sábado, 30 de janeiro de 2010

O "Casamento Homossexual"

Preâmbulo

Caros todos,

Apesar do meu nome constar neste blog desde o exacto dia da sua criação, tem sido parca a minha contribuição, quer em número de posts, quer em comentários aos post colocados pelo Bernardo. Resta-me a esperança que a quantidade não seja sinónimo de qualidade… Já agora, aproveito para felicitar e agradecer aos “comentadores residentes” pela qualidade dos vossos argumentos que, aliados às excelentes respostas do Bernardo, têm contribuído para o amadurecimento da minha Fé.

Duarte Fragoso


O "Casamento Homossexual"

Sinto-me como que sugado pelo turbilhão de informação sobre o tema, que não era tema mas passou a ser, do novo modelo de Casamento. De facto, toda esta informação, marcada por um radicalismo a raiar o fanático, tem lançado uma espécie de onda magnética sobre a opinião pública, deixando-a meio atordoada. De tal forma isto é assim que neste momento, em que supostamente já teria havido um debate profundo e esclarecedor sobre o tema, a pergunta que se impõe, pelo menos para mim, é a seguinte:

Mas afinal o que é que está em causa com o alargamento do Casamento a pessoas do mesmo sexo?

Se olharmos para o tema de uma forma objectiva, despindo-o de toda a “bull-shit” para aí apregoada, concluímos que não estão em causa nem direitos fundamentais nem tão pouco discriminações inaceitáveis, que tantos parecem interessados em fazer parecer. Na verdade, acabamos por concluir que tudo não passa de uma questão de concepção. Concebemos o Casamento como ele de facto é, ou seja, reflectindo a união entre um homem e uma mulher, ou, pelo contrário, achamos que o conceito de Casamento deve ser alargado, passando a reflectir também outro tipo de uniões, nomeadamente entre pessoas do mesmo sexo?
É tão só isto que está em causa.

É evidente que as consequências da adulteração do conceito de Casamento, nomeadamente com o alargamento do mesmo a uniões entre pessoas do mesmo sexo, é um erro grave com consequências nefastas para a sociedade. E considero que se trata de um erro grave pelas razões simples que abaixo enumero:

- Identificar de forma igual, relações que são absolutamente diferentes:
Uma relação entre um homem e uma mulher é, obrigatoriamente, diferente de uma relação entre dois homens ou duas mulheres. É diferente a todos os níveis; antropológico; filosófico; sociológico. E por isso mesmo, estes dois tipos de relação têm, obrigatoriamente, direitos e deveres diferentes, portanto devem ser enquadradas de forma diferente. Independentemente de um tipo de relação ser, ou não, melhor do que o outro, o que é um facto é que são diferentes. Assim como um jovem é diferente de um velho e ambos têm direitos e deveres diferentes na sociedade, sem que isso encerre algum tipo de discriminação negativa. Trata-se de situações distintas que devem ser olhadas como tal, sem prejuízo de ninguém.

- Construir uma igualdade artificial através da legislação:
Procura-se forçar uma igualdade falsa através da legislação. Chamar pelo mesmo nome, a partir do dia x, duas coisas que são diferentes e por isso denominadas de forma diferente. Isto é de tal forma absurdo que os defensores da causa, são os primeiros a apelidar este novo conceito de Casamento como o “Casamento Homossexual”. Se lhe chamassem apenas Casamento, as pessoas associariam a uma união entre um homem e uma mulher. Ou, pelo mesmo, não iriam perceber a que tipo de relação é que o seu interlocutor se estava referir, dado que este estaria a utilizar o mesmo nome para se referir a duas relações totalmente distintas entre si.

- Adulterar o Conceito de Casamento:
A partir do momento em que se adultera o conceito de casamento, alargando-o a relações entre pessoas do mesmo sexo, abrimos um precedente perigoso e que se pode
revelar perverso. A partir desse momento qual será o argumento para impedir o alargamento do conceito de Casamento a relações entre várias pessoas, a poligamia, ou a relações incestuosas?

- Estabilidade da família e defesa da procriação:
Não é por acaso que a sociedade se organizou, espontaneamente, em família e que daí tenha surgido o Casamento. A família é a base e o equilíbrio da sociedade. É o garante da sua continuidade. Ao adulterar aquilo que é o Casamento, o acto que oficializa publicamente a relação entre um homem e uma mulher e que os apresenta, perante a sociedade, como uma família apta, entre outras coisas, a procriar, pode ter consequências muito graves. O desmoronar da instituição família significa o desmoronar da sociedade.

