Escreve Frei Bento Domingues,
«Depressa surgiu, neste clima, um documento fatal – a Humanae Vitae (1968) – acerca da concepção ética da vida sexual de solteiros e casados. Teve grande influência no aumento dos chamados “católicos não praticantes”.»
Ele já o escreveu várias vezes, e sempre que pode, Frei Bento Domgingues repete-o: a encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI, é "um documento fatal".
Frei Bento Domingues intitula a "Humanae Vitae" de "documento fatal". Mas mais uma vez, não diz porquê. Ora o texto pode ser lido no "site" da Santa Sé, e teria sido fácil a Frei Bento dizer exactamente o que é que é "fatal" nessa essencial encíclica de Paulo VI.
Dizer várias vezes, como Frei Bento tem feito, que o documento em questão é "fatal", mas sem explicar porquê, é bem mais grave do que uma desobediência ao Magistério. É acusar sem explicar. E, já agora, porque é que Frei Bento não escreveu "encíclica fatal", e preferiu a expressão "documento fatal"?
Frei Bento escreve ainda:
«A “papolatria” é uma doença que faz mal ao Papa, aos Bispos, aos Padres e, sobretudo, ao povo cristão.»
Onde está a falácia? Parece-me claro: Frei Bento critica a "papolatria" sugerindo a desobediência ao Papa. Frei Bento pede que abandonemos um excesso para nos lançarmos noutro. Frei Bento, falaciosamente, não concebe um católico que respeite o Papa como autoridade magisterial, sem no entanto defender que se preste culto ("latria") ao Santo Padre.
Não poderá Frei Bento elucidar-nos, a nós que seguimos fielmente o Magistério, com um resumo objectivo dos pontos que considera "fatais" nessa encíclica de Paulo VI?
Se ele não fizer isso, a sua crítica é superficial e injusta. A função de um teólogo católico é a explicação racional da verdade da doutrina católica, entendida como um serviço a Deus e à Verdade que é Deus. Se já é grave um teólogo defender a rejeição de um ensinamento de um papa, neste caso Paulo VI, é ainda mais grave fazê-lo sem apresentar uma explicação racional.
Bem dizia o Santo Padre da homilia no Terreiro do Paço:
«Sabemos que não lhe faltam filhos insubmissos e até rebeldes, mas é nos Santos que a Igreja reconhece os seus traços característicos e, precisamente neles, saboreia a sua alegria mais profunda.»
Ouçamos o Santo Padre e os Santos, e sigamos o seu exemplo.
22 comentários:
olá Bernardo,
faz confusão entre "fé adulta" e arrogância. Não digo que o Frei Bento não a tenha...não o conheço. Nos artigos que cita não o reconheço como tal.
E já que citou a frase do Papa...acho-a lamentável. Parece um padreco de aldeia a mandar recados para uma ovelhas mais arredias do rebanho. Coisa dos anos cinquenta.
Não sabemos a quem o Papa se queria referir. Ou o Bernardo tem a certeza que sabe?
Mas mesmo sabendo e usando a imagem de S. Paulo da Igreja como corpo, não há nenhum membro de que se possa prescindir (ou ficará mutilado). Não há membros nobres e menos nobres. Há membros que têm o seu lado de anjos e demónios. Que é assim que somos todos.
A Igreja não é um clube privado. Porque isso não é nem pode ser cristão. Foi por blasfemo que Cristo foi condenado. É bom lembrar!
Caro Irmão Bernardo Motta
Tem toda a razão no que diz e infere a respeito de Bento Domingues, infelizmente a antítese de Bento XVI.
Eu sei do que falo, pois conheço frei Bento pessoalmente.
Por tudo o que ele propala, herética e cinicamente, já deveria há muito ter sido proibido oficialmente de ensinar como professor universitário e como teólogo, porquanto confunde e intoxica tudo e todos, mesmo sem os seus destinatários darem por isso, quer por serem ingénuos ou ignorantes, querem por serem ateus, maus cristãos ou anticatólicos.
E mais: ele deveria já ter sido suspenso/interdito de quaisquer funções/ministérios presbiterais, tal como aconteceu, por exemplo, com o 'padre' Mário da Lixa, e mais propriamente com Leonardo Boff.
Embora, lamentavelmente, haja vários outros clérigos portugueses que pensam e agem mais ou menos como Bento Domingues, este será, porém, o protótipo do Boff português, com pequenas diferenças.
A CEP, com todo o meu respeito e reverência, tem, quanto a mim, muita responsabilidade e algumas culpas neste funesto estado de coisas, mais concretamente no facto de haver muitos sacerdotes e teólogos, indignos de tais nomes e funções, no activo, tanto em universidades como em seminários diocesanos e religiosos (o que neste último caso considero muito mais grave e escandaloso, por razões óbvias), para já não falar de inúmeros padres maus professores de religião e moral católicas, assim como de párocos infiéis, quando não mesmo escandalosos.
Como vê, e como saberá, a crise na Igreja Católica é muito mais grave e sinistra do que parece à primeira vista, muito
pior e mais profunda do que a actual crise económica e social.
