segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Jovens políticos - «De pequenino se torce o pepino...»

Do Diário Digital:

"O líder da Juventude Popular, João Almeida, defendeu hoje que o CDS-PP faça «uma reflexão profunda» em Conselho Nacional, considerando que os resultados do referendo ao aborto demonstram que parte do eleitorado democrata-cristão não se revê na posição do partido.

«Se analisarmos os resultados do referendo a nível local e cruzarmos com os das últimas legislativas, há interpretações que têm de ser feitas, numa reflexão muito profunda que vai para além da questão da liderança», afirmou João Almeida, em declarações à Lusa.

Para o líder da Juventude Popular (JP), a vitória do «sim» em zonas de forte implantação do CDS-PP demonstra que «há pelo menos uma causa que o partido defende com a qual o eleitorado não está sincronizado»."


Desde pequeninos, os "jotas" são educados na máquina partidária.
Acostumam-se aos truques, aos esquemas, ao discurso, à propaganda.
Seja qual for o partido, seja à esquerda, seja à direita, o "jota" é sempre um benjamim político, guarda as bandeiras do "Partido" debaixo da cama, prepara e ensaia futuros discursos do "Partido" ao espelho, e desde tenra idade. Aprende que a política é a arte da comunicação enganosa.
Aprende que a intelectualidade serve a política e não o inverso.
João Almeida é um belo exemplar disto mesmo: é um espécime genuíno do puro "jota". Cá está: para ele, a derrota da posição anti-aborto do CDS-PP é um claro sinal de que, se há coisas a mudar, é nas posições "pouco populares" do "Partido", porque acima de tudo, está a obtenção de votos para o "Partido".
Afinal, a mudança para o nome "Partido Popular" já dava, anos atrás, provas da infiltração no CDS deste tipo de intelectualidade subserviente da política, onde o que conta, num "Partido", é ser votado. O resto é conversa.
Ideais?
Intelectualidade?
Projectos e propostas?
Nada disso! Para João Almeida, o problema fundamental, essencial, é que «parte do eleitorado democrata-cristão não se revê na posição do partido».

O direito ao aborto legal é um mal ético?
O João Almeida não faz ideia, nem quer saber.
O aborto legal causa sequelas na mulher? Mata uma vida humana?
O João Almeida não faz ideia, nem quer saber.
Não haveria soluções de apoio à maternidade que poderiam resolver o drama do aborto de vez, erradicando-o de vez?
O João Almeida não faz ideia, nem quer saber.
O problema é que o "Partido" perdeu parte do apoio do eleitorado e há que mudar alguma coisa! Há que mudar! Há que ganhar votos! E depressa, a tempo das próximas eleições! Rápido!

Quando vejo situações destas, firmo-me cada vez mais numa coisa boa que aprendi desde pequenino: nesta vida, pode-se abdicar do dinheiro, pode-se abdicar do poder, mas não se pode, de forma alguma, abdicar da integridade, da inteligência, da coerência intelectual, da seriedade. Senão, deixamos de ser homens. Passamos a ser vermes.
E é por estas e por outras que, desde que me lembro, nunca estive filiado em Partido algum, e nunca defendi nenhum Partido político.

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