quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Grande confusão

No seu "post" Q&A, o Ludwig, na tentativa de esclarecer a sua posição, gerou uma grande confusão.

Parece-me estranho que alguém racional e cerebral como o Ludwig adopte dois pesos e duas medidas sistematicamente. Penso que não se dá conta disso. Refiro-me ao facto de o Luwdig ser tão cumpridor das tradições estabelecidas quando fala acerca de Ciência, e tão rebelde e incumpridor quando se trata das tradições filosóficas e epistemológicas.

É como se, dentro da cabeça do Ludwig, existisse uma mente de cientista (com obra feita e competência que não discuto) e simultaneamente uma mente de anti-filósofo, de alguém que rejeita toda a tradição filosófica, e mais grave ainda, toda a tradição epistemológica.

Isto nada tem a ver com ateísmo. Um ateu pode e deve definir a sua posição filosófica com algum rigor filosófico. Um ateu pode e deve conhecer a tradição epistemológica para a saber usar quando fala de Ciência, pois enquanto que o trabalho científico é Ciência, a reflexão filosófica acerca do trabalho científico é meta-Ciência, é epistemologia.

O Ludwig não pode tratar como Ciência a reflexão acerca do conhecimento científico, pois isso seria raciocínio auto-referencial, e sofreria da falácia de petição de princípio e dos problemas da circularidade.

Ora é isso que eu depreendo de vários pontos do texto dele.

«Basta que se possa inferir algo observável das hipóteses acerca de Deus.»

Eu nem sei bem o que isto quer dizer. Mas poderá ter duas leituras, julgo eu. Por um lado, que o Ludwig pretenderia que a hipótese Deus pudesse ser testada empiricamente. O que é algo de bizarro, uma vez que toda a tradição filosófica trata a hipótese Deus como uma hipótese metafísica, logo não testável empiricamente. Talvez o Ludwig não pretendesse dizer isto mas sim algo mais sofisticado, a saber, que a hipótese Deus, sendo verdadeira, deveria deixar um "rasto empírico". Ora bolas, mas a tradição filosófica também tem algo a dizer acerca disso, nomeadamente quando fala acerca da finalidade, ou seja, da causa final. O raciocínio meta-científico (filosófico) acerca das coisas que encontramos no Cosmos leva-nos à necessidade de causas finais para essas várias coisas. O argumento cosmológico, como argumento "a posteriori" que é, parte da observação da realidade empírica para montar um argumento filosófico acerca da existência de Deus. O movimento é indutivo, partindo-se da observação do Cosmos e chegando-se a uma tese metafísica.

Sendo assim, é possível fazer o que o Ludwig pede, mas como filósofo e não como cientista. Um filósofo pode inferir algo observável das hipóteses acerca de Deus, se como filósofo, vir nas coisas naturais contingentes uma causa final que remete para a causa primeira, necessária. Não estamos ainda a pretender inferir a infinitude da causa primeira a partir da observação, pois isso é muito espinhoso e difícil, e nem sei se será possível. Estamos a inferir que há uma causa primeira, e essa causa é "exterior" ao Cosmos, por não ser condicionada, por não ser contingente, por ser necessária.

Parece que Ludwig manda às malvas tudo isto, ignorando o debate filosófico como se fosse irrelevante, e não tendo a mesma preocupação com as teses filosóficas que tem com as teses científicas.

A falta de noção de fronteira fica patente também nesta frase:

«e formarmos as nossas ideias de maneira a poder descobrir quando erramos, elas dão-nos um caminho para o conhecimento. E isso é ciência.»

Pode não ser ciência. Pode ser filosofia. Quando eu afirmo "não há juízos verdadeiros de sujeito singular e predicado universal" eu tenho um método intelectual para saber com toda a certeza que acabei de errar. Chama-se a isso o método de retorsão, e é uma ferramenta filosófica muito antiga e útil para estabelecer com solidez os primeiros princípios, e neste caso em concreto, para eu saber que errei: é um caminho para um certo tipo de conhecimento sólido e seguro, só que não se trata de conhecimento científico (em sentido moderno), pois não foi obtido por via empírica. Logo, pode-se chamar esse conhecimento de conhecimento filosófico. Só este exemplo demonstra a estreiteza de vistas que o Ludwig parece postular.

Ele escreve como um adepto do cientismo. Eu sei que ele detesta "ismos", mas é uma constatação incontornável. O adepto do cientismo, antes de mais, é um materialista, ou seja, pretende que toda a realidade é empírica. Para além disso, o adepto do cientismo pretende que só é conhecimento aquilo que se pode colocar sob o crivo do método científico. Tal postura não é científica: é filosófica. Tal tese não é científica, é filosófica. E é má filosofia: é uma treta de uma tese, como aliás se demonstra facilmente:

1. O adepto do cientismo diz que uma tese só representa um caminho para o conhecimento se houver um método empírico para a testar

2. O adepto do cientismo não apresenta um método empírico para testar a tese que acabou de formular

3. Com essa sua tese inútil e auto-refutatória, o adepto do cientismo não trouxe qualquer conhecimento verdadeiro para a discussão

A incapacidade que o Ludwig parece demonstrar no que toca a traçar fronteiras há muito estabelecidas é patente, mais uma vez, neste trecho:

«Há muito na ciência que não é “causa entre outras causas” nem “ser entre outros seres”, desde o princípio de incerteza de Heisenberg às leis da termodinâmica, e incluindo todas as abstracções lógicas e matemáticas que usamos para construir modelos, como a raiz quadrada de dois ou as funções trigonométricas.»

