terça-feira, 18 de maio de 2010

Há momentos...

"Há momentos na vida de um país em que a ética da responsabilidade tem de ser colocada acima das convicções pessoais de cada um"

Foi com esta frase triste e profundamente errada que o Senhor Presidente Aníbal Cavaco Silva, dando a sua assinatura a mais uma lei imoral, entra para a história de Portugal como o Presidente da República que mais cooperou com o mal. Sabendo-se que ele é católico, tal situação é trágica. Primeiro, Cavaco pactuou com o mal do aborto, infanticídio tornado direito subsidiado pelo Estado, e que ele ratificou com a sua assinatura. Depois, com a famigerada lei do "divórcio na hora", que institucionalizou a irresponsabilidade e a fragilidade social, Cavaco pactuou com a injusta lei que já tem lançado na miséria e na precariedade várias pessoas. Agora, Cavaco dá o golpe final no conceito de casamento civil, insultando todos os casais dignos desse nome, ao institucionalizar a imoralidade e a perversidade da homossexualidade, chamando-a de "casamento".

Nestes minutos, todos aqueles católicos que votaram Cavaco devem estar a sentir-se muito estúpidos. Eu sou um desses estúpidos, que um dia achou, ingenuamente, que votar num político católico implicaria que tal político, uma vez eleito, se pautaria por princípios e valores católicos. Fui enganado por Cavaco Silva. E como eu, foram enganados todos os católicos que votaram nele. Não volto a cair noutra...

Este tipo de político incoerente e pactuante com o mal «um dia, brevemente, terá de responder diante do Supremo Juiz, prestando rigorosas contas dos imensos crimes por que foi responsável», como justamente escreveu o Padre Nuno Serras Pereira.

53 comentários:

Anónimo disse...

«um dia, brevemente, terá de responder diante do Supremo Juiz, prestando rigorosas contas dos imensos crimes por que foi responsável»

Justiça divina? Pois, esse é o argumento dos fracos e de quem não consegue resolver os problemas cá, neste mundo, há uma esperança que transfere e espera sempre pela resolução do outro lado.

joaquim disse...

Mais uma vez, "lavando as mãos" com a a afirmação de que está contra, acabou por promulgar a lei íniqua.

Ficará na história como sendo o homem que tendo uma larguíssima margem de apoio, acabou por ceder à minoria social, destruindo os valores mais importantes da sociedade portuguesa.

Tal como já escrevi sobre este presidente, só duas coisas se podem pensar:
Ou as suas convicções pessoais nada têm a ver com a religião que diz professar, e então pode fazer tudo aquilo que quiser mas não se afirme católico, ou as suas convicções pessoais, (tal como quis mostrar ao lado do Papa), são cristãs e católicas, e então nesta decisão serviu primeiro o mundo deixando de servir Deus.

É que «não se pdem servir dois senhores ao mesmo tempo».

Nunca mais terá o meu voto, nem mesmo que seja voto útil, porque apesar de tudo prefiro alguém que seja coerente naquilo que faz com o que afirma ser.

Um abraço.

Tenham a coragem ainda agora de fazer um referendo ao povo Português sobre este assunto e varão o resultado.

Espectadores disse...

Caro Joaquim,

Cem por cento de acordo consigo. Eu não entendo Cavaco Silva. Não duvido de que seja católico, mas esta completa falta de coragem de honrar os princípios que defende é muito triste. Será medo? Mas medo de quê? De ter que se demitir? Seria um gesto nobre. Acreditará ele que as suas convicções são do foro privado, e não devem ter mais peso que as decisões da Assembleia?

Até onde irá este princípio de Cavaco? Foi com base em princípios destes, no colocar da consciência para trás das costas, que na Europa ocupada pelos nazis tantos governantes aceitaram as leis raciais e as deportações... Muitos também estavam contra, mas na hora de dar o exemplo...

Triste país...

Um abraço

joaquim disse...

Mais ainda Bernardo

A decisão percebe-se agora estava tomada já há algum tempo, pois se a razão é a situação económica do país, essa situação já se arrasta há bastante tempo.

Assim o presidente dramatizou para os últimos dias a revelação da decisão, não para não "incomodar" a visita do Papa, mas para não ouvir aquilo que com certeza ouviria.


Pobre país, na crista das ondas pelas piores razões!

Um abraço

Anónimo disse...

Parece-me é que Cavaco não percebe nada do pensamento do grande homem que recebeu e elogiou há poucos em Lisboa. Escuda-se num relativismo medonho para nunca se afirmar. É contra mas não se sente obrigado a agir de acordo com essa convicção.
Quem é que precisa de votar para eleger um presidente, se ele não reage a nenhum ataque que é feito aos valores que supostamente defende, e pelos quais os eleitores votaram nele, invocando ética da responsabilidade"...
Em tempo de crise, a esquerda aproveita para atacar os pilares da sociedade, Cavaco rende-se com medo de ser acusado de desviar as atenções da crise económica; como se o governo lhe fosse desse ouvidos sobre medidas para a crise.
Próximos passos: eutanásia, tgv, aeroporto, ponte, autoestradas e provavelmente bancarrota/saída do euro. Cavaco aparecerá sempre a alertar e a dizer que é contra uma data de coisas,mas será institucionalmente impecável e neutro, não vá ser acusado de querer governar.

Curiosamente, já nem lembro a razão pela qual o Sampaio despachou o Santana, mas tenho a certeza que não fez um décimo dos disparates de Sócrates.

Um presidente a sério diria sempre o que tinha a dizer e já teria exigido ao PS, há muito tempo, que nomeasse novo chefe de governo e que se acabasse com esta palhaçada perigosa das causas fracturantes, sob pena de medidas mais drásticas...

Anónimo disse...

Meus caros voces ainda não se conformaram com a laicidade do estado, e que o vosso poder se restringe e acaba nas portas da fé. O rebanho mudou, as ovelhas são mais informadas e instruidas, e ja contestam e não obedecem fielmente ao pastor, por isso esta emancipação custa a aceitar. A sociedade civil ja não liga muito a palavreado morto e mesmo os católicos também não, a não ser uma minoria que é fiel ao pastoreio e as suas ordens. Desde o divorcio, uniões de facto, casamentos homosexuais, aborto e preservativos por muito que preguem , isto são comportamentos e como tal ja não podem ser impostos. No passado sim, podiam ser impostos pois o peso eclesiastico na vida das pessoas e na sociedade obrigava as pessoas a comportamentos padronizados sob pena de proscrição social. Basta ver que por exemplo não havia registos civis mas paroquiais os documenos eram paroquiais, só com o advento da república se criou a laicização e o estado passou a disciplinar a vida das pessoas, mas vicios que duram séculos não mudam pelo menos facilmente, mas ainda tem um trunfo na mão o qual não é comportamental o sacerdocio das mulheres e esse jugo que dificilmente abrirão mão dele.

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

Eu até penso que o Presidente da Republica esteve bem. Demonstrou que não concordava com a lei e até que poderia ter sido encontrada uma fórmula diferente de resolver o problema. No entanto promulga para não encetar uma guerra que sabe à partida estar perdida.

A questão do casamento homossexual até me parece mais pacifica e menos geradora de clivagens que a despenalização e integração no SNS da IVG ou a alteração das regras do casamento aplicando-se retroactivamente e não apenas aos celebrados depois da lei.

Para a maioria de nós, independentemente da religião, a possibilidade de casar com uma pessoa do mesmo sexo é-nos absolutamente indiferente. Um católico não pode praticar homossexualidade, contracepção, usar preservativo, divorciar-se, etc.

Isto independentemente da lei permitir ou não que o faça.

O que a Igreja Católica recomenda aos homossexuais é a castidade. Assim também a estes é indiferente que a lei civil lhes permita ou não o casamento.

Existe até uma norma juridica - a separação de pessoas e bens - que faculta aos católicos separarem-se judicialmente sem que se acabe o casamento.

Esta possibilidade só fará sentido para um católico.

Moral da história:

Uma possibilidade como esta a mim como heterossexual é-me indiferente. Não vou casar com um senhor barbudo por mais simpático que ele seja.

Um católico deverá fazer o mesmo, independentemente da orientação sexual, como também não deverá divorciar-se ou usar preservativos.

O Presidente como presidente de todos os portugueses (gays, heteros, católicos, ateus e assim assim) permitiu, a quem quiser, utilizar um instrumento que ele próprio não utilizaria.

Espectadores disse...

Caro Jairo,

Totalmente de acordo. Da parte que me toca, vou fazer campanha contra Cavaco. Neste momento, para a próxima eleição presidencial, o único voto ético é em branco.

Abraço

Espectadores disse...

Caro Anónimo,

«Meus caros voces ainda não se conformaram com a laicidade do estado, e que o vosso poder se restringe e acaba nas portas da fé.»

Você é que ainda não se deu conta de que está sob o jugo da propaganda. A questão da homossexualidade é ética, não é religiosa. Tirando uns pseudo-intelectuais, a esmagadora maioria da raça humana sabe, e sempre soube, que a união sexual é entre um homem e uma mulher.

É verdade que hoje em dia somos governados por um regime tirano que pretende abolir a própria razão, pois esta nova lei é mais uma vitória da vontade sobre a razão.

Mas não julgue que a questão é religiosa: é ética. A homossexualidade não é ética, é uma imoralidade. E não é preciso ter fé para abrir os olhos e ver as coisas como elas são.

«O rebanho mudou, as ovelhas são mais informadas e instruidas, e ja contestam e não obedecem fielmente ao pastor, por isso esta emancipação custa a aceitar.»

É típica a estratégia de infantilização dos crentes, quando sucede precisamente o inverso: você é que dá provas de um intelecto arruinado, e de uma liberdade subjugada ao politicamente correcto. Você é escravo, meu caro. Nós, os que chamamos as coisas pelos nomes, nós os que amamos a verdade, somos livres. A verdade liberta.

«A sociedade civil ja não liga muito a palavreado morto»

A sociedade de que fala está morta.

«e mesmo os católicos também não, a não ser uma minoria que é fiel ao pastoreio e as suas ordens.»

Trata-se de fidelidade à razão e à verdade. E não são apenas os católicos. Não esconda o facto de que esta questão é ética, não é religiosa.

«Desde o divorcio, uniões de facto, casamentos homosexuais, aborto e preservativos»

Tudo isso são erros éticos, não religiosos. São práticas abominadas pela esmagadora maioria da população mundial. Só são práticas louvadas pelos pseudo-intelectuais do politicamente correcto, nesta decadente e putrefacta modernidade ocidental.

Pense apenas nisto: é possível ser-se livre na mentira? Você, neste momento, vive sob várias mentiras morais. É possível ser-se livre assim?

Vai chegar o dia em que pessoas como eu serão presas por escrever estas coisas na Internet: dir-nos-ão então que afirmar a verdade constitui "crime de ódio", ou "homofobia". Irei prontamente para a prisão, em nome da verdade. Porque mesmo atrás de grades, serei livre.

Cumprimentos

Anónimo disse...

("Você é que ainda não se deu conta de que está sob o jugo da propaganda")

Nem vou discutir consigo palavreado que não leva a lado nenhum, só lhe digo isto, eu não quero nunca, mas mesmo nunca viver numa teocracia. Cada um pode viver a sua religiosidade e fazer disso principios de vida, da sua vida, mas fora disso e naquilo que é comportamental, só há uma obediência para quem não quer saber de fé nem de religião é a lei. Nunca aceitaria que o estado pautasse as suas leis que se aplicam a todos os cidadãos por principios religiosos por pressão religiosa transformando o estado num estado confessional, isso é passado se não entende problema seu. As pessoas querem viver a sua vida sem preconceitos e interferencias, a unica coisa que o senhor tem razão e ja escrevi aqui sobre isso é chamar a isto casamento, mas a conquista de direitos inerentes ao casamento tirando a adopção conseguia-se com outro nome. Foi esse o erro quanto a mim.

(“Vai chegar o dia em que pessoas como eu serão presas por escrever estas coisas na Internet”)

Não vai não, a internet serviu para denunciar o que estava a acontecer no irão, em época de eleições, a internet serve para mobilizar pessoas, a internet serve para comunicar e transmitir informação conhecimento e denunciar qualquer tentativa de silenciamento, isso sabe-se, os ditadores sabem, por exemplo na china as tentativas de controle sabe-se. Este meio de comunicação e informação, informa e põe as pessoas a discutir sobre essa informação, põe a informação ao dispor de qualquer um na sua própria casa, a internet como veículo para obter informação do presente e do passado em qualquer parte do mundo, contribui para formação de opiniões e de uma opinião pública informada e com acesso a informação, uma opinião publica cada vez mais esclarecida, informada, reinvindicativa e exigente, um jornal por exemplo publicado em papel fica ao alcance dos leitores do estado onde é publicado, mas publicado online fica ao dispor dos leitores do planeta que podem saber as noticias do dia ou pesquisar arquivos antigos.

O seu pensamento é pessimista.