E não foi por acaso, ou por mera coincidência, o facto de tal crise eclesial se ter agravado progressiva e imensamente após o Concílio Vaticano II, não por culpa dos bons Papas João XXIII e Paulo VI, que naturalmente tiveram a melhor das intenções, mas por todos aqueles maus bispos e maus teólogos que se aproveitaram indignamente de tal transparência e depuração de princípios para, traiçoeiramente, semearem a cizânia das más doutrinas e imoralidades, da libertinagem e insurreição, da infidelidade e corrupção, a vários níveis.
O resultado negativo e maligno está por demais à vista, com todos os seus perniciosos e diabólicos efeitos, não só fora do Catolicismo, mas sobretudo dentro da única Igreja de Cristo, a una, santa, católica e apostólica.
E todos nós, os que pretendem ser bons e fiéis católicos, navegamos no mesmo barco à deriva, entre mil tempestades e tormentas, prestes a afundar-se.
Só um milagre nos pode salvar, e felizmente nós sabemos e acreditamos que sim, pois Jesus Cristo assim o prometeu, embora à custa da perda eterna de muitos: os maus clérigos e maus religiosos, os cristãos infiéis, os falsos católicos, os heréticos e ímpios... caso não se arrependam e não reparem ou expiem tanto mal feito, antes de entregarem ou devolverem as suas almas ao Criador e Senhor de todas as coisas.
+ Jesus Cristo, tende piedade de nós!
Saudações amigas e fraternais, em Jesus e Maria, sempre.
José Avlis
Tenho resistido a comentá-lo, mesmo quando não entende o papel constitucional do Presidente da República, quando confunde ética e moral, quando acusa quem quer conversar consigo de relativista mesmo sabendo que um relativista, por definição, não conversa, pois nada há a conversar...
Mas sobre isto... o momento de Lisboa foi muito marcado pela passagem de uma posição defensiva sobre "ataques" (que obviamente não desmentirei) da Santa Sé ao assumir de culpas internas. A frase de Bento XVI que ouvi no Terreiro do Paço vem depois da expressão "servos de Deus". Quem está ao serviço de Deus está ao serviço do Homem como Jesus esteve. Há quem não esteja, mesmo dentro da Igreja, sempre houve. A comparação é com os santos e santas, que levaram não são doutrinalmente puros ou puras (o que quer que isso seja, em toda a sua dimensão enganadora, como se o que não se ensina não se desenvolva e sobretudo não tenha uma relação dialéctica, tensa, connosco, com o que sentimos, pensamos, valorizamos), mas viveram vidas exemplares. Deram a vida aos outros, pelos outros.
O Papa merece melhores defensores do que o Bernardo - alguém que perceba as pontes que está a tentar criar para que a Igreja continue a ser uma voz moral e em diálogo com o mundo secular posso contribuir para a ética do mundo, alguém que defende um ponto de vista sem acusar/julgar/condenar o outro ponto de vista como imoral (veja-se as declarações sobre o matrimónio e a ajuda de mães necessitadas).
Abraço
MC,
Faço-lhe duas simples perguntas. Gostava mesmo de saber como lhes responde:
1) Acha que eu posso esconder e calar algo que me parece verdadeiro, e para além de verdadeiro, muito importante para a Igreja da qual faço parte? Acaso tenho menos direito à indignação que o Frei Bento?
2) Não acha que o Frei Bento deveria ser honesto e dizer que, do Vaticano II, pelo menos ele não aceita o ponto 20 da Lumen Gentium? Na sua opinião, porque é que ele não explica às pessoas que não aceita certas constituições dogmáticas do Vaticano II?
Um abraço em Cristo
MC,
Peço desculpa: queria dizer o ponto 25 da Lumen Gentium:
« O ministério episcopal de ensinar
25. Entre os principais encargos dos Bispos ocupa lugar preeminente a pregação do Evangelho (75). Os Bispos são os arautos da fé que para Deus conduzem novos discípulos. Dotados da autoridade de Cristo, são doutores autênticos, que pregam ao povo a eles confiado a fé que se deve crer e aplicar na vida prática; ilustrando-a sob a luz do Espírito Santo e tirando do tesoiro da revelação coisas novas e antigas (cfr. Mt. 13,52), fazem-no frutificar e solicitamente afastam os erros que ameaçam o seu rebanho (cfr. 2 Tim. 4, 1-4). Ensinando em comunhão com o Romano Pontífice, devem por todos ser venerados como testemunhas da verdade divina e católica. E os fiéis devem conformar-se ao parecer que o seu Bispo emite em nome de Cristo sobre matéria de fé ou costumes, aderindo a ele com religioso acatamento. Esta religiosa submissão da vontade e do entendimento é por especial razão devida ao magistério autêntico do Romano Pontífice, mesmo quando não fala ex cathedra; de maneira que o seu supremo magistério seja reverentemente reconhecido, se preste sincera adesão aos ensinamentos que dele emanam, segundo o seu sentir e vontade; estes manifestam-se sobretudo quer pela índole dos documentos, quer pelas frequentes repetições da mesma doutrina, quer pelo modo de falar. » - Constituição Dogmática “Lumen Gentium”
Caríssimo José Avils,
Obrigado pela visita e pelo comentário. Partilho inteiramente do que escreveu. A situação é dramática, e algumas palavras do Santo Padre permitem-nos verificar que ele também está muito preocupado com a desobediência de muito católico em Portugal.
