Mesmo comentadores ateus moderados e ponderados com o Ludwig caem, frequentemente, numa situação de falta de objectividade quando se trata de criticar a Igreja Católica.
Há um pressuposto, um "parti pris" anticatólico, que tolda a visão mesmo do ateu mais esclarecido e ponderado.
No seu blogue, o Ludwig criticou recentemente as palavras do Papa Bento XVI na sua visita ao Reino Unido. E é espantoso verificar como, num texto que o Ludwig intitulou de Treta da semana: papal disparatismo, o Ludwig se entala em várias tretas e disparates. Sem dúvida, todos não desejados. Não se trata de questionar a honestidade do Ludwig, mas sim a sua falta de objectividade quanto se trata de comentar este tipo de temas.
Vejamos disparate a disparate.
Ou se preferirmos, vejamos treta a treta...
1. Bento XVI teria classificado o nazismo de ateu
Este é, claramente, um problema de leitura. Ou se quisermos, de interpretação do texto lido. Diz o Ludwig:
«Criticando o que chama de “secularismo agressivo”, o Papa recordou aos britânicos a sua luta corajosa «contra uma tirania Nazi que queria erradicar Deus da sociedade»(3). Isto porque, de outra forma, os britânicos só se recordariam dos bombardeamentos e das invasões, esquecendo que o maior perigo da segunda grande guerra foi o ateísmo»
Ora isto é totalmente um tiro ao lado. Bento XVI, homem culto, não está a chamar Hitler de ateu nem está a classificar o Terceiro Reich de projecto ateísta. Eis as palavras do Papa, que raramente são lidas na fonte pelos seus críticos (Ludwig faz o típico: cita jornais):
«Também na nossa época podemos recordar como a Grã-Bretanha e os seus chefes se opuseram a uma tirania nazista que tinha no ânimo desenraizar Deus da sociedade e negava a muitos a nossa comum humanidade, sobretudo aos judeus, que eram considerados como não dignos de viver.»
O que quer o Papa dizer com o objectivo nazi de "desenraizar Deus da sociedade"? Estará o Papa a culpar o ateísmo pelos crimes nazis? Não se vê como... O Papa refere-se ao objectivo nazi de descristianizar a sociedade alemã, e por arrasto, a Europa. O plano nazi passava por remover a doutrina e a moral cristã da "weltanschauung" do comum dos mortais. E substituí-la pela cosmovisão nazi. Era ateia, essa cosmovisão? Não: era de tipo pagão, apesar de também ter o ateísmo como um dos seus ingredientes. Era uma mistura de mitos nórdico-germânicos com esoterismo "à la carte" (teosofista, neognóstico, neotemplário, ocultista, etc.) e com o ateísmo de Nietzsche. A doutrina nazi era uma mistura algo indigesta, mas seria pouco rigoroso classificá-la de ateísta.
Bento XVI está a afirmar algo que é bem sabido: Hitler queria desalojar Cristo, o Deus dos Cristãos, da cultura. Há aliás inúmeras citações de Hitler, de Himmler, ou de Goebbels a dizer precisamente isso. Basta aliás ler o "Mein Kampf" para se ver todo o programa de descristianização da sociedade.
Diz ainda o Ludwig sobre esta questão:
«Além das incorrecções históricas, a ligação entre o ateísmo e o nazismo é falaciosa. Mesmo que Hitler tivesse sido ateu, coisa que estava longe de ser, não se podia inferir daí que o problema do nazismo era o ateísmo.»
É caso para perguntar: e o Papa diz isso? Diz que Hitler era ateu, ou que o problema do nazismo era o ateísmo? É caso para recomendar ao Ludwig: "Lê o texto do Papa!". Não seria mais interessante criticar as palavras do Papa em vez de criticar a leitura que um jornalista da BBC fez sobre essas palavras?
Depois, segue-se a segunda argolada do Ludwig:
2. O nacional-socialismo teria uma base cristã
Diz o Ludwig: «Ratzinger esqueceu, no entanto, a base cristã do nacional socialismo.». Isto dá vontade de rir, mas o melhor era chorar.
O Ludwig não explica como é que o nazismo, essa ideologia do ariano nórdico montada sobre mitos e ideias de força, de supremacia do poder, se concilia com a doutrina cristã do pobre, manso e humilde Cristo. De tal forma o nazismo não pega com o cristianismo que Hitler se viu obrigado a inventar uma pseudo-igreja alemã intitulada "Deutsche Christen", sustentada numa patética deturpação do cristianismo, na qual Cristo seria ariano e não judeu.
