"Se o dogma, como diz Suarès, é «o contrário da prova», afirmar a evolução como um dogma é, logo à partida, reconhecer a falta de prova. Este é precisamente o reconhecimento que fazem sem rodeios vários naturalistas. Em 1879, Haeckel escrevia ao anatomista Virchow: «Não é possível imaginar nada mais absurdo, nada que demonstre melhor que não se compreende nada da nossa teoria da evolução, do que pedir que a fundemos sobre provas experimentais». E Delage, que era seguramente um espírito científico de outra envergadura que Haeckel, proclamava por sua vez, em 1903, no seu livro Hérédité et les grands problèmes de la Biologie générale: «Reconheço sem dificuldade que nunca vimos uma espécie gerar outra, nem se transformar noutra, e que não temos nenhuma observação formal que demonstre que tal coisa alguma vez teve lugar. Considero todavia que a evolução é tão certa como se tivesse sido demonstrada objectivamente. Aqueles a quem estas premissas chocam, basta-lhes fechar este livro». Bom, é nos pedido aqui um acto de fé, e é na verdade sob a forma de uma verdade revelada que cada um de nós recebeu em tempos a noção de evolução." - Louis Bounoure, Détérminisme et finalité, Flammarion, pp. 48-49.
Parece-me justo sublinhar a posição honesta de Delage: apresentar ao leitor, logo no início da obra, qual é o seu pressuposto, o seu axioma. Este é, claramente, aceitar a evolução como um facto provado, sem que o tenha sido. Nada tenho contra tal posição pística, porque o criacionista também aceita a Criação como um facto, sem a poder provar empiricamente. Mas ao menos, Delage evita o caminho fácil de muitos evolucionistas, que encarnam nos dias de hoje o pior espírito proselitista de Haeckel.
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