Eu já nem parto para o debate (perfeitamente razoável) acerca do estatuto das Matemáticas, pois parece-me extremamente abusivo pretender que as Matemáticas façam parte do que hoje em dia se convencionou chamar Ciência, visto que as Matemáticas têm uma autonomia filosófica, e não dependem de confirmações ou refutações empíricas (pela via do método científico) para se susterem como conhecimento válido.

Mas deixando de lado, por agora, as Matemáticas, será que o Ludwig pretende que, por exemplo, o princípio lógico do terceiro excluído é conhecimento científico, no sentido moderno do termo? A lógica não pertence ao domínio da ciência, mas sim ao da filosofia, mais especificamente, ao domínio da metafísica, ou seja, dos primeiros princípios do conhecimento intelectual. Como pretende o Ludwig provar pelo método científico os primeiros princípios? Como se prova em laboratório a lógica clássica? E, para tomar outro exemplo, as verdades de sempre acerca dos silogismos, tão bem estudadas e conhecidas já na Idade Média e mesmo em Aristóteles? Vieram ao conhecimento humano por via do método científico? Como é que eu sei que um silogismo em Barbara é sempre verdadeiro, se as suas teses maior e menor forem verdadeiras? Medi isso com que aparelho?

O sistemático desprezo pela Filosofia, a atitude persistente em ignorar a diferença entre trabalho científico (Ciência) e reflexão filosófica acerca desse mesmo trabalho (Epistemologia) é a marca do adepto da superstição do cientismo, essa simplificação grotesca que pretende que todo o conhecimento humano com pretensão de validade deve estar sob a alçada do método científico.

Se eu fui injusto para com o Ludwig, distorcendo as suas ideias, eu agradecia imenso se ele pudesse ajudar a esclarecer estas questões, mormente a explicar, de uma vez por todas, o que pensa ele da epistemologia e da filosofia, e de que forma vê ele o conhecimento humano no seu todo, incluindo o (mas não limitado ao) conhecimento científico.

18 comentários:

Um gajo (diletante) disse...

Independentemente de todas as considerações e reflexões que possam ser feitas sobre a natureza do Conhecimento Humano, o único tipo de conhecimento que mostra uma evolução inequívoca, e que nos deu as ferramentas que todos usamos mais ou menos democraticamente, é o conhecimento Científico; desde a roda aos "microchips" dos computadores, passando pelas vacinas e antibióticos. E não é difícil de prever que continuará a fazer evoluir os nossos modos de viver.
Esse é para mim um facto indiscutível e incontornável. Esses outros tipos de conhecimento - filosófico, espistemológico, religioso e afins, são muito bonitos para termos discussões como esta sobre o valor e a natureza do conhecimento científico, mas há que ser honesto: estas discussões são becos sem saída. Não existem conclusões definitivas, mas também nem sequer temporárias como as "verdades" das teorias Científicas que vigoram até serem derrubadas por uma nova teoria que produz melhores resultados (ao nível da explicação dos fenómenos e da descrição/previsão dos mesmos).
Enquanto que o conhecimento Científico parece acumular-se de uma forma que parece aproximar-se cada vez mais de uma realidade que nem sequer procura discutir nem definir, gerando a eventual ilusão de que nos estamos a aproximar da "Realidade Última", as ideias Filosóficas parecem andar em círculos ao longo dos séculos. Pela própria natureza do que é discutido em Filosofia, não há sequer possibilidade de aferir sobre a maior ou menor aproximação à tal "Verdade" ou "Realidade", que no fim de contas todos procuramos.
No caso do Conhecimento Científico, desde que não se assuma demasiado dele, nomeadamente se não exigirmos que este represente a resposta aos nossos anseios Existenciais, então nunca desilude. Antes pelo contrário, sempre nos traz algo de novo, à medida que vai sendo construído.

Espectadores disse...

Caro "um gajo",

Antes de mais, boa tarde!

«Independentemente de todas as considerações e reflexões que possam ser feitas sobre a natureza do Conhecimento Humano, o único tipo de conhecimento que mostra uma evolução inequívoca, e que nos deu as ferramentas que todos usamos mais ou menos democraticamente, é o conhecimento Científico»

Concordo. Mas só é válido o conhecimento que evolui? O conhecimento dos princípios da Lógica pode evoluir? Quando esses princípios estão descobertos e entendidos pelo nosso intelecto, que evolução pode surgir?