Mas por detrás da confusão do Ludwig, há uma verdade. Hitler, realmente, capitalizou sobre os sentimentos antisemitas dos alemães e dos austríacos. Hitler, aliás, esteve mergulhado desde novo nesses sentimentos. E é sabido que esses sentimentos, alguns velhos de séculos, antes de serem racistas foram teológicos, inspirando-se naqueles que diziam que os Judeus eram os assassinos de Cristo. Só que uma coisa é má teologia, e outra coisa é a doutrina racista que se constrói em cima dessa má teologia, e sobretudo quando essa construção se faz noutro século e noutro contexto. O teólogo que, com fins de "propaganda fide", diz que o Judeu é pérfido porque não reconhece Cristo tem um problema teológico com o Judeu. Obviamente, essa não é a mesma pessoa que, séculos mais tarde, por causa da crise económica e da inveja, vai desenterrar velhos ódios antijudaicos para os transformar numa doutrina de ódio racial, suportada em ideias eugénicas e estruturada sobre a aplicação ilícita do darwinismo ao melhoramento da raça humana.
Agora a terceira treta...
3. A Igreja Católica apoiou Hitler
Enterra-se o Ludwig com esta frase: "E Ratzinger omitiu também o apoio da Igreja Católica a Hitler". A frase está sustentada na nota de rodapé número (5). Entusiasmado, salto para a nota, à procura de uma citação de um Harold Deutsch, de um Rhodes, de um Gilbert, ou mesmo de uma erudita adversária da Igreja como uma Susan Zuccotti. Teria sido muito simples ir buscar frases a mais historiadores críticos da atitude da Santa Sé durante a Guerra: haveria um Carlo Falconi ou um Saul Friedlander, ou ainda um Guenter Lewi para socorrerem à causa anticatólica. Mas em vez destes investigadores com obra feita, que encontro? Está isto na nota (5): "Por exemplo, o Ricado Alves...", e já nem é preciso ler mais... O Ludwig, na sua cabal acusação à Igreja Católica, a forte acusação de colaboração com os nazis, sustenta-se na propaganda anticatólica do Ricardo Alves, cujos pseudo-argumentos não têm o menor vislumbre de suporte documental, e que se apoiam, fragilmente e de forma auto-contraditória em vários locais, sobre uma leitura deturpada e multiplamente equivocada dos dados históricos.
Evito aprofundar mais uma óbvia treta, mas não queria deixar de a referir "en passant": a dos preservativos em África, pois sai do tema. O Ludwig preferiu misturar preservativos e SIDA ao nacional-socialismo. Entende-se, quando o objectivo é atirar lama à Igreja Católica. Aliás, faz parte da cartilha, e o Ludwig, com algum esforço e não pouco talento, seria capaz de lá meter o Galileu. E um Torquemada. Mas já debati a questão da SIDA com ele várias vezes, e infelizmente o diálogo não progride perante o preconceito.
Deixo apenas uma pergunta, perante a tese que pretende que a Igreja Católica é a responsável pela não eficácia do combate à SIDA. Um africano infiel à sua mulher usa, evidentemente, preservativo para evitar as consequências óbvias da sua infidelidade. Logo, o preservativo sustenta o seu comportamento infiel e é fundamental para um estilo de vida promíscuo e para o aumento de situações de risco de contágio. Isto é evidente, mas o Ludwig nega. Mas pergunto: faz sentido supor que o africano médio obedece à Igreja na questão do preservativo e desobedece na questão da fidelidade? Está para nascer o anticatólico que me explique esta contradição na simplista teoria que liga a Igreja à proliferação da SIDA.
7 comentários:
Olá, Bernardo.
O Ludwig Krippahl, moderado e ponderado?!
Achas mesmo que ele não sabe que mente quando diz que a Igreja pretende acabar com os preservativos para obrigar os africanos a serem castos?!
Ele é professor universitário, não é um tipo que não saiba que o rigor intelectual na afirmação de sentenças históricas e científicas, é uma exigência.