- Aumento da homofobia:
Ao transformar um não tema num tema, apenas para servir todos os oportunismos políticos e dar palco a tantos pavões cheios de vaidades, podemos estar a aumentar a homofobia, dado que estamos a criar um ambiente propício ao extremar de posições. Alguém acha que os homossexuais que efectivamente têm uma vida difícil, não alguns histéricos que adoram desafiar a sua própria dignidade naquelas paradas deprimentes, que vivem no seu recato e que se dão ao respeito, estão interessados neste espectáculo? Alguém acha que esses homens e mulheres se vão casar?
Por tudo isto, parece-me claro que esta proposta de lei é um autêntico disparate. Um atentado social a todos os níveis. Em suma, uma inconsciência sem limites!
Ao mesmo nível desta proposta de lei, está a recusa da Assembleia da Republica face ao pedido de realização de um referendo sobre o tema, apresentado numa petição subscrita por mais de 90.000 Portugueses. Lembro que este elevadíssimo número de assinaturas foi recolhido em tempo recorde, sem recurso a qualquer máquina partidária, o que reflecte bem o sentimento colectivo dos Portugueses face a este assunto.

Os grupos parlamentares que recusaram o referendo justificaram a sua decisão tendo por base dois argumentos:

- Esta proposta já constava nos programas eleitorais do PS, PCP, BE e VERDES, sufragados nas últimas eleições e, portanto, a AR teria toda a legitimidade para legislar sobre este tema;

- Não se referendam direitos básicos.

Ora ambos os argumentos são fracos e facilmente refutáveis. O primeiro argumento cheira mesmo a batota… Digo isto porque seria fácil desafiar o PS a encontrar 1 só eleitor, que tenha votado no Partido Socialista, que conheça as mais de 700 medidas que constam no programa eleitoral do PS e, para além disso, concorde com todas essas medidas. É evidente que a existir algum eleitor nessas circunstâncias será, certamente, uma minoria.
Já o segundo argumento apresenta também inúmeras debilidades, a começar pelo facto de ser contraditório face ao primeiro. Se não se referendam direitos básicos, então porque estaria esse mesmo direito presente nos programas eleitorais acima referidos? Confuso não? Mas a resposta é simples. O alargamento do Casamento a uniões entre pessoas do mesmo sexo estava presente nos programas eleitorais dos partidos de esquerda porque, efectivamente o que está em causa não é um direito, é tão só uma questão de concepção do modelo de Casamento.
Resumindo, são dois argumentos frágeis que tentam justificar o injustificável. E o injustificável é o facto de a AR ter, pura e simplesmente, ignorado uma petição fortíssima, organizada de um dia para o outro que reflecte o pulsar da sociedade civil. É evidente que este tema deve ser alvo de um referendo, porque tem a ver com a mais elementar organização social. Isto é claro para todos aqueles que não foram dominados por este fanatismo absurdo.

Não há dúvida que no fim do dia a Assembleia da República, símbolo absoluto da democracia, fica manchada por um tique ditatorial inaceitável, protagonizado, sobretudo, por uma esquerda burguesa e arrogante, que se considera dona das vontades do povo e, como demonstra ao recusar ouvi-lo, o despreza profundamente.

Duarte Fragoso

14 comentários:

Xico disse...

Um post sensato, lúcido e claro. O mal foi as pessoas terem-se deixado arrastar para a falácia de que estavam direitos em questão. Quando assim é, as pessoas tendem a não querer passar por intolerantes. Se o estado quiser regular as uniões entre pessoas do mesmo sexo, está no seu direito e não precisa de referendos. Quando quer mudar o conceito do casamento, e é isso que está em causa, o referendo é exigível.

Anónimo disse...

Certo, aceito em boa parte os argumentos utilizados, agora quando diz:

"Não há dúvida que no fim do dia a Assembleia da República, símbolo absoluto da democracia, fica manchada por um tique ditatorial inaceitável, protagonizado, sobretudo, por uma esquerda burguesa e arrogante, que se considera dona das vontades do povo e, como demonstra ao recusar ouvi-lo, o despreza profundamente."

