Houve um complô da KGB contra Pio XII?
Apesar do peso e da importância das históricas revelações de Ion Pacepa, a verdade é que se trata de um ex-espião, e não faria sentido levar à letra tudo o que ele afirma sem fazer um confronto com a verdade histórica e com os documentos. Peter Gumpel lança luz sobre algumas partes mais obscuras do artigo de Pacepa, nomeadamente sobre o presumido papel do diplomata da Santa Sé, monsenhor Agostino Casaroli, numa também presumida manobra de ospolitik relativa a um presumido empréstimo a ser prestado pela Santa Sé, sem juros, e durante 25 anos, de mil milhões de dólares à Roménia.
Na segunda parte de suas revelações o general Pacepa sustenta que se encontrou em Genebra com o então monsenhor Agostino Casaroli, futuro secretário de Estado, para facilitar um «modus vivendi» entre a Santa Sé e a União Soviética, e haveria tido inclusive uma oferta de dinheiro.
Para Gumpel, «toda esta parte é muito difícil de crer. Ainda que devo admitir que pessoalmente fui muito cético sobre a ‘Ospolitik’ e não somente pelo que sabia do mundo comunista, mas também pelo que diversos cardeais, que viviam na parte ocupada pelos russos, me haviam dito».
«Graças aos contatos diretos que tinha com os cardeais Alfred Bengsch de Berlim, László Lékai e József Mindszenty da Hungria --sublinha--, posso dizer que os três eram muito contrários à ‘Ospolitik’. Não queriam ouvir falar dela».
O padre Gumpel explica que «há que ser extremamente prudentes e tentar verificar os fatos. Há perguntas sobre as que não temos resposta. Por exemplo, quando se encontrou com Casaroli? Em que hotel? Por exemplo, ele diz que há documentos no Arquivo Secreto Vaticano, documentos escritos por quem? Dirigidos a quem? Datados quando? Que tipo de documentos?, etc.».
«Definitivamente --conclui--, há que levar em conta que os espiões devem justificar sua existência e devem dar valor também a coisas de escassa ou nenhuma importância. Muitas vezes não são sérios e em alguns casos inventam coisas...».
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