Penso que o problema está a ser tratado. O Papa Bento XVI tem feito alterações importantes na hierarquia, das quais se pode destacar a troca do núncio em Portugal e a nomeação de Monsenhor Monteiro de Castro como secretário da Congregação dos Bispos.
A nossa CEP tem bons e bravos bispos. Mas também tem alguns menos bons. Cabe-nos a nós, leigos, apoiarmos os bispos fiéis e interrogar os bispos menos fiéis.
É preciso ver que a teologia dissidente entrou em força, como referiu, nos seminários, mas também noutras instituições da Igreja Católica, nomeadamente nas escolas e universidades, e nos meios de comunicação afectos à Igreja.
Não nos safámos da onda de dissidência pós-Vaticano II. Mas acredito que vamos sair desta crise.
Como sempre, o caminho é o mesmo: penitência, conversão, oração. A mensagem de Nossa Senhora em Fátima adequa-se perfeitamente ao que devemos fazer para resolver a crise de fé na Igreja portuguesa.
Acredito que já passámos a pior fase, e que estamos na fase crescente do ciclo.
Cada vez mais fiéis reclamam uma fé consistente, clara, ortodoxa, rigorosa e séria.
As pessoas viram os resultados da teologia dissidente, no decair das vocações, nas crises de fé, na dissolução dos valores e da moral. O resultado da teologia dissidente está à vista: divórcio, aborto, homossexualidade, adultério, pornografia, e sobretudo (a origem última da imoralidade) muita heresia.
Tenhamos confiança!
Temos um grande homem ao leme da barca de Pedro.
Um abraço em Cristo
Sérgio,
«Tenho resistido a comentá-lo, mesmo quando não entende o papel constitucional do Presidente da República»
Nenhum ser humano pode servir dois Senhores. Ou Cavaco tem Cristo como senhor, ou tem o tal "papel constitucional". Ele não pode violar a sua própria consciência de cristão. No entanto, foi isso que ele fez.
E fê-lo de forma ainda mais grave, ao promulgar a infame e assassina lei do aborto em 2007.
«quando confunde ética e moral»
Qual é a diferença que coloca entre ambas? Para mim, ética ou moral são o mesmo: o conhecimento racional dos princípios da conduta humana.
«quando acusa quem quer conversar consigo de relativista»
Não seja injusto: eu só uso o termo relativista quando me deparo com relativismo.
«O Papa merece melhores defensores do que o Bernardo»
De tudo o que o Sérgio alguma vez escreveu neste meu blogue, esta é a frase com a qual eu mais concordo, e é uma frase que eu subscrevo inteiramente.
Faço o meu melhor, e se erro é involuntariamente, e achando que estou a fazer o bem e a verdade.
Mas tenho o bom senso para saber que não sou grande coisa...
Abraço!
José, reparei que escrevi mal o seu nome. José Avlis!
As minhas desculpas
Caros comentadores e caros visitantes,
Após alguma reflexão, motivada pelos bons conselhos de um bom amigo, decidi mudar a forma deste "post", sem alterar o conteúdo.
Não quero ser acusado de atacar a pessoa, em vez das ideias. O meu objectivo é criticar as referidas citações do Frei Bento Domingues, e não mover-lhe um ataque pessoal.
Peço aos que aqui comentaram que reapreciem a forma actual deste "post", alterada há pouco.
Obrigado a todos!
Olá Bernardo,
agradecida pela sua resposta. Muito agradecida também por tudo o que motivou este último comentário e o mesmo.
Quanto ao tema do post...o Bernardo sabe(tem que saber - estuda sempre estas coisas em profundidade)a história da HV. Sabe também que a maioria dos católicos não põe em prática as normas da encíclica. Não é porque sejam todos uns imorais e pretendam viver na perversidade. Basta chegarem junto de um director espiritual e o mesmo lhes diz que sigam a sua consciência (nem poderia dizer outra coisa). Consegue perceber a questão do "fatal"?
Quanto ao resto das questões que me põe já estão muito bem respondidas pelo Sérgio. Não vale a pena uma repetição das mesmas.
MC,
Não tem nada que agradecer. Muitas vezes, escrevo sob impulso, e arrependo-me frequentemente de certos excessos de linguagem, e corro assim o risco de não fazer passar a essência da minha mensagem. Além disso, não conheço o Frei Bento pessoalmente, e até pode ser (assumo que será) uma excelente pessoa. Nunca quis pôr isso em causa. Mas não consigo ficar calando quando um teólogo católico profere teologia não católica.
«Quanto ao tema do post...o Bernardo sabe(tem que saber - estuda sempre estas coisas em profundidade)a história da HV.»
Sim, conheço-a nos seus traços gerais. João XXIII cria uma comissão para estudar a matéria. A comissão pronuncia-se a favor da contracepção artificial no seio do casamento. Paulo VI reflecte, e decide em sentido contrário, mantendo a proibição da contracepção artificial.
Claro que se a MC achar que a autoridade, na Igreja, está nas mãos das comissões, mesmo que instituídas por Papas, em vez de estar nas mãos do Papa, então achará que não se deve seguir a "Humanae Vitae".
Para quem acha que o magistério está nas mãos do Papa e dos bispos a ele unidos, como ensina o Vaticano II, então devemos obeceder à HV.
