"Mas, no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça" - Primeira Carta de São Pedro, cap. 3, vs. 15.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
In memoriam - António Telmo (1927-2010)
Ainda me lembro do espanto, quando há uma catrefada de anos eu perguntei à minha amiga Joana Vitorino: "O António Telmo é teu tio?!". Na altura, ignorantão, eu não conhecia a valiosa obra do próprio pai da Joana, o Orlando Vitorino (1922-2003). Mal refeito do espanto, pois na altura eu devorava os livros de António Telmo, disse à Joana: "E achas que eu poderia um dia falar com o teu tio?". Ela confirmou, claro, dizendo-me que o tio estava a viver em Estremoz, e que poderíamos combinar ir lá um dia. Eu respondi, sempre optimista: "Sim, vamos combinar isso!". Nunca combinei essa ida a Estremoz. Sou irremediavelmente estúpido. A notícia da sua morte a 21 de Agosto último, noticiada ontem na televisão, caiu ontem sobre mim como um balde de água gelada.
Para quem não conhece a obra destes irmãos, é difícil entender este meu fascínio. A dada altura, mergulhado nas páginas de um dos livros de António Telmo, dei comigo a pensar: "esta é uma das melhores mentes portuguesas vivas!". Era mesmo... Eram filósofos grandes. Grandes pelos seus conhecimentos e pela sua largueza de vistas. Grandes pela humildade. Grandes pelo seu amor a Portugal.
Na quinta-feira, pelas 18 horas, na Biblioteca Nacional, haverá uma homenagem ao António Telmo. Será apresentado o livro "O Portugal de António Telmo". Falará outro grande: o Pinharanda Gomes. Um evento imperdível.
Eis os dados biográficos básicos sobre António Telmo...
«António Telmo Carvalho Vitorino, nascido a 2 de Maio de 1927, em Almeida (Guarda) integrou aos 23 anos o grupo Filosofia Portuguesa depois de ter tido contacto com José Marinho (1904-1975) e Álvaro Ribeiro (1905-1981). A convite de Agostinho da Silva (1906-1994) e de Eudoro de Sousa (1911-1987), foi professor de Literatura Portuguesa durante três anos, na Univers 2 de Maio de 1927, em Almeida (Guarda) integrou aos 23 anos o grupo Filosofia Portuguesa depois de ter tido contacto com José Marinho (1904-1975) e Álvaro Ribeiro (1905-1981). A convite de Agostinho da Silva (1906-1994) e de Eudoro de Sousa (1911-1987), foi professor de Literatura Portuguesa durante três anos, na Universidade de Brasília. Leccionou ainda em Granada e, de regresso a Portugal, foi director da Biblioteca de Sesimbra, onde residira, e posteriormente radicou-se em Estremoz, onde foi professor de Português.»
Eis a sua obra escrita...
- Arte Poética, Lisboa, Guimarães, 1963.
- História Secreta de Portugal, Lisboa, Vega, 1977.
- Gramática secreta da língua portuguesa, Lisboa, Guimarães, 1981.
- Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões, Lisboa, Guimarães, 1982.
- Filosofia e Kabbalah, Lisboa, Guimarães, 1989.
- O Bateleur, Lisboa, Átrio, 1992.
- Horóscopo de Portugal, Lisboa, Guimarães, 1997.
- Contos, Lisboa, Aríon, 1999.
- O Mistério de Portugal na História e n’ Os Lusíadas, Lisboa, Ésquilo, 2004.
- Viagem a Granada, Lisboa, Fundação Lusíada, 2005.
- Contos Secretos, Chaves, Tartaruga, 2007.
- A Verdade do Amor, seguido de Adoração: Cânticos de amor, de Leonardo Coimbra, Lisboa, Zéfiro, 2008.
- Congeminações de um neopitagórico, Vale de Lázaro, Al-Barzakh, 2006/ Lisboa, Zéfiro, 2009.
- A Aventura Maçónica, Lisboa, Zéfiro, 2010.
- Luís de Camões, Estremoz, Al-Barzakh, 2010.
- O Portugal de António Telmo, Lisboa, Guimarães, 2010.
PS: Ler este magnífico À conversa com António Telmo. É uma forma de tocarmos ao de leve no intelecto deste pensador de vulto.
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