Não considero que seja um tema de direita ou esquerda, tanto que essa atitude que descreve é normalmente a da direita e historicamente Portugal foi muito mais vitima desse comportamento por parte da direita.

João Macieira Fragoso disse...

A propósito deste tema que o meu sobrinho Duarte tão bem abordou gostaria de acrescentar que a socidedade através da convivência e das orientações comunitárias, tem uma enorme influência na orientação sexual, incluindo a homossexualidade.
Há contudo alguns casos de grande inadaptação sexual às normas vigentes da sociedade, o que nos deve levar a ajudar e compreender, mas nunca submeter toda a população a essa inadaptação.
Deus estabeleceu normas fixas que a criação deve respeitar para o seu próprio bem.
As normas sociais podem ser alteradas, mas isso não se aplica às normas morais.
O objectivo dos grupos sociais que lutam contra as normas morais é a destruição da sociedade cujo núcleo central é a família, que começa no CASAMENTO!

Xico disse...

Querer afirmar que se conhece o pensamento de Deus e quais as suas normas, é para mim uma heresia. O casamento como símbolo da união entre um homem e uma mulher, como início nuclear da família, é para mim um conceito universal e transversal ao tempo, à geografia e à cultura. E assim deve continuar a bem da saúde da sociedade. Mas isso não deve impedir outras formas de união ou de afectos. Não me parece que seja uma norma moral.
Estas dependem muito do tempo e da latitude.
Todos os actos sexuais prostituídos, foram condenados pela Bíblia. Não julgo que os feitos com base no afecto o pudessem ter sido. Qual o alcance ou interesse disso como norma moral? Em que é que o amor e as relações homossexuais consentidas podem afectar a nossa relação com Deus?

Espectadores disse...

Caro João Macieira Fragoso,

Obrigado pela sua visita e pelas suas palavras!

Volte sempre!

Espectadores disse...

Caro Xico,

«Querer afirmar que se conhece o pensamento de Deus e quais as suas normas, é para mim uma heresia.»

Penso que se equivoca: o João Fragoso não afirmou que conhecia o pensamento de Deus. Apenas se referiu ao ensinamento da Igreja acerca da revelação de Deus em Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja vida e obra (e sacrifício último na Cruz) nos deu a conhecer os desígnios do Pai.

«Mas isso não deve impedir outras formas de união ou de afectos.»

Um juízo moral negativo não é um impedimento em sentido legal. No final, cada qual é livre para pecar ou não pecar. No entanto, essa liberdade para seguir o certo ou o errado não nos deve toldar a vista: podemos e devemos afirmar alto e em bom som os princípios da moral.

«Não me parece que seja uma norma moral.»

São, sem dúvida.
Para além dos argumentos racionais acerca da imoralidade da homossexualidade (fundamentados no direito natural), há ainda o facto inegável da condenação moral da homossexualidade nas Sagradas Escrituras.

«Estas dependem muito do tempo e da latitude.»

Os princípios da moral visam indicar o comportamento humano correcto. Como o ser humano, através da História, continua a ser humano, os princípios da moral são universais no tempo e no espaço.

Por exemplo, mentir é sempre errado. Matar também. Roubar também. Fornicar também. Cobiçar também. E assim por diante...

«Todos os actos sexuais prostituídos, foram condenados pela Bíblia. Não julgo que os feitos com base no afecto o pudessem ter sido.»

A expressão "com base no afecto" é vaga. Se dois homens expressam afecto não erótico (não sexual) que mal tem isso? É afinal de contas expressão de amizade ou mesmo amor fraterno. Mas se quando fala em afecto, fala de afecto erótico-sexual, então a coisa torna-se imoral. Pela simples razão de que a nossa estrutura biológica, determinante para a nossa sexualidade, é um sinal claro da vontade de Deus em definir o Homem pela união complementada do masculino e do feminino.

«Qual o alcance ou interesse disso como norma moral?»

O alcance é todo: se o Criador nos fez homem e mulher, é evidente que isso tem peso. É porque Deus quer que a nossa sexualidade seja heterossexual. Outro tipo de sexualidade é desumana, no sentido de que trai a essência do que é ser humano.

«Em que é que o amor e as relações homossexuais consentidas podem afectar a nossa relação com Deus?»