«Sabe também que a maioria dos católicos não põe em prática as normas da encíclica.»
Não tenho acesso a estatísticas nessa matéria. Eu sigo as normas da encíclica, e só tenho tido coisas boas a retirar desse ensinamento. Hoje em dia, com o avanço tecnológico, a regulação da natalidade por métodos naturais é extremamente fácil, liberta a mulher da ingestão diária de "bombas" hormonais, e dá um verdadeiro sentido à sexualidade humana. A HV é ensinamento verdadeiro e profético. Só tenho coisas boas a dizer desse ensinamento, e com experiência própria.
Claro está, conheço vários casais que seguem também o ensinamento da Igreja nesta matéria, e nenhum se revela insatisfeito.
Somos uma minoria?
Somos uma maioria?
Não sei. Suponho que, dada a enorme propaganda a favor da contracepção artificial e da ingestão em massa da pílula contraceptiva, devemos ser a minoria.
Mas é uma questão de tempo. A pílula é artificial, não pode fazer bem à saúde, e pelo contrário até pode fazer mal.
Penso que é uma questão de educação até que uma grande parte da sociedade (não só os católicos) aprenda a viver a sua sexualidade de forma natural, e não artificial.
«Não é porque sejam todos uns imorais e pretendam viver na perversidade.»
Nunca disse que os casais que usam a pílula eram perversos. No entanto, digo, e diz a Igreja, que a contracepção artificial é imoral. Claro está, de um nível de imoralidade menor que outras imoralidades (ex: aborto, adultério, etc.), mas mesmo assim, imoral.
«Basta chegarem junto de um director espiritual e o mesmo lhes diz que sigam a sua consciência (nem poderia dizer outra coisa).»
Evidentemente, depende do director espiritual. Evidentemente, um director espiritual católico sabe bem que a Igreja considera a contracepção artificial como imoral, e um director espiritual católico não deverá nunca dizer a um casal católico para "seguir a sua consciência". Seria bonito, se os directores espirituais, ou os católicos em geral, deixassem de se preocupar com a verdade moral para seguir apenas "as suas consciências", mesmo que mal informadas.
Um abraço!
Boa tarde, Bernardo.
Peço desculpa de só agora responder ao seu comentário, mas a semana foi difícil...
antes de ir às suas questões comento esta afirmação sua:
"Mas não consigo ficar calando quando um teólogo católico profere teologia não católica."
Bento Domingues é católico e a Teologia que profere idem. Aqui o termo teologia é muito lato. Bento Domingues diverge em algumas questões, mas isso não faz dele um não católico. Nem sequer as questões teológicas que coloca o são.
Bento Domingues, interpela, questiona algumas coisas, mas não está em oposição a nada nem ninguém. Sei que para o Bernardo é difícil perceber a diferença entre interpelar e negar, mas ela existe.
Depois a comissão para estudo da HV também era composta por bispos. Nestas comissões. bem o sabemos, há discussões, há votações e chega-se a um consenso e síntese final.
Temos de entender a Igreja no processo histórico em que está inserida. Na preparação da HV estava a sociedade em profunda mudança, antecipava-se a fabricação futura da pílula feminina. Tudo estava inserido em nebulosas. A Igreja, por norma, reage sempre na defensiva face ao mundo. Isso reflecte-se na Encíclica. Mas também se reflecte a opção da Igreja pela vida. E essa opção continua válida, não pode é ser "cega" face ao concreto das pessoas.
A pílula veio libertar as mulheres de condicionalismos a que estavam sujeitas (por isso a sua distribuição e consumo tem níveis tão elevados) e ainda não foram provadas contra indicações graves para a saúde da mulher.
Bernardo, é questionável o "natural" e "artificial" nesta matéria.
O Bernardo partilha a sua opção pessoal (que acredito é a opção do casal),mas uma coisa são as suas convicções pessoais (que de facto coincidem com a doutrina da Igreja sobre o assunto) e outra é a liberdade de cada um as aceitar ou não na sua própria vida pessoal.
Sobre o director espiritual católico (cá estamos na mesma) suponho que quem é católico se dirige a um católico.
Abraço
MC,
«Peço desculpa de só agora responder ao seu comentário, mas a semana foi difícil...»
Sem problema!
Sei bem o que isso é.
«Bento Domingues é católico e a Teologia que profere idem.»
Claro que não é bem assim. Bento Domingues profere teologia católica se a proferir. E profere teologia de Bento Domingues se a proferir. Ele profere teologia católica sempre que a teologia que ele profere é católica. Ou acha que um católico, lá por se dizer católico, profere SEMPRE teologia católica?
Explique lá isso melhor...
Um teólogo católico NUNCA profere teologia não católica? Um teólogo católico é infalivelmente católico? Ele nunca pode errar no seu trabalho?
«Aqui o termo teologia é muito lato.»
Pois...
Estou a ver...
Lato demais!
Eu não suporto ambiguidades. Gosto de discurso claro e de seriedade no debate de ideias. E é tão fácil ler Frei Bento e dizer o que é ou não é católico. Há autores que não são claros a escrever, e que por vezes não permitem distinções tão claras. Frei Bento, quando profere teologia não católica, é claríssimo.
«Bento Domingues diverge em algumas questões, mas isso não faz dele um não católico.»
