Lisboa: Vaticano II em debate
Lisboa, 24 Mar (Ecclesia) – O II Concílio do Vaticano será o tema de um debate, a realizar a 2 de Abril, no Convento de São Domingos, em Lisboa, e promovido pelo Movimento Internacional «Nós Somos Igreja-Portugal».
Programa
14.15 Acolhimento
14.30 Introdução - Frei Bento Domingues, O.P., teólogo
15.00-16.30 - 1º painel - «O Concílio Vaticano II - 1962-1965: Memórias e Vivências»
Intervenções de: Joana Lopes, activista, Frei Mateus Peres, O.P., Maria da Conceição Moita, educadora de infância e Cesário Borga, jornalista.
Debate
Moderadora: Ana Vicente, investigadora
16.30-17.00 - Pausa café
17.00-18.30 - 2º Painel - «O Concílio Vaticano II - 1962-1965: A Igreja e o Futuro»
Intervenções de: Emília Nadal, pintora, Joaquim Franco, jornalista, Teresa Toldy, teóloga, Pedro J. Freitas, professor universitário e actual coordenador do IMWAC (International Movement We Are Church)
Debate
Moderador: Manuel Vilas Boas, jornalista
18.30 Encerramento
Alfreda Ferreira da Fonseca, professora do ensino secundário
19.00 Eucaristia presidida por Frei Bento Domigues, O.P.
Por mais voltas que eu dê, não consigo compreender o porquê de uma organização noticiosa da Igreja Católica dar cobertura a um evento claramente antipapal como este. É que a contradição não podia ser mais gritante. O Vaticano II, na sua Constituição Dogmática "Lumen Gentium" (talvez o trecho do Vaticano II mais citado aqui no blogue), diz isto:
«Este sagrado Concílio propõe de novo, para ser firmemente acreditada por todos os fiéis, esta doutrina sobre a instituição perpétua, alcance e natureza do sagrado primado do Pontífice romano e do seu magistério infalível, e, prosseguindo a matéria começada, pretende declarar e manifestar a todos a doutrina sobre os Bispos, sucessores dos Apóstolos, que, com o sucessor de Pedro, vigário de Cristo (38) e cabeça visível de toda a Igreja, governam a casa de Deus vivo.» - Constituição Dogmática "Lumen Gentium".
Ora, se o acatamento dos ensinamentos doutrinais e morais do Magistério, quer por via do Santo Padre, quer por via dos Bispos a ele unidos, é obrigação de todo o católico, não se compreende como é possível que, ao abrigo de instituições católicas, se continue a dar guarida e tempo de antena a pessoas manifestamente dissidentes e heréticas, que teimam em não aceitar o Vaticano II, apesar de se dizerem, contraditoriamente, defensoras desse Concílio.
A Igreja Católica não é uma instituição democrática, ao contrário do que pretende o grupo dissidente "Nós Somos Igreja", e que está por detrás de mais esta manifestação antipapal. Conforme se vê, através dos próprios documentos do Vaticano II, o católico recebe a doutrina e a moral do Papa e dos Bispos a ele unidos. O católico não decide, não vota, não alvitra, não opta por doutrinas diferentes. A génese da palavra "heresia" leva-nos ao conceito de "escolha". O herege, realmente, escolhe a sua própria doutrina. Logo, o católico não escolhe este ou aquele ponto da doutrina católica, rejeitando os pontos que não lhe convêm. O católico, se é digno desse nome, acata a santa doutrina da Madre Igreja. O resto é conversa de herege.
3 comentários:
Este "acatar" tem como expressão tradicional a obediência. Mas obedecer, no sentido em que é vivida na Igreja, trata de se assumir como tal, naquilo que se é. Implica relações de responsabilidade e serviço. Implica identificarmo-nos com aquilo que somos num sentido profundo, que implica também o que é social e o que nos é dado.
Faz muito mais sentido do que tentar ser o que não se é, quando nem sequer se sabe o que isso seja, ou quando se recortou um bocado actual da história, elevando esse ponto acima de tudo e contra todos os outros. Regista-se nestas actividades uma usurpação.
Triste, muito triste exemplo por parte da Agência Ecclesia.
Obrigado pelo seu comentário! Acabei de publicar um novo texto acerca deste debate.
Enviar um comentário