Espectadores disse...

Caro Sousa da Ponte,

«Eu até penso que o Presidente da Republica esteve bem.»

Cavaco não podia ter estado pior. Traiu os seus princípios e traiu o seu eleitorado. Dois erros principais:

a) colocar uma vaga "responsabilidade" à frente da consciência, quando os deveres da consciência, devidamente informada, devem ter prioridade

b) ainda referiu que a coisa teria sido correcta se se tivesse usado um termo diferente de "casamento": errado, pois os actos homossexuais são imorais

«Demonstrou que não concordava com a lei e até que poderia ter sido encontrada uma fórmula diferente de resolver o problema.»

Como referi: dois erros. Se não concordava com a lei, não a assinava. Uma pessoa não assina com uma coisa com a qual não concorda. Isso é um disparate. Ele traiu também a função de Presidente. Para que serve então o Presidente? Cavaco demonstrou que serve para quase nada.

«o entanto promulga para não encetar uma guerra que sabe à partida estar perdida.»

Fala da guerra pela razão?
Pode parecer perdida, como outrora o Império Romano caminhou para a sua perdição, afundado na miséria moral. Mas um mundo novo nasceu sobre as ruínas do Império Romano. Esta cultura ocidental decadente está a morrer, mas outra virá.

«A questão do casamento homossexual até me parece mais pacifica e menos geradora de clivagens que a despenalização e integração no SNS da IVG ou a alteração das regras do casamento aplicando-se retroactivamente e não apenas aos celebrados depois da lei.»

Realmente, matar (aborto) é muito pior do que cometer actos homossexuais. E daí?

«Para a maioria de nós, independentemente da religião»

Já o aborto não tinha nada a ver com religião. Esta questão também não. Tem a ver com a sexualidade humana. Tem a ver com a verdade de que a sexualidade humana é heterossexual, senão é imoral. Ou seja, não é ética.

«a possibilidade de casar com uma pessoa do mesmo sexo é-nos absolutamente indiferente.»

Pode ser indiferente para si.
Para mim, a verdade acerca do ser humano é uma coisa importante.

«Um católico não pode praticar homossexualidade, contracepção, usar preservativo, divorciar-se, etc.»

NOTE: qualquer pessoa não pode fazer essas coisas. Elas são imorais. Elas não são éticas. Isto não é um juízo religioso, e se você olhar com atenção, mesmo no histórico deste blogue, não vai encontrar um só argumento religioso.

(continua)

Espectadores disse...

(continuação)

«Isto independentemente da lei permitir ou não que o faça.»

Sim, aqui concordo: uma coisa é algo ser imoral outra é algo ser ilegal. Nem tudo o que é imoral deve ser considerado ilegal. No entanto, há coisas imorais que deveriam sempre ser ilegais (aborto, por exemplo).

«O que a Igreja Católica recomenda aos homossexuais é a castidade. Assim também a estes é indiferente que a lei civil lhes permita ou não o casamento.»

Ouça: há casamento sem sexualidade? Evidentemente, o problema do casamento homossexual está em que a união homossexual é imoral. E também está em que o casamento representa um casal, a união entre um homem e uma mulher.

«Moral da história»

Esta história não tem moral. É totalmente imoral.

«Uma possibilidade como esta a mim como heterossexual é-me indiferente.»

A si, será.

«Não vou casar com um senhor barbudo por mais simpático que ele seja.»

Você não vive nesta sociedade? Não se interessa pelos conceitos fundamentais? O casamento não é um conceito? Porque é que concorda com a sua redefinição? Desde quando é que o casamento deixou de ser o que ele é?

Entende que nenhuma lei pode mudar a realidade acerca do homem e da mulher? A realidade é o que é.

«Um católico deverá fazer o mesmo, independentemente da orientação sexual»

Não existe tal coisa como "orientação sexual". Isso é uma fantasia da propaganda LGBT. Todos somos heterossexuais, e estamos biologicamente determinados para o sexo heterossexual. Há é pessoas que vivem vidas de pecado, pela via de actos homossexuais.

«O Presidente como presidente de todos os portugueses (gays, heteros, católicos, ateus e assim assim) permitiu, a quem quiser, utilizar um instrumento que ele próprio não utilizaria.»

Instrumento?
Ouça: Cavaco Silva assinou uma lei que pretende mudar a realidade do casamento para uma farsa. Isso é triste...

Caro Sousa da Ponte: separa-nos um abismo, pois temos formas diametralmente opostas de ver a realidade. O que importa é isto: onde está a verdade? Só um de nós pode estar certo. Ou o homem está destinado (biologicamente, emocionalmente, etc.) ao sexo heterossexual, ou então está destinado a ambos os tipos de sexo. Ou eu estou certo, ou você está certo.

O que Cavaco fez foi um manifesto relativista, o de que cada um pode construir a sua verdade. A verdade é, e será sempre, um reflexo fiel da realidade. Podemos inventar leis que materializam mentiras. E com essas leis, podemos arrastar milhares de pessoas para vidas imorais, ou evitar que elas saiam dessas vidas. Mas não devíamos fazer isso, acho eu...
É que a homossexualidade é uma mentira. E ninguém pode ser realmente feliz e realizado vivendo uma mentira, que o nosso próprio corpo prova ser uma mentira.

Cumprimentos

José Mariano disse...

Caro Amigo Bernardo

Não se preocupe nem perca energias com pessoas laicistas/ateias e anticristãs/pagãs como o "anónimo", que infelizmente é o que mais há nesta praça mundana e materialista em que vivemos.
Geralmente, limitemo-nos a rezar por elas, pela sua conversão, ainda que não queiram aceitar as nossas orações.
Com pessoas assim, a melhor atitude é mantermos certa distância e discrição, embora não indiferença.
Já com o 'Sousa da Ponte' talvez tenha feito bem em responder, embora eu provavelmente não o fizesse, tal a sua má formação, agressividade e provocação, quase idênticas às do 'anónimo'...

Continue assim, caro Bernardo, pois precisamos imenso de muitos cristãos e católicos da sua estirpe, de antes quebrar que torcer.
Pena é que não haja também bastantes sacerdotes, especialmente nos blogues, assim, tão sinceros, rectos e frontais, piedosos e fiéis.
Deus queira que esta lacuna presbiteral, e até mesmo episcopal (na medida em que mormente os bispos deveriam ser os primeiros a tomar certas iniciativas e a dar o melhor exemplo), mude a curto prazo para muito melhor, de contrário estaremos todos tramados, muito limitados, pois em muita coisa dependemos deles, sobretudo espiritualmente, quer queiramos ou não.

Até agora, tem estado quase tudo isso numa lástima, designadamente a nível da hierarquia eclesiástica portuguesa (tão laxista e elitista!), numa tibieza e leviandade enormes, o que faz tanta mossa e gera tanta confusão, quando não mesmo grave escândalo, salvo honrosas excepções como felizmente é o caso do bendito Padre Nuno Serras Pereira...
A tal propósito, veja, por exemplo, como, uma vez mais, se portaram os bispos portugueses, com tanta indiferença e tibieza, até mesmo o Presidente da CEP, ao declarar, entre outras banalidades e ambiguidades: «Embora não concorde, 'compreendo' essa atitude do Presidente da república»... !?

Com políticos e bispos assim, não vamos a lado nenhum, por mais que o Santo Padre advirta e solicite:
"Façam as mudanças que devem fazer, quanto antes e o mais radicalmente possível, em conformidade com a Palavra de Deus e com a Sagrada Tradição, assim como com a Doutrina e a Moral do Magistério da Igreja"...
Pois se os bispos e os padres que temos não fizeram quase nada aquando da referendo a favor do aborto provocado e criminoso, muito menos agora, como sendo esta uma questão aparentemente menor ou menos fracturante...

Aceite os meus melhores, respeitosos e reconhecidos cumprimentos, por Jesus e Maria.
J. Mariano

Anónimo disse...

("Geralmente, limitemo-nos a rezar por elas")

ah ah ah se a estupidez pagasse imposto o defice reduzia-se ja, reze por si meu caro reze por si, acho que bem precisa

Espectadores disse...

Caro Anónimo,

«Nem vou discutir consigo palavreado que não leva a lado nenhum, só lhe digo isto, eu não quero nunca, mas mesmo nunca viver numa teocracia.»

Você está sob o jugo da ignorância. O cristianismo nunca poderá ser teocrático (já o Islão pode sê-lo). Cristo separou sempre o que era de César do que era de Deus.

Eu não quero, de forma nenhuma, parecer muito agressivo. Se eu lhe digo que você está sob o jugo da ignorância, não estou a dizer que você é ignorante. Leia bem as minhas palavras. Eu mesmo estive durante muitos anos sob o jugo da ignorância, antes de ser libertado.

O que você, e muitos, não entendem é que eu já não vivo autocentrado na minha pessoa. Eu agora vivo para este:

«Assim como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo, e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade.»

Isto é o que se lê no Santo Evangelho do dia de hoje. Entenda que eu, depois de ter descoberto a verdade acerca de Deus e do Homem, já não posso servir a mentira. E quem serve a verdade é livre.

«Nunca aceitaria que o estado pautasse as suas leis que se aplicam a todos os cidadãos por principios religiosos por pressão religiosa transformando o estado num estado confessional»

Ninguém está a pedir isso ou a defender isso. Eu sei que por vezes é difícil que nos entendamos, mas eu deixei atrás, por escrito, esse esclarecimento. A questão da homossexualidade não é religiosa, é comportamental. Tem a ver com a ética do ser humano. Não tem nada a ver com religião.
Calha que a religião cristã ensine a verdade sobre o ser humano, e desse modo, acabe por também recordar a todos o que todos deveríamos saber.

A interdição da homossexualidade não é um princípio religioso. É algo natural, que decorre da observação e da constatação do que é o homem, do que é a mulher, e do que significa ser humano.

«As pessoas querem viver a sua vida sem preconceitos e interferencias»

Esta sua frase é profundamente desumana, mas sei que não é essa a sua intenção. Entenda que aqueles que vivem a homossexualidade estão a viver uma mentira. Em maior ou menor grau, essa mentira tem que os afectar. Os cristãos são, na verdade, os melhores amigos daqueles que padecem da homossexualidade. É amigo aquele que diz ao irmão: "converte-te! estás no mau caminho". É, pelo contrário, um péssimo amigo aquele que dá palmadinhas nas costas: "continua assim que estás porreiro!".

Você, e muitos, não entendem a nossa obrigação moral. Estamos obrigados a amar a verdade e a amar os nossos irmãos. Todo aquele que padece de homossexualidade é meu irmão, e tenho a obrigação de o amar, e amo-o melhor se o ajudar a superar os seus problemas. E espero o mesmo desse irmão, que ele me ajude a superar os meus problemas.

«a unica coisa que o senhor tem razão e ja escrevi aqui sobre isso é chamar a isto casamento»

Sim, é verdade que seria melhor se a palavra "casamento" não tivesse sido escolhida. Mas a verdade é que, por detrás das palavras, estão actos homossexuais. E esses actos são imorais.

«Não vai não»

Vai, vai.
Ainda há poucos dias, um cristão foi detido no Reino Unido por pregar na rua que a homossexualidade era pecado.

«O seu pensamento é pessimista.»

Nada disso. A realidade dos nossos tempos é que é péssima. O cristão é sempre um optimista. Um cristão pessimista é uma contradição. É que a santa doutrina ensina-nos que, das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade) o pecado mais grave é aquele que se comete contra a esperança. Desesperar é indigno do cristão.

Apesar de todas as minhas críticas, e apesar de toda a imoralidade da nossa sociedade, eu sei que Cristo vence e vencerá.

Um abraço

Espectadores disse...

Caríssimo amigo José Mariano,

As suas simpáticas palavras animam-me, e agradeço-as profundamente.

Mas queria discordar de algumas das coisas que escreveu:

a) eu acredito sinceramente na conversão de pessoas como o Anónimo e com o Sousa da Ponte, porque eu mesmo vi a conversão que operou em mim, pela graça de Deus; por isso, todo o diálogo que estabeleço nunca é em vão; a conversão vem quando menos a esperamos, e quando vem, é a sério

b) partilho da sua análise bastante realista do panorama geral da hierarquia da Igreja em Portugal, que está fraca, inerte, pouco activa, e que não está a mobilizar os fiéis para o bom combate; no entanto, é preciso sabermos que esta situação é bem conhecida do Santo Padre, e garanto-lhe que muita coisa está já em marcha para inverter a situação; a mudança do núncio teve um sinal importante, mas há outras coisas a acontecer...
O Senhor D. Manuel Monteiro de Castro foi recentemente nomeado Secretário da Congregação dos Bispos.

Estão coisas a acontecer, e o rumo de decadência espiritual em Portugal está a ser virado no sentido inverso.

Um grande abraço!