Da forma que acabei de descrever. As relações homossexuais traem claramente o desígnio de Deus para a nossa sexualidade. Para além da manifesta incompatibilidade anatómica (o sexo homossexual é uma "vitória" da vontade sobre a natureza), o sexo homossexual, na prática, equivale a expressar o nosso completo desacordo com a vontade de Deus para a nossa sexualidade.

Como é que sabemos qual é essa vontade de Deus para a nossa sexualidade? Ora bolas: estudando a nossa anatomia e o nosso sistema reprodutor. Não estamos biologica e anatomicamente estruturados para o sexo homossexual.

Um abraço!

Xico disse...

Espectadores
Como contrariá-lo? Sei que não concordo consigo mas não sei contrariá-lo!?
Julgo que em tempos tivemos já esta discussão, e não pretendo alongá-la. Com todo o carinho e afecto que tenho por este blog, e em jeito de brincadeira não isenta de provocação, espero que nas relações sexuais de cada um, e obedecendo à estrutura anatomica e biológica, não se ponham aos beijos na boca nem aos apalpanços às mamas. Ambas têm outra função.

Espectadores disse...

Caro Xico,

Obrigado pelo seu comentário, e pela consideração que demonstra por nós!

Em relação à sua brincadeira/observação, ela está mesmo bem metida, pois a questão que levanta é pertinente, e procurarei responder a ela da forma que sei (porventura alguém poderá reforçar o meu argumento ou sugerir outros).

«... espero que nas relações sexuais de cada um, e obedecendo à estrutura anatomica e biológica, não se ponham aos beijos na boca nem aos apalpanços às mamas. Ambas têm outra função.»

À primeira vista, a sua é uma contestação com alguma força.

Pelo que se segue, eu peço desculpas aos nossos leitores pelo carácter explícito da linguagem, mas tenho terror da ambiguidade.

Vamos por passos...

1) Quando se fala de moral, ou seja, da valorização da conduta do ser humano, não podemos falar só de actos, devemos também falar de ausência de actos, e de intenções; a moral tem um espectro vasto, e não podemos restringi-la a gestos físicos

2) Toda a sexualidade humana, para ser avaliada em termos morais, deve ser vista no espectro largo de gestos e intenções; as intenções também contam!

3) O sexo entre homem e mulher tem dois fins claros, decorrentes da vontade de Deus, vontade essa que deduzimos da observação racional dos nossos corpos:

a) fim unitivo: a espécie "homo sapiens" só está plenamente representada na união (física, psicológica, espiritual) entre um ser humano masculino e um ser humano feminino;

b) fim reprodutivo: a sexualidade humana está, e estará sempre, ordenada à procriação, ou seja, é claro, da análise racional ao nosso sistema reprodutor, que a actividade sexual conduz à fertilização do óvulo por espermatozóide; senão, que propósito teria a libertação de esperma com o orgasmo masculino?

4) As situações que refere, no âmbito da afectividade erótica entre homem e mulher, serão:

a) morais quando se enquadram numa actividade sexual que não perverte o fim da sexualidade humana (unitivo e procriativo);

b) imorais quando não se enquadram nessa actividade sexual (ex: masturbação, sem consumação da união sexual)

5) Daqui se deduz que também é imoral toda a actividade erótica entre homem e mulher que não conduza à união sexual potencialmente procriativa

(continua)

Espectadores disse...

(continuação)

Pergunta o Xico: e os beijos? Ora, se os beijos estão enquadrados no acto sexual, já respondi nos pontos 4) e 5). Se não estão, ou seja, se os beijos são dados fora do contexto sexual, aí é igualmente moral se o beijo é entre dois homens, duas mulheres, homem e mulher, pai e filho, irmão e irmã, etc...

Porquê?
Porque os beijos dados fora do contexto sexual, como estão fora desse contexto, não visam unir sexualmente os opostos (homem e mulher), e então não há qualquer imoralidade em beijar quem quer que seja.

O Xico ainda diz: mas a boca foi feita para beijar?

E eu respondo: porque não?

1) Olhando para o ser humano, não há nada que nos diga que o beijo contraria os fins normais da boca (comer, falar, respirar, etc.), porque essa actividade sobrepõe-se às restantes (beijar não implica deixar de comer, de respirar, etc.) sem as inviabilizar

2) Olhando para o ser humano, já se viu que a sexualidade homossexual implica contrariar os fins normais da nossa sexualidade.