Explico-me: o princípio da não contradição, que é universalmente verdadeiro, pode evoluir?

«desde a roda aos "microchips" dos computadores, passando pelas vacinas e antibióticos. E não é difícil de prever que continuará a fazer evoluir os nossos modos de viver.»

Sem dúvida!

«Esse é para mim um facto indiscutível e incontornável.»

Até aqui, não discordamos.

«Esses outros tipos de conhecimento - filosófico, espistemológico, religioso e afins, são muito bonitos para termos discussões como esta sobre o valor e a natureza do conhecimento científico, mas há que ser honesto: estas discussões são becos sem saída.»

Discordo radicalmente. Os princípios da Lógica, os princípios do raciocínio, os princípios da metafísica, são verdades necessárias e não becos sem saída.

Vou-lhe dar um exemplo:

"Há afirmações verdadeiras"

Tente, por favor, negar este meu exemplo, que corresponde a uma verdade metafísica universal, e não a um "beco sem saída".

Dou-lhe outro exemplo:

"Sou capaz de formular afirmações verdadeiras cujo sujeito é singular e cujo predicado é universal".

Tente negar esta verdade metafísica.

«Não existem conclusões definitivas, mas também nem sequer temporárias como as "verdades" das teorias Científicas»

Acabei que lhe mostrar que está errado. Quer mais?

Outro exemplo: "existe uma realidade exterior ao meu 'eu', e eu sou capaz de a conhecer como ela é".

Tente negar esta verdade filosófica.

«Existem verdades objectivas, independentes do sujeito que as formula, e elas podem ser conhecidas pelo intelecto desse sujeito"

Tente negar esta outra verdade filosófica.

«as ideias Filosóficas parecem andar em círculos ao longo dos séculos.»

Você diz isso em conhecimento de causa (é um estudioso destas questões) ou diz isso como uma opinião de quem não estudou estas questões?

Tem o direito à sua opinião.
Mas não faz sentido que alguém siga a sua opinião, se tal opinião não está sustentada no estudo das matérias em questão.

«Pela própria natureza do que é discutido em Filosofia, não há sequer possibilidade de aferir sobre a maior ou menor aproximação à tal "Verdade" ou "Realidade", que no fim de contas todos procuramos.»

Acabei de lhe dar vários exemplos de que esta sua posição está erradíssima. O que se passa é que as pessoas, em geral, têm muito mais conhecimento científico do que conhecimento filosófico. Mas a culpa é das pessoas, não é da Filosofia.

Também haverá alguma culpa dos maus filósofos, pois é mais fácil fazer má filosofia do que fazer má ciência. Mas toda a pessoa que gosta de pensar tem a obrigação de estudar a Filosofia, e separar o trigo do joio.

Como lhe mostrei, há toda uma série de verdades fundamentais, essenciais ao raciocínio humano, que caem na esfera da Filosofia e que podem ser provadas racionalmente.

Cumprimentos

PS: Sem uma Filosofia sólida, não há reflexão intelectual válida sobre Ciência. A Ciência não contém as ferramentas para se auto-estudar enquanto conhecimento. O ramo do saber que estuda o conhecimento científico é um ramo bastante digno da Filosofia, que dá pelo nome de Epistemologia. Está repleto de verdades bem conhecidas, esse ramo. Por exemplo, a Epistemologia estuda a validade do método de indução como método de obtenção de leis científicas.

Espectadores disse...

Veja a bibliografia recomendada neste site: http://scientia.artenumerica.org/livros_rec.html

Pierre Duhem, Thomas Kuhn, Paul Feyerabend, Karl Popper, Imre Lakatos, Floris Cohen, são todos grandes epistemólogos, grandes figuras da Filosofia da Ciência.

São gigantes intelectuais, dotados de conhecimento científico e de conhecimento teológico.

Confrontou a sua opinião negativa acerca da Filosofia com a obra destas figuras de vulto, que são os especialistas contemporâneos nesta área?

Espectadores disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Espectadores disse...

ERRATA

Onde escrevi:
«São gigantes intelectuais, dotados de conhecimento científico e de conhecimento teológico.»

Queria obviamente escrever:
«São gigantes intelectuais, dotados de conhecimento científico e de conhecimento FILOSÓFICO.»

Um gajo (diletante) disse...


Discordo radicalmente. Os princípios da Lógica, os princípios do raciocínio, os princípios da metafísica, são verdades necessárias e não becos sem saída.

Vou-lhe dar um exemplo:
"Há afirmações verdadeiras"
Tente, por favor, negar este meu exemplo, que corresponde a uma verdade metafísica universal, e não a um "beco sem saída".


