São negros os contornos do assassinato de Roberto Calvi, mas bem ao estilo da Máfia. Em Junho de 1982, Roberto Calvi, administrador do Banco Ambrosiano, viajava para Londres após o colapso da instituição bancária à qual predisia.
Foi encontrado morto, a 18 de Junho de 1982, sob a Blackfriars Bridge, com tijolos nos bolsos e 15 mil libras em dinheiro. Provas de peritagem forense concluiram que o banqueiro nunca tocou nos tijolos que tinha nos bolsos.
O site "Misteri d'Italia" está carregado de informação sobre este e outros casos correlacionados.
A família, a viúva Calvi e o filho Roberto, sempre defenderam a tese do homicídio. Esperam há 22 anos que se encontrem e julguem, não só os perpetradores materiais do crime, mas também o seus instigadores, os autores morais.
A BBC News mencionou esta semana que quatro pessoas irão ser julgadas numa primeira fase pelo assassinato do banqueiro do Ambrosiano.
Algumas já são caras conhecidas: o mafioso Pippo Calo (que será julgado por videoconferência, uma vez que está a cumprir duas penas de prisão perpétua), e Flavio Carboni. Faz-se referência a uma mulher austríaca, capturada em Dezembro de 2003. As autoridades da Cidade de Londres estão a trabalhar activamente com a justiça italiana, e na sequência desta detenção no ano passado, o processo foi reaberto.
Roberto Calvi pertencia à loja maçónica Propaganda Due (P2), de Licio Gelli.
As suas ligações perigosas à Máfia são também sobejamente conhecidas. Contudo, a Máfia não mata sem uma razão forte. A Máfia também mata por encomenda.
O banco privado católico Ambrosiano, liderado por Roberto Calvi, teve um historial de contactos financeiros muito próximos com o IOR (Istituto Opere di Religione), o Banco do Vaticano.
Não quero com este artigo criticar, como é tradicional de certos movimentos anti-católicos, se o Vaticano deve ou não ter um Banco. É evidente que deve. Gostava, isso sim, de manifestar a minha vontade de ver este processo ir até ao fim, com a condenação dos autores materiais, mas também dos autores morais, que poderão ocupar importantes lugares em instituições supostas acima de suspeitas. Que se vá até ao fim! A dignidade e respeitabilidade da Igreja Católica, que está infelizmente muito próxima deste fumoso episódio Calvi, merecem que se descubram os culpados, que se aplique a Justiça, e que se evitem semelhantes situações no futuro.
Um certo pragmatismo de algumas elites liderantes, que crêem que os fins justificam os meios, mancham por vezes a folha de cadastro das instituições que lideram. Que caia por terra todo o tipo de pragmatismo! Os fins não justificam os meios. Que se reconheçam as faltas, e que se peça humildemente perdão aos Homens e a Deus...
Bernardo
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