PS: O Padre Serras Pereira é um santo e nobre lutador pela verdade. Ele tem grande visibilidade na Internet e nos meios electrónicos, mas eu tenho tido a sorte de conhecer muitos outros sacerdotes e religiosos que pensam como ele. Há toda uma nova geração a vir ao de cima. Um excelente exemplo, que conheço em primeira mão, é o do actual capelão da Universidade Católica, o padre Hugo Santos, sacerdote exemplar e inspirador.

Anónimo disse...

(“É que a homossexualidade é uma mentira. E ninguém pode ser realmente feliz e realizado vivendo uma mentira, que o nosso próprio corpo prova ser uma mentira.”)

Deixemo-nos de palavreados inúteis.

Mas isto é a sua opinião sobre um comportamento humano. Eu sou visceralmente se quiser, usando um termo forte, alérgico a homosexualidade, só o pensamento disso repugna-me, mas isso é a mim, que não me relacionaria nunca com ninguém assim, Mas isto esta de fora do caso. Mas a homosexualidade existe, essas pessoas existem, no passado tinham que se esconder não podiam afirmar-se e viver a sua vida na plenitude, agora eles querem isso, querem viver sem descriminações de direitos sociais, patrimoniais, e sucessorios, e querem isso acautelado por lei, é só isto. Qual é o problema de você considerar a homosexualidade assim ou assado? Isso é voce e não lhe dá o direito de pretender condicionar a escolha e a felicidade dos outros. Estas pessoas apesar de não prejudicarem ninguém na sua vivência intima e pessoal, ainda tem que contar com um mundo antigo de preconceitos que as obriga a esconder-se. Recentemente, um actor / humorista português, que trabalhava muito com o hermam josé, assumiu aquilo que sempre foi, e confessou que não o fez antes pela mentalidade da mãe, só após a morte dela teve a coragem de o fazer porque já não a ofendia. Este mundo é assim. Outra coisa é o casamento, e aqui sim, não se podem associar coisas que não tem comparação pois o casamento é e sempre foi uma união heterosexual, homem mulher pressupondo a reprodução.

(“Todo aquele que padece de homossexualidade é meu irmão, e tenho a obrigação de o amar, e amo-o melhor se o ajudar a superar os seus problemas.”)

Mas quem lhe disse a você, ou lhe permite interpretar que é isso que eles querem, isso é voce que pensa assim. E não admite sequer que os outros possam ser felizes com essa escolha. Fique la com a sua pregação e olhe, não me parece mas espero que consiga muitas conversões.

(“«Não vai não»

Vai, vai.
Ainda há poucos dias, um cristão foi detido no Reino Unido por pregar na rua que a homossexualidade era pecado.”)

Ah bom, por pregar na rua, pensei que fosse na internet.

Santa paciencia.

Espectadores disse...

Caro Anónimo,

«Mas isto é a sua opinião sobre um comportamento humano.»

Não: isto é o que a razão humana, quando desprovida de preconceitos, consegue concluir olhando para o ser humano. Olhando para a sexualidade humana, mesmo apenas do ponto de vista biológico, está claro que fomos feitos com complementaridade sexual.

A reprodução do ser humano é sexuada. Há outros seres vivos com reprodução assexuada, mas a humana é sexuada. Somos uma espécie anisógama, ou seja, precisamos de dois tipos diferentes de gâmetas para nos reproduzirmos, e por isso, no caso do ser humano, quando se fala em sexualidade, fala-se em masculino e feminino.

Isto é objectivo.
Isto é ciência.

Estamos biologicamente estruturados para a heterossexualidade. A homossexualidade é uma aberração contra-natura, que só existe porque o ser humano é livre, livre até para agir contra a sua natureza.

Toda a minha argumentação centra-se no seguinte:

a) o ser humano é sexuado, e a espécie representa-se na sua totalidade e complementaridade com um homem e uma mulher

b) ético é tudo aquilo que é conforme com a verdade acerca do ser humano

c) a sexualidade será ética se for conforme com aquilo que é o ser humano

d) se o ser humano é um ser estruturalmente heterossexual, então é ético ser heterossexual, e não é ético ter comportamentos contrários à nossa natureza

Como vê, meu caro, isto não é um argumento religioso. É um argumento filosófico com base científica. Por isso, pode meter o seu discurso anti-religioso no chinelo.

«Eu sou visceralmente se quiser, usando um termo forte, alérgico a homosexualidade, só o pensamento disso repugna-me»

Algo perfeitamente normal, diga-se de passagem. Essa repulsa está, por assim dizer, programada na estrutura biológica e emocional do ser humano.

«Mas a homosexualidade existe»

Claro que existe, como muitos outros distúrbios de identidade. A homossexualidade é um distúrbio grave de identidade sexual, que faz com que homens procurem actividade sexual com outros homens, e mulheres procurem actividade sexual com outras mulheres, o que vai contra a estrutura da sexualidade humana.

«essas pessoas existem, no passado tinham que se esconder não podiam afirmar-se e viver a sua vida na plenitude»

Ouça: ninguém está aqui a dizer para se bater nos homossexuais, ou para os prendermos, ou para os multarmos. Santa paciência!

Estamos a discutir se a homossexualidade é imoral ou não. E é claro que é imoral. Mas nem tudo o que é imoral deve ser ilegal. Eu nunca defenderia que seria ilegal a prática de actos homossexuais, apesar de serem claramente actos não éticos.

«agora eles querem isso, querem viver sem descriminações de direitos sociais, patrimoniais, e sucessorios, e querem isso acautelado por lei, é só isto.»

Não é nada só isso.
De acordo com a figura jurídica da união de facto, há já enquadramento para pessoas do mesmo sexo que vivam juntas (a sua actividade sexual é juridicamente irrelevante). Obviamente, as forças da propaganda LGBT não querem isso. Já deitaram fora a união de facto, uma guerra do antigamente. Agora, a guerra cultural passa ao nível seguinte: atacar o conceito de casamento. Só não vê quem não quer.
A adopção vem já a seguir...

«Qual é o problema de você considerar a homosexualidade assim ou assado?»

Não sou eu.
Isto não é matéria de opinião. Eu teci um argumento racional. Ou ele está certo ou está errado. Se está errado, aponte-me os erros do meu argumento. Não diga que é uma opinião, porque isso é desonesto. Ou me aponta erros, ou então aceita o meu argumento.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Tanta barbaridade, tanto erro, tanta aleivosia, tanta falta de sentido cristão e fraternidade, tanta ignorância, tanta falta de seriedade. Já ouvi os apologistas do fogo do inferno falar em "ceder à minoria social". Ceder à minoria?
votaram neles!! referendo?? a IVG passou através de referendo!! não sejam hipócritas! eu não tenho opinião totalmente formada sobre o casamento homosexual, parece-me um "corpo estranho", prefiro a solução francesa (leiam a propósito), mas estou de acordo com o outro anónimo quanto a essa visão absolutamente atteradora e redutora do Homem que alguns pretensos apologistas de uma moral católica ortodoxa vêm para aqui discorrer com diarreias verbais. Tenham juizo, presunção e água benta cada um... este é um Estado laico e a Igreja tem um papel importante a desempenhar e espero que sempre tenha mas não tem, não deve e não pode, impor coisa nenhuma. Até o papa o disse! saiam dessa idade média mental e actualizem-se senhores que quem os lê fica entre a pena e a gargalhada.

Parem de pregar a moralidade quando estão com essa postura cínica a afundar a Igreja e a Sociedade. Com as vossas ideias mesquinhas acerca da mensagem de Cristo estão a profaná-la.

Espectadores disse...

Caro Anónimo,

Às tantas eu já não sei com que Anónimo é que estou a falar (esse é o problema da cobardia do anonimato blogosférico). Mas vou supor que se trata de outro Anónimo diferente, apesar de o tom ser semelhante.

(às vezes, há anónimos que fazem comentários diferentes, a fingir que são pessoas diferentes: sob o anonimato, pode-se fazer tudo!)

«Tanta barbaridade, tanto erro, tanta aleivosia, tanta falta de sentido cristão e fraternidade, tanta ignorância, tanta falta de seriedade.»

Eu diria: tanta falta de argumento: qual é o seu argumento? Sabe o que é um argumento?

«referendo?? a IVG passou através de referendo!!»

A moral referenda-se?
O certo, com um referendo, passa a errado? O errado, com um referendo, passa a certo?

Abortar é matar um ser humano. Isto é uma definição irrefutável.

Aprovar tal crime sob referendo faz com que o crime deixe de ser crime?

Ajude-me. Porque não entendo o seu raciocínio, se é que ele existe.

«vêm para aqui discorrer com diarreias verbais.»

Aviso: você está aqui a comentar como convidado. Eu não insulto os meus visitantes, apesar de insultar as ideias que me parecem insultuosas. A sua linguagem está na fronteira do que eu tolero. Tenha isso em consideração. Seja educado, e procure usar argumentos.

«Até o papa o disse!»

Não puxe o Santo Padre para o seu rol de disparates. Em Fátima, o Papa disse:

«As
iniciativas que visam tutelar os valores essenciais e primários da vida, desde a sua
concepção, e da família, fundada sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com
uma mulher, ajudam a responder a alguns dos mais insidiosos e perigosos desafios que
hoje se colocam ao bem comum.»

«saiam dessa idade média mental e actualizem-se senhores que quem os lê fica entre a pena e a gargalhada.»

Isto é puro insulto pessoal.
Não nos consegue brindar com um argumento? Só um?

«Parem de pregar a moralidade quando estão com essa postura cínica a afundar a Igreja e a Sociedade. Com as vossas ideias mesquinhas acerca da mensagem de Cristo estão a profaná-la.»

Você é porta-voz da mensagem de Cristo? Então faça este exercício: concilie lá a mensagem de Cristo com o aborto e com a homossexualidade.

Repito o desafio: seja racional, use argumentos, seja educado, debata ideias com estrutura e com qualidade. Evite o insulto gratuito e seja sério. São pedidos.

Anónimo disse...

(“Não: isto é o que a razão humana, quando desprovida de preconceitos, consegue concluir olhando para o ser humano. Olhando para a sexualidade humana, mesmo apenas do ponto de vista biológico, está claro que fomos feitos com complementaridade sexual.”)

Ja lhe disse que não vale a pena perder tempo com o caso, é simples e reduz-se a meia duzia de linhas

Mas qual razão humana qual carapuça, lá vimos nos com os tratados filosóficos e o principio do fundamentalismo biologico, o determinismo biologico a tolher e comandar o ser humano por não se adequar aos tratados filosoficos / religiosos . A treta do costume, e se as pessoas não quiserem isso e deturparem a tal heterosexualidade, a tal complementaridade, a tal reprodução sexuada, que lhes fazemos? Matamos essa realidade, pomos-lhe um colete de forças, negamos-lhe o direito a eles escolherem como querem viver e serem felizes assim. É só isto, tão simples como isto. As sociedades vão mudando, na moral não há muitas décadas beijar-se em público podia valer uma ida a esquadra e uma multa, nas praias havia uns senhores com uma fita métrica a ver se os fatos de banho das senhoras tinham as medidas exactas, isto era uma moralidade de uma ou umas gerações antes de nós. Cada geração mantém ou muda o que não acha adequado a realidade e legisla sobre o assunto, não vale a pena perder-se em argumentos sem fim, para querer demonstrar uma realidade que é diversa da que voce advoga, mas que tem todo o direito a existir tal como voce e a sua religião e a defende-la. É so isto e não vale a pena perder mais tempo com o assunto.

Espectadores disse...

Caro Anónimo (1 ou 2):

«É so isto e não vale a pena perder mais tempo com o assunto.»

Você é livre de seguir o caminho da irracionalidade e de abdicar do pensamento. Se seguir essa via, não segue sozinho. Aliás, a carneirada dos nossos tempos que vai toda atrás das modas ideológicas está-se realmente nas tintas para a verdade, para as questões de fundo, para a biologia, para a filosofia, para a psicologia, para a medicina. A malta quer é divertir-se. Esse parece ser o seu lema.

Por aqui, gosta-se da verdade. Gosta-se do debate sério e elevado. Gosta-se de intelectualidade verdadeira. Gosta-se, em resumo, de procurar e alcançar a verdade.

«Cada geração mantém ou muda o que não acha adequado a realidade e legisla sobre o assunto, não vale a pena perder-se em argumentos sem fim»

Esta sua frase é uma prova clara de que você não sabe pensar filosoficamente. Não espanta: durante décadas, não ensinámos as novas gerações a pensar. Ninguém hoje sabe o que é uma falácia.

Veja: aplique o que escreveu a um caso em concreto. Antigamente, a moral da sociedade tolerava a escravatura. Hoje não tolera. Em que ficamos? É inútil debater se a escravatura é moral ou é imoral? A escravatura é ou não imoral?

Você é um incoerente. Se você fosse uma pessoa coerente, diria que não se pode falar em moralidade ou imoralidade da escravatura. Você, se fosse coerente, diria que a escravatura será boa se for referendada e aprovada pelas pessoas, e que será má se for rejeitada pelas pessoas. Você não sabe pensar filosoficamente, e parece não ter grande à vontade com questões de índole moral ou filosófica.