E no entanto, ensina coisas como estas aos seus alunos:
"Da pré-história ao final da idade média, o conhecimento humano consistia principalmente de superstições, mitos e da experiência de cada um"
http://neoateismoportugues.blogspot.com/2010/09/neo-ateismo-mascarado-de-pensamento.html
Há questões que não se discutem. Se alguém disser que a França fica na Àsia, vou debater o quê? Posso recomendar à pessoa que vá estudar o básico. Mas se a pessoa que diz coisas desse tipo dá aulas numa universidade, tem é de levar publicamente nas orelhas, contrapondo o seu disparate à verdade dos factos. Não há aqui espaço para juízos de valor sobre a sua honestidade.
Claro que a sua honestidade está em causa,não pela minha má vontade subjectiva em relação ao tipo, mas pelos factos que estão em cima da mesa. Aquilo que ele diz, não condiz com o seu estatuto profissional e académico. Não são erros, são enormidades que alguém habituado a estudar nunca diz, pois está a habituado a reger-se por "onde me estou a basear para ensinar que isto é verdadeiro?"
Se não é a sua honestidade que está em causa, só pode ser a sua sanidade mental. Não vejo outra hipótese.
Depois, a sua moderação é tanta que a associação de que faz parte, promove o ateísmo de estado.
http://neoateismoportugues.blogspot.com/2010/09/aap-contra-o-estado-laico.html
A ele próprio, já o apanhei uma vez lá no Ktreta com as suas próprias palavras, e ele não teve alternativa senão admitir que é defensor do estado ateu.
http://ktreta.blogspot.com/2010/05/estado-laico.html
E depois, a sua moderação vai ao ponto de pretender mandar na casa e na educação dos filhos dos outros, através "do Estado"
http://neoateismoportugues.blogspot.com/2010/09/neo-ateismo-portugues-e-educacao.html
O mesmo se passou recentemente naquele antro de imbecis e mentirosos ( se alguém tiver dúvidas, disponibilizo provas incontestáveis de que o adjectivo é válido) do Portal Ateu.
http://neoateismoportugues.blogspot.com/2010/09/portal-ateu-e-educacao-sexual.html
Parece-me que muitos como tu ( como o comentador assíduo do Ktreta Miguel Oliveira Panão), olham para estas coisas e pensam que se trata de mera discórdia intelectual, ou que eles são ateus moderados que querem mesmo discutir religião e teologia convosco, mas que, por uma infelicidade dos demónios, só escrevem disparates atrás de disparates.
O que se anda a passar, é literalmente isto:
-Quero entrar na tua casa e mandar na educação nos teus filhos!
E vocês:
-Olá, tudo bem contigo? Permite-me discordar dessa tua opinião, acho que estás a ver mal as coisas...
Ouvem:
-Não há respostas fora da ciência.
E respondem:
Isso é um erro epistemológico. Vou-te explicar a confusão que estás a fazer...
Eles não estão interessados nisso. São crescidinhos, claro que sabem que estão a mentir e a falar do que não sabem. A vossa simpatia indirectamente valida o fanatismo e mentiras deles como discutiveis e aceitáveis.
E a fonte de inspiração desses camaradas é o ateísmo e secularismo à Richard Dawkins.
Dawkins, aqui discordo outra vez de ti, não é nada diferente de Hitler.
É uma cópia, só que sem poder bélico e político. Ambos dois demagogos, mentirosos. Iguais.
O discurso é o mesmo, Dawkins pegou no ateísmo, podia ter pegado na raça ariana ou na sociedade sem classes; o problema dele é ser portador de mentalidade revolucionária. Quer mudar o mundo, e já escolhem quem é o inimigo.
A sua teoria, vai dar porcaria se for levada a sério. Como deu a do Adolpho e a do Marx.
Fiquei com a convicção de que Ratzinger se referia precisamente a tipos e movimentos como os de Dawkins. Afinal de contas, quem é que hoje em dia pretende banir Deus e religião da vida pública?
Os secularistas neo-ateus. Que não são ateus, são extremistas ateus.
É mesmo para eles que o Papa falava. Eles compreenderam e responderam como sabem: mentindo. A acção foi regida assim:
"O papa criticou os resultados já conhecidos pela História daquilo que nós, ateus fanáticos, queremos fazer hoje em dia.
Vamos promover o boato de que ele chamou nazis aos ateus, e aparecer como representantes dos ateus, defendendo todos os ateus de acusação de nazismo."