Não sei o que é uma "verdade metafísica universal". Quando referi a história dos "becos sem saída", estava precisamente a pensar sobre as tentativas feitas pelos epistemoligistas de definirem "Verdade" ou "Realidade", as quais na minha visão do mundo são todas votadas ao fracasso. Nesta minha visão, não concebo simplesmente que a mente Humana possa alguma vez abarcar a essência última do mundo em que vive. O máximo que pode fazer, e faz razoavelmente bem através do método científico, é ganhar sucessivamente um domínio cada vez maior na manipulação do mundo, mas sem nunca sequer ter hipótese de saber o que é "realmente" esse mundo do qual no fundo faz parte. Todo o nosso raciocínio sobre o mundo parece-me resumir-se ao estabelecer de relações entre diferentes observações. Isso não nos aproxima minimamente da essência do(s) objecto(s) dessas observações. No entanto, o anseio permanece e é por isso que acabo por entrar nestas discussões metafísicas.


Dou-lhe outro exemplo:

"Sou capaz de formular afirmações verdadeiras cujo sujeito é singular e cujo predicado é universal".

Tente negar esta verdade metafísica.

Nem tento! Para isso teria que compreender essa proposição.


Outro exemplo: "existe uma realidade exterior ao meu 'eu', e eu sou capaz de a conhecer como ela é".


Ui! Aqui sim, já está a ser dito algo do qual discordo completamente - isto se estiver a entender correctamente.
A primeira parte ainda concedo de "barato", até porque não me parece ser uma afirmação muito forte.
Mas na segunda parte em que afirma "e eu sou capaz de a conhecer como ela é" já tenho que colocar um travão para irmos mais devagar. Talvez se me der um exemplo de algo pertencente ao mundo exterior que acha que conhecemos "tal como é", isso possa ajudar a progressão da nossa discussão.
Eu vou dar-lhe o meu exemplo:

A Física Atómica é provavelmente uma das disciplinas do conhecimento que efectua previsões quantitativas com a maior precisão conhecida pelo Homem. E faz isso recorrendo a abstrações tais como a noção de "electrão" ou de modo mais genérico "partícula elementar", sobre as quais não podemos no entanto sequer dizer que saibamos o que sejam. Ninguém pode dizer que a noção do electrão da Física corresponda ao retrato intrínseco de uma parte da Natureza, pois nem sequer a conseguimos exprimir fora do contexto das equações da Física Quântica. As propriedades do objecto que a Física designa por electrão são de tal modo desconcertantes e contraditórias, que os Físicos nem sequer perdem tempo com isso. No entanto, os modelos do conjunto de disciplinas englobadas pela Física Atómica, Física Quântica e "Física das Altas Energias" permitem-nos realizar proezas tecnológicas bem concretas e úteis como a imagiologia PET que é simplesmente uma das técnicas mais avançadas e promissoras de investigação médica numa multitude de campos da Medicina.

Um gajo (diletante) disse...

No entanto, apesar deste tipo de proezas, acho que as pessoas que acreditam que estes conhecimentos da Física das partículas elementares lhes conferem o tal conhecimento da Realidade "tal como ela é", estão simplesmente a fechar a porta a muitas perguntas. E é minha convicção que a cadeia de perguntas que um ser pensante é capaz de formular sobre qualquer assunto é tão infindável quanto o é a cadeia de respostas encontradas para as mesmas. O comprimento da cadeia depende apenas do momento em que aceitamos uma dada resposta como um ponto de partida indiscutível ou desnecessário de discussão. A história da Ciência mostra-nos no entanto que os pressupostos de "ontem" são meras consequências dos postulados de "hoje".

Claro que esta minha convicção pessimista sobre o alcançe do conhecimento Humano, não tem qualquer fundamento racional para além de um "feeling".
Mas se nem na Matemática é possível formular conjuntos completos de Axiomas que permitam responder a qualquer pergunta que se formule (resultado dos trabalhos de Gödel), o que esperar para os outros domínios do pensamento, nomeadamente este em que estamos a discutir a totalidade das coisas?

Em resumo, é minha convicção de que o conhecimento absoluto procurado por algumas correntes Filosóficas é uma utopia. Realço que esta convicção não é fundamentada em nenhum raciocínio "absoluto" - o que seria uma auto-contradição demasiado óbvia e estúpida - mas decorre da minha percepção de que se nem mesmo nos domínios do conhecimento com maior objectividade (Física e Matemática), existe consenso sobre o significado dos fundamentos, o que podemos nós esperar para assuntos tão difíceis de definir como os que a Filosofia pretende tratar?



PS: Sem uma Filosofia sólida, não há reflexão intelectual válida sobre Ciência. A Ciência não contém as ferramentas para se auto-estudar enquanto conhecimento. O ramo do saber que estuda o conhecimento científico é um ramo bastante digno da Filosofia, que dá pelo nome de Epistemologia. Está repleto de verdades bem conhecidas, esse ramo. Por exemplo, a Epistemologia estuda a validade do método de indução como método de obtenção de leis científicas.