Em resumo: aplique a sua frase atrás ao caso da escravatura. Ou aplique ao caso da pedofilia (tolerada pelo Império Romano). Você defende o relativismo no caso da homossexualidade, mas já não faz o mesmo com outros temas. Ou faz? Seja coerente!

Cumprimentos

Anónimo disse...

(“Você é livre de seguir o caminho da irracionalidade e de abdicar do pensamento”)

Ah ah ah essa é boa,agora sou livre de facto mas por causa dessa e desse pensamento muita gente no passado que não obedecia aos canones quando os canones eram obrigatórios e tinham poder foi proscrita ou parar a fogueira. Olhe a sua volta, a natureza e as pessoas não são uniformes nem padronizadas, mas nem por isso deixam de ter direito a vida e a felicidade. A verdade é relativa se gosta da verdade o que para si é verdade para outros pode não ser. Não estou a falar de verdades matematicas nem fisicas.

O seu pensamento é tão deturpante que eu referindo-me a moralidade de costumes que variam de geração para geração tinha que vir com o argumento fora de todo o contexto como a escravatura, que não é um costume comportamental, mas significava um instrumento ou meio economico na época em que se praticava. Nem lhe passa pela cabeça que uma coisa não tem nada a ver com a outra, a unica coisa que sabe dizer é isto: (“ Esta sua frase é uma prova clara de que você não sabe pensar filosoficamente. Não espanta: durante décadas, não ensinámos as novas gerações a pensar. Ninguém hoje sabe o que é uma falácia”). Acorde homem a escravatura ia contra o básico de sermos humanos. digamos contra o dna da humanidade.

O que é que o senhor pretende dizer “não faz com os outros temas”?

Aborto: sou contra e servia-me a lei que existia antes que contemplava tres ou quatro excepções. Não vou discutir aqui o absoluto da vida humana que começa na concepção para alguns, esqueça isso, nem a ciencia esta de acordo, quanto mais os outros casos de ser senciente. Fique na sua que eu fico na minha, nem era esse o assunto que eu abordei.

Divorcio: o que é que o senhor defende que um casal que não se da bem seja obrigado a coabitar? só porque é muito lirico a defesa do matrimonio como ideia mas na vida real não funciona. É claro que sou a favor.

Uniões de facto: sou favoravel cada um é livre de escolher se quer viver em matrimonio pela igreja ou casados pelo civil ou somente coabitando, o senhor quer o que? Que estas pessoas sejam privadas dessa hipotese, ou casam ou não podem viver assim como no passado e haver filhos legitimos, ilegitimos, germanos, uterinos etc. etc.

Contraceptivos: nem a favor nem contra, cada um é livre de usar ou não, não tem que estar não sendo católico sujeito a orientações de católicos. Nem os católicos sujeitos a orientaçoes dos laicos, mas somente da sua consciencia.

Eu conheço os tratados e as filosofias e o pensar que o senhor por ai refere as restriçoes dos catolicos etc. etc. ou não tivesse sido educado num meio estudantil católico. Mas a realidade não é só a preto e branco, não é só o que nós pensamos. Os outros também existem e desde que a sua existência não interfira com a nossa, tem todo o direito, tal como nós a ser livres e felizes e escolher essa felicidade de acordo com a sua consciencia, custa a entender isto ou é preciso muitos tratados para viver e ser feliz.

Meu caro o assunto por mim acaba aqui.

Espectadores disse...

Caro Anónimo (1 ou 2):

«A verdade é relativa se gosta da verdade o que para si é verdade para outros pode não ser.»

Você, então, é relativista. A coisa divertida é que o relativismo também se aplica a ele mesmo. Você, mais uma vez, é incoerente:

a) diz que não há verdade, que cada um tem a sua verdade

b) depois, pretende estar certo, e pretende que eu esteja errado

Homem: decida-se. É relativista, ou não? O relativismo é como a pescadinha de rabo na boca: auto-destrói-se. Logicamente.
Quando você escreve que não há verdade, e que cada um tem a sua verdade, isso também se aplica ao que você escreveu.

«Não estou a falar de verdades matematicas nem fisicas.»

Ouça: eu falo de verdade. A verdade é a adequação do intelecto à realidade. Há verdade em matemática, como há em física, como há em história, como há em psicologia, como há em filosofia, como há em teologia.

«O seu pensamento é tão deturpante que eu referindo-me a moralidade de costumes que variam de geração para geração tinha que vir com o argumento fora de todo o contexto como a escravatura»

Fora do contexto?
Você não me respondeu à questão: dou-lhe duas hipóteses:

a) ou a escravatura é sempre imoral e nunca devia ser praticada

b) ou a escravatura é algo que pode ou não ser imoral, que depende da opinião de cada um; que em certa época era uma coisa correcta, mas que hoje em dia é uma coisa incorrecta

Se você responder a), está tramado. Acabou de me dar razão, e de aceitar que há verdades morais, e que o erro da escravatura é uma verdade moral universal. Se você responder b), então tem que aceitar todos os que escravizam outros seres humanos, pois usando as suas palavras, "o que para si é verdade para outros pode não ser".

«Acorde homem a escravatura ia contra o básico de sermos humanos. digamos contra o dna da humanidade.»

Ah, há bocado veio com a conversa de que isso eram discussões filosóficas inúteis, e agora já há um tal de "dna" da humanidade? Ou se calhar, foi o Anónimo 2 que disse isso?

Pois respondo-lhe que é evidente que o aborto vai "contra o dna da humanidade", pois mata um ser humano vivo a desenvolver-se com base nesse dna. E que a homossexualidade vai contra esse "dna da humanidade" pois violenta a sexualidade humana, obrigando-a a actos que são contra a sua natureza, pois é evidente que os nossos órgão sexuais não estão preparados nem adequados ao sexo homossexual.

«Não vou discutir aqui o absoluto da vida humana que começa na concepção para alguns, esqueça isso, nem a ciencia esta de acordo»

Nem a ciência??
Não diga disparates. A Ciência já ensina há décadas que a vida humana principia com a fertilização do óvulo pelo espermatozóide. o ovócito fertilizado é um ser vivo, está vivo (há respiração celular), tem ADN humano, logo é um ser vivo da espécie humana. Não distorça as verdades seguras da ciência!

«Nem os católicos sujeitos a orientaçoes dos laicos, mas somente da sua consciencia.»

Você não sabe do que fala. Nenhum católico pode dizer-se católico coerente e defender a contracepção artificial. Mas é claro que não é preciso ser católico para entender a imoralidade da contracepção.

«Meu caro o assunto por mim acaba aqui.»

Eu acaso o chamei?
Você é que iniciou o debate, e de forma muito agressiva, convenhamos. Aliás, toda a sua atitude foi agressiva, não dialogante, insultuosa, e desprovida de argumentos racionais.

Cumprimentos

Anónimo disse...

O homem deixe-se de tretas, voce fala da sua verdade.

Onde é que ja vai a coisa, o senhor entende o que eu escrevo? Eu sintetizei o assunto do caso dos homosexuais ao seu direito à existencia à felicidade e à sua escolha e modo de vida. Meia duzia de linhas não foipreciso mais, o senhor com as suas lengalengas ja mudou totalmente o curso aos acontecimentos. Esqueça la isso não vou discutir filosofia aqui consigo.

E ele da-lhe (“ou a escravatura é sempre imoral e nunca devia ser praticada”) o que é que isto tem a ver com um fato de banho ou um beijo que no passado eram considerados imorais pelas gerações do estado novo e as mais antigas também. Irra que é chato, a escravatura não depende da equação de ser moral ou imoral, é sempre imoral porque vai contra o principio básico do ser humano, o direito a liberdade . vai contra o proprio DNA que nos define como humanos.

Depois
(“Pois respondo-lhe que é evidente que o aborto vai "contra o dna da humanidade", pois mata um ser humano vivo a desenvolver-se com base nesse dna”)
Exacto, e ja agora se uma mãe é avisada que se não interrompe a gravidez morre o senhor acha que deve ser mártir, nem pode escolher. As verdades absolutas da nisto

(“Nem a ciência??
Não diga disparates. A Ciência já ensina há décadas que a vida humana principia com a fertilização do óvulo pelo espermatozóide”)

Vida biologica meu caro, vida biologica, é humana sim porque deriva de celulas humanas mas é vida biologica. Não faça disso um bicho de sete cabeças


(“«Nem os católicos sujeitos a orientaçoes dos laicos, mas somente da sua consciencia.»

Você não sabe do que fala. Nenhum católico pode dizer-se católico coerente e defender a contracepção artificial.”)
Mas eu disse que os catolicos deviam usar ou defender a contracepção artificial? eu disse (“Nem os católicos sujeitos a orientaçoes dos laicos, mas somente da sua consciencia.”) se são catolicos devem saber o que a sua consciencia lhes aconselha, o senhor sabe ler.

(“Eu acaso o chamei?
Você é que iniciou o debate”)
É verdade mas o senhor não o da por findo onde nos já vamos, mas eu ja vou.

Sabe que mais tenho mais que fazer e ja disse o que tinha a dizer. Se gosta de jogos de palavras continue.

Anónimo disse...

Eu devo ser o anónimo 2 pelo raciocinio do Espectadore´s o que será facilmente identificável porque não tenho pruridos a desmascarar hipocrisias e insolências.

Caríssimo: "esse é o problema da cobardia do anonimato blogosférico" meu caro... você não percebe que este canal é um canal que se caracteriza pelo anonimato como também não entende que se eu ou mesmo você procura alguma espécie de afago ao ego, reconhecimento, etc. não é através deste blog que o consegue, escreva um livro, vá para a Televisão, escreva num jornal.

Dito isto, permita-me dizer que quanto a "Você é porta-voz da mensagem de Cristo? Então faça este exercício: concilie lá a mensagem de Cristo com o aborto e com a homossexualidade." Desculpe lá... eu assumi-me como porta voz do que quer que seja? você é que parece assumir-se como o detentor da espada, da verdade, de uma certa moral! como você e o tal J Mariano. Diga-me então você onde na mensagem de Cristo estão plasmadas estas mentiras que vem para aqui escrever. Essas sim são ofensivas. Quais argumentos? Você realmente acha que é coerente nos que esgrime? Sabe que mais? reze por si antes de rear pelos demais, porque parece-me que precisa. Eu sou por Cristo e em cristo e pessoas que atentam contra ele por cegueira mental dão-me verdadeiramente pena.

Espectadores disse...

Caro Anónimo 1,

"a escravatura não depende da equação de ser moral ou imoral, é sempre imoral porque vai contra o principio básico do ser humano, o direito a liberdade"

Tem toda a razão. Você acabou de dizer que há, pelo menos, uma verdade moral universal. Por isso, automaticamente, não pode dizer que cada um tem a sua verdade. Entende-me?

«Exacto, e ja agora se uma mãe é avisada que se não interrompe a gravidez morre o senhor acha que deve ser mártir, nem pode escolher. As verdades absolutas da nisto»

Ouça: o que vale mais? A vida da mãe ou a vida da criança? O que eu digo é que valem o mesmo. O que você parece dizer é que a vida da mãe vale mais, pois sugere matar a criança para salvar a mãe. Um médico, obviamente, sabe que não tem que matar um para salvar o outro: um médico, obviamente, procura salvar ambos.

«Vida biologica meu caro, vida biologica, é humana sim porque deriva de celulas humanas mas é vida biologica. Não faça disso um bicho de sete cabeças»

Hã?

«É verdade mas o senhor não o da por findo onde nos já vamos, mas eu ja vou.»

Ouça: eu gosto de debates sérios. O que se passou foi isto:

1) Você entrou aqui como convidado, como qualquer comentador, mas entrou a matar, lançando uns petardos irritados

2) Eu respondi com argumentos, e pedindo-lhe argumentos

3) Você percebeu que aqui se pede argumento, e então optou por uma estratégia de fuga

Fuja: força!
Tenho mais que fazer do que debater com quem não quer, nem sabe, debater. Se quiser debater aqui, já sabe: traga argumentos.

«Se gosta de jogos de palavras continue.»

JOGOS DE PALAVRAS???
É PRECISO LATA.
Eu peço seriedade, entende?
Peço argumentos. Peço que saiba defender os seus argumentos de forma séria.

Você não pode dizer alhos, e depois bugalhos. Você entra a dizer que não quer discutir a moralidade da homossexualidade, dizendo que a "minha verdade" pode ser diferente da verdade dos outros. Eu respondi que a verdade não tem donos, e que a homossexualidade apenas pode ser moral ou imoral. E você insistia que cada um tinha a sua forma de ver as coisas. E eu dei o exemplo da escravatura para você ENTENDER que há mesmo verdades morais. E você aceitou que, realmente, a escravatura era sempre imoral.

Mas, como é óbvio, não reconhece a sua incoerência, e toca de fuga...