Como quando, por exemplo, ele invocou São Tomás para defender o direito ao aborto. Uma vergonha...
«Bento Domingues, interpela, questiona algumas coisas, mas não está em oposição a nada nem ninguém.»
Tem mesmo a certeza de que Frei Bento não está em oposição a nada? Dou de graça que ele não se opõe a ninguém, mas a nada? Ele não se opõe a várias ideias teológicas das quais ele discorda?
«Sei que para o Bernardo é difícil perceber a diferença entre interpelar e negar, mas ela existe.»
Sei bem a diferença. MC, deixemos os floreados de lado. Quando Frei Bento diz que a HV é um "documento fatal", ele está a "interpelar", ou está a negar a verdade da HV? Não sejamos sonsos... O Frei Bento é uma pessoa frontal, e como todos nós, terá os seus defeitos, mas um defeito que ele não tem é o de ser sonso. Ele fala e diz o que pensa. Isso é uma qualidade que lhe reconheço. Quando ele diz que a HV é um "documento fatal", evidentemente que ele rejeita essa encíclica de Paulo VI, e é evidente que ele rejeita esse ensinamento do Magistério papal. Ele não está a "interpelar", está a negar.
«Depois a comissão para estudo da HV também era composta por bispos. Nestas comissões. bem o sabemos, há discussões, há votações e chega-se a um consenso e síntese final.»
Sim, essa comissão, como todas, foi uma ferramenta da qual o Sumo Pontífice se serviu antes de tomar a sua decisão final. Entenda que o Papa toma decisões finais. Ele pode.
«Temos de entender a Igreja no processo histórico em que está inserida.»
Todas as decisões do Magistério papal são tomadas dentro de contextos históricos.
«Na preparação da HV estava a sociedade em profunda mudança, antecipava-se a fabricação futura da pílula feminina.»
Hã?
A pílula foi inventada em 1951.
«Tudo estava inserido em nebulosas. A Igreja, por norma, reage sempre na defensiva face ao mundo.»
Fico sempre espantado quando leio coisas destas de católicos. MC, se tem tanto a criticar à Igreja, porque é que é católica? Há tanta religião por esse mundo fora, caramba...
«Isso reflecte-se na Encíclica.»
Onde?
«Mas também se reflecte a opção da Igreja pela vida. E essa opção continua válida, não pode é ser "cega" face ao concreto das pessoas.»
Quando é que a HV é "cega"? Em que parágrafos?
«A pílula veio libertar as mulheres de condicionalismos a que estavam sujeitas»
Biológicos, quer dizer?
Libertar a mulher de condicionalismos biológicos? O corpo entendido como prisão?
«(por isso a sua distribuição e consumo tem níveis tão elevados)»
Tem esse consumo porque o ser humano está sob o Pecado Original: e nessa situação preferimos sempre a comodidade à verdade. Preferimos demasiadas vezes o pecado à virtude.
«e ainda não foram provadas contra indicações graves para a saúde da mulher.»
Cancro da mama não chega?
(continua)
(continuação)
«Bernardo, é questionável o "natural" e "artificial" nesta matéria.»
Como é que é questionável?
Eu acho que já me estou a repetir, mas é pouco útil proferir opiniões destas sem as fundamentar. Porque é que considera questionável a distinção entre natural e artificial?
«O Bernardo partilha a sua opção pessoal (que acredito é a opção do casal)»
Vamos lá ver: eu partilho da doutrina católica porque sou católico. E sou católico porque acredito (e entendo) que a doutrina católica é verdadeira. E é por isso que eu sigo o magistério de Paulo VI, como sigo o de todos os Papas, como sigo o Magistério da Santa Igreja:
a) porque sou católico, e sou fiel e obediente à Santa Igreja, que custodia a verdade de Cristo
b) porque sei que a doutrina católica é verdadeira e por isso mesmo digna de ser seguida
«mas uma coisa são as suas convicções pessoais (que de facto coincidem com a doutrina da Igreja sobre o assunto)»
Que coincidência!
Um católico cujas convicções coincidem com as da Igreja!
Ele há com cada maluco...
«e outra é a liberdade de cada um as aceitar ou não na sua própria vida pessoal.»
Claro que há liberdade!
Deus fez-nos livres para errar ou acertar. Para escolher o pecado ou a virtude. Para ser católico coerente ou católico incoerente. Para ser católico ou nem sequer ser católico.
«Sobre o director espiritual católico (cá estamos na mesma) suponho que quem é católico se dirige a um católico.»
MC: do mesmo modo que há, obviamente, católicos (teólogos, padres, leigos, directores espirituais) que proferem asneiras doutrinais e doutrina não católica, também os há que a proferem bem católica e bem coerente.
É que há uma coisa elementar que destrói a sua posição, MC:
1) quando se é coerente, pode-se errar ou acertar
2) quando se é incoerente, já se está errado
Um católico que profere doutrina não católica e ao mesmo tempo se diz católico já está errado. Ou erra ao proferir doutrina não católica ou erra ao dizer-se católico.
Abraço
MC,
Uma nota final sobre o uso da pílula...