Penso que muita boa Ciência foi conduzida por crenças Filosóficas Optimistas (como no caso dos trabalhos de Einstein), mas também existem outros tantos bons exemplos de Cientistas igualmente fundamentais que conduziram o seu trabalho de investigação com base em juízos mais pragmáticos (casos de Bohr, Heisenber, Feynman,...). Em conclusão, penso que a reflexão feita pela Filosofia sobre a Ciência representa uma vã tentativa de compreender o que a Ciência é. Ningúem sabe qual é o significado do conhecimento Científico e a única validação que este pode obter é a que lhe provém dos resultados da sua aplicação à engenharia.
Não é por haver um estudo sobre a maior ou menor validade do método de indução na obtenção das leis científicas que iremos deixar de as usar. Em rigor, todas as leis científicas são nalgum ponto induzidas, nem que seja ao nível dos postulados ou axiomas.

E isso é tudo quanto temos!

Ludwig Krippahl disse...

Bernardo,

Só uma achega rápida que o tempo é pouco. Dizer que de uma hipótese podemos inferir algo observável equivale a dizer que é empiricamente testável. Não pode ser uma coisa sem ser a outra. Porque se é empiricamente testável então tem de ter alguma consequência sobre o que observamos. E se tem consequência sobre o que observamos então pode ser testada confrontando-a com os dados observados.

Por isso se defendes que a hipótese do teu deus existir não é uma hipótese empiricamente testável estás a afirmar que, no que toca a tudo o que podemos observar, não faz qualquer diferença essa hipótese ser verdadeira ou falsa. Porque se fizesse alguma diferença poderíamos testar empiricamente a verdade da hipótese observando aquilo que seria diferente.

E isto não tem nada que ver com essa coisa das coutadas, de umas questões pertencerem à filosofia e outras à ciência, etc. É algo muito mais fundamental que isso. Se afirmas uma proposição que implique certas observações ela pode ser empiricamente testada. Se não pode, então não tem qualquer consequência naquilo que se pode observar.

Em suma, tens de escolher. Ou a tua hipótese para a existência de um deus é empiricamente testável ou é inconsequente. Não há outra alternativa.

Nuno disse...

Haverá coisa mais empiricamente testável do que uma profunda transformação de vida operada naquele que crê? É tão visível quanto o nosso jardim das traseiras, aquele que nos habituámos sempre a ver da mesma forma, até nos esquecermos dele e preferirmos outro.

Não há nada de mais empírico do que a presença de Deus no mundo e em cada um. E apesar desta presença existencial ser demonstrada apenas pessoalmente, a experiência concreta- pessoal - facilmente é abstraída em comunidade, na comunhão à qual ela impele. E isto, é do mais científico que pode haver. Simplesmente, se a hipótese em questão é demasiado complexa (ou demasiado simples), a sua observância também participará da mesma perturbação, e terá de ser entendida de forma consonante com os requisitos desta.

O problema da existência de Deus será sempre um problema de sentido. Um ateu, fundamentalmente, anda pelo mundo a passear e a engordar o material genético para o entregar na próxima estafeta geracional, tarefa que apesar de tudo não culminará em qualquer propósito, nunca.

Já um místico, sabe que é diferente. E pode perfeitamente avaliar a sua experiência e ser construtor de sentido da mesma forma que um cientista é construtor de sentido. Ambos têm legitimidade para irem refinando o modelo que têm da existência, quer pessoal, quer comunitariamente.
Simplesmente, para um ateu este modelo não existe. O que, se virmos bem, é tão tolo como recusar a existência do trabalho de um cientista de bata branca.

Bottomline, imho, mais do que "ver", a experiência de Deus é mais um "deixar-se ver". Mas "ver". Sempre.

Abraço

Ludwig Krippahl disse...

Nuno,

O que se testa são hipóteses, não a experiência em si. Se eu vejo um elefante cor de rosa a voar à minha volta, é essa minha experiência. Não a testo. Sinto-a. O que posso testar são as hipóteses que a explicam. A hipótese de que existem elefantes cor de rosa que voam. Ou a hipótese de que estou a alucinar.

Por isso a questão não é “de sentido” – seja lá o que isso for – mas sim da verdade das hipóteses. Qualquer pessoa pode achar que o sentido da sua vida é Jeová, Odin, o Pai Natal ou a Fada dos Dentes. Isso é com cada um. O que me interessa é saber como podemos testar as hipóteses destas coisas existirem de forma a poder saber quais, se alguma, existe de facto.

Porque saber não é apenas sentir ou julgar que se conhece o sentido. É compreender e perceber porque é que a hipótese certa e aquela em vez de outra qualquer.

Espectadores disse...

Caro "Um Gajo",

«Não sei o que é uma "verdade metafísica universal".»

Trata-se de algo que é verdadeiro, independentemente do mundo físico. Por exemplo, afirmar que 1=1 é uma verdade metafísica universal. É verdadeira sempre e em toda a parte. Aliás, é verdadeira sem ter em consideração o tempo ou o espaço. Por isso se chama "metafísica".

«Quando referi a história dos "becos sem saída", estava precisamente a pensar sobre as tentativas feitas pelos epistemoligistas de definirem "Verdade" ou "Realidade", as quais na minha visão do mundo são todas votadas ao fracasso.»