É que é possível beijar (evidentemente, sem ser em "maratona") e não deixar de comer, de respirar, etc.

Mas não é possível praticar sexo homossexual sem contrariar "ipso facto" a sexualidade natural dos seres humanos.

Se esta explicação não lhe chega, eu coloco-me em "knock-out" temporário, por esgotamento!

Abraço!

Anónimo disse...

(“O sexo entre homem e mulher tem dois fins claros, decorrentes da vontade de Deus, vontade essa que deduzimos da observação racional dos nossos corpos.. a) unitivo b) reprodutivo........ é imoral toda a actividade erótica entre homem e mulher que não conduza à união sexual potencialmente procriativa”)
Unitivo e procriativo.

É claro que sim naturalmente, mas tem mais do que isto.

Nem vou entrar na discussão, mas o senhor arreda de todo em todo o prazer sexual pelo prazer sexual em si mesmo no acto sexual. Acho que encontrara muito poucas pessoas a pensar assim, a não ser em religiosos e eu diria até “falsos religiosos” os escandalos rebentam a todo o momento agora foi na alemanha abusos sexuais numa escola jesuitica. O prazer existe no acto sexual, as pessoas procuram-no não o negam independentemente dos outros fins que o senhor elencou, o fim unitivo e procriativo , mas nós como pessoas racionais podemos escolher o fim que queremos no acto sexual, não funcionamos propriamente por cio como nos animais. Para procriar.

A sua argumentação faz-me lembrar o poema da natalia correia ao morgado, disse na Assembleia da República, na decada de 80, o deputado do CDS João Morgado , “O acto sexual é para ter filhos”

A natalia pos a assembleia a rir com a sua replica em forma de poema

Já que o coito - diz Morgado
tem como fim cristalino, preciso e imaculado fazer menina ou menino; e cada vez que o varão sexual petisco manduca, temos na procriação prova de que houve truca-truca. Sendo pai só de um rebento, lógica é a conclusão de que o viril instrumento só usou - parca ração! - uma vez. E se a função faz o órgão - diz o ditado - consumada essa excepção, ficou capado o Morgado

João Macieira Fragoso disse...

"O perene anúncio missionário da Igreja é hoje posto em causa por teorias de índole relativista.... Daí que considerem superadas, por exemplo, as verdades como o carácter definitivo e completo da revelação de Jesus Cristo, a natureza da fé cristã em relação com a crença nas outras religiões, o carácter inspirado dos livros da Sagrada Escritura, a unidade pessoal entre o Verbo eterno e Jesus de Nazaré, a unidade da economia do Verbo Encarnado e do Espirito Santo, a unicidade salvífica universal do mistério de Jesus Cristo, a mediação salvífica universal da Igreja...
Na base destes pressupostos, que se apresentam com matizes diferentes, por vezes como afirmações e outras vezes como hipóteses, elaboram-se propostas teológicas em que a revelação cristã e o mistério de Jesus Cristoe da Igreja perdem o seu carácter de vedade absoluta e de universalidade salvífica, ou ao menos projecta-se sobre elas uma sombra de duvida e de insegurança."
Retirado da Introdução da Declaração Dominus Iesus - sobre a unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja - Congregação para a Doutrina da Fé

No seu comentário diz "Querer afirmar que se conhece o pensamento de Deus e quais as suas normas, é para mim uma heresia"

Eu pergunto se sabe o que é uma heresia. Algumas definições:
1. Divergência em ponto de fé ou de doutrina religiosa.
2. Por ext. Blasfémia.
3. Fig. Opinião ou doutrina diferente às ideias recebidas.

Para fazer frente à mentalidade relativista , que se está a difundir, porque o homem gosta de facilidades, há que afirmar o carácter definitivo e completo da revelação de Jesus Cristo.

Todos estes temas que fazem hoje parte da agenda política (aborto, divórcio, casamento homossexual) fazem parte dum plano muito mais vasto pelo qual passa, como escrevia ontem, a destruição do casamento e da família, e o mal dos nossos tempos é que sob a capa de palavras muito conciliadoras, a instituições que estruturam a sociedade vão sendo destruídas.