Espectadores disse...

Caro Anónimo 2,

Você e o seu colega tiraram o dia para me azucrinar, hã?

«Eu devo ser o anónimo 2 pelo raciocinio do Espectadore´s o que será facilmente identificável»

Olhe que não é. Era boa ideia inventarem um pseudónimo: facilita imenso, hã? E não é nada de difícil, hã?

«você não percebe que este canal é um canal que se caracteriza pelo anonimato»

Se calhar, o melhor será eu fechar os comentários a anónimos. Se um tipo não tem coragem para dar a cara pelas suas ideias e assinar com um nome (mesmo que falso), então também não merece que eu perca o meu tempo com ele, ou merece?

«Desculpe lá... eu assumi-me como porta voz do que quer que seja?»

Você acusa-me de fazer afirmações contrárias à doutrina de Cristo. Pelo que deduzo que as suas afirmações é que sejam conformes à doutrina de Cristo.

«Diga-me então você onde na mensagem de Cristo estão plasmadas estas mentiras que vem para aqui escrever»

Quais mentiras?
Pode parar de gritar, e objectivamente, dizer ao que vem, e o que é que quer de mim?
Onde estão as minhas mentiras?
É capaz de me escrever uma ou duas linhas com os seus protestos.

Ora bolas: se um tipo perde o seu tempo para vir aqui chatear-me, é porque deve ter certamente alguma coisa para me criticar.

Consegue escrever, em português decente e sucinto, o que é que contesta no meu texto?

É que senão é impossível!!
Sou bombardeado por bocas soltas e superficiais, emitidas por anónimos, e querem o quê de mim?

Peço apenas três coisas:

a) usem um nome qualquer, mas usem sempre o mesmo, para eu perceber quem escreve o quê

b) usem argumentos, e sejam objectivos: ataquem os meus argumentos e não a minha pessoa; ataquem a mensagem e não o mensageiro;

c) sejam educados

Santa paciência...

Anónimo disse...

Ouça vou-lhe replicar, triplicar, quadriplicar, enfim mais uma vez a ver se não deturpa as coisas e não põe nas pessoas intenções.

Diz

("a escravatura não depende da equação de ser moral ou imoral, é sempre imoral porque vai contra o principio básico do ser humano, o direito a liberdade"
Tem toda a razão. Você acabou de dizer que há, pelo menos, uma verdade moral universal. Por isso, automaticamente, não pode dizer que cada um tem a sua verdade. Entende-me?”)

Não, não entendo, voce é que coloca casos que eu adiantei com comparações idiotas que acaba por fazer, comportamentos das pessoas como vestuário ou modos de vida querendo que sejam comparaveis com a escravatura saindo dai verdades universais. Tenha juizo, a ver se entende, uma coisa são costumes e comportamentos de uma sociedade, outra são valores humanos intrinsecos ao ser humano como ser humano, direitos humanos. A escravatura esta nestes ultimos, por isso nunca entra numa tal equação nem pode sequer ser pensada a nivel de comportamentos ou usos,como eu adiantei, caricias em público vistas como ultrage ao pudor, ou modos de vida homosexualidade por vezes criminalizados. Entenda de uma vez, percebeu a diferença.

(“Ouça: o que vale mais? A vida da mãe ou a vida da criança? O que eu digo é que valem o mesmo. O que você parece dizer é que a vida da mãe vale mais, pois sugere matar a criança para salvar a mãe. Um médico, obviamente, sabe que não tem que matar um para salvar o outro: um médico, obviamente, procura salvar ambos”)

La estamos nos a ter que explicar tintim por tintim, eu não disse que a vida da mãe valia mais ou menos, eu disse (“ Exacto, e ja agora se uma mãe é avisada que se não interrompe a gravidez morre o senhor acha que deve ser mártir, nem pode escolher”) é claro que em abstracto valem as duas vidas igual,mas em concreto não valem, uma depende da outra, e essa, que é condição para que a outra se desenvolva se correr risco de vida deve poder optar até porque pode a outra nem ter hipótese de chegar ao fim devido ao risco da vida daquela da qual depende.

Entendeu ou precisa de floreados.

(“Você entrou aqui como convidado, como qualquer comentador, mas entrou a matar, lançando uns petardos irritados”)

Qual quê? eu disse porque os homossexuais tem direito a sua felicidade individual e a sua escolha para alcançar tal, não dependendo de filosofias catolicas ou de outra estirpe para tal mas como cidadãos, só deles mesmos, e o estado que deve reconhcer isso mesmo, assim como a religião tem direito a manifestar a sua opinião e só a sua opinião mais nada, infelizmente chamou-se casamento.

Chega.

Anónimo disse...

Vamos lá então descontruir ponto por ponto as Mentiras, erros e falsidades dos eu discruso de que falei antes:

1. Meu caro, o PR tem poder de veto, mas não é suposto andar a contrariar as decisões da AR por convicções pessoais... Não somos um regime presidencialista e muito menos fundado no culto da personalidade, isso era antes, lamentamos mas passou. Como tal o que propõe o Espectadores, é um erro grosseiro de facto.

2. Comparar o que o PR fez a políticas permissivas de governantes nos anos 40 face aos nazis é abjecto e um tiro no pé porque vai contra o que o próprio Papa fez na altura... eu não ia por aí mas já percebi que você troca a coerência por tentativas pontuais de argumentação.

3. Aquilo com que não concorda chama "propaganda". Dizer que a homossexualidade não é ética nem moral e que a maioria da raça humana condena a homosexualidade é uma ideia perversa e contrária aos direitos humanos. Que dados tem para fazer a afirmação que faz? em que informação CREDIVEL se baseou? Maioria? maioria do quê? de quem?

4. Diz que somos governados por um regime tirano que pretende abolir a própria razão. Meu caro vivemos numa democracia e a maioria dos portugueses votou no actual governo por livre e espontânea vontade. Nunca na história do país vivemos segundo regras democráticas tão bem definidas. Como tal mais um enorme disparate saiu da sua boca.

5. Diz que ama a Verdade, que a Verdade liberta e que a Sociedade civil está morta. É uma aberração sem tamanho. É uma afirmação de uma gravidade extrema. Morta? Agora é que está viva! quando as pessoas não tinham direitos estava moribunda! ama que verdade? a sua! só se for. Pare de se auto-denominar o detentor da Verdade, que coisa infâme.

6. Diz que ai chegar o dia em que pessoas como você serão presas por escrever estas coisas na Internet. Engana-se mais uma vez. Há uns anos atrás era CERTO que pessoas como eu o seriam, mas foi por termos criado uma Sociedade melhor que você pode dizer o que lhe der na real gana e continuará em liberdade e bem.

Ass.
Anónimo 2 da Silva!

Anónimo disse...

(continua)

6. Diz que matar (aborto) é muito pior do que cometer actos homossexuais. Você tem uma tabela classificativa? Onde colocou o usod e contraceptivos? se lhe der um endereço email envia-me a tabela? gostava de ver. Tem sub grupos? Grotesco...

7. "Não existe tal coisa como "orientação sexual"?? Todos somos heterossexuais? e estamos biologicamente determinados para o sexo heterossexual??? Há é pessoas que vivem vidas de pecado, pela via de actos homossexuais!!!???" Eu só pus os "!" e "?" porque as afirmações são suas. Você é alguma sumidade na matéria? isto não são aleivosias? quem é que você se julga para vir DETERMINAR que semelhantes seus não terão ORIENTAÇÕES SEXUAIS diferentes da sua? não nasceu igual a eles em direitos e obrigações? oq ue lhe diz e onde está escrito que eles não poderão ter interesses diferentes dos seus!? políticos, clubisticos, gastronómicos e sim sexuais!

Ouça não vou continuar... onde você se afirma dono e defensor da única Verdade Moral e ética eu vejo um vazio de valores. Onde você se afirma detentor da argumentação pela razão só vejo irracionalidade e um ódio visceral a tudo o que por ser diferente o incomóda. É como tirar um doce a um bebé, é demasiado fácil provar que você não passa de um radical ortodoxo que se insinua com superioridade moral face aos demais, utilizando para isso algo que não tem o direito de utilizar, a religião que nada tem a ver com essas barbaridades. É patético.

Anónimo 2

Espectadores disse...

Anónimo 2,

«é demasiado fácil provar que você não passa de um radical ortodoxo que se insinua com superioridade moral face aos demais, utilizando para isso algo que não tem o direito de utilizar, a religião que nada tem a ver com essas barbaridades»

Jovem: se é fácil, porque é que ainda não o fez? Leia bem o seu último comentário. Encontra insultos, agressividade, ataques "ad hominem", e mais uma vez, nem um só argumento.

Você até tem o desplante de discordar da minha ordenação moral: então matar não é mais grave que cometer actos homossexuais? Nunca achei que isso fosse muito complicado de entender...

Você gosta do insulto, eu gosto das ideias. Gostos não se discutem. Passe bem.

Anónimo disse...

Passe você bem porque ideias você só se forem peregrinas, porque não vem daí nada de jeito e por cada expressão em latim que usa eu uso uma em bom português, asneiras! É de desconfiar pessoas que argumentam assim. Trás sempre água no bico e uma tremenda hipocrisia, jovem. É a sua arrogância moral que é insultuosa.

Mais um caso: http://souder.house.gov/
Republicano, anda a pregar a virtude e acaba de ser apanhado numa relação extra conjugal.

Anónimo 2

Espectadores disse...

Caro Anónimo 2 da Silva,

Por lapso, não tinha reparado em alguns argumentos seus (realmente eram argumentos) pelo que os comento de seguida.

Antes de mais, obrigado pela objectividade. Já fazia falta...

«1. Meu caro, o PR tem poder de veto, mas não é suposto andar a contrariar as decisões da AR por convicções pessoais...»

Hmmmm....
Então com que convicções é que o Presidente pode vetar? Se não pode vetar com as convicções da sua pessoa, veta com as convicções de quem?
Ou então, o melhor é assinar de cruz e não vetar. Elucide-me, por favor.

«2. Comparar o que o PR fez a políticas permissivas de governantes nos anos 40 face aos nazis é abjecto e um tiro no pé porque vai contra o que o próprio Papa fez na altura...»

Hã?
Duplo "hã"?
Triplo "hã"?
Papa?
Nazis?
Não se meta por aí, que lhe corre mal a brincadeira.

«eu não ia por aí»

É melhor: são águas demasiado fundas para a sua embarcação. Não queira iniciar comigo um debate acerca de Pio XII e a Segunda Guerra Mundial. Mas se quiser, força. Mas não diga que eu não avisei. Qual é mesmo o seu problema com Pio XII?

«mas já percebi que você troca a coerência por tentativas pontuais de argumentação.»

O meu argumento era simples.
Vou dar um exemplo: o presidente da Eslováquia, que por acaso era padre, o Padre Tiso, assinou várias leis raciais promulgadas pelos famigerados Tuka e Mach. Fê-lo, certamente, no melhor estilo presidencial de Cavaco Silva. Achando que o governo de Tuka e Mach tinha legitimidade, etc, etc, e que ele, sendo sacerdote, estava contra, mas patati, patatá...
O paralelo é óbvio, mas será apenas óbvio para quem estudou a atitude de muitos governantes durante o nazismo.

«3. Maioria? maioria do quê? de quem?»

A maior religião do mundo é a cristã, que condena a homossexualidade. A segunda maior é a islâmica, que condena (e de que maneira, indo à criminalização) a homossexualidade. As restantes religiões clássicas e de grandes dimensões também a condenam (judaísmo, hinduísmo, budismo, etc.).

Depois, temos a sociedade Ocidental, fortemente materialista, que se adaptou a uma cultura imoral. Mas a população da Europa, mesmo considerada no seu todo (e não somos todos adeptos da propaganda LGBT), não representa a maior parte (nem sequer de perto) do Mundo. Tem alguns dados demográficos aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Major_religious_groups

«4. Diz que somos governados por um regime tirano que pretende abolir a própria razão.»

Quando escrevi isto não estava, obviamente, a definir o nosso regime como não sendo democrático. A tirania da irracionalidade está em que as leis não são racionais, nem sequer os decretos que emanam do Tribunal Constitucional, infestado de gente que não sabe escrever argumentos racionais. Leu o acórdão acerca do referendo do aborto? Uma vergonha... Eu aponto das suas irracionalidades num PDF aqui ao lado, intitulado "Argumentário contra o direito ao aborto - completo", ora vá lá espreitar.

«5. Diz que ama a Verdade, que a Verdade liberta e que a Sociedade civil está morta. É uma aberração sem tamanho. É uma afirmação de uma gravidade extrema. Morta? Agora é que está viva!»

Você é a prova de que a maioria das pessoas deixou de pensar. Como é que explica que no referendo ao aborto, a maioria dos votantes tenha concordado com tamanha morte de seres humanos, subsidiada pelo Estado?

«6. Diz que ai chegar o dia em que pessoas como você serão presas por escrever estas coisas na Internet. Engana-se mais uma vez.»

