selecção natural? Tudo bem, porque darwinismo não é igual a neo-darwinismo. Nada tenho a opor à rarefacção de espécies menos preparadas para os meios em que viveram, desde que não me façam crer que as espécies dão saltos por acaso, que estranhas mutações fazem uma espécie mudar para outra totalmente diferente, e que, passados milhões de anos, uma ameba se torna num homem.
Mas passemos adiante, e deixemos os novos cientistas destruirem a Ciência, porque o que me traz aqui é a questão religiosa, que como sempre, é usada como papel higiénico na prosa desta senhora.

Como é desonesta, Palmira gosta de misturar a posição da Igreja Católica, que é a minha, e que é a da criação do Mundo por Deus exemplificada pela constatação de que há um desenho inteligente no Universo, com outras posições ridículas que ela vai buscar, como não podia deixar de ser, ao pardieiro intelectual dos nossos tempos: os E.U.A., onde pululam grupelhos de estranhos criacionistas que defendem as mais bizarras teses, e que a Palmira, muito convenientemente, mistura ao barulho como se fossem de índole intectual idêntica à da Igreja Católica.

"Mas nos Estados Unidos, onde o fundamentalismo e a IDiotia cristãs prosperam, os mitos cristãos da Criação são aceites como verdade por uma percentagem assustadora da população."

Assustadora porquê?
Sendo criacionista, devo supor que meto medo à Palmira?
Buuuu!!

"Nomeadamente acreditam que a Terra e o Universo foram criados em seis dias há menos de 10 000 anos, que todos os animais existentes (incluindo os extintos) foram criados simultaneamente e passaram por uma temporada na arca de Noé, enfim aceitam como verdade absoluta os absurdos mitos bíblicos."

Isto é, evidentemente, uma infantilização total do relato do Génesis. É perfeitamente possível professar a verdade do Génesis, e simultaneamente admitir os factos incontestáveis que os métodos científicos nos exibem. E tudo isto sem se ser evolucionista!
Há toda uma incompreensão profunda da tessitura do Génesis, e mesmo da linguagem própria do texto revelado.
E tudo isto em nome de quê?
De uma enorme arrogância pseudo-intelectual, de uma chacota da religião, e tudo feito, como não podia deixar de ser, infantilizando os crentes.
Há crentes que pensam, por muito que isso incomode gente como esta.

"Por exemplo, pretendem que os métodos de datação que indicam muitos milhões de anos para a idade da Terra são todos falíveis e assentes em pressupostos errados"

É possível ser criacionista e defender que a Terra tem milhões de anos de idade. E tudo isto sem ser evolucionista. É o meu caso e o de muitos outros criacionistas que pensaram antes de tomar uma posição.
E esta, hem?
Uma faláciazinha, Palmira? Mais uma?
Onde é que eu me encaixo, agora que você separou tudo em mais um dualismo falacioso, bem ao seu gosto e de acordo com as suas capacidades?

"Considerando que os primeiros ataques do Vaticano ao «criacionismo» ateu já começaram e que certamente se seguirão mais investidas para instalar o «santo» obscurantismo medieval, tão louvado pelo anterior Papa, no próximo post continuo com a análise do mito cristão da Criação!"

Análise?
Onde estava ela?

Bernardo

P.S. Peço desculpas aos leitores que não são alvo deste texto. O estilo ácido usado tem um propósito didáctico: fazer ver que estas questões não podem ser transformadas em guerrilha ideológica. E fazer ver que, como crente, me sinto ofendido pelo estilo parodiante usado por alguns escritores ateizantes (ateizantes porque, ao invés de serem apenas ateus, querem ateizar o Mundo) como a Prof. Palmira. O crente criacionista não pode ser rotulado de estúpido ou de acéfalo. Essa forma de ataque ad hominem demonstra que os adversários do criacionismo preferem esse estilo de pseudo-debate a uma troca de ideias com mútuo respeito e seriedade. O estilo mais sério do texto que se segue é prova de que prefiro tratar estes temas com calma e serenidade, e que sempre foi esse o meu objectivo.

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