Fico sempre espantado com a simplicidade e a facilidade com que tanta gente mete a sua vida em risco sem se informar. Tantas e tantas mulheres, muitas até por sugestão das próprias mães, vivem vidas inteiras encharcadas em contraceptivos, autênticas bombas hormonais que "desligam" a fisiologia natural e normal da fertilidade feminina, e acham que está tudo porreiro.
Claro está que os riscos da pílula são ainda um tema "tabu", como tudo o que possa interferir com o moderno e "sagrado" direito ao sexo e ao prazer ilimitado. Mas mesmo assim, já é bem fácil encontrar informação, no mínimo, "nebulosa":
http://www.cancerhelp.org.uk/about-cancer/cancer-questions/the-contraceptive-pill-and-cancer-risk
http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Risk/oral-contraceptives
http://www.webmd.com/breast-cancer/guide/pill-breast-cancer-risk
Mesmo com toda a ambiguidade e incerteza científica, pois ainda não desapareceu a primeira geração a usar a pílula, e temos ainda pouco historial para analisarmos as consequências de uma vida inteira a tomar estes "cocktails" hormonais, basta usar a cabecinha.
O corpo da mulher tem o seu equilíbrio hormonal natural. Uma mulher fértil não está doente. Está saudável. Obviamente, os "cocktails" hormonais que "desligam" a sua fertilidade são tudo menos naturais ou normais.
Uma nota final: mesmo que a contracepção artificial não tivesse riscos médicos, continuava a ser imoral. Paulo VI explicou isso de forma clara, cabal e irrefutável na HV.
Mas claro: ninguém lê a HV.
Mas claro: nenhum dos críticos da HV lhe consegue apontar erros concretos. Pelo contrário, tudo o que a HV previu, em 1968, em termos de consequências que adviriam da proliferação da contracepção artificial, profeticamente, concretizou-se.
Abraço
MC,
Não resisto (Deus me perdoe) a deixar uma nota final, que eu queria que fosse lida como um grito de protesto de um católico contra uma mentira generalizada.
Você, a certa altura, escreve:
«E essa opção continua válida, não pode é ser "cega" face ao concreto das pessoas.»
Imagino, e corrija-me se for injusto, que a MC concorda com a mentira de que nenhum casal católico segue a HV.
Ora contra esta mentira, eu levanto a minha voz bem alto, e digo: é perfeitamente possível viver a proposta ética de sexualidade íntegra e frutífera que a Igreja nos dá. Tudo o que a HV diz é a mais pura das verdades, e vivo essa verdade na minha própria vida.
Por isso, não mintam. Há inúmeros católicos a seguir a HV: podem muitos deles começar por mera obediência à Igreja, mas a esmagadora maioria deles é testemunha viva da verdade do ensinamento da "Humanae Vitae". A melhor prova de que a HV pode beneficiar é esta: a "Humanae Vitae", usando uma linguagem moderna, FUNCIONA!
O resto são tretas. Toda gente (mesmo não católica) bem informada acerca dos métodos naturais (e cada vez há mais e mais sofisticados) sabe bem quais são as suas inúmeras vantagens físicas, psicológicas e espirituais.
Quando eu vejo tanto católico a não seguir a "Humanae Vitae", muitos sem sequer se terem dado ao trabalho de ler esse ensinamento, fico com imensa pena. A vida que tantas pessoas poderiam ter e não têm. São pessoas que vivem vidas realmente escravas. Cristo veio libertar-nos precisamente dessa escravidão.
A proposta de Cristo é a de viver uma vida conforme com Ele. Essa vida liberta-nos, pois é o caminho para sermos nós mesmos, para nos "encontrarmos" como pessoas que somos, feitas à imagem e semelhança de Deus.
Abraço
Bernardo,
quando tiver paciência para mais venho responder-lhe:
a minha mãe morreu aos 54 anos de cancro da mama. Nunca ingeriu uma pílula. Eu ando há três anos no IPO por causa de uma mama- nunca ingeri uma pílula. Quer mais?
MC,
Como se compreende facilmente, nunca disse que a pílula era a única (ou sequer a principal) causa para o cancro da mama. Várias coisas podem causar vários tipos de cancro, e certamente que a predisposição genética para o cancro é uma delas. Mas não se pode dizer, com os dados científicos actuais, que a toma da pílula é inofensiva nessa matéria. E é matéria de obrigação moral de qualquer pessoa informar as pessoas dos riscos que correm com a toma da pílula.
Mas, depois do que me escreveu no último comentário, o nosso debate tem que mudar de tom, necessariamente.
Com toda a sinceridade possível num meio tão impessoal como este, digo-lhe que sinto imenso pela morte da sua mãe. Também eu perdi o meu pai com cancro do pulmão aos 53 anos de idade.
De modo igualmente sentido, rezarei pela cura do seu cancro. Nunca me cansei de insistir que os nossos debates não podem, nunca, resultar em inimizades pessoais, pois isso seria tolo e pouco cristão.
Neste momento, só lamento se algum comentário meu foi especialmente duro para si, sobretudo durante o período da sua doença. Se isso aconteceu, aceite, por favor, as minhas desculpas. Evidentemente, se soubesse do seu estado de saúde, teria sido menos agressivo na escrita: esse é um dos riscos da distância que a Internet cria entre as pessoas.
Um abraço,
Bernardo
Bernardo,
desde Março último o meu problema está dado como resolvido. Veremos...