Se no Reino Unido isso já está a acontecer, acha que estou mesmo enganado?

Cumprimentos

Anónimo disse...

Ah, como eu gosto de ver a brigada do politicamente correcto em acção de patrulhamento! Prepara-te, caro Bernardo, que o teu nome já está marcado e em breve serás devidamente penalizado pelas tuas palavras "aleivosas" e "homófobas".

A propósito, recomendo aos dois anónimos a leitura do novo livro de Juan Manuel de Prada, A Nova Tirania - O Senso Comum contra o Progressismo Matrix.

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

Oh boa gente:

A questão primária que estão a discutir é se a homossexualidade é condenável ou não.

Já se desviaram para o Pio XII, o aborto e nem sei que mais.

Basicamente a questão reduz-se a saber se o comportamento homossexual é ou não anti-ético.

Independentemente dos valores serem relativos ou absolutos penso que era a questão.

Numa ética teocêntrica é preciso demonstrar que a vontade de deus(bem absoluto) é contrária ao comportamento homossexual

Numa ética humanista é necessário demonstrar que o mesmo comportamento viola algum valor ético.

A moral aqui é apenas o cumprimento de normas e regras...

Ora eu, e digo isto muito francamente, não vejo qual a falta de ética subjacente a um comportamento homossexual seja ele qual for o referencial.

E penso ser esta a questão fundamental

Anónimo disse...

O Sousa voce tem razão, foi esse o meu ponto ao separar a laicidade do estado do aspecto religioso da questão.

(“Basicamente a questão reduz-se a saber se o comportamento homossexual é ou não anti-ético.

Independentemente dos valores serem relativos ou absolutos penso que era a questão.”)

O caso é que ha quem procure justificar as suas posições a todo o custo e meta até comparações com a escravatura para dizer que ha verdades imutáveis e universais. Não há, nem neste caso da escravatura, a escravatura foi abolida e é considerada de uma forma geral universal como imoral, através de gerações que a elevaram a meta civilizacional, dai para já e até agora estar fora de questão considerar se é moral ou imoral, é imoral, mas não pode ser visto isto em absoluto,ou melhor, pode para quem partilha desse valor, é será sempre imoral, mas pode haver uma qualquer geração no futuro que faça letra morta disto, desta meta civilizacional e pratique a escravatura novamente, lá se vai a verdade universal que nos tinhamos por adquirida porque só é universal para nós. O nazismo por exemplo fez retrocessos civilizacionais. Portanto isso de morais e verdades universais tem muito que se lhe diga, todos os modelos civilizacionais que o homem constroi pode destruir, somente não pode mudar aquilo que de um ponto de vista fisico e matematico está além das suas possibilidades.

Na extrema diversidade cultural da humanidade, pode-se compreender cada grupo humano com seus valores definidos, suas exclusivas normas de conduta e suas próprias reacções psicológicas aos fenómenos do quotidiano, e também as suas convenções relativas ao bem e mal, do moral e imoral, ao belo e feio, ao certo e errado ao justo e injusto. A relatividade cultural ensina que uma cultura deve ser compreendida e avaliada dentro de seus próprios moldes e padrões, mesmo que estes pareçam estranhos e exóticos. Não há um único código moral com validade universal e intemporal, tenta-se elevar principios como os direitos humanos a essa categoria, mas não são praticados como tal em todas as partes do planeta. A verdade moral, o fundamento dos valores morais e a sua justificabilidade são, de certo modo, relativas a factores culturais e historicamente contingentes, são em definitivo, fruto de convenções humanas.

Anónimo disse...

O relativismo moral é uma doutrina que trata de como devemos agir com vista a aceitar valores morais e de outro tipo muito diferentes dos nossos. Trata-se neste caso de um relativismo moral normativo, que defende ser errado julgar as outras pessoas ou culturas com valores substancialmente diferentes, ou tentar que se adequem aos nossos, uma
vez que os seus valores para eles são tão válidos como os nossos para nós. Não existem valores universais, os valores são fruto de convenções históricas ou culturais concretas. Para o relativismo ético, uma norma moral é válida se condizente com o contexto social da comunidade a qual está inserida.


Com o passar do tempo, a moral vem adquirindo um conteúdo humanista,
fazendo com que a sua justificação racional se torne cada vez mais necessária
possibilitando o cumprimento de sua função social reguladora, a norma moral, não pode ser considerada como algo absoluto, sobre-humano ou intemporal, que existe em si ou por si, mas como um produto humano que somente existe, vale e se justifica como nexo de relações, as normas devem corresponder aos interesses e necessidades sociais, à existência de determinadas condições reais. O estado político, a sociedade civil, as leis civis, o direito e as normas éticas não se fundamentam em facto nenhum ou qualidade inscrita na natureza nem na humana, pelo contrário constroem-se a partir de um pacto, convenção ou contracto entre pessoas livres, não existem princípios morais e de justiça universais, imutáveis, o código moral não pode ser visto como algo estático e imutável. Depois temos os naturalistas ou deterministas biologicos que defendem que só existe uma verdade, tem verdades absolutas e universais para tudo, a justificação dos juízos morais baseada na vontade divina. Codigos morais estáticos e imutáveis.

Depois temos os medos a fazer propaganda (“Prepara-te, caro Bernardo, que o teu nome já está marcado e em breve serás devidamente penalizado pelas tuas palavras "aleivosas" e "homófobas”) ou bernardo a dizer que também sera preso.

Enfim passei por aqui, vi este comentario, chamou-me a atenção, mas ja estou off.

Anónimo disse...

A questão da Homosexualidade não ser ética é uma perversão do sentido da palavra "ética". Qual é o significado de ética que estão a considerar quando se faz essa afirmação tão primária. Seria falta de ética se fossem obrigados a ser homosexuais ou obrigassem outros a sê-lo, seria falta de ética se fossem além de homosexuais, seres perversos. Neste último ponto haverá os que são como também há os heterosexuais que o são, e recomeça tudo outra vez... Falta muita leitura de Hegel e Kant por aqui...

O anónimo 2!

Anónimo disse...

Caro Espectadores

"com que convicções é que o Presidente pode vetar?"
Evidentemente com as suas mas tendo por base várias coisas como, o que a maioria da população escolheu e o bem público. Já lhe disse, vivemos numa democracia e nem sequer é um regime presidencialista e muito menos autocrático. Não está cá o Dr Salazar para dizer "nem penshar eshes shenores não podem casar". óbvio que as convicções pessoais do PR são importantes mas como viu ele não as pode pôr acima do interesse da maioria. Se a Lei fosse à AR de novo, passava. O Tribunal Constitucional que você diz ser formado por básicos, mas é a sua perspectiva muito pessoal, considerou-a constitucional. Você quer à viva força pôr na figura do PR uma imagem de Juiz Supremo, algo que não lhe compete.

2. Pio XII
É a sua posição, já li parte do que escreveu no blog sobre o tema. Há coisas que se são verdade reconheço que desconhecia, mas você não consegue desmistificar o assunto. O Papa Pio XII foi uma figura altamente controversa isso é comumente aceite. Ah já sei, propaganda... sionista já agora? Há certos bispos que até negam o holocausto... ui eu é que não iria por aí. É uma página um pouco delicada da história da Igreja no último século.

3. O facto da Religião islâmica condenar a homosexualidade e em alguns países inclusivamente condenar fisicamente os homosexuais, prendendo-os e matando-os devia ser suficiente para você não fazer essas comparações. Além disso isso é apenas a maioria do ponto de vista religioso, mas não civil e social. Essa maioria não condena a homosexualidade ou estas leis não passavam por maioria de razão. Se me diz que a sociedade é decrépita e se perderam os valores, respondo como antes, nunca a sociedade foi tão igualitária e respeituosa face ao indivíduo como hoje. Eu não disse que já é perfeita e que não se subverteram algumas coisas, mas nunca a situação foi tão positiva como hoje no mundo ocidental. De qualquer forma em minha opinião o seu raciocinio não é correecto ao dizer que as religiões ao condenarem "oficialmente" o tema, então isso faz a maioria. Faça um estudo entre os católicos e confirmará o que digo. A sua religião maioritária, como sabe muito bem, é sobretudo formada por "simpatizantes" e esse snão assumem posições radicais de condenação face ao assunto.

4. Não concordo activamente com o que se fez quanto à IVG, penso que Portugal tinha uma Lei até bastante positiva em relação ao assunto. No entanto há que ter em conta os aspectos humanos por detrás do assunto e é isso que você não considera. A situação da mãe de classe média e baixa que abortava clandestinamente com riscos enormes para a sua saúde. Sim porque a Tia queque ia a Espanha e pagava... Na génese sou contra o aborto mas já que ele existe deve ser regulamentado de alguma forma, criminalizado nunca, jamais, é uma questão de direitos humanos.

Anónimo 2 da Silva (Já me habituei ao nome)

Espectadores disse...

Caro Anónimo 2 da Silva,

A ética diz respeito ao conhecimento racional do comportamento humano, ao estudo do que é comportamento correcto ou incorrecto. Uso a palavra ética como uso a palavra moral. Há quem prefira usar a palavra "ética" num sentido mais abrangente, e "moral" num sentido mais religioso. Como partilho da visão cristã, considero que a moral cristã é a ética universal.

Parece-me que cai no erro de achar que eu estou a condenar homossexuais. Quem sou eu para o fazer? Estou a afirmar que os ACTOS homossexuais são imorais, ou seja, não éticos. Cada pessoa terá uma história de vida, e certamente que, caso a caso, haverá culpas mais ou menos intensas. Não quero, nem me compete, avaliar as culpas pessoais. Cada qual fará o seu exame de consciência, e Deus julgará todos.

O que não se pode calar é a afirmação cabal e factual de que os actos homossexuais são intrinsecamente desordenados e contra a natureza do ser humano. Basta ter olhos para ver e cabeça para pensar.

Do mesmo modo, eu nunca afirmaria que os homossexuais são seres perversos, como você insinuou.

Para já, eu não gosto de falar em "homossexuais", mas sim em "pessoas com tendências homossexuais" ou "pessoas que praticam actos homossexuais". Há que não esquecer que eles são pessoas como nós, iguais a nós na sua dignidade humana. E lá por estarem sujeitos a tentações (e por alguns sucumbirem a elas) desordenadas, não são inferiores a nós, pois todos nós pecamos, em maior ou menor grau.

O meu ataque é aos actos em si mesmo, e não às pessoas que as cometem. Muitas vezes, tais pessoas tiveram uma infância e adolescência traumáticas.

A homossexualidade não é uma fatalidade, ou seja, uma condição inevitável ou definitiva.

«2. Pio XII
É a sua posição, já li parte do que escreveu no blog sobre o tema. Há coisas que se são verdade reconheço que desconhecia, mas você não consegue desmistificar o assunto.»

Não perde pela demora. Estou há largos meses a trabalhar num estudo que irei em breve disponibilizar na secção "Artigos em PDF".

«O Papa Pio XII foi uma figura altamente controversa isso é comumente aceite.»

Só é aceite por quem não estudou o assunto a fundo. Você estudou o assunto a fundo?

«Ah já sei, propaganda... sionista já agora?»

Sionista?
Não. Eu diria que a propaganda, na sua origem, é comunista. Hoje em dia, a propaganda é feita por vários agentes distintos que pouco terão em comum: anticlericais, anticatólicos, teólogos dissidentes, ex-sacerdotes ou ex-seminaristas, alguns judeus (é triste, mas felizmente também há muitos judeus que louvam Pio XII), alguns académicos com preconceitos anticatólicos, muitos amadores que escrevem livros difamatórios e sensacionalistas, quer para ganhar dinheiro e fama, quer para alimentar a propaganda, entre tantos outros críticos

«Há certos bispos que até negam o holocausto... ui eu é que não iria por aí. É uma página um pouco delicada da história da Igreja no último século.»

Não entendi esta referência. Porque razão negaria eu o Holocausto? O que é que isso tem a ver? A defesa de Pio XII acaso implica negar o Holocausto? Explique-me...

Anónimo disse...

Eu explicito a minha referência: Richard Williamson, o bispo de que falei, faz parte da Fraternidade sacerdotal de São Pio X, uma seita ultra conservadora que foi excomungada pelo Papa João Paulo II mas readmitida na igreja católica Papa Bento XVI. Não lhe parece existir aqui alguma incorência e ao mesmo tempo "justiça poética"? o Papa polaco excomungou-o e o Papa alemão readmitiu-o. A defesa de Pio XII não implica negar o holocausto, eu não disse isso, mas a verdade é que o holocausto existiu apesar de existirem iluminados que o negam e a verdade é que e pelo menos reconheça isso, mas aguardo o resultado do seu estudo, a Igreja Católica teve um papel pelo menos controverso em relação ao assunto quando podeia e devia ter feito algo mais. A Igreja não é infalível, nem mesmo o Papa e basta aceitar isso para aceitar o erro. Não sou anticlerical, anticatólico, teólogo dissidente, ex-sacerdote ou ex-seminarista, nem judeu. Vai ter de compor o ramalhete com mais alguma classificação discriminatória para me incluir.