A sua visão do mundo, neste capítulo, está errada. A única forma de se conferir valor de conhecimento a trabalho científico é aderir à definição clássica de verdade: "veritas est adequatio rei et intellectus". Ou seja, a verdade consiste na adequação do intelecto à realidade. Dito por outras palavras, a verdade consiste em identificar a ideia à coisa. Todo o cientista trabalha admitindo esta definição de verdade.

Logo, ao invés do que você afirmou, a definição filosófica clássica de verdade, não só não está votada ao fracasso, como tem que ser necessariamente verdadeira, e com base nela, fez-se TODA a ciência existente. E far-se-á muito mais ciência.

A Filosofia, sobretudo a moderna, inventou muitas definições filosóficas de verdade (subjectivista, utilitarista, etc.). Mas nenhum cientista com juízo as utiliza. Todos os cientistas, mesmo sem o saberem, usam a formulação clássica que indiquei atrás. E usam-na com sucesso.

«Nesta minha visão, não concebo simplesmente que a mente Humana possa alguma vez abarcar a essência última do mundo em que vive.»

Não sei o que entende por "essência última do mundo": certamente que o Homem pode ter certezas absolutas. Já indiquei várias, e posso indicar muitas mais. Os princípios da Lógica são certezas absolutas, às quais conseguimos chegar pelo uso do nosso intelecto.

«O máximo que pode fazer, e faz razoavelmente bem através do método científico, é ganhar sucessivamente um domínio cada vez maior na manipulação do mundo, mas sem nunca sequer ter hipótese de saber o que é "realmente" esse mundo do qual no fundo faz parte.»

Ou seja, usar o método científico sem saber se ele está certo? Ter ideias "que funcionam" sem ter a certeza de que correspondem à realidade? Ora isso não é um problema: há provas filosóficas rigorosas para a validade da definição clássica de verdade.

Imagine que eu afirmo:

"Ao fazer afirmações objectivas, pretendo dizer como uma determinada coisa é em si mesma"

Tente negar esta frase: se a tenta negar, você entra em contradição, pois a sua própria negação pretende dizer que determinada coisa (a minha afirmação) é falsa.

Logo, é necessário que as nossas afirmações sejam acerca das coisas como elas são. Podemos errar. Mas quando afirmamos, pretendemos ser objectivos.

A única definição válida de verdade é a que diz que uma afirmação verdadeira consiste numa identidade
entre uma ideia (afirmada) de uma coisa e a própria coisa real.

«Todo o nosso raciocínio sobre o mundo parece-me resumir-se ao estabelecer de relações entre diferentes observações.»

Afirmar que 1=1 depende de alguma observação?

«Isso não nos aproxima minimamente da essência do(s) objecto(s) dessas observações.»

Claro que nos aproxima. Se observo vários metais, aproximo-me da essência do que é um metal.

«"Sou capaz de formular afirmações verdadeiras cujo sujeito é singular e cujo predicado é universal".

Tente negar esta verdade metafísica.

Nem tento! Para isso teria que compreender essa proposição.»

Ok: um exemplo.
"O teorema de Pitágoras é verdadeiro".
Trata-se de uma afirmação com sujeito singular ("o teorema de Pitágoras") e predicado universal ("é verdadeiro").

(continuação)

Espectadores disse...

(continuação)

«Talvez se me der um exemplo de algo pertencente ao mundo exterior que acha que conhecemos "tal como é", isso possa ajudar a progressão da nossa discussão.»

Uma maçã.

«Eu vou dar-lhe o meu exemplo»

O seu exemplo é muito sofisticado e interessante, e percebo perfeitamente onde quer chegar. Ninguém nunca observou um electrão. Trata-se de uma conjectura que se encaixa muito bem num potente modelo teórico da realidade subatómica. E concordo consigo que há partes da realidade que são de difícil compreensão. As partículas subatómicas fazem parte do grupo de coisas difíceis de compreender. Mas:

1) Serão impossíveis de serem compreendidas? Hoje não, mas não será que um dia compreenderemos bem melhor essas partículas conjecturais?

2) Hoje em dia, fazemos experiências (veja-se o trabalho desenvolvido nos aceleradores de partículas) que comprovam, à sua maneira, a existência de determinadas partículas: comprovam por observação directa? não. comprovam porque os resultados dessas experiências encaixam-se no modelo teórico que prevê determinada partícula: e daí conclui-se que ela deve existir

3) o seu exemplo microscópico não interfere com a realidade macroscópica: a indeterminação quântica apenas se verifica à escala microscópica: os objectos grandes não apresentam indeterminação

Repito: você pode compreender uma maçã pelo que ela é. Trata-se de um objecto macroscópico. E acho que você está a ser demasiado modesto face ao que JÁ SABEMOS sobre a escala microscópica. Sabemos IMENSO. Falta-nos saber muita coisa.

Mas a sua posição ultra-céptica ou ultra-agnóstica não faz sentido.

Cumprimentos

Espectadores disse...