Sugiro a leitura disto:
http://lucianoayan.wordpress.com/2010/09/21/27-mentiras-em-9-minutos-esse-e-richard-dawkins-o-amigao-da-humanidade/
http://lucianoayan.wordpress.com/2010/09/27/tecnica-hitler-era-cristao-mas-jamais-um-ateu/
http://lucianoayan.wordpress.com/2010/09/28/partindo-para-o-ataque-contra-os-humanistas-seculares-e-neo-ateus/
Mas sobretudo disto:
http://quebrandooencantodoneoateismo.wordpress.com/2010/09/22/olavo-de-carvalho-maquiadores-do-crime/
Cumprimentos!
Jairo,
Olá!
Em primeiro lugar, queria dizer que estamos 100% em sintonia no que toca a preocupações. É evidente que me assusta o peso que os "neo-ateus" têm, ainda não tanto em Portugal, mas já um pouco por toda a parte. Sendo um ex-aluno do IST, eu conheço bem o peso do ateísmo nalguns meios universitários, e o seu efeito pernicioso. É nefasto o efeito de uma filosofia falsa, aliada a propaganda anticatólica, e é algo que pode arruinar para toda a vida um intelecto jovem.
Posto isto, eu acredito que é elementar justiça fazer uma distinção de atitudes. Eu não consigo, por exemplo, tratar um Ricardo Silvestre (Portal Ateu) ou um Hélder Sanches (Portal Ateu) ou um Ludwig como trato um Carlos Esperança, uma Palmira Silva ou um Ricardo Alves.
Enquanto que estes últimos três, do meu ponto de vista, têm um claro problema de atitude, e de mim não recebem abébias, eu acho que os primeiros três são de um calibre diferente.
Não falo das suas ideias, pois em todos eles encontro muita coisa que criticar. Falo da forma como me tenho relacionado com eles. Dos primeiros três (e poderia juntar ainda o Rui Janeiro do Portal Ateu, e a Leonor Abrantes do mesmo Portal Ateu), tenho sempre recebido uma atitude cordial e de boa educação.
Poderás dizer que eu sou ingénuo. Talvez, quem sabe? Eu não leio corações, e apenas posso fazer destas pessoas a ideia que faço do meu relacionamento com elas.
Penso que é perfeitamente possível manter a guerra intelectual acesa, sem deixar de distinguir as pessoas pela sua educação e civismo.
Também o Ludwig pisa a barreira, e eu não deixo de lhe dizer isso. Quando ele vai buscar pseudo-argumentos ao Ricardo Alves, o Ludwig sabe bem que está a pisar ramo verde e que está a usar pseudo-argumentos. Ele até pode nem ter estudado a Segunda Guerra Mundial, e ser um tema que ele não domina. Mas ele sabe bem que o tema é complexo e que a "leitura" (para usar um eufemismo) do Ricardo Alves ou da Palmira Silva ou do Carlos Esperança, é uma "leitura" inaceitável e simplista.
Às vezes, pessoas que prezam a decência fazem coisas indecentes. Penso que o Ludwig, se ponderar, verá que não pode pretender ser honesto intelectualmente e usar argumentos fanhosos como os que ele usou neste "post" que eu critiquei.
Ele sabe isso. Mas às vezes, as pessoas escrevem no calor do momento. Ele é capaz de melhor do que aquilo.
Penso que é tudo uma questão de estratégia comunicativa. Acho que é possível desmontar os erros dos neo-ateístas evitando o insulto. Sei também que às vezes o insulto é necessário, quando se trata de dizer verdades. Se o Ricardo Alves é um mentiroso, deve-se dizer isso. Mas deve-se reservar isso para os casos absolutamente necessários. Acharás que eu deveria também chamar mentiroso ao Ludwig, já percebi. Mas eu não tenho bases para dar esse passo. Ainda o suponho honesto.
Sobre a atitude de Bento XVI, entendo o que queres dizer, e até concordo. Bento XVI poderia perfeitamente estar a dar uma "indirecta" aos "neo-ateístas". Mas Bento XVI tem uma escrita subtil. E ele nunca cometeria o erro de comparar de forma simplista a cosmovisão nazi e a cosmovisão neo-ateísta. Há pontos de contacto, nomeadamente por via do darwinismo social, que ambos promovem. Ou pela via da descristianização da sociedade, que ambos promovem. Mas, claramente, Hitler não era ateu. O que não é o mesmo que negar que há raízes ateístas no nazismo: basta ver o caso óbvio de Nietzsche.
Estamos, frequentemente, a combater contra pessoas que usam a propaganda. Cada vez que Bento XVI fala, tenta-se distorcer a mensagem. Acho que o católico deve batalhar para repor a mensagem. E antes de se expor a mensagem que lá está, deve-se desmontar a contra-mensagem.
Abraço,
Bernardo
Bernardo,
Eu li o texto do Papa. Mas tu omitiste uma parte relevante na tua citação. Não foi apenas acerca do nazismo:
«Também na nossa época podemos recordar como a Grã-Bretanha e os seus chefes se opuseram a uma tirania nazista que tinha no ânimo desenraizar Deus da sociedade [...]
Além disso, desejo recordar a atitude do regime em relação aos pastores cristãos e aos religiosos que proclamaram a verdade no amor; opuseram-se aos nazistas e pagaram com a própria vida a sua oposição. Enquanto reflectimos sobre os motes do extremismo ateu do século XX, jamais podemos esquecer como a exclusão de Deus, da religião e da virtude da vida pública conduz em última análise a uma visão incompleta do homem e da sociedade, e portanto a «uma visão redutiva da pessoa e do seu destino»»
Nota bem: primeiro fala do nazismo, como o nazismo queria eliminar deus da sociedade, depois, logo a seguir, sem mencionar mais nenhum exemplo, diz ter falado sobre o extremismo ateu do século XX. Ou se esqueceu de parte do texto, ou o extremismo ateu do século XX tem como exemplo paradigmático o nazismo.
E isto é um disparate, que não se corrige recortando uma parte do seu contexto e tentando reinterpretar o que o Ratzinger diss.
Ludwig,
Há dois pedidos de desculpa que te devo fazer, a saber:
1) Não devia ter cortado a citação; poderás não acreditar, mas não cortei com más intenções (simplesmente citei a correr, sem me dar conta do que ficava de fora), e irei já reparar o corte; é necessário colocar a citação com a secção que referes
2) Este "post" nasceu torto, e já tive que lhe fazer uma revisão: eu comecei por fazer o "post" para criticar aqueles, como tu, que acusavam o Papa de ignorância ou de má vontade, ao classificar o nazismo de ateu ou ao afirmar (coisa que o Papa não fez) que os crimes nazis foram motivados por ateísmo; no processo de debate, dei-me conta de que muitas pessoas estavam a confundir isso com uma mensagem do Papa que está lá, a saber, a mensagem de que o ateísmo é nocivo e de que eliminar Deus da sociedade deriva em totalitarismos de vária espécie
Por isso, tive que retocar algumas partes deste "post". Tu já leste o "post" retocado, se o leste ontem pela primeira vez.
Mesmo assim, o equívoco mantém-se. O Papa está a frisar os riscos de se eliminar Deus da sociedade. A sociedade nazi era uma sociedade sem Deus, pois perdera a sua alma cristã. Isso não é o mesmo que afirmar que o nazismo era ideologicamente ateu. Por isso, de um ponto de vista, pelo lado da perda da moral e do sentido real da vida, o nazismo equipara-se ao regime do ateu Estaline. Por outro lado, numa leitura puramente técnica, histórica, doutrinária, não se pode dizer que o nazismo era uma ideologia ateia, embora se possa dizer isso do ateísmo de Estado do Estaline. Mas, é claro, o Papa não diz que o nazismo de Hitler era um ateísmo de Estado. Isso é o que os críticos do Papa querem-nos fazer engolir.
Abraço
Ludwig,
Uma última nota: penso que ainda te escapa um aspecto da pertinência da mensagem do Papa, e é isso que te faz pensar que eu estou a reinterpretar. Tens que te dar conta que o nazismo hitleriano, não sendo um ateísmo doutrinário (por causa dos esoterismos do Terceiro Reich), não era propriamente um regime religioso. O regime nazi não deve ser visto como uma religião a suplantar outra religião. Mas sim como um paganismo, mal definido, inconsistente, heteróclito, tentou substituir o Deus cristão.
É por isso que Bento XVI fala na tentativa nazi de desenraizar Deus da sociedade. E não pode estar mais certo. Não é como se um "mullah" tentasse substituir o Deus dos cristãos por Alá.
É esse o erro que cometes, quando, eventualmente, pretendes ver o Terceiro Reich como um regime religioso, em concorrência e em guerra com a religião cristã.
Um abraço
Olá Bernardo!
Não vejo qualquer diferença nas mensagens e métodos dos principais neo-ateístas portugueses. Dirás que estou a ser injusto, mas é a visão que tenho, baseado em textos de todos eles.
Brevemente,terei de explicar melhor a minha opinião sobre este assunto, com um texto no blogue.
Cumprimentos.
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