Nuno disse...

Bernardo,

Quero congratulá-lo por este magnífico blog. Descobri-o há pouco tempo e fiquei espantado com a rica lucidez com que aborda algumas das posições da Igreja, sobretudo as mais problemáticas e tendencialmente mais propensas a erro. Este "Espectadores" ganhou um espectador.

No entanto, não pude deixar de reparar num raciocínio que fez ali mais acima, acerca da universal imoralidade da escravatura querendo com isso comprovar que, de facto, verdades (i)morais universais existem, e devem ser consideradas e escolhidas e adoptadas como tal e em detrimento de visões que lhes sejam inferiores. Absolutamente de acordo.

Agora, elevar uma visão ao estatuto de universalidade não é coisa pouca. É descobrir, entrever, reconhecer determinada abstracção como sendo globalmente comum, partilhada por todos e por cada um. Ou seja, olhando para o mundo, abstrai-se uma regra válida para o mundo, e descobre-se assim uma imagem da Verdade, da mesma forma que esta subsiste na "lei da gravidade" com a qual é impossível discutir. Descobriu-se, tomou-se consciência, de que a imoralidade da escravatura está a este nível tão básico quanto universal. Tal como com a lei da gravidade, é impossível duvidar, hoje, da validade deste reconhecimento universal.

Ora, o Bernardo pretende colocar a imoralidade do comportamento homossexual no mesmo patamar da imoralidade da escravatura e, mutatis mutandis, no da "lei da gravidade". À partida, a transversalidade dos fenómenos com os quais a homossexualidade é aqui comparada é algo indicadora de que estamos a falar de fenómenos de diferente magnitude (com um impacto directo na sua possível universalidade). Mas repare! Ainda assim pode fazê-lo, mas daí não pode depreender que ou existem verdades universais ou então cada um pratica a sua verdade, e isto por uma razão: da escravatura não é possível abstrair uma outra visão mais geral para o mesmo problema, a escravatura é um atentado contra os direitos humanos fundamentais, no caso, o da liberdade, ponto (daí a sua indiscutibilidade); mas do comportamento homossexual é possível abstrair-se uma noção mais geral e ao mesmo tempo comum do problema, e neste caso nem importa muito dizer qual, mas podíamos pegar na felicidade - adulta e responsável - de uma afectuosidade irreprimida, ou outra qualquer que partilhasse do mesmo grau de abstracção.

Portanto, quando pretendia mostrar que ou as verdades universais existem ou então cada um vive a sua verdade, na realidade essa oposição não existe: ninguém de perfeito juízo discute com a "lei da gravidade" e se manda de uma janela. Se alguma oposição parece existir, então é porque estamos a falar de patamares diferentes de abstracção em relação a posições que, pela sua natureza, não são "universalizáveis".

Para além disto, outra coisa. Vejo-o a utilizar muito a referência à natureza, ou ao que é natural. Não sei se partilha da minha opinião, mas o avanço da nossa consciência do mundo e de como ele funciona tornou esse campo algo confuso, "pantanoso". E tal confusão está apenas a começar. O que é natural? Um par de óculos, ou de lentes de contacto não é natural, no entanto, para uma pessoa que não vê bem, é já praticamente uma extensão de si própria. Espere pelos membros biónicos, por implantes e transplantes de vária ordem, por uma cada vez mais complexa mistura de "natural"/"artificial" até a um ponto em que se começarão a confundir. Isto para não falar dos exemplos de comportamento homossexual na própria natureza dita "natural" no reino animal e que já começam a estar suficientemente documentados.

Apesar de tudo, não me interprete mal, concordo com a esmagadora maioria de todo o material que coloca à reflexão neste seu cantinho. Gosto é também de partilhar os meus "dois cêntimos" acerca dos raciocínios que segue.

Obrigado, e continuação de bom trabalho!

Abraço,
Nuno

Vital disse...

"a escravatura é um atentado contra os direitos humanos fundamentais, no caso, o da liberdade, ponto (daí a sua indiscutibilidade); mas do comportamento homossexual é possível abstrair-se uma noção mais geral e ao mesmo tempo comum do problema, e neste caso nem importa muito dizer qual, mas podíamos pegar na felicidade "

Interessante.
Daí então que o ser humano tem que expressar seu amor sempre de forma sexual, ou ao menos, ter a liberdade de se expressar, caso queira, sexualmente.
Isso vale de um homem para uma mulher, um homem para outro homem, de um pai para a filha, de um adulto para uma criança...

Espectadores disse...

Caro Nuno,

«Quero congratulá-lo por este magnífico blog.»

Obrigado!

«Descobriu-se, tomou-se consciência, de que a imoralidade da escravatura está a este nível tão básico quanto universal.»

Não posso concordar totalmente consigo. Sim, a imoralidade da escravatura é universal. Mas, como qualquer acto moral, está associado de forma profunda à liberdade do ser humano. Por esta razão, a comparação de leis morais ou éticas com leis da natureza (como o seu exemplo da lei da gravidade) é uma comparação inadequada, pois as leis da natureza nada têm a ver com a liberdade do ser humano.

«Ora, o Bernardo pretende colocar a imoralidade do comportamento homossexual no mesmo patamar da imoralidade da escravatura»

Depende do que entende por "no mesmo pamatar". Sim, eu digo que ambas as coisas são imorais (ou seja, actos humanos errados). No entanto, é evidente que há graus de gravidade. E é evidente que a distância, em termos de gravidade moral, entre a escravatura e a homossexualidade é imensa. Nunca me atreveria a dizer que são coisas da mesma gravidade moral.

Por exemplo, também é imoral mentir, e é de um grau de gravidade bem diferente da imoralidade da escravatura.

«mas do comportamento homossexual é possível abstrair-se uma noção mais geral e ao mesmo tempo comum do problema, e neste caso nem importa muito dizer qual, mas podíamos pegar na felicidade - adulta e responsável - de uma afectuosidade irreprimida, ou outra qualquer que partilhasse do mesmo grau de abstracção.»

Nuno: não entendi a sua frase. Partilha da opinião de inúmeros psiquiatras de que a homossexualidade é uma variante de neurose? A homossexualidade não tem a ver com afectividade normal, mas sim com uma afectividade desordenada, motivada, segundo os especialistas, por problemas de inferioridade e por comportamentos neuróticos (egocentrismo, auto-comiseração, etc.).

«Portanto, quando pretendia mostrar que ou as verdades universais existem ou então cada um vive a sua verdade, na realidade essa oposição não existe: ninguém de perfeito juízo discute com a "lei da gravidade" e se manda de uma janela.»

Continuo sem compreender a sua comparação. Penso que, pelas razões que apontei atrás, não se pode comparar dessa forma uma lei moral com uma lei natural.

«Não sei se partilha da minha opinião, mas o avanço da nossa consciência do mundo e de como ele funciona tornou esse campo algo confuso, "pantanoso".»

Não entendo a que é que se refere. O avanço do nosso conhecimento científico só pode ajudar a aclarar as coisas. De que forma é que o avanço pode tornar algo confuso?

«E tal confusão está apenas a começar. O que é natural? Um par de óculos, ou de lentes de contacto não é natural, no entanto, para uma pessoa que não vê bem, é já praticamente uma extensão de si própria.»

E daí?
Umas lentes de contacto, mesmo sendo artificiais, permitem a uma pessoa com problemas oculares ultrapassá-los. Não entendo a sua questão. Acha que as lentes passam a fazer parte do corpo da pessoa? Mas isso não faz sentido.

«Espere pelos membros biónicos, por implantes e transplantes de vária ordem, por uma cada vez mais complexa mistura de "natural"/"artificial" até a um ponto em que se começarão a confundir.»

Mesmo que falemos de membros biónicos, é fácil distinguir entre o que é artificial e o que é natural. Penso que se poderá referir às experiências recentes de Craig Venter, mas há aí muita confusão filosófica e muita propaganda mediática. Venter não criou vida artificial: ele substituiu componentes orgânicos naturais por componentes orgânicos sintetizados. Penso que, até certa medida, poderá surgir no futuro uma maior mistura entre material orgânico natural e artificial, e não vejo isso como problemático, desde que se respeitem os direitos humanos. Eu continuo a ser eu, mesmo que me injectem componentes orgânicos artificiais.

(continua)

Espectadores disse...

(continuação)

«Isto para não falar dos exemplos de comportamento homossexual na própria natureza dita "natural" no reino animal e que já começam a estar suficientemente documentados.»

O caso que se refere nada tem a ver com o comportamento homossexual nos seres humanos. Em primeiro lugar, o comportamento humano está intimamente associado à liberdade auto-consciente e racional, algo que os animais não têm. Por exemplo, não se discute o valor moral de um tubarão que come um ser humano, mas pode-se discutir o valor moral de um ser humano que come um tubarão. É que o ser humano é capaz de tomar decisões conscientes e livres, e é por isso que surge a moral. Um animal age de forma instintiva e irracional, pelo que as suas decisões não têm valor moral.

Em segundo lugar, os animais que, em determinada situação, têm comportamento homossexual fazem-no por equívocos nos seus sentidos e agem por instinto, avaliando (erradamente) que estão a interagir sexualmente com o sexo oposto. Para se demonstrar homossexualidade real no reino animal, era preciso demonstrar casos nos quais um ser vivo, defrontado com outro ser da mesma espécie do seu sexo, e outro ser da mesma espécie do sexo oposto, prefere o primeiro. Ora isso não se verifica.

«Obrigado, e continuação de bom trabalho!»

Obrigado!

Anónimo disse...

"os animais que, em determinada situação, têm comportamento homossexual fazem-no por equívocos nos seus sentidos e agem por instinto, avaliando (erradamente) que estão a interagir sexualmente com o sexo oposto."

A brincar a brincar foi o macaco...

Nuno disse...

Bernardo,

A comparação que faço entre a gravidade e a escravatura reporta-se apenas ao nível da certeza: é certo que se alguém se mandar de uma janela estatela-se no chão, tal como é indubitável - ou seja, sem sujeição a erro - de que o homem não nasceu para ser escravo. Não é subjectiva, já não depende da sua opinião ou da minha. Tornou-se auto-evidente. Basicamente, está a elevar a homossexualidade a esta auto-evidência, quando esta não existe. Utilizar a palavra "inúmeros" em "inúmeros psiquiatras" é um pouco tendencioso e fácil, mas aceito que a empregue.

Um aparte, mentir será sempre imoral? Se toda a gente mentisse o mundo seria uma bela confusão. Mas e se o Bernardo fosse um oficial nazi a quem lhe perguntam se existem judeus escondidos no sítio onde se encontra, sabendo que tais judeus lhe são queridos? Preferirá dizer a verdade e mandá-los para as câmaras de gás, ou salvar-lhes a pele dizendo que não sabe onde se escondem? Poderá dizer sempre que mentir é imoral, mas que neste caso é preferível seguir o resultado que trouxer um bem maior (a vida das pessoas salvas). Mas também nesse caso terá de admitir então que a decisão é relativa consoante o resultado e não absoluta. Creio que a imoralidade da mentira tem pouco de linear do ponto de vista prático (do ponto de vista teórico pode ser sempre linear, mas também fica apenas na estratosfera).

Acerca da questão natural/artificial. O exemplo das lentes de contacto já faz parte de si enquanto pessoa pois sem elas não consegue ver. Não interessa já se são extensão do corpo ou de outra entidade qualquer, representa algo do qual a pessoa já não consegue viver sem, e daí fazer parte da sua natureza - pelo menos, natureza de uma pessoa que vê.

Não sei como pode dizer que o avanço do conhecimento só aclara e não confunde. Precisamente por se mostrar mais perto da realidade - e de não raras vezes esta se apresentar cada vez mais confusa ao pormenor - existem em determinados campos situações fronteira que dantes não eram sequer conhecidos. A realidade "real"/virtual é só um exemplo.

Acerca da distinção cartesiana que faz entre corpo e alma, corpo e si próprio, terá de convir que isso hoje já está ultrapassado. No estado em que se encontra - e é tudo o que conhecemos - o seu ser não existe independentemente do corpo, nem vice-versa. Experimente alterar, injectar, transplantar alguma parte do seu cérebro e verá que o seu ser apanha por tabela, inevitavelmente. A separação de que fala entre corpo e alma é simplesmente formal, e é produto grego, está bem longe da antropologia semita, que considerava o corpo e alma como um todo indivisível, inseparável.