Não tem nada que mudar de tom por causa dos meus problemas pessoais. E só falei neles porque me irritei ao ver que o Bernardo (assim como outras pessoas)só porque se acham conhecedores deste ou outro tema com muita facilidade avançam para a exclusão.
Ler uns artigos sobre cancro não é o suficiente para dominar a matéria. O que mais me angustiou nestes três anos (e já tinha acontecido um pouco no caso da minha mãe) foi a falta de respostas da ciência. Ter que ser eu com os poucos elementos que a ciência me oferecia a decidir o que fazer com a minha vida e o meu corpo. Sem ter a certeza de nada e correndo riscos nos dois caminhos em que tinha para escolher. No IPO de Lisboa, cruzei-me com mais casos idênticos ao meu. E no entanto todos diferentes. Mas numa argumentação em caixas de comentários tudo isso é relativizado e cria-se um argumento tipo que serve para nivelar tudo. Facilmente se constata que se pode cair em inverdades e em injustiça.
Nunca no IPO me perguntaram se tinha tomado a pílula. Mas sempre que fazia RM preenchia um questionário onde era perguntado se tinha feito a menopausa e se tomava hormonas de substituição. Melhor dizendo: em Portugal não se faz a correspondência directa entre toma de pílula anticoncepcional e cancro da mama. Mas já se faz entre as hormonas de compensação tomadas na menopausa. Sobre algumas dessas, sim, especula-se sobre a possibilidade de causa-efeito.
E só para terminar: o Bernardo numa comunidade concreta também diria nos olhos de alguém:
"se tem tanto a criticar à Igreja, porque é que é católica? Há tanta religião por esse mundo fora, caramba...".
É que eu penso que isto é completamente diabólico. Nos Evangelhos encontramos um Cristo (rosto de Deus) que atrai, inclui. Não marginaliza, não vota à exclusão. Come e convida-se para casa de pecadores, fala do Pai como o Pastor que deixa as 99 ovelhas e sai em busca da que se perdeu...o oposto de "quem não está de acordo, só tem uma saída: a porta da rua."
Conheço o suficiente de comunidades eclesiais concretas e sei bem os resultados nefastos que este modo de proceder origina. Sugiro-lhe que pense um bocadinho nisto. Nem que isso ponha algumas das sólidas construções espirituais que tem feito. Não é por mim. É pelo Evangelho.
Abraço
MC,
«desde Março último o meu problema está dado como resolvido. Veremos...»
Óptimo! Fico mesmo satisfeito!
«Não tem nada que mudar de tom por causa dos meus problemas pessoais.»
Claro que tenho. Seria estúpido, frio e calculista da minha parte não tomar em conta a situação pessoal da pessoa com quem debato.
«E só falei neles porque me irritei ao ver que o Bernardo (assim como outras pessoas)só porque se acham conhecedores deste ou outro tema com muita facilidade avançam para a exclusão.»
O que quer dizer com exclusão?
Dá-me um poder que eu não possuo! Eu não estou a excluir ninguém: limitei-me a partilhar com quem nos visita algumas questões essenciais da doutrina católica, bem como partilhar alguma experiência pessoal, testemunhando que é bom, frutífero e perfeitamente exequível seguir o ensinamento do Magistério nesta (e noutras) matéria.
«Ler uns artigos sobre cancro não é o suficiente para dominar a matéria.»
Claro que não é.
Se reparar, você é que disse que a pílula não tinha problemas comprovados em termos de riscos de saúde. E eu contestei isso: acho que a questão está bastante em aberto, e escrevi que era razoável fazer o raciocínio de que tomar bombas hormonais durante uma vida inteira é algo que não pode ser totalmente pacífico para a saúde da mulher.
«O que mais me angustiou nestes três anos (e já tinha acontecido um pouco no caso da minha mãe) foi a falta de respostas da ciência.»
Como eu a compreendo! Eu perdi o meu pai em poucos meses, com um tipo de cancro particularmente agressivo.
«Mas numa argumentação em caixas de comentários tudo isso é relativizado e cria-se um argumento tipo que serve para nivelar tudo. Facilmente se constata que se pode cair em inverdades e em injustiça.»
Reconheço que isso é possível. Mas não tenho grandes pretensões para estas caixas de comentários ou até para o blogue. Não encaro isto como tratados ou teoremas. Encaro isto como espaço de partilha de ideias, e no caso em concreto deste blogue, um espaço onde as pessoas possam vir ler argumentos para ilustração da doutrina católica, e em defesa da mesma. Só isso me move.
«Nunca no IPO me perguntaram se tinha tomado a pílula. Mas sempre que fazia RM preenchia um questionário onde era perguntado se tinha feito a menopausa e se tomava hormonas de substituição. Melhor dizendo: em Portugal não se faz a correspondência directa entre toma de pílula anticoncepcional e cancro da mama. Mas já se faz entre as hormonas de compensação tomadas na menopausa. Sobre algumas dessas, sim, especula-se sobre a possibilidade de causa-efeito.»
Não sabia.
«E só para terminar: o Bernardo numa comunidade concreta também diria nos olhos de alguém:
"se tem tanto a criticar à Igreja, porque é que é católica? Há tanta religião por esse mundo fora, caramba...".
É que eu penso que isto é completamente diabólico.»