Caro "Um gajo",

Continuando, agora com o seu último comentário:

«Claro que esta minha convicção pessimista sobre o alcançe do conhecimento Humano, não tem qualquer fundamento racional para além de um "feeling".»

Esse é o problema da sua convicção pessimista: ausência de fundamento racional. Ao invés, a definição clássica de verdade pode ser defendida como verdadeira usando o método de retorsão. Mais do que um "feeling" a definição clássica de verdade como adequação do intelecto às coisas é uma definição fundamentada de forma sólida e racional.

«Mas se nem na Matemática é possível formular conjuntos completos de Axiomas que permitam responder a qualquer pergunta que se formule (resultado dos trabalhos de Gödel)»

Ah, mas está cometer um erro: dos resultados de Godel sobre a incompletude (que, obviamente, não contesto), ou seja, da conclusão de que a formalização matemática é uma tarefa infindável (e é), você está a concluir de forma ilegítima que não existe conhecimento matemático verdadeiro, no sentido em que o conhecimento matemático QUE JÁ TEMOS, na sua opinião, não tem nada a ver com a realidade.

«o que esperar para os outros domínios do pensamento, nomeadamente este em que estamos a discutir a totalidade das coisas?»

A sua posição é demasiado desesperada. Porquê ser tão pessimista e tão irrealista? A ciência consiste na compreensão de como as coisas são. E demos passos de gigante nesse campo. Em Filosofia, temos certamente verdades universais. É certo que elas são verdades metafísicas e filosóficas, que (aparentemente) não são "práticas" nem "aplicadas". Mas isso é uma ilusão. Sem nos darmos conta, usamos verdades metafísicas todos os dias, e elas fundamentam todo o trabalho científico, esse sim com aplicações práticas bem conhecidas.

«Em resumo, é minha convicção de que o conhecimento absoluto procurado por algumas correntes Filosóficas é uma utopia.»

Nunca falei em conhecimento absoluto, no sentido de conhecimento TOTAL. Falei em conhecimento de certas verdades absolutas.

«o que podemos nós esperar para assuntos tão difíceis de definir como os que a Filosofia pretende tratar?»

O trabalho de Gaston Isaye, atrás referido num outro texto meu, faz precisamente isso. Apresenta verdades filosóficas de forma sustentada e crítica, numa apresentação feita para ser demonstrativa, e para resistir às críticas e às tentativas de refutação.

«Em conclusão, penso que a reflexão feita pela Filosofia sobre a Ciência representa uma vã tentativa de compreender o que a Ciência é.»

Como pretende sustentar criticamente essa afirmação?

«Ninguem sabe qual é o significado do conhecimento Científico e a única validação que este pode obter é a que lhe provém dos resultados da sua aplicação à engenharia.»

"Ninguém sabe" não será uma afirmação sua um pouco precipitada. Falou com toda a gente, viva ou morta?

«Não é por haver um estudo sobre a maior ou menor validade do método de indução na obtenção das leis científicas que iremos deixar de as usar.»

Correcto. Mas com esse estudo, podemos evitar a asneira que consiste em dizer que o conhecimento científico não é válido ou que o método científico não pode ser demonstrado filosoficamente.

Só a (boa) filosofia resolve estes problemas epistemológicos de forma crítica. Você pode afirmar que não leu ainda um epistemólogo que o convencesse. Mas isso é diferente de afirmar, como você faz, que esse epistemólogo não existe.

Cumprimentos

Espectadores disse...

Caro Ludwig,

Olá!

«Dizer que de uma hipótese podemos inferir algo observável equivale a dizer que é empiricamente testável.»

Não é verdade para todas as hipóteses empíricas. Dou-te um contra-exemplo simples, mas todas as hipóteses históricas são contra-exemplos. É quase incontroverso que Napoleão Bonaparte tomou a coroa imperial das mãos do Papa Pio VII para a espetar na cabeça da Josefina. Por isso, seja a hipótese:

H: "Napoleão tirou a coroa imperial das mãos de Pio VII e meteu-a na cabeça de sua mulher Josefina"

Pode-se inferir algo observável acerca de H, mas esse algo já ocorreu no passado. A hipótese H não é metafísica, mas sim "física", ou seja, "empírica", pois diz respeito a eventos com lugar no tempo e no espaço. No entanto, a hipótese H não é empiricamente testável, pelo menos no sentido que tu darás a um teste empírico.

A tese H obtém-se pela aplicação do método de indução aos registos históricos existentes. Mas, por exemplo, só pela observação do célebre quadro da coroação pintado pelo Jacques-Louis David, não podes provar que H é verdadeira. Esse quadro, juntamente com outras evidências, alimenta a veracidade de H, mas não constitui uma prova.

Agora, um exemplo da religião cristã:

H: "Na madrugada do terceiro dia após a sua crucificação, o nazareno Jesus Cristo ressuscitou, tendo o seu corpo morto regressado à vida"

Esta tese H postula algo de claramente empírico (o facto proclamado da ressurreição), independentemente da causa desse acontecimento (que será sempre uma causa metafísica, pois nada há na Natureza que proporcione a ressurreição dos mortos). E, no entanto, H, como todas as hipóteses históricas, não pode ser sujeita a testes empíricos. O que podes fazer é adicionar uma série de dados históricos a um quadro hipotético que reforce (ou enfraqueça) H.