E aponta para a facilidade em distinguir o que é natural do que é artificial, uma facilidade que não existe, já hoje, e será cada vez mais exígua. Não me refiro às recentes notícias que aponta, e para além disso não me parece correcto que classifique, sem mais, tal abordagem como confusão filosofico-mediática. Nas minhas aulas de Axiologia discutiu-se um filme interessante do Spielberg, Inteligência Artificial. Não sei se já viu. Como é possível sentir compaixão por uma máquina, que não passa de um aglomerado de fios? E nós? O nosso corpo não será apenas um grande sistema com as suas próprias conexões em material biológico, não tarda, replicável? O assunto é mais sério e merece, a meu ver, uma consideração mais digna do que propriamente a de uma burrada filosófica empolada pelos media.

E por último, estar a inferir razões pelas quais os animais agem segundo um padrão homossexual, dizendo que se equivocam ou se avaliam erradamente é precipitado. Que garantias é que tem disso? Há animais - como alguns tipos de símios por exemplo - que, vivendo em comunidades, em presença do sexo oposto, revelam comportamento homossexual. Há vários dados nesse sentido.

O tempo é pouco, vai indo devagar.

Abraço,

Nuno

Espectadores disse...

Caro Nuno,

Obrigado pelo seu comentário.

«A comparação que faço entre a gravidade e a escravatura reporta-se apenas ao nível da certeza: é certo que se alguém se mandar de uma janela estatela-se no chão, tal como é indubitável - ou seja, sem sujeição a erro - de que o homem não nasceu para ser escravo. Não é subjectiva, já não depende da sua opinião ou da minha. Tornou-se auto-evidente.»

Continuo sem concordar consigo. O erro moral da escravatura só há poucos anos se tornou claro, e mesmo assim, apenas numa parte dos países do mundo. A escravatura não acabou, e ainda haverá gente que não vê o seu mal moral.

Não devemos medir a verdade moral com base no número de aderentes. Hoje, na sociedade ocidental, poucos serão aqueles que vêem claramente o erro moral da homossexualidade. No futuro, espero que sejam mais. Mas isso não interessa, porque não estamos aqui a contar o número de apoiantes de uma tese moral para ver se ela é verdadeira.

«Basicamente, está a elevar a homossexualidade a esta auto-evidência, quando esta não existe.»

Eu não usei essa expressão. Procurei defender o erro moral da homossexualidade usando argumentos racionais. Não disse que era uma coisa auto-evidente. Aliás, o que é auto-evidente é que não se trata de uma coisa auto-evidente, senão não teríamos leis parvas como a recentemente promulgada.

«Utilizar a palavra "inúmeros" em "inúmeros psiquiatras" é um pouco tendencioso e fácil, mas aceito que a empregue.»

Digamos então "muitos psiquiatras". De novo, não é pela quantidade de apoiantes que a coisa se torna verdadeira.

«Um aparte, mentir será sempre imoral?»

Mentir é sempre imoral.

«Mas e se o Bernardo fosse um oficial nazi a quem lhe perguntam se existem judeus escondidos no sítio onde se encontra, sabendo que tais judeus lhe são queridos?»

Nesse caso mentiria. A solução do dilema é simples: mentir é imoral, e denunciar inocentes também é imoral. Dado que a imoralidade da denúncia dos inocentes é muito superior à imoralidade da mentira, então, se não tiver outra hipótese senão mentir, minto. Só porque a gravidade moral é diferente, é claro.
Quando tenho duas coisas de igual gravidade moral, não devo cometer uma imoralidade para evitar outra de igual peso.

«Mas também nesse caso terá de admitir então que a decisão é relativa consoante o resultado e não absoluta.»

O Nuno está a misturar a decisão (que é relativa, e depende das circunstâncias) da avaliação moral, que é sempre absoluta: mentir é imoral, e denunciar inocentes também é imoral.

«Acerca da questão natural/artificial. O exemplo das lentes de contacto já faz parte de si enquanto pessoa pois sem elas não consegue ver.»

Não concordo com esse abuso de linguagem. As lentes de contacto não fazem parte de mim. São acessórios que uso para ver melhor.

«Não interessa já se são extensão do corpo ou de outra entidade qualquer, representa algo do qual a pessoa já não consegue viver sem, e daí fazer parte da sua natureza - pelo menos, natureza de uma pessoa que vê.»

Ah, bom...
Grande confusão de conceitos, nuno.
Um ser humano não deixa de ser humano por não ver. Um cego é humano, tanto como você ou eu. Por isso, a falta de visão não priva uma pessoa da sua natureza humana. Logo, é evidente que um cego, ou alguém sem lentes de contacto, continua a ser quem é.
Está a confundir acidentes (como a falta de visão) com aquilo que é essencial.

«Não sei como pode dizer que o avanço do conhecimento só aclara e não confunde.»

Se é conhecimento, ou seja, coisas novas que se aprende como verdadeiras, então só serve para aclarar. Onde entra o conhecimento, o erro regride.

(continua)

Espectadores disse...

(continuação)

«Não sei como pode dizer que o avanço do conhecimento só aclara e não confunde.»

Se é conhecimento, ou seja, coisas novas que se aprende como verdadeiras, então só serve para aclarar. Onde entra o conhecimento, o erro regride.

«A realidade "real"/virtual é só um exemplo.»

Não entendo a sua questão com a dita "realidade virtual". Para já, a expressão é péssima, e deve ser entendida como uma expressão pouco objectiva. É evidente que a dita "realidade virtual" é real, no sentido de que é uma experiência real vivida pelos sentidos, apesar de ser claro que se trata de uma realidade ficcionada.

«Acerca da distinção cartesiana que faz entre corpo e alma»

Não é cartesiana. É tomista-aristotélica.

«corpo e si próprio, terá de convir que isso hoje já está ultrapassado.»

É a sua opinião.
Não vejo como é que uma necessidade filosófica estará ultrapassada alguma vez, mas...

«No estado em que se encontra - e é tudo o que conhecemos - o seu ser não existe independentemente do corpo, nem vice-versa.»

Acaso eu disse isso?

«A separação de que fala entre corpo e alma é simplesmente formal, e é produto grego, está bem longe da antropologia semita, que considerava o corpo e alma como um todo indivisível, inseparável.»

Não leu bem o que escrevi. Nunca falei em separação entre corpo e alma. Falei em distinção. É bem diferente: numa dada coisa, podem existir realidades distintas, sem que estejam separadas. Por exemplo, olhando para o Sol, ele emite calor e luz. São coisas que posso considerar de forma distinta, pelo efeito sensorial que me provocam, apesar de não estarem separadas (são ambas radiação electromagnética).

A noção de corpo-alma que refiro é a de um composto indivisível. O homem é sempre corpo e alma. Apesar de serem aspectos bem distintos do seu ser.

«uma facilidade que não existe, já hoje, e será cada vez mais exígua.»

Porque é que, na sua opinião, o passar do tempo alterou essa realidade? Em que é que o tempo a passar altera a essência das coisas?

«Nas minhas aulas de Axiologia discutiu-se um filme interessante do Spielberg, Inteligência Artificial. Não sei se já viu.»

Sim, vi. Steven Spielberg é óptimo realizador e péssimo filósofo.

«Como é possível sentir compaixão por uma máquina, que não passa de um aglomerado de fios?»

Essa compaixão é um sentimento deslocado.

«E nós? O nosso corpo não será apenas um grande sistema com as suas próprias conexões em material biológico, não tarda, replicável?»

Não, não é.
Nós não somos um computador complexo. Procure na Internet o argumento de Lucas-Penrose montado para refutar a teoria fisicalista, que pretende que somos uma máquina.

«E por último, estar a inferir razões pelas quais os animais agem segundo um padrão homossexual, dizendo que se equivocam ou se avaliam erradamente é precipitado.»

Ouça: é empírico: quando se expõe um animal sexuado a dois estímulos,
um do seu sexo, e um do sexo oposto, ele escolhe sempre este último. O mito da homossexualidade animal é isso mesmo: um mito. Útil, convenhamos, à defesa da tese de que a homossexualidade é natural e inata.

«Que garantias é que tem disso?»

Já lhe disse: testes empíricos. Os animais, deparados com ambas as escolhas, não escolhem o sexo homossexual.

«Há animais - como alguns tipos de símios por exemplo - que, vivendo em comunidades, em presença do sexo oposto, revelam comportamento homossexual. Há vários dados nesse sentido.»

A sua noção de animal é equivocada: o animal não faz juízos racionais. As suas opções não são livres. Se, hormonalmente, ou pela via dos sentidos, ele se deixa enganar pela ilusão de que está perante alguém do sexo oposto, ele poderá ter comportamentos que parecem ser homossexuais. Realmente, não o são. Os animais não tomam opções livres e racionais. Agem por instinto.

Cumprimentos

Espectadores disse...

Nuno,

Mesmo que seja daqueles que acham que há, realmente, homossexualidade no reino animal, eu gostava de lhe perguntar o que seguinte: em que é que isso interessa na avaliação moral da homossexualidade? Acaso o nosso padrão moral deve ser regido por aquilo que os animais fazem?

Nuno disse...

Bernardo,

Quando falei que a linearidade da avaliação moral corre o risco de permanecer apenas na estratosfera era já a contar que, no limite, terá sempre de decidir optar por um mal menor. Alguma vez seria sancionado por mentir a perseguidores quando se trata da salvar vidas humanas? Nunca, claro, por mais ou menos imoral que tal mentira seja na teoria.


Acerca relação alma e corpo. No seu discurso anterior alude várias vezes a esta distinção, que eu no entanto percebi que tomava por separação, pois só assim se explica que defenda a possibilidade de se modificar o corpo tanto quanto se queira (sistema nervoso central, cérebro, etc) que a essência permanece a mesma. A isto chama-se dualismo radical e desculpe, não é aristotélico-tomista, foi, isso sim, inaugurado por Descartes. Aristóteles já previa muito antes esta distinção, mas via a alma como "forma substancial do corpo", e assim formando um todo com este. Está longe da "res cogitans/res extensa" que viria muito mais tarde. E permita que lhe diga, foi um pouco abrupto na forma como reagiu, decidindo, sem justificar e de forma tão peremptória, corrigir a minha alusão a Descartes, quando tinha dados mais do que suficientes para ao menos tentar perceber o argumento que tinha à frente. Eu sei perfeitamente aquilo que estou a dizer pois, por acaso, até tenho formação para isso. Mas ainda que não tivesse, invalidar e supostamente corrigir à partida e sem mais um argumento sem o justificar é um tiro que lhe pode sair pela culatra, como neste caso.
E acho estranho que fale da distinção que referiu como algo justificado por uma necessidade filosófica. Mas que necessidade filosófica? Pergunte à maior parte dos filósofos do séc. XX se a distinção que faz (ou qualquer outra parecida dentro do mesmo contexto) é realmente necessária.

E ainda, se entende o corpo e a alma como apenas uma distinção formal sendo que estão necessária e intrinsecamente enredados um no outro, não percebo como defende ao mesmo tempo que tudo se possa alterar numa realidade sem afectar a outra. Eu percebo que me diga que do ponto de vista essencial, mesmo que seja possível algum dia transplantar um cérebro inteiro, a pessoa é aquela e não é outra (até porque é difícil conceber qualquer outra coisa). Mas o que é isso do ponto de vista essencial? Que consequências é que isso acarreta na prática? Isso é filosofia estratosférica de aplicabilidade reduzida. E leva-nos àquela velha questão de se eu trocar todas as peças do meu carro até ao mais ínfimo parafuso se continua a ser o mesmo carro (pelo menos continua a ser meu).

E achar que a ciência desperta para realidades cada vez mais complexas (de abordagem mais confusa, ao menos preliminarmente) nada tem a ver com intromissão de erros. Com certeza que a ciência existe é para fazer o erro regredir, mas caracterizar uma realidade como complexa não é a mesma coisa que dizer que ela está errada.

E ninguém aqui está a dizer que uma pessoa cega é menos humana, eu nunca disse isso. Tudo o que eu referi foi no sentido de mostrar que a artificialidade é, por vezes, tão fundamental à vida de tanta gente como a "naturalidade". E toda esta conversa do que é "natural" ou deixa de ser vem da conversa acerca da homossexualidade, por esta não ser considerada "natural".

(continua)

Nuno disse...

Tudo partiu desta assumpção, mas repare, eu não estou contra ela! Eu só acho que é necessário cuidado, cuidado com aquilo que é "natural". Pois há a possibilidade de até o reino animal, uma parcela "natural" do nosso ecossistema, seguir instintivamente os comportamentos que queremos pautar como anti-naturais. E daqui segue-se a minha resposta à ultima questão: não, os humanos não se devem pautar pelo que os animais fazem ou deixam de fazer até porque, caso não pareça, eu estou do seu lado nisto. Só me parece que é preciso ter algum cuidado com o tipo de argumentação utilizada.

Para que fique claro, eu concordo consigo no essencial das suas posições, não me canso de o dizer. Confesso que por vezes acho-o um pouco abrupto, mas isso será reflexo de estar constantemente a ser atacado e assim, é natural que responda às vezes menos delicadamente (em minha opinião). Mas como eu o entendo muito bem pois sofro do mesmo e pelos mesmos motivos, não faz mal :)

Abraço,

Nuno