Está a ser injusta. Sim, diria isso na cara de alguém. E diria isso de uma forma perfeitamente natural e não ofensiva. Eu não quero ofender ninguém, e o meu objectivo, como o de qualquer cristão ciente da sua missão, é o de atrair pessoas, e não de as repelir.
Mas não podemos acolher pessoas a qualquer custo, a custo, por exemplo, de trairmos os nossos princípios.
A MC dizia que a Igreja, por norma, reage face ao mundo. Eu não sei se li mal, mas pareceu-me que estava a dizer que a Igreja é atrasada, e que só sabe reagir, quando abdica de antigas teimosias. Eu acho essa forma de ver a Igreja totalmente errada e injusta. E custa-me ver uma cristã falar dessa forma acerca da Igreja de Cristo.
(continua)
(continuação)
«Nos Evangelhos encontramos um Cristo (rosto de Deus) que atrai, inclui.»
Cristo atrai e inclui pessoas, e não os seus comportamentos errados. Ele acolheu a prostituta, mas disse-lhe "Vai e não voltes a pecar!". Cristo é claro: acolhe as pessoas, mas rejeita os seus pecados.
Muita da visão que a MC tem da teologia católica é inclusiva num sentido abusivo. A MC não me parece querer apenas incluir a pessoa, convidando-a a corrigir os seus erros. A MC parece-me querer, nalguns aspectos, eliminar o pecado: o divorciado não estaria em pecado, o homossexual activo não estaria em pecado, etc, etc...
«fala do Pai como o Pastor que deixa as 99 ovelhas e sai em busca da que se perdeu...»
Claro! Mas para fazer isso, o Pastor tem que reconhecer que a ovelha realmente se perdeu, se perdeu pelos caminhos do pecado. E que para regressar a casa, essa pessoa tem que se arrepender sinceramente.
A inclusão nunca pode ser feita à custa de erodir o pecado. O pecado é a causa do afastamento da ovelha perdida. E ela só regressa se repudiar o pecado.
«o oposto de "quem não está de acordo, só tem uma saída: a porta da rua."»
Essa minha frase é um grito de chamada de atenção: veja bem, MC, o que pode fazer um cristão, ou uma cristã, que acumulou tanta irritação e incompreensão contra a sua própria Igreja!
Penso que está na hora de a MC ver mais a sua Igreja como uma Mãe, e de ter uma atitude mais filial. Digo eu...
«Não é por mim. É pelo Evangelho.»
MC: é precisamente pelo Evangelho que eu escrevo. Ou acha que não?
Um abraço
MC,
Uma última nota: há uma característica comum que a MC partilha com tantos outros católicos "contestatários" da Igreja. Vocês fazem a separação entre Cristo e Igreja. E até certo ponto, Cristo realmente não é a Igreja. Mas a Igreja é, teologicamente, a Esposa de Cristo.
Nós recebemos a fé por intermédio da Igreja. É até caso para lhe perguntar: a MC não recebeu Cristo através da Igreja? Não recebeu os sacramentos através da Igreja?
Há muito católico que acha que a Igreja se afastou demasiado de Cristo... Só que esta afirmação tem duas nuances:
a) se pretendem que a Igreja se afastou de Cristo nas práticas e na via da santidade, eu estou totalmente de acordo, e sou um dos culpados
b) se pretendem que a Igreja se afastou da DOUTRINA de Cristo, aí não contem comigo para a mentira
É na Igreja Católica que subsiste a Igreja de Cristo, sendo esta a guardiã dos sacramentos e da santa doutrina. Nesse ponto de vista, tendo a Igreja recebido a verdade de Jesus Cristo, nosso Deus, ela não pode abdicar do anúncio incessante e entusiasmado dessa verdade salvífica.
Se a Igreja procurar "suavizar" ou "amaciar" aspectos incómodos da doutrina de Cristo, nomeadamente aspectos que obrigam as pessoas a mudar erros de conduta, então a Igreja morre. Torna-se como Judas: primeiro, trai o Mestre. Depois, enforca-se. Esse é o caminho claro do desespero.
A verdade de Cristo é a verdade. E todo o católico que presume que os Santos Padres, e a Santa Igreja, não têm anunciado doutrina verdadeira está em erro e deveria interrogar-se sobre a solidez do seu catolicismo.
Cristo foi claro, ao dizer-nos que nada destruiria a sua Igreja, não foi? Como é que isso se concilia com uma Igreja que, supostamente, estaria a divulgar uma mensagem diferente da de Cristo?
Se a Humanae Vitae, ou outro ensinamento magisterial, não é doutrina de Cristo, isso quereria dizer que a mentira teria vencido, que Satanás estaria nas rédeas da Igreja, e que o Papado já não seria mais o símbolo da união e da pureza doutrinária da Igreja instituída por Cristo.
Então, por lógica, Cristo teria mentido. Absurdo!
Um abraço
Bernardo
PS: "Eu estarei convosco até ao final dos tempos", esta é a promessa do Salvador. Presente entre nós nos sacramentos e na vida da Igreja. E é por isso que devemos estimar a nossa Igreja, e que devemos obediência aos ensinamentos dos quais ela é guardiã. Ensinamentos verdadeiros, e que não nos deixarão nunca ficar mal. Oxalá os saibamos cumprir!
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