Espectadores disse...

Caro Anónimo,

«Nem vou entrar na discussão, mas o senhor arreda de todo em todo o prazer sexual pelo prazer sexual em si mesmo no acto sexual.»

Não.
É claro que o prazer sexual é perfeitamente legítimo, até porque é natural.
O que não é natural, e portanto não é moral, é o prazer sexual desvinculado de uma união sexual em princípio procriativa (há sempre que ter em consideração o caso dos casais estéreis, bem com o facto de que todas as mulheres têm um ciclo de fertilidade, com dias férteis e dias não férteis).

Se o prazer sexual está incluído num acto sexual que conduz ao fim da sexualidade humana, que mal terá isso?

«Acho que encontrara muito poucas pessoas a pensar assim»

O que é que isso tem a ver com a verdade ou mentira do que eu escrevi?

«os escandalos rebentam a todo o momento agora foi na alemanha abusos sexuais numa escola jesuitica.»

O que é que esse caso tem a ver com este presente debate nesta caixa de comentários?

« mas nós como pessoas racionais podemos escolher o fim que queremos no acto sexual, não funcionamos propriamente por cio como nos animais. Para procriar.»

É verdade que, como pessoas racionais, podemos escolher entre o bem e o mal.
Precisamente por não sermos como os animais, é que sabemos distinguir o bem do mal. E é por isso que tem relevo discutir a moral, e debater estas questões.

«A sua argumentação faz-me lembrar o poema da natalia correia ao morgado»

O poema era muito divertido. Mas evidentemente, o poema ocultava uma grave falácia.

E eu prefiro pensar nas coisas, do que ir ao sabor do palhaço do momento. A Dra. Natália Correia, com todo o respeito que merece (e ela tem obra publicada que eu admiro) esteve, nessa situação, do lado da asneira. O facto de ela ter tido piada, e de a triste plateia ter-se ficado pela anedota, não oculta o facto de que ela estava errada, porque cometeu uma falácia.

«temos na procriação prova de que houve truca-truca.»

Aqui, a poesia da Natália está com uma lógica impecável. Se há procriação, houve "truca-truca" (na altura, ainda não se falava em inseminação artificial - hoje, esta frase já seria inválida).

«Sendo pai só de um rebento, lógica é a conclusão de que o viril instrumento só usou - parca ração! - uma vez.»

Aqui é que a Natália entra em falácia. Ela, sendo mulher, sabe bem que o "truca-truca" só dá bebés em certos dias férteis do ciclo.

Cumprimentos

Anónimo disse...

(«Acho que encontrara muito poucas pessoas a pensar assim»

O que é que isso tem a ver com a verdade ou mentira do que eu escrevi?)

Provavelmente nada, mas sabe ha uma historia que caricaturiza o que eu quis dizer havia um tipo num batalhão que ia com o passo trocado, mas gabava-se de ser o único que ia com o passo certo.

O bernardo decide alongar o problema escalpelizando frases. Ok para mim o acto sexual é independente do fim procriativo mas ja não é do unitivo, a moral é sempre relativa, a moral de uma pessoa religiosa é diferente da moral de uma pessoa não religiosa, mas o fim do acto sexual unitivo procriativo pode ser mais relevante para uma pessoa com uma moral sexual religiosa e não para outra que não é religiosa. O caso dos escandalos sexuais na igreja que eu referi tem precisamente a ver que não esta em causa o fim procriativo mas sim o prazer a busca do prazer foi so isso que eu quis aludir

Neste assunto o caso para mim encerra aqui.

Xico disse...

Caro Bernardo,
Não me leve a mal.
Com tanta desgraça no mundo e nós preocupados que Deus se preocupe com aquilo que fazemos dentro de lençóis ou fora deles.
Deus, felizmente para nós todos, tem um sentido de humor incrível (ainda agora mesmo ouvi-O em sonoras gargalhadas)(pronto lá cometi uma heresia), e escolheu para conduzir o Seu povo dois grandas maganões como o David e o Salomão. E a paciência com que Deus ouvia Salomão na sua ânsia construtiva de obra pública para controlo do déficit...
Pois cá para mim há aqueles que falam sobre o sexo, há os que pensam sobre o sexo e há os que fazem sexo. Se todos praticássemos mais, talvez o mundo fosse bem melhor.