«E se tem consequência sobre o que observamos então pode ser testada confrontando-a com os dados observados.»

O que escreves aplica-se a fenómenos sujeitos a leis naturais. E os fenómenos resultantes de decisões livres? Toma esta:

H: O Bernardo gosta dos filmes da série James Bond

Esta não é uma tese inteiramente empírica, mas ela desvanece se não tiver o suporte de qualquer evidência empírica:

a) eu a comprar um DVD da série

b) eu a ir ao cinema ver um filme da série

c) eu a ver um filme da série na televisão

d) etc.

Se eu nunca tivesse visto um só segundo da série, eu nunca poderia ser um fã, por a desconhecer.

Os testes empíricos que se podem fazer à tese são muito fracos. Eu poderei estar, a dada altura, numa sala de cinema com o efeito de escrever uma crítica, mesmo sem ser um fã da série.

Em suma: o teste empírico é pouco determinante a ajuizar hipóteses relativas a intenções (ou gostos) de acções tomadas por agentes livres.

E, no entanto, é empiricamente relevante se eu gosto ou não das séries do James Bond, no sentido em que eu terei que deixar algum "rasto empírico" se essa hipótese for verdadeira.

(continua)

Espectadores disse...

(continuação)

«Por isso se defendes que a hipótese do teu deus existir não é uma hipótese empiricamente testável estás a afirmar que, no que toca a tudo o que podemos observar, não faz qualquer diferença essa hipótese ser verdadeira ou falsa.»

Depende do que entendes por "teste empírico". Como ente não corpóreo, Deus não pode ser medido nem pesado nem analisado com instrumentos científicos.

Mas evidentemente, seria uma miséria ser cristão e pretender que o que se observa à nossa volta seria o mesmo se Deus não existisse. Por isso é que existe a velha tradição da Teologia Natural, que parte da observação da Criação. Certamente que, da observação empírica, o teólogo (e qualquer crente) pode retirar muitos dados que alimentam a hipótese metafísica: "Deus existe".

Existe, então, toda uma tradição filosófica que, da observação da Criação, cria uma hipótese filosófica relativa à existência de Deus. Essa hipótese é 100% filosófica (metafísica, se quiseres), mas no caso da Teologia Natural, alimenta-se exclusivamente de observações empíricas.

O que não é o mesmo que afirmar que a existência de Deus pode ser demonstrada empiricamente, em sentido científico (o que usarás, penso eu).

«Se afirmas uma proposição que implique certas observações ela pode ser empiricamente testada.»

Tu podes usar a Ciência para estimar as constantes que estruturam o Cosmos. Essas constantes alimentam modelos teóricos, que foram sujeitos a teste empírico.

E, no entanto, é filosófica a conclusão de que este nosso Universo apresenta uma finalidade, que requer uma Causa externa a esse Universo.

Neste caso, o teste empírico consiste apenas na validação do "fine tuning" do Universo, pois a tese de que esse "fine tuning" pede uma Causa Primeira é uma tese filosófica.

Abraço

Espectadores disse...

Caro Nuno,

Há uma forte componente de verdade no que escreve, no sentido em que um observador externo a uma comunidade de cristãos tem que tomar em consideração as mudanças de vida que constata nos membros dessa comunidade. E tomar outras coisas em consideração, como dar-se conta de que os primeiros cristãos, mesmo que alguns deles fizessem parte da elite social do Império Romano e tivessem uma vida confortável, estivessem dispostos a deixar-se matar numa arena por amor a Cristo.

Nesse sentido, qualquer observador imparcial dá-se conta da incontável mole de dados empíricos que alimentam a Hipótese cristã.

No entanto, num aspecto o Ludwig tem razão: se queremos progredir de uma hipótese indutiva aduzida pelas testemunhas de vida dos cristãos para uma tese universalmente válida, temos que sair do terreno subjectivo das vidas individuais, e das percepções individuais, para o terreno universal da racionalidade.

Por isso é que eu tenho a firme convicção de que uma argumentação filosófica racional, que não exija a aderência da Fé, seja um caminho mais universal para convencer um ateu de que Deus existe.

Abraço,

Bernardo

Space Shanty disse...

Sr. Bernardo

Olá
"Pode reforçar a sua "já" firme convicção de que uma argumentação filosófica racional, que não exija a aderência da Fé, seja um caminho mais universal para convencer um ateu de que Deus existe."

Ela (essa argumentação) sempre existiu e chama-se
"A M O R"
http://www.youtube.com/watch?v=8YqCMT_WCt0bopher


Abraço

V. L. L. B. V. disse...

O "gajo" que me desculpe, mas ele não montou todo o discurso dele com base no avanço tecnológico, foi?
O pensamento foi pensado por um processador da Intel? AMD?
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