quarta-feira, 2 de março de 2011

Um verdadeiro mártir


Shahbaz Bhatti, Ministro paquistanês para as Minorias, foi hoje assassinado em Islamabad. Bhatti era um dos mais notórios críticos da infame Lei da Blasfémia, que pune com a pena de morte o insulto ao Islão. Bhatti, um católico, fora recebido em Setembro do ano passado por Bento XVI. No local do crime, a polícia encontrou panfletos, supostamente da autoria de um grupo paquistanês com ligações à Al-Qaeda, nos quais se ameaça de morte os críticos da Lei da Blasfémia.

Este é um exemplo de um verdadeiro mártir. Devido ao terrorismo, vemos muitas vezes a palavra "mártir" surgir nos "media" em contextos totalmente desadequados. O mártir não é um tarado que mata em nome de Deus. É o exacto oposto. O mártir é aquele que não teme perder a sua vida por amor a Deus, para ser coerente e fiel a Cristo e à verdade de Cristo até ao fim, até ao dom da sua própria vida, se necessário. O martírio não é suicídio, nem é homicídio. O martírio é o gesto último e derradeiro de amor a Deus e ao próximo.

Vítima de uma morte cruenta, por causa das suas convicções cristãs e por causa da sua batalha por leis mais justas e pelos direitos humanos, Shahbaz Bhatti merece ser contado entre os justos de Deus. Sobre estes justos, falou Cristo nestes termos: "O Rei dirá, então, aos da sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo'» (São Mateus, 25:34).



Que os anjos te conduzam ao Paraíso,
Que os mártires te acolham à tua chegada
E te introduzam na cidade santa de Jerusalém.
Que o coro dos anjos te receba,
E com Lázaro, outrora pobre,
tenhas o eterno descanso.


(coro cisterciense da abadia de Heiligenkreuz, na Áustria)

4 comentários:

Luís Cardoso disse...

Caro Bernardo,
no meu blogue tenho falado do pseudomartíro islâmico e do verdadeiro.
Deixo aqui o endereço de algumas entradas a este respeito:

http://nadadistoenovo.blogspot.com/2010/01/videoteca-do-islamismo-e-preciso_27.html

http://nadadistoenovo.blogspot.com/2009/12/martirios.html

http://nadadistoenovo.blogspot.com/2010/11/mais-uma-peculiaridade-da-nocao-de.html

E sobre o verdadeiro martírio:

http://nadadistoenovo.blogspot.com/search/label/Mart%C3%ADrio%20(verdadeiro)

Um abraço,

Espectadores disse...

Extraordinário, Luís.
Vou tomar nota aqui do teu blogue. Valiosa, a explicação dos termos "shahid" e "shahada".

Um abraço

Luís Cardoso disse...

É de facto extraordinário. Mas sabes que, depois de uns largos meses a ler sobre o islão, já quase nada me espanta: desde os crimes ditos de honra, à aversão aos cães, passando pela proibição da música (!) e pelo mandamento para ser hostil (na melhor das hipóteses) em relação aos cristãos e aos judeus, até à doutrina que permite mentir, jurar falso, simular afeição e aceitação das normas dos «infiéis» desde que daí resultem vantagens para o avanço do islão, já para não falar em muitas das aberrantes disposições da xariá (das vergastadas às lapidações, sobre como proceder com a carcaça de um animal que tenha sido possuído sexualmente por um homem) é preciso muito para eu considerar extraordinário. O que é extraordinário para mim e para ti, é ordinário noutras culturas e noutras civilizações.
Um abraço e até breve,

Espectadores disse...

Luís,

Sabes que, por via das minhas leituras juvenis de René Guénon (que morreu convertido ao Islão), adquiri uma visão algo romântica do muçulmano sufi, que me parece, cada vez mais, ser uma espécie de muçulmano minoritário e à parte, cuja religião se torna de tal forma decente que tenho dúvidas que seja Islão ortodoxo.

A nossa falta de convívio quotidiano com o Islão pode dar-nos uma visão algo distorcida do que ele é. Penso que os "media" intensificam de tal forma o terrorismo islâmico, que acabamos por querer "suavizar" a nossa visão do Islão, achando que nem todo o Islão tem que ser fanático como a Al-Qaeda. Ouve-se muito isso: "Ah, mas o Islão não é a Al-Qaeda", ou "O Islão é uma religião de paz". Mas se a Al-Qaeda é popular em muitos países muçulmanos, a coisa torna-se complicada de engolir. E dizer que o Islão é uma religião de paz implica fazer uma hermenêutica muito "ginasticada" ao Corão.

Um abraço