Retirado do La Crise du Monde Moderne, de René Guénon:
«(...) regressemos às consequências que acarreta a negação de toda a verdadeira hierarquia, e notemos que, no presente estado das coisas, não somente um homem apenas cumpre a sua função própria excepcionalmente e por acidente, enquanto que deveria suceder precisamente o contrário, como chega a acontecer que o mesmo homem seja chamado a exercer sucessivamente funções totalmente diferentes, como se ele pudesse mudar de aptidões à vontade. Isto pode parecer paradoxal numa época de "especialização" extrema, e contudo é o que sucede, sobretudo na ordem política; se a competência dos "especialistas" é frequentemente bastante ilusória, e em todo o caso limitada a um domínio muito estreito, a crença nesta competência é não obstante um facto, e podemos perguntar-nos como é possível que esta crença não desempenhe algum papel quando se trata da carreira dos homens políticos, onde a incompetência mais completa é raramente um obstáculo. Contudo, se reflectirmos, apercebemo-nos facilmente que não há que ficar espantado, e que se trata em soma de um resultado muito natural da concepção "democrática", em virtude da qual o poder vem de baixo e apoia-se essencialmente na maioria, o que tem necessariamente por corolário a exclusão de toda a verdadeira competência, porque a competência é sempre uma superioridade pelo menos relativa e não pode ser senão o apanágio de uma minoria» - René Guénon, La Crise du Monde Moderne, capítulo VI (Le Chaos Social), pág. 86-87.
Bernardo
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