terça-feira, 28 de setembro de 2004

"O Código Da Vinci" desmascarado



Os media têm coisas engraçadas.

Durante os últimos meses, tenho tentado desmascarar o embuste Dan Brown, com relativo insucesso. A grande percentagem das pessoas que leram as minhas críticas reagiram de forma muito negativa. Muitos rotularam-me de "padre Motta", ou "supranumerário Motta". Porque eu era uma voz isolada, poucos ligaram. Muitos insultaram. A certa altura, referi o artigo do Nouvel Observateur. Isso gerou algum gelo nos contestatários, mas, enfim, era um artigo em francês. Uma língua difícil para o tuga. Poucos leram. A treta continuou.

Esta semana, a Visão, em colaboração com o Nouvel Observateur, trouxe-nos um artigo bem apresentado, bem trabalhado, bem traduzido. Finalmente, num periódico de grande leitura, uma apresentação correcta e relativamente completa sobre este grande embuste.

Pela primeira vez, vem lá tudo: Pierre Plantard, o seu passado anti-semita, as suas associações pseudo-cavaleirescas, as suas falsificações dos "dossiers secretos", as suas amizades. A desmontagem é potente. E atinge um público considerável aqui em Portugal.

Certamente que agora as vozes contestatárias (pelo menos aquelas de Portugal, que leram a Visão), irão começar a desaparecer. Para nos dar alguma paz e descanso.
O que me entristece é que é preciso que isto venha numa revista como a Visão para que se acredite. Hoje em dia, mais que o discernimento crítico, mais que a pesquisa pessoal, mais que o bom senso, mais que a cultura geral, o que vence sempre é a letra mediática. É o que vem nas revistas, nos jornais.

Desta vez, dou total apoio à Visão, pela sua iniciativa em prol da verdade. Mas porque é que é preciso uma revista semanal dizê-lo para que, finalmente, as pessoas se dêem conta de que tudo isto é um embuste, e uma história sinistra?

Que poder impressionante, o dos